segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

7 de fevereiro de 1857 – Gustave Flaubert é absolvido da acusação contra seu livro Madame Bovary, considerado imoral.


Madame Bovary é um romance escrito por Gustave Flaubert que resultou num escândalo ao ser publicado em 1857. Quando o livro foi lançado, houve na França um grande interesse pelo romance, pois levou seu autor a julgamento.

Histórico

Flaubert foi levado aos tribunais, onde utilizou a famosa frase "Emma Bovary c'est moi" (Emma Bovary sou eu) para se defender das acusações. Acusado de ofensa à moral e à religião, num processo contra o autor e também contra Laurent Pichat, diretor da revista Revue de Paris, em que a história foi publicada pela primeira vez, em episódios e com alguns pequenos cortes.

A Sexta Corte Correcional do Tribunal do Sena absolveu Flaubert, mas o mesmo procedimento não foi adotado pelos críticos puritanos da época, que não perdoaram o autor pelo tratamento cru que ele tinha dado, no romance, ao tema do adultério, pela crítica ao clero e à burguesia: (Gostava do mar apenas pelas suas tempestades e da verdura só quando a encontrava espalhada entre ruínas. Tinha necessidade de tirar de tudo uma espécie de benefício pessoal e rejeitava como inútil o que quer que não contribuísse para a satisfação imediata de um desejo do seu coração - tendo um temperamento mais sentimental do que artístico e interessando-se mais por emoções do que por paisagens.)

É considerada por alguns autores como a primeira obra da literatura realista.

Enredo

O romance conta a história de Emma, uma mulher sonhadora pequeno-burguesa, criada no campo, que aprendeu a ver a vida através da literatura sentimental. Bonita e requintada para os padrões provincianos, casa-se com Charles, um médico interiorano tão apaixonado pela esposa quanto entediante. Nem mesmo o nascimento da filha dá alegria ao indissolúvel casamento ao qual a protagonista se sente presa.

Um pouco sobre o Autor

Gustave Flaubert é o segundo dos 6 filhos do médico Achille Cléophas Flaubert (1784-1846), cirurgião-chefe do Hospital de Ruão, e sua esposa Anne Justine, nascida Fleuriot (1793-1872). Passa a infância ao lado dos irmãos no Hospital onde o pai trabalha.

Estuda no Colégio Real, onde faz amigos para a vida inteira, tais como Louis Boulhiet (1829-1869), poeta; Maxime Du Camp (1822-1894), futuro editor e jornalista, e Alfred Le Poittevin, morto prematuramente. Interessado em literatura, dirige o semanário escolar, “Arte e Progresso”.

Aos 15 anos, interessa-se por teatro, e compôe um drama em 5 atos, em prosa, “Luís XI”. Em 1837, escreve seu primeiro romance, “Rêve d'enfer”, uma obra ainda imatura e juvenil, mas que já vislumbra os traços que caracterizariam suas futuras heroínas. Também aos 15 anos se apaixona, por uma mulher casada e onze anos mais velha do que ele, Elisa Schlesinger, a qual amará, talvez, pela vida toda; só declara, porém, o seu amor 30 anos mais tarde, através de uma carta. Embora viúva, Elisa já não quis desposá-lo. Elisa terminou sua vida em um asilo para doentes mentais.

O amor impossível, em especial por Elisa Schlesinger, inspira vários de seus livros: “Mémoires d'un fou”, em 1838, “Novembre”, em 1842, e as duas versões de “L'Éducation sentimentale”, em 1845 e 1869.

Retrato feito por Eugène Giraud.

Inicia os estudos de direito, em Paris, para contentar o pai, porém não consegue se interessar pelas aulas, levando uma vida boêmia, gastando todo o dinheiro que o pai mandava despreocupadamente. Após ter sido reprovado nos exames de direito na Universidade de Paris, começa a ter crises nervosas, com alucinações e perdas de consciência, que os médicos diagnosticam como histérico-epilépticos. Seu pai o trata com sangrias e dietas, isolando-o em um sítio em Croisset, às margens do Sena. Há uma melhora das crises, que só iriam retornar no fim da vida. Durante esse seu retiro, falece seu pai e a irmã Caroline, aos 22 anos, após dar à luz uma menina.

Em 1846, Flaubert conhece Louise Collet, separada do marido e mãe de uma jovem de 16 anos, amante do filósofo Vitor Cousin, e inicia um romance. Louise era considerada, pelos amigos, presunçosa e afetada, pouco espontânea, exatamente o oposto da recatada Elisa Sclesinger.

Flaubert rompe com Louise em 1848 e, mergulhado na literatura, não percebe as transformações da França, tais como a revolução desse mesmo ano, que derruba o Rei Luís Filipe e entrega o poder a Napoleão III, proclamado imperador em 1852.

Nesse período Flaubert perde o amigo Le Poittevin, companheiro de infância, e sua saúde se abala. Gustave organiza, com o amigo Maxime du Camp, uma longa viagem ao Oriente, entre 1849 e 1852; viaja ao Egito e à Jerusalém e, ao retornar, passa por Constantinopla e Itália. Colhe informações para escrever, mais tarde, Salammbô, uma reconstituição da civilização Cartaginense na época das guerras púnicas.

Em 1851, tem início Madame Bovary, obra realista que o tornaria célebre e que levaria 5 anos para concluir.

Em 1866, recebe a Legião de Honra do governo francês.
Medalha com a efígie de Flaubert no museu de Croisset

Entre 1870-1871, os prussianos ocupam uma parte da França, e Flaubert se refugia com sua sobrinha, Caroline, em Ruão; sua mãe morre em 6 de abril de 1872 e, nessa época, passa por dificuldades financeiras.

Em 1874, escreve La Tentation de Saint Antoine (1874), inspirada num quadro de Bruegel. Em 1877, aos 55 anos, escreve “Trois Contes”, entre eles um que é considerado sua obra-prima, “Un cœur simple”, a história de uma criada bondosa e tola, Félicité, inspirada em Julie, empregada que servira Flaubert e sua família até morrer.

Sua obra Bouvard e Pécuchet fica inacabada e foi publicada posteriormente.

Morte

Pouco antes de sua morte, vende suas propriedades para evitar a falência do marido de sua sobrinha, e passa a viver de um salário como conservador da Biblioteca Mazarine.

Seus últimos anos são marcados por dificuldades financeiras. Morre subitamente, provavelmente de AVC, e é sepultado no Cemitério Monumental de Ruão, em presença daqueles que o reconheciam como seu mestre: Émile Zola, Alphonse Daudet, Edmond de Goncourt, Théodore de Banville e Guy de Maupassant.


Fonte: http://pt.wikipedia.org/

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