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quarta-feira, 1 de fevereiro de 2017

Incêndio no Edifício Joelma

 O edifício em 2014. Foto de André Luiz Pereira Nunes

Incêndio no Edifício Joelma foi um incêndio ocorrido em 1 de fevereiro de 1974 em um edifício em São Paulo, que provocou a morte de 191 pessoas e deixou mais de 300 feridas.[1]

O incêndio

Concluída sua construção, em 1972, o Edifício Joelma foi imediatamente alugado ao Banco Crefisul de Investimentos[2] . No começo de 1974 a empresa ainda terminava a transferência de seus departamentos quando, no dia 1 de fevereiro, uma chuvosa sexta-feira às 8h45 da manhã, um curto-circuito em um aparelho de ar condicionado no 12° andar deu início a um incêndio que rapidamente se espalhou pelos demais pavimentos.[1] As salas e escritórios do Joelma eram configurados por divisórias, com móveis de madeira, pisos acarpetados, cortinas de tecido e forros internos de fibra sintética, condição que contribuiu sobremaneira para o alastramento incontrolável das chamas.[3]

Quinze minutos após o curto-circuito era impossível descer as íngremes escadas que, localizadas no centro dos pavimentos, não tardaram a serem bloqueadas pelo fogo e a fumaça[2] . Os corredores, por sua vez, eram estreitos. Na ausência de uma escada de incêndio, muitas pessoas ainda conseguiram se salvar ao contrariar as normas básicas e descer pelos elevadores, mas estes também logo deixaram de funcionar, quando as chamas provocaram a pane no sistema elétrico dos aparelhos e a morte de uma ascensorista no 20° andar[3] .

Nos braços da mãe, que saltou para a morte no 15° andar, uma criança de um ano e meio foi salva em um dos episódios mais dramáticos do incêndio. A multidão acompanhou o salto bem em frente ao prédio. O choro da criança, levada imediatamente ao Hospital das Clínicas, foi ouvido logo após o impacto da queda. No último andar do prédio, segundo o depoimento de Ivã Augusto Pires, coordenador do Serviço de Transportes da Câmara, um rapaz jogou-se ao chão e aproximou-se de gatinhas da borda do terraço. Mas uma labareda fez com que ele escorregasse e ficasse suspenso no ar, segurando no parapeito até não mais aguentar e despencar na rua[4] .

Sem ter como deixar o prédio, muitos tentaram abrigar-se nos banheiros e parapeitos das janelas[3] . Outros sobreviventes concentraram-se no 25° andar que tinha saída para dois terraços[5] . Lembrando-se de um incidente similar ocorrido no Edifício Andraus, dois anos antes, em que as vítimas foram salvas por um helicóptero que pousou em um heliporto no topo do prédio, elas esperavam ser resgatadas da mesma forma.


Na rua os bombeiros tentavam agir em meio à confusão estabelecida pela Polícia Civil, curiosos, PMs, médicos, enfermeiros, soldados do Exército e até escoteiros. Homens e mulheres, alguns em trajes menores, os rostos escurecidos pela fuligem, agitavam-se freneticamente nas janelas tentando chamar a atenção. Mas os helicópteros não conseguiam pousar no terraço escaldante e seus cabos de aço pendiam inutilmente. As escadas Magirus, de 40 metros, não chegavam aos andares mais altos.

No 20° andar, seis pessoas equilibravam-se em um pequeno patamar. Quase não havia lugar para todas. Um rapaz de terno azul agarrava-se muito precariamente a uma parte saliente, uma das pernas já do lado de fora do edifício, como se fosse saltar. Embaixo, os bombeiros acenavam e pediam calma. O fogo acabou, só um pouco mais de paciência, gritava um policial por um megafone. Outros pintaram num amarelo muito vivo, sob grandes faixas de pano - O fogo já apagou! e Coragem, vamos salvá-los! O som do megafone aparentemente não chegou a eles, mas ao ver as faixas um dos rapazes fez um sinal positivo com o polegar, puxou um lenço verde e acenou[6] .

Resgate

O Corpo de Bombeiros recebeu a primeira chamada às 9h03 da manhã. Dois minutos depois, viaturas partiram de quartéis próximos, mas devido a condições adversas no trânsito só chegaram no local às 9h10, quando as chamas já atingiam o 20° andar e várias pessoas começaram a se atirar do prédio[3] .

O socorro mobilizou 1.500 homens, entre bombeiros e tropas de segurança, as equipes de cinco hospitais estaduais e outros particulares, quatorze helicópteros, trinta e nove viaturas e todas as ambulâncias da rede hospitalar. Todos os carros-pipa da Prefeitura e vários particulares, além de um grande número de voluntários que antecederam os pedidos das autoridades para doação de sangue. Afim de garantir o livre acesso de ambulâncias e de veículos dos bombeiros ao prédio incendiado, convocaram-se tropas de choque do Regimento 9 de Julho, do Exército e da Polícia Militar, além da Companhia de Operações Especiais e do Departamento do Sistema Viário. Um esquema de emergência foi armado nas imediações do prédio onde se concentraram milhares de curiosos.

Aos 250 bombeiros da capital, juntou-se o reforço de um destacamento de Santo André. Policiais Militares especializados, da Companhia de Operações Especiais (COE) também participaram do trabalho de socorro. Quando a primeira guarnição chegou, comandada pelo sargento Rufino, o fogo consumia só o centro do prédio, mas avançava rapidamente para tomar toda a estrutura. O sargento lamentou não ter podido vir de helicóptero para lançar cordas e escadas pelas laterais ainda intactas do edifício. Como estavam de carro-tanque e as escadas Magirus ainda não haviam chegado, começaram a atirar cordas para subir. O sargento conta que ao chegar ao 12° andar, sua primeira providência foi apagar três corpos em chamas. Logo que uma das quatro escadas Magirus foi instalada, organizou a descida.


Ele carregava pela escada uma menina desmaiada quando uma pessoa se jogou do 19° andar e bateu no corpo de uma outra, que também se jogara do 16°. O peso dos dois arrancou a garota de suas costas e ele só não caiu porque seu pé se enganchou num dos ferros laterais da escada. Na queda morreram dois, mas o que pulou do 19° andar se salvou com ferimentos graves. Os bombeiros usaram quatro jatos de água combatendo o fogo, mas logo de início tiveram problemas, pois os hidrantes da região estavam com defeito. A solução chegou quando a Prefeitura enviou ao local trinta caminhões-pipa. A exemplo do que ocorrera no incêndio do edifício Andraus, faltavam equipamentos, embora desta vez tenham podido usar duas novas escadas de 45 metros que foram anexadas às menores para chegar ao 16° pavimento[7] .

Enquanto um grupo de bombeiros tentava penetrar no prédio, outros procuravam salvar pessoas que se encontravam nas janelas pela parte externa com as Magirus. Um helicóptero do SAR, da FAB, fazia o resgate dos sobreviventes que se encontravam no telhado e que eram auxiliados por homens do COE e pelos tripulantes. Outros treze helicópteros do Governo e de empresas particulares não puderam aproximar-se muito, mas atiraram cordas, sacos de leite e água e tubos de oxigênio aos que se achavam no teto. Depois participaram do transporte dos feridos para os hospitais.

De acordo com o testemunho de um bombeiro, passava das dez da manhã quando os corpos começaram a cair como moscas. Todos queriam sair do edifício de qualquer maneira. Alguns chegaram a pular três andares, com o risco de despencar, para alcançar os andares inferiores onde chegavam as Magirus. O primeiro a se atirar estava no 15° andar. Durante mais de uma hora ele gritou por socorro, desesperado, as vezes encoberto pela fumaça. Pessoas apavoradas tentavam fazer cordas com tiras de pano, que acabavam arrebentando, não resistindo ao peso do corpo humano. Uma mulher, só de calcinha e sutiã, morreu assim, a cabeça esmigalhada na calçada[6] .

Os cadáveres se amontoavam na rua cobertos por cobertores, jornais e capas de chuva. Vários minutos depois, um caminhão da polícia e algumas ambulâncias recolheram os primeiros cadáveres e os levaram ao Instituto Médico Legal. No 8° andar os bombeiros encontraram pelo menos onze cadáveres abraçados. O fogo tinha praticamente soldado os corpos[6] .

No 12° andar, dezessete pessoas que o capitão Mazzelli, comandante do COE, pretendia salvar, já estavam mortas quando ele chegou. O oficial subiu com um destacamento especializado. Diante do quadro trágico, cinco mortos no banheiro e doze no saguão, o batalhão começou a sentir-se mal e teve que ser retirado pelo helicóptero. Em outra tentativa de salvamento pelo pessoal da FAB, os bombeiros não conseguiram descer no telhado, não somente pelo intenso calor, mas pelo forte cheiro de carne incinerada. Em volta do edifício a multidão rompia os cordões de isolamento e os militares precisaram muitas vezes usar da força para conter os curiosos. As operações eram orientadas pelo próprio Comandante-Geral da Polícia Militar, Coronel Teodoro Cabette, e pelo Secretário de Segurança Pública, General Sérvulo Mota Lima, que foram para a área logo que tomaram conhecimento da tragédia. Policiais e bombeiros lamentaram que muitas pessoas tenham morrido por falta de calma ao se atirarem do prédio[7] .


Apenas uma hora e meia após o início do fogo é que o primeiro bombeiro conseguiu, com a ajuda de um helicóptero do Para-Sar, o único potente o suficiente para se manter pairando no ar enquanto era feito o resgate, chegar ao telhado[2] . Já então muitos haviam perecido devido à alta temperatura no topo do prédio, que chegou a alcançar 100 graus celsius[1] . A maioria dos sobreviventes conseguiu se salvar por se abrigar sob uma telha de amianto[2] . Quinze bombeiros ficaram intoxicados pela fumaça e muitos fizeram críticas por conta do parco equipamento que dispunham, além dos regulamentos então vigentes de prevenção a incêndios na capital. O Código de Obras do Município de São Paulo, datado de 1934, não dispunha da obrigação de instalações de equipamentos contra o fogo e nem exigia a construção de escadas de emergência. Os recursos concedidos ao Corpo de Bombeiros eram insuficientes, assim como o efetivo da corporação era bastante diminuto[6] .

Por volta de 10h30 da manhã o fogo já havia consumido praticamente todo o material inflamável do prédio. O incêndio foi finalmente debelado com a ajuda de doze autobombas, três autoescadas, duas plataformas elevatórias e o apoio de dezenas de veículos de resgate[3] .

Apenas às 14h20, todos os sobreviventes haviam sido resgatados[3] .

Sequência da tragédia

8h45 - Início do incêndio no 12° andar. Um curto-circuito no ar condicionado seguido de uma explosão inicia a tragédia. Em pouco mais de 5 minutos as chamas chegariam ao 25° andar.
8h49 - As chamas atingem o 13° andar. Tem início o pânico.
8h55 - Os grandes rolos de fumaça são vistos em todo o centro da cidade. Correria geral. Os bombeiros são informados do incêndio pelos porteiros do Hotel Cambridge.
9h - As chamas tomam conta de praticamente todo o miolo do prédio e a fumaça é geral.
9h05 - No topo do edifício inúmeras pessoas se aglomeram, enquanto outras conseguem sair pelo andar térreo. As chamas continuam subindo e chegam ao 20° andar. Ao longe se ouvem as sirenes dos bombeiros e das ambulâncias.
9h10 - As duas primeiras viaturas do Corpo de Bombeiros chegam quando algumas pessoas já se atiram do alto do edifício.
9h15 - As primeiras ambulâncias chegam e começam a remover alguns corpos estendidos no asfalto.
9h20 - Inúmeras pessoas se jogam do alto do edifício.
9h25 - Chegam mais ambulâncias e viaturas do Corpo de Bombeiros. Os primeiros carros-tanque aparecem.
9h30 - A confusão é total na área e a polícia coloca cordões de isolamento. A multidão fica nas proximidades do Viaduto do Chá, Vale do Anhangabaú, Praça da Bandeira, Avenida 9 de Julho, Rua Xavier de Toledo e Viaduto Maria Paula. Na Ladeira da Memória as pessoas se ajoelham para rezar.
9h35 - Chegam as unidades móveis de saúde da prefeitura. Os helicópteros da Prefeitura, do Estado, da FAB e de firmas particulares se aproximam, sendo aplaudidos pela multidão. Algumas explosões, talvez de botijões de gás, aumentam o pânico. Caem vitrais do prédio na Rua Santo Antônio. Bombeiros e policiais empurram a multidão. Algumas pessoas improvisam uma corda, com uma cortina, e descem até a escada Magirus. Do 14° andar um corpo cai na Rua Santo Antônio.
9h40 - Diversas pessoas se jogam dos andares e os bombeiros lançam quatro grandes e longos jorros d'água sobre o prédio já totalmente tomado pelas chamas. Os primeiros destroços caem no asfalto, misturando-se aos corpos estendidos. O trânsito da cidade está completamente engarrafado e já pode ser calculado em torno de 500 mil o número de pessoas que se aglomeram no centro para ver o incêndio. Uma mulher que descia por uma corda improvisada, cai, escorregando de cabeça para baixo, até atingir o primeiro grupo de pessoas que trabalham no resgate e que detêm sua queda. Um estrondo no centro do edifício produz uma luz azulada. Outro corpo cai.
9h45 - A confusão é total e o Corpo de Bombeiros coloca uma escada Magirus, conseguindo salvar do 13° andar pelo menos treze pessoas que descem rapidamente. Uma garota se joga do alto do edifício.
9h50 - No local já se encontram o Secretário da Segurança Pública do Estado, o Comandante da Polícia Militar e o prefeito Miguel Colasuonno. Um corpo de homem cai na calçada da Avenida 9 de Julho junto às viaturas do bombeiros. A seguir, outro corpo, justamente quando três helicópteros sobrevoavam o local, tentando o salvamento.
9h55 - No topo do edifício a confusão é total. A multidão implora e frases são escritas no asfalto pedindo calma, muita calma. Algumas pessoas ameaçam se jogar. Outras atiram roupas e sapatos. Alguns são vistos nas janelas dos banheiros de alguns andares à espera de socorro. Uma mulher, no 13° andar, ao lado de mais três pessoas, faz o sinal da cruz, e salta para a escada dos bombeiros que chegava apenas ao 12° andar. É salva.
10h - Os bombeiros começam a retirar através de escadas alguns sobreviventes nas janelas do prédio e nos vãos dos andares. As operações de salvamento duram entre 20 e 30 minutos. Os helicópteros tentam encostar-se mais nas paredes para salvar pessoas nas janelas e no topo do edifício. Um rapaz, no 16° andar, tira as roupas e faz uma corda para chegar ao 13°. Por ela descem outras pessoas. Quando chegou sua vez, despencou para a morte. No asfalto, em letras enormes, brancas e amarelas, lê-se: "Deitem-se e esperem o salvamento".
10h05 - Chegam helicópteros particulares, do Governo do Estado e da Força Aérea Brasileira que usam como base de operações o heliporto da Câmara Municipal, distante cerca de 100 metros do local da tragédia.
10h10 - Um rapaz, que tinha tentado descer pela corda improvisada do 16° ao 13° andar, despenca-se por cima da Magirus, e derruba na queda mais três pessoas, inclusive um bombeiro. Todos morreram. Os bombeiros tentam levar a Magirus até o 19° andar, onde se encontram quatro pessoas. Não conseguem. Jogam água e pedem calma.
10h15 - Chegam ambulâncias do INPS e de instituições particulares. Litros de leite, medicamentos e cobertores chegam também para atender aos pedidos feitos pelos médicos que assistem os feridos no heliporto da Câmara. Soros, antibióticos, seringas hipodérmicas são recebidas. Junto ao marco da Bandeira é instalado um posto ao ar livre para doadores de sangue. Centenas de pessoas formam duas grandes filas. Mais duas pessoas se atiram do alto do edifício.
10h20 - Os helicópteros se movimentam rapidamente, enquanto a Praça da Bandeira é transformada num campo de feridos, sobreviventes e pessoas que são medicadas e depois levadas aos hospitais e pronto-socorros. A escada Magirus chega ao 19° andar, retirando 12 pessoas. O helicóptero da FAB transporta, pendurado num cabo, o oficial Caldas, da Polícia Militar. Não consegue resgatar ninguém, mas chega junto às janelas ocupadas por pessoas, no lado da Rua Santo Antônio, e procura encorajá-las.
10h25 - Árvores são derrubadas a machadadas para permitir o pouso de helicópteros na praça. Bombeiros, com megafones, gritam para os que estão descendo pela Magirus: "Atenção! Atenção! Segurem-se bem na escada! Desçam com firmeza!" Nesse momento, com o fogo já reduzido, outro corpo cai.
10h30 - Bombeiros intoxicados são recolhidos pelas ambulâncias. No 19° andar, cinco pessoas começam a se desesperar. Tentam-se atirar pela janela porque o fogo se aproxima. Bombeiros pedem calma. Surgem problemas com as mangueiras, pois muitas delas estavam furadas.
10h40 - Um helicóptero pousa no prédio vizinho, o San Patrick e salva duas pessoas. A multidão aplaude.
10h50 - O fogo diminui, mas ainda é intenso, principalmente no interior do edifício. Do 18° andar em diante. Os bombeiros continuam jogando água. O chão do topo do edifício arrebenta. Mais uma pessoa salta da laje.
10h55 - Há muita gente ainda no 19° e no 20° andar. No 14°, um rapaz, Celso Bidinger, evita que uma moça se atire. Foram salvos pela Magirus.
11h - Os bombeiros conseguem penetrar até o 11° andar. O médico, Vanderlei Peixoto, do Hospital das Clínicas, que atendia às vítimas no local, é removido para o próprio hospital, intoxicado pela fumaça.
11h10 - Alguns bombeiros por cordas descem no terraço do edifício para acalmar algumas pessoas. Mas é tarde demais. Dezessete pessoas estão mortas no topo do Joelma. Um reforço de 50 homens da cavalaria é acionado para afastar a multidão.
11h30 - O edifício é um imenso rolo de fumaça e já não se veem mais chamas. A preocupação maior é salvar os sobreviventes, operação que começa logo depois com os bombeiros entrando no prédio para retirar as vítimas fatais.
11h35 - Bombeiros tentam retirar no 19° andar um senhor de terno marrom que estava encostado à janela, demonstrando tranquilidade.
11h40 - Surgem rumores de que o edifício vai desabar. Correria geral.
11h45 - Os primeiros corpos carbonizados aparecem e são levados para o Instituto Médico Legal (IML).
11h50 - Mais um carro funerário sai do local, com sete corpos. Correm rumores de que mais de 30 pessoas saltaram do prédio.
11h55 - Um grupo de seis pessoas é retirado das janelas.
12h00 - Continua o esforço dos bombeiros em resgatar, no 19° andar, o isolado sobrevivente.
12h30 - Somente o helicóptero da FAB consegue se aproximar do prédio devido ao forte calor.
12h35 - Outras sete pessoas, que ainda estavam no 19° andar, são salvas. Até agora o número de salvos é de 80.
12h40 - Enquanto os corpos continuam sendo retirados, outro homem é salvo.
13h - A fumaça só é intensa quando os helicópteros sobrevoam o edifício. Novos corpos saem.
13h45 - Joel Correia afirma ter visto de seu escritório, localizado no 31° andar do edifício Conde Prates, na Rua Libero Badaró, 239, algumas pessoas com vida, no 21° andar do edifício.
14h - Os dois últimos sobreviventes são retirados das janelas pelos bombeiros. O fogo já está sob controle e continua a operação de retirada dos corpos queimados que vai até o início da noite. Os bombeiros afirmam não haver mais ninguém com vida no prédio.
14h10 - Bombeiros resgatam mais três pessoas no 21° andar, confirmando-se as declarações de Joel.
14h15 - Dezessete pessoas mortas são encontradas no 12° andar.
14h30 - Mais nove mortos são retirados do 15° andar.
15h - Os bombeiros dão por encerrada a remoção de sobreviventes.
15h45 - Os bombeiros chegam ao topo do edifício, encontrando mais de 20 mortos, na maioria carbonizados.
16h45 - Um padre chega ao topo do Joelma e administra a extrema-unção. A seu lado, policiais, médicos e bombeiros iniciam a remoção e identificação dos cadáveres.
17h - Os bombeiros retiram os dezessete corpos no telhado e descobrem sessenta mortos sob o telhado na ala da Rua Santo Antônio e mais trinta e cinco sob a cobertura da ala voltada para a Avenida 9 de Julho[7] . Os carros são retirados das garagens do edifício.
17h30 - Carros-guincho chegam ao local para auxiliar na limpeza da área.


Personagens

A ampla cobertura da imprensa tirou do anonimato muitas das vítimas do incêndio e pessoas envolvidas diretamente nas operações para seu salvamento. Diversos veículos de comunicação reproduziram seus relatos e histórias da tragédia, que reunidos ajudaram a reconstruir os momentos dramáticos do incêndio.

Capitão Hélio Barbosa Caldas - Comandante do Serviço de Salvamento do Corpo de Bombeiros, um veterano de muitos incêndios e coragem que ele mesmo acreditava próxima da loucura, rodopiou longos minutos preso a uma corda de 12 metros pendente de um helicóptero, na tentativa de repetir o feito de há dois anos, quando foi o primeiro a descer no terraço do Edifício Andraus para organizar o salvamento dos refugiados. Não foi possível, pois o pequeno helicóptero da FAB não teve condições de se aproximar do prédio, o qual não contava com heliporto. Portanto, teve de providenciar a colocação de um cabo, ligando o terraço do Joelma ao Edifício Saint Patrick, na rua Santo Antonio, para finalmente chegar ao terraço. Faleceu a 20 de junho de 1999.
Joel Correia - Instalado com seu telescópio numa das extremidades do Viaduto do Chá, comunicou à rádio Jovem Pan a existência de sobreviventes no edifício, mesmo com o incêndio dominado e os pilotos de helicóptero não avistando mais feridos a serem resgatados. Foi o responsável pelo fim do pavor em que se encontravam José Ferreira Couto Filho, Ivan Bezerra, Ibar Rezende, Mauro Ligeli Filho, Hiroshi Shimuta e Luiz Carlos Gonzalez. Ele tinha ido visitar um amigo, o gerente da construtura Ferreira Guedes, no 31° andar do edifício Conde Prates. Com o início do incêndio, passou a acompanhar a operação de salvamento com um telescópio. Ao ouvir no rádio a informação de que não havia mais ninguém no prédio, entrou em contato com a Jovem Pan e a informação chegou ao comandante do Corpo de Bombeiros que deu o alarme. O comandante ligou para o escritório onde Joel estava, e ele orientou a localização dos seis homens, no 20° andar, usando o telescópio. Mais tarde o comandante do Serviço de Salvamento do Corpo de Bombeiros reconheceu a ajuda, afirmando que as vítimas estavam realmente vivas e foram salvas[2] .
Idek Butchi - 34 anos, nissei, sobrevivente do incêndio anterior no Edifício Andraus, não só salvou a sua vida como também evitou a morte de mais sete pessoas. Ficou na sacada do 22° andar durante quase cinco horas orientando e acalmando aos que se encontravam com ele, pois esse foi o seu principal ensinamento de sua primeira experiência quando foi salvo por um helicóptero da FAB. Estava no Departamento de Produção e Ações, da Crefisul, no 17° andar, quando ouviu os primeiros gritos. Pensou em descer rapidamente, mas percebeu que o fogo vinha debaixo para cima. Então, começou a subir as escadas e quando chegou ao 22° andar, percebeu que não dava mais para prosseguir. Segundo ele, duas pessoas tentaram descer para o andar inferior, mas ele as convenceu de que isso iria provocar a morte para eles. E todos ficaram incentivados por uma placa escrita Coragem, nós estamos com vocês! mostrada por pessoas que estavam no asfalto. Às 14h20 todos foram resgatados e seguiram para o Hospital Municipal. Embora sem quase poder falar, os oito comemoraram o salvamento dentro da ambulância com abraços e lágrimas.
Rolf Victor Heuer - Gaúcho, então com 54 anos, passou mais de três horas sentado em um dos parapeitos do edifício esperando para ser resgatado. Enquanto aguardava fumava vários cigarros, e sua imagem de aparente tranquilidade foi captada pelas câmeras dos noticiários de televisão e amplamente reproduzida. Antes de ser salvo, ainda conseguiu subir ao 19° andar, onde acalmou uma mulher que ameaçava se jogar de uma janela. De terno e gravata, dono de uma calma absoluta, ficou em pé do lado de fora do edifício, perto de uma janela. De vez em quando secava o suor do rosto com um lenço. A certa altura o Capitão Caldas, pendurado por um cabo, que por sua vez pendia de um helicóptero, aproximou-se para salvá-lo, mas não conseguiu. Alguns minutos antes de ser resgatado, não aguentou mais o calor e tirou o paletó, a gravata e a camisa. Não se perturbou um só instante, mas quando pisou o chão, começou a chorar. Levou 25 minutos para descer a escada Magirus até chegar à rua[2] .
José Roberto Viestel - Gerente do estacionamento do edifício, estava em casa quando foi acordado com a notícia do incêndio. Tentou chegar ao local e, impedido pelo trânsito caótico, deixou as chaves de seu carro com um guarda e seguiu a pé. Lá chegando, ajudou os manobristas na retirada dos veículos guardados para evitar o risco de mais explosões, e quando as mangueiras dos bombeiros começaram a falhar providenciou as do estacionamento, que ele mesmo testava uma vez por semana, para o combate ao fogo.[8]
Augusto Carlos Cassaniga - Sargento do Corpo de Bombeiros. Pulou de uma altura de quatro metros de um helicóptero sobre o telhado, quebrando as telhas de amianto e o tornozelo. Conseguiu fixar uma corda no telhado e a lançou até o prédio vizinho, por onde atravessaria o capitão Hélio Caldas, que já tinha sido herói no incêndio anterior do Edifício Andraus.
Celso Bidinguer - 22 anos, estava no 16° andar quando se refugiou no banheiro com outras seis pessoas. Todas as que estavam com ele morreram, mas Celso conseguiu salvar-se porque ao ver da janela do 13° andar, sozinha e amedrontada, a funcionária Tarsila de Souza, que ameaçava se jogar. Ao se aperceber do risco, decidiu salvá-la. Ele amarrou um pedaço de cortina, que levara para o banheiro, na janela e pelo lado de fora do edifício conseguiu descer três andares até chegar junto a Tarsila, com quem ficou mais de duas horas à espera de socorro, vendo as pessoas se jogarem. A escada dos bombeiros só chegava até o 12° andar, portanto, os dois tiveram que descer por cordas. Ambos sobreviveram[4] .
René Contieri - 56 anos, gerente administrativo da Crefisul, conseguiu evitar que algumas pessoas se matassem, simplesmente mantendo o sangue frio e observando a lógica elementar de que, jogando-se pelas janelas, eliminariam qualquer possibilidade de sobrevivência. Estava no 12º andar, quando recebeu o alerta do detector de fumaça. Ao invés de descer, subiu para pegar o paletó e alguns documentos importantes. No meio do caminho, ainda encontrou com o eletricista que tentava consertar a fiação. Só deu tempo de pegar seus pertences e avisar as nove meninas que trabalhavam no andar para que descessem. Mas a labareda já tomava conta da escada. Recuaram e conseguiram se proteger do lado de fora da janela, em uma laje de dois palmos de largura. O vidro protegia do fogo. Por sorte, o vento estava contra e a janela não estourou. Só faltava a eles a chegada dos bombeiros. Por ser um grupo grande, foi o primeiro a ser resgatado. Cavalheiro, desceu a escada Magirus depois das moças. Faleceu aos 93 anos a 18 de abril de 2010.
Benedito Ferreira França - Fazia uma visita a um amigo que trabalhava no banco Crefisul quando começou o incêndio. Conseguiu descer três andares carregando uma moça. Declarou que quando passou pelo corredor viu várias pessoas encostadas na parede e apenas rezando, sem fazer nada. Queimado nos braços e no rosto e cansado de levar a moça, desmaiou e acordou apenas no hospital.
Antonio Carlos Capobianco - Atribui a sua sobrevivência ao karatê. O mineiro alegou que a filosofia da luta marcial o ensinou a encarar tudo, mesmo a morte, com naturalidade, embora se deva aproveitar todas as oportunidades para viver. Ele aconselhou os circunstantes a não falar muito para não desperdiçar oxigênio. Foi resgatado com mais cinco rapazes no 21° andar.
Carlos Trafaniuc - 23 anos, salvou-se descendo dois andares pendurado em cortinas.
José Flávio Gouveia - Chegou atrasado ao serviço, às 9 horas, quando o fogo já havia começado. O atraso pode lhe ter salvado a vida. Horas depois, no Hospital Municipal, doou sangue para os feridos.
Nílton Antonio de Oliveira - Estava na tesouraria do banco Crefisul, no 13° andar, com mais onze colegas. Todos ficaram espremidos numa marquise por mais de duas horas, mas conseguiram se salvar.
João Alberto Moretti - Se notabilizou nas filmagens do incêndio por ter escalado a marquise e descido do 17° andar até o 12°. Neste, aguardou até que fosse encostada a escada Magirus. Feriu-se apenas levemente e foi levado ao Hospital das Clínicas.
Vítor Manoel Gonçalves Teixeira - Liderou um grupo de nove pessoas quando a permanência na sala do 13° andar em que trabalhavam ficou impossível. Ele abriu o banheiro, quebrou os vidros da janela e, quando a água das torneiras havia esgotado, e já estavam se confortando mutuamente, surgiu uma escada Magirus a 25 centímetros de suas mãos.
Deise Previato - Assessora jurídica da Crefisul. Salvou-se por conta do rompimento da rotina. Ao invés de chegar às 8h30, chegou uma hora mais tarde, quando o fogo já havia começado. Viu a secretária do seu chefe, Linda Passaro, saltar para a morte da Avenida 9 de Julho. O chefe, Attilio Corigliano Jr., era procurado pela mulher, Elizabeth, em vão.
José Gomes Ferreira - 49 anos, motorista de táxi e ex-bombeiro. Parou o carro no momento do incêndio e com boa vontade, sem camisa e com um lenço encharcado cobrindo o rosto, ajudou os seus ex-companheiros de profissão no socorro às vítimas.
Rodolfo Manfredo Júnior - 20 anos. Estava datilografando em um escritório do 21° andar quando soube do incêndio. Subiu com dezenas de pessoas para o terraço do prédio, pois os elevadores já não mais funcionavam. Havia cerca de duzentas pessoas comprimidas e aterrorizadas. Ele conta que viu várias se jogarem, outras tirarem a roupa, pois não suportavam mais o calor, além de cerca de trinta que se contorciam em chamas. Ele conta que teve que dar tapas na cara de alguns que pareciam paralisados, incitando-os a se salvarem. Quando a situação ficou mais dramática surgiu um helicóptero da FAB que pairou no terraço. Rodolfo pulou e agarrou-se à aeronave. Ficou com as pernas ao ar, mas foi salvo ao ser puxado para dentro[4] .
José dos Santos - 20 anos, residente no Jardim Peri, foi o penúltimo funcionário da Crefisul a ser resgatado e salvo pelos bombeiros. Estava no 18° andar quando ocorreu o incêndio e foi para a janela, onde teve que esperar por cerca de quatro horas. Para resgatá-lo os bombeiros tiveram que estender a escada de 45 metros até o 12° andar e prosseguir depois com uma pequena até o 16° andar. Depois, o próprio José amarrou uma corda nas travas da janela e desceu do 18° ao 16° andar, chegando então à escada dos bombeiros numa operação que durou meia hora[4] .
João Aparecido Frutuoso - 24 anos, analista de contas do Banco Crefisul, tinha organizado o grupo que deixou o 15° andar improvisando cortinas para a descida até o 13°, de onde todos passaram à escada com a ajuda dos bombeiros. Ele conta que viu muita gente cair do patamar do 14° andar, além de muitos que perderam os sentidos por conta da inalação da fumaça. Ficou com as mãos e pés queimados[4] .


Consequências

A parte do edifício que compreendia os escritórios da Crefisul foi totalmente destruída, mas estava segurada na Companhia Seguradora Santa Cruz. Os sete primeiros andares, de garagens, não foram atingidos pelas chamas. Essa parte, administrada pela Joelma, formava um bloco quase isolado do restante do edifício, tendo portas de emergência e de interligação. Todos os dezessete empregados do estacionamento se salvaram.[7] . Dos aproximadamente 756 ocupantes do edifício, 191 morreram e mais de 300 ficaram feridos[1] . A grande maioria das vítimas era formada por funcionários do Banco Crefisul de Investimentos[1] .

Segundo o vice-presidente do Crefisul, Garrett Bouton, 1.016 funcionários trabalhavam no edifício. Desse total, 861 ficavam nos andares superiores à garagem e cerca de 600 já haviam chegado quando o incêndio começou. A firma de limpeza Continental tinha 77 funcionários no prédio.

Até as 18 horas do dia da tragédia 125 dos 179 mortos no incêndio do edifício Joelma já tinham sido retirados do Instituto Médico Legal depois de identificados por parentes e amigos. Restaram 54 corpos, dos quais 12 identificáveis e o restante completamente carbonizado. Em 30 horas, do meio-dia até às 18 horas, aproximadamente 8 mil pessoas foram ao local, no bairro de Pinheiros, para reconhecer os cadáveres. O ambiente era de tristeza e até os funcionários não conseguiam esconder a emoção. Cinco mulheres desmaiaram enquanto faziam a identificação. O IML comprou 200 caixões e 50 coroas de flores para facilitar a retirada dos corpos. As vítimas foram colocadas no chão de quatro salas e pela manhã já exalavam um mau cheiro que os funcionários tentaram aliviar colocando incenso. O secretário dos Serviços Municipais, engenheiro Werner Zalouf, afirmou que cerca de 30 pessoas que morreram no incêndio e permaneceram no prédio não foram identificadas. Acredito que o calor durante o incêndio tenha superado 900 graus e nessa temperatura um corpo fica totalmente destruído, restando no máximo um quilo e meio de cinzas. A água que os bombeiros jogaram pode ter transformado tudo em lama[9] .

A tragédia do Joelma, que ocorreu apenas dois anos após o incêndio do Edifício Andraus, reabriu a discussão popular com relação aos sistemas de prevenção e combate a incêndios nas metrópoles brasileiras, cujas deficiências foram evidenciadas nas duas grandes tragédias. Na ocasião, o Código de Obras do Município de São Paulo em vigor era de 1934, um tempo em que a cidade tinha 700.000 habitantes, prédios de poucos andares e não havia a quantidade de aparelhos elétricos dos anos 70[10] .

A investigação sobre as causas do acidente, concluída e encaminhada à justiça, em julho de 1974, apontava a Crefisul e a Termoclima, empresa responsável pela manutenção elétrica, como principais responsáveis pelo incêndio. Afirmava que o sistema elétrico do Joelma era precário e estava sobrecarregado. Além disso, os registros dos hidrantes do prédio estavam inexplicavelmente fechados, apesar do reservatório contar na ocasião com 29.000 litros de água[11] .

O resultado do julgamento foi divulgado a 30 de abril de 1975. Kiril Petrov, gerente-administrativo da Crefisul, foi condenado a três anos de prisão. Walfrid Georg, proprietário da Termoclima, seu funcionário, o eletricista Gilberto Araújo Nepomuceno, e os eletricistas da Crefisul, Sebastião da Silva Filho e Alvino Fernandes Martins, receberam condenações de dois anos[12] .

Após o incêndio, o prédio ficou interditado para obras por quatro anos. Com o fim das reformas, em outubro de 1978, foi rebatizado edifício Praça da Bandeira.


Repercussão na mídia

Pouco depois da tragédia, uma pequena produtora norte-americana produziu o curta-metragem Incendio, contando as causas e consequências do fogo, utilizando técnicas de animação gráfica e imagens da cobertura da imprensa.

Em 1978, foi lançado o filme norte-americano Catastrophe, um documentário de Larry Savadove, narrado por Willian Conrad, o qual versava sobre tragédias mundiais conhecidas, entre elas, a do edifício Joelma[13] .

Em 1979, foi rodado o filme Joelma 23º Andar, baseado no livro Somos Seis, do médium Chico Xavier, no qual é narrada a história de uma moça que morreu no incêndio chamada Volquimar Carvalho dos Santos. Contudo, no filme ela era intitulada Lucimar. O papel da protagonista foi interpretado por Beth Goulart.

A 30 de junho de 2005, o programa Linha Direta, da Rede Globo, exibiu o quadro Linha Direta Mistério, cujo tema era o edifício Joelma[14] .

A 5 de julho de 2008 foi transmitida no Jornal da Record uma reportagem da série Bombeiro: Herói de Todos que relembrou o acontecimento, mostrando várias cenas e o difícil salvamento. Nessa mesma reportagem foi abordado o incêndio do Edifício Andraus, ocorrido em 1972, o desastre do Bateau Mouche, barco que afundou na Baía de Guanabara, a 31 de dezembro de 1988, além da queda de parte do Elevado Paulo de Frontin, o qual desabou sobre carros e ônibus em 1971, matando mais de 40 pessoas.


Bibliografia

Henry Russell: Feuer – die grössten Katastrophen. Gondrom 1998, ISBN 3-8112-1671-6

Referências

1 - "Tragédia do Joelma foi a pior da cidade" - Folha Online
2 - "O fogo contra a cidade" - Veja, Edição 283, 6 de fevereiro de 1974
3 - "Incêndio Edifício Joelma" - Bombeiros Emergência
4 - Jornal do Brasil de 2/02/74, página 13
5 - "Revista: Cenas de NY lembram incêndio no Joelma" - Folha Online
6 - O Estado de S. Paulo de 2/02/74, pág. 10
7 - Jornal do Brasil de 2/02/74, página 12
8 - "Lugares 'mal-assombrados' viram lenda em SP" - G1
9 - Jornal do Brasil de 3/02/74, página 26
10 = "O incêndio do Edifício Joelma" - Jornal do Brasil
11 - "A culpa no Joelma" - Veja - Edição 307, 24 de julho de 1974
12 - "Notas" - Veja - Edição 348, 7 de maio de 1975
13 - Catastrophe, de 1978
14 - "O Enigma do Edifício Joelma" - Linha Direta


terça-feira, 26 de julho de 2016

O que possuímos


É interessante notar como desejamos, no mundo, tantas coisas, que nos parecem imprescindíveis.
Quantas vezes, em meio às tarefas que nos cabem, na oficina de trabalho, não desejamos um emprego melhor?
Pois é. Gostaríamos de um melhor ambiente, um chefe menos rigoroso, uma carga horária menor, um salário maior.
No entanto, centenas de pessoas anseiam somente por ter um emprego. Qualquer que fosse. Um salário mínimo, ao menos, para saírem da penúria total.
Quantas vezes reclamamos dos pratos servidos no almoço e no jantar? Sempre a mesma coisa. Parece que a cozinheira está desprovida de ideias ou anda com preguiça.
Entretanto, enquanto almejamos pratos mais sofisticados e variados, milhares, no mundo todo, desejam apenas um prato de comida.
Olhamo-nos ao espelho e reclamamos da cor dos olhos. Como seria bom se tivéssemos olhos claros. Ou escuros. Mais esverdeados.
Contudo, inúmeras criaturas aguardam simplesmente a oportunidade de enxergar. Anseiam por uma córnea, uma cirurgia que os libere da cegueira em que se encontram.
Encantamo-nos com as vozes do cantor, do locutor e desejaríamos ter uma voz bonita, cristalina. Ou encorpada, máscula.
Ao nosso lado, porém, caminham muitos que desejariam apenas ter a ventura de falar, em qualquer tom.
Pensamos, olhando nossos pais, que seria muito bom se eles fossem mais esclarecidos, tivessem diplomas universitários.
Tivessem, enfim, uma visão mais ampla do mundo.
Seria tão bom! Mas, em nosso mesmo bairro, existem dezenas de pessoas que almejariam simplesmente ter pais.
Fossem eles iletrados, analfabetos, pobres de entendimento. Mas que estivessem ao seu lado para amá-los.
Reclamamos da rua barulhenta em que se situa a nossa casa, do cachorro do vizinho que late toda noite, perturbando-nos o sono.
Desejaríamos silêncio. Um bairro tranquilo, cães disciplinados, ruas sem trânsito. Muito silêncio para nossa leitura, nosso descanso, nosso lazer.
Nem nos damos conta de que centenas de criaturas almejam ardentemente, simplesmente ouvir. O que quer que seja. O ruído do trânsito, o apito das fábricas, a gritaria da criançada.
Qualquer coisa, contanto que pudessem ouvir.
Olhamos, com olhos de desejo, as vitrinas abarrotadas de sapatos lindos. Modelos recém-chegados. Lançamentos.
Gostaríamos tanto que nosso orçamento nos permitisse comprar um novo par. Afinal, os nossos andam um pouco gastos e fora de moda.
Enquanto olhamos para nossos pés, desejando novos sapatos, muitos contemplam os próprios membros inferiores, desejando apenas ter pés.
Pensamos num carro novo, mais confortável. Um carro com porta-malas maior, que caiba mais coisas.
Enquanto isso, bem próximo de nós, muitos apenas sonham com a possibilidade de se locomoverem de um lado a outro com as próprias pernas.
 
* * *

É justo sonhar. É bom desejar melhorar o padrão de vida. Isso faz parte do progresso do ser humano.
Entretanto, que esses anseios não se constituam em nossa infelicidade. Não esqueçamos de dar o devido valor ao que temos.
Valorizemos a possibilidade de andar, ouvir, enxergar, de nos locomover de um a outro lado, por nossa própria conta.
Sejamos gratos pela nossa família, pequena ou grande. Ilustrada ou não.
Agradeçamos, enfim, a Deus, pelo dom da vida. Por estar na Terra, abençoada escola.

Redação do Momento Espírita.
Em 7.6.2016.

sábado, 23 de janeiro de 2016

Muito humilde


A pessoa que trabalha lá em casa é muito, muito humilde.
Você já deve ter ouvido esta frase, com certeza. E com a mesma certeza sabe que quem assim fala está se referindo a alguém com poucos recursos amoedados. Ou intelectuais. Ou ambos.
De um modo geral, associamos pobreza, analfabetismo, ignorância à humildade.
Contudo, foram humildes Jesus de Nazaré, Francisco de Assis, Francisco Cândido Xavier.
E esses não se enquadram nos itens destacados. Jesus era humilde, no entanto, a ninguém ocorre imaginar que Ele fosse um iletrado.
Profundo conhecedor da alma humana, o que Lhe confere, de imediato, alta condição psicológica, era igualmente conhecedor da História de Israel, da cultura do mundo em que vivia, das escrituras.
Provam isso suas falas, seus pronunciamentos, reportando-se à Lei antiga, aos profetas, ao tempo político que se vivia então.
Ademais, era poeta, utilizando-se sabiamente de figuras de linguagem, adequando-as ao ensino que desejava oferecer e às pessoas para as quais falava.
Ninguém foi tão grande quanto Ele. E era humilde. Ele mesmo o disse: Aprendei de mim que sou manso e humilde de coração.
Francisco Cândido Xavier não dispunha de recursos financeiros, nem diplomas.
Mas ninguém ousaria dizê-lo ignorante. Basta recordar-lhe a sabedoria nas entrevistas que concedeu a jornalistas, repórteres, cientistas que desejaram estudar-lhe as qualidades mediúnicas.
Sabia portar-se em público, utilizando-se de vocabulário adequado, demonstrando a ilustração do seu intelecto.
Francisco de Assis nasceu em berço rico e abraçou a pobreza, por opção do ensino que desejou ministrar, em plena Idade Média.
Era humilde e conhecedor do Evangelho. Foi ainda compositor. Dizia-se o cantor do Grande Rei, Deus.
No ideal de divulgar o Evangelho de Jesus em sua essência mais pura, agregou jovens ricos, homens cultos, no mesmo ideal e os liderou.
Falava ao povo simples, falava a magistrados e às autoridades eclesiásticas.
Conta-se que, certa vez, em retornando de Roma a Assis, deteve-se na cidade de Ímola. Por questão de respeito hierárquico, apresentou-se ao bispo e expressou o desejo de pregar na igreja local.
Eu prego a meu povo e isso é o bastante! – Foi a resposta do bispo.
Francisco se retirou e voltou uma hora depois, fazendo o mesmo pedido.
Ante o espanto do bispo, pela insistência, respondeu:
Meu senhor, se um pai expulsa o filho por uma porta, ele deve voltar por outra!
O raciocínio coerente lhe valeu o direito de tomar lugar no púlpito do prelado para a pregação.

* * *

Humildade é virtude que brilha nos corações dos homens de bem.
Homens de intelecto mas que a ninguém desprezam.
Homens de posses, que a todos acolhem.
Homens que sabem reivindicar seus direitos, nunca sendo omissos.
Homens de bem. Humildes.
Repensemos nossos conceitos.

Redação do Momento Espírita, com relato de fato colhido no cap. Onze (1213-1218), do livro Francisco de Assis, o santo relutante, de Donald Spoto, ed. Objetiva.
Em 18.1.2016.

sexta-feira, 3 de julho de 2015

Por que tanto sofrimento?






As notícias nos chegam de roldão, pela TV, jornal, rádio, internet. No Nepal, terremoto de grandes dimensões deixou mais de sete mil mortos.

A capital, Katmandu, virou quase um cenário de guerra quando milhares de pessoas, com medo da falta de alimentos e sem suas casas, aguardavam ônibus para se retirarem do local.
Revolta, medo, desespero se uniram e levaram o povo a um confronto com a polícia, enviada ao local para tentar controlar a situação.
No Chile, depois de uma dormência de quase meio século, o vulcão Calbuco erupcionou, ocasionando degelos, que geraram o isolamento imediato de cidades vizinhas a bacias hidrográficas.
Uma nuvem de cinzas se espalhou pela região central do país e parte da Argentina, provocando o cancelamento de muitos voos. A coluna de material piroclástico alcançou dezessete quilômetros de altitude.
No oeste catarinense, um tornado deixou um saldo de dois mortos, cento e vinte feridos, mais de mil pessoas desabrigadas. Somam quase três mil as casas danificadas. Danos de tal monta que se estima em torno de um ano para a reconstrução da cidade.
Na capital de outro estado, após temporal, muita chuva, começaram os deslizamentos, que causaram a morte de treze pessoas. As perdas de vidas se somam às perdas materiais.
Tudo isso nos é informado com detalhes. As imagens televisivas mostram a destruição: a lava descendo pela encosta da montanha, a nuvem de fumaça, a chuva torrencial, os ventos que chegaram a trezentos e trinta quilômetros por hora.
Patrimônio construído em décadas reduzido a pó, em questão de poucos segundos.
E nos perguntamos por quê? Por que tantas calamidades? E, talvez porque as notícias nos chegam em tempo real, as catástrofes parecem estar ocorrendo em conjunto, explodindo dores por todo o mundo.
Jesus, em seu Sermão profético, alertou a respeito dessas dores que nos chegariam, anunciando o fim dos tempos.
Fim dos tempos de uma Terra ainda dominada pelo mal, surgindo outra, que caminha para a paz, o bem e o amor.
Por isso, exatamente como uma casa em reformas, onde o caos parece se instalar, tudo isso ocorre.
É o derrubar de um mundo velho, para a renovação.
Renovação dos seres que habitam a Terra, porque uns vão e outros retornam, pela reencarnação, substituindo aqueles.
Renovação das paisagens físicas, alterando a geografia, modificando o mundo material, como já ocorrido em outras épocas, no planeta.
Ante tudo isso, é de meditarmos: que estamos fazendo enquanto isso sucede ao nosso redor? Por vezes, até nos alcançando?
É tempo de pensar que somos perecíveis enquanto seres humanos. Que todo nosso patrimônio não é durável, senão enquanto se mantenham estáveis determinadas condições de terreno, clima.
Hoje despertamos e estamos vivendo na Terra. Amanhã, o panorama poderá ser outro. Poderemos estar no plano espiritual, arrebatados pela morte física.
Poderemos estar em outro local, nossos bens terem se dissipado como tempestade de areia, que vem, agride e passa.
Pensemos nisso. E invistamos mais em nós mesmos. Cultivemos a inteligência, o bem, a moral e a ética.
Somos frágeis demais, neste planeta, para nos arvorarmos em nos mantermos em soberba, orgulho e egoísmo.

Pensemos nisso.

Redação do Momento Espírita.
Em 1.7.2015.

segunda-feira, 16 de março de 2015

Os Animais, por Chico Xavier


Um amigo perguntou ao Chico qual o animal mais evoluído espiritualmente e dele anotou a resposta:

– É o cão. O cão desperta muito amor e é modelo de fidelidade. As pessoas que amam e cultivam a convivência com os animais, especialmente os cães, se observarem com atenção, verificarão que os vários espécimes são portadores de qualidades que consideramos quase humanas, raiando pela prudência, paciência, disciplina, obediência, sensibilidade, inteligência, improvisação, espírito de serviço, vigilância e sede de carinho, infundindo-nos a idéia de que, quanto mais perto se encontram das criaturas humanas, mais se lhes assemelham, preparando-se para o estágio mais próximo da hierarquia espiritual.

Segundo o iluminado Espírito Emmanuel os animais são nossos parentes próximos, com sua linguagem, seus afetos e sua inteligência rudimentar.

Chico Xavier respondendo a uma pergunta sobre os animais, disse:

- Nossos benfeitores espirituais nos esclarecem que é preciso que todos nós consideremos que os animais diversos, a nos rodearem a existência de seres humanos em evolução no planeta Terra, são nossos irmãos menores, desenvolvendo em si mesmos o próprio princípio inteligente.

Se nós, seres humanos já alcançamos os domínios da inteligência desenvolvendo agora as potências intuitivas, eles, os animais, estão aperfeiçoando paulatinamente seus instintos na busca da inteligência da mesma maneira que nós humanos aspiramos alcançar algum dia a angelitude na Vida Maior, personificada em nosso mestre o Senhor Jesus, eles, os animais aspiram ser num futuro distante homens e mulheres inteligentes e livres. Assim sendo, nós podemos nos considerar como irmãos mais velhos e mais experimentados dos animais.

Deus outorgou aos homens a condição e proteção de nossos irmãos mais novos, os animais.

E o que é que esta humanidade tem agido em relação aos animais nos inúmeros séculos de nossa história?

Porventura nós, os homens, não temos nos transformado em algozes dos animais ao invés de seus protetores fiéis?

Quem ignora que a vaca sofre imensamente a caminho do matadouro?
Quem duvida que minutos antes do golpe fatal os bovinos derramam lágrimas de angústia?
Não temos treinado determinadas raças de cães exaustivamente para o morticínio e os ataques?
Que dizermos das caçadas impiedosas de aves e animais silvestres unicamente por prazer esportivo?
Que dizermos das devastações inconseqüentes do meio ambiente?

Tudo isto se resume em graves responsabilidades para os seres humanos.
A angústia, o medo e o ódio que provocamos nos animais lhes alteram o equilíbrio natural de seus princípios espirituais.

A responsabilidade maior recairá sempre nos desvios de nós mesmos, que não soubemos guiar os animais no caminho do Amor e do Progresso, seguindo a Verdade de Deus.

Cada animalzinho que passa em nossa vida, deixa um pouco do seu amor, e leva consigo o nosso carinho.
Esta é uma relação que transcende a vida terrena e perdura por toda a nossa existência.
Felizes daqueles que carregam consigo o olhar de gratidão de um caozinho feliz, recolhido do abandono das ruas, pois este amor é infinito e gratificante, e nos ensina a ser alguém melhor, um ser-humano de verdade.

quarta-feira, 26 de junho de 2013

Chico Xavier fala sobre a hóstia católica


DISSE CHICO XAVIER:

“Em nossa infância, e na primeira juventude, frequentava a Igreja
Católica com o mesmo respeito com que nos dirigimos hoje a uma reunião
espírita cristã, e sempre sentimos, reconhecemos, dentro da Igreja
Católica, prodígios de espiritualidade inimagináveis.

Muitas vezes, principalmente nas missas da manhã, quando era possível
a comunhão de vibrações espirituais de todos os crentes numa só faixa
de espiritualidade e de fé em Jesus, tivemos oportunidade de ver
espíritos santificados que abençoavam as hóstias, e elas se
transformavam como se fossem flores de luz, que o sacerdote oferecia
na mesa da comunhão.

Muitas vezes, principalmente no altar daquela que nós veneramos como
sendo a nossa Mãe Santíssima, vimos irradiações de luz que alcançavam
toda a assembléia, do altar consagrado a Santa Teresinha de Lisieux,
muitas vezes vi repartirem rosas trazidas por criaturas desencarnadas,
amigos e amigas católicos da cidade de Pedro Leopoldo, sem que eu
pudesse explicar o fenômeno.”

Chico conta, ainda, que as hóstias iluminadas, quando recebidas por
pessoas de fé, não se apagavam ao serem ingeridas por elas, sendo
absorvidas, de preferência, pelos órgãos que estivessem atacados por
alguma enfermidade. Por outro lado, nas pessoas que comungavam sem fé,
as hóstias se obscureciam, assim que lhes tocavam os lábios.
O mesmo acontece com o passe espírita.


A fé e o amor são os responsáveis pelos milagres...

segunda-feira, 9 de julho de 2012

Do que valem?


Quando Teresa D'Ávila, a abnegada mística espanhola, decidiu erguer um mosteiro para ensinar moral e dignificação cristã às jovens noviças, deu início a uma campanha para arrecadação de fundos. Por isso, saiu a esmolar.

Visitando um nobre e lhe solicitando auxílio, desse não recebeu a mínima consideração.

Com sarcasmo, ele riu dela e perguntou: De que valem Teresa e três coroas? - referindo-se às poucas moedas que ela havia conseguido até então.

A freira, inspirada naquele momento, respondeu: De nada valem e nada podem fazer Teresa e três coroas... Mas, Deus, Teresa e três coroas tudo podem.

E, seguiu o rumo das suas nobres tarefas, buscando o reino de Deus.

À semelhança da freira espanhola, outros cristãos demonstraram o quanto se pode com Deus.


Com Deus, Damião de Vesteur transformou a ilha Molokai, no Hawai. Quando ali chegou, levando uma pequena mala com roupas simples e seus livros de devoção, era um homem só. Encontrou na ilha criaturas sem escrúpulos que exploravam os demais doentes.

Organizou enfermaria, habilitou doentes a atenderem outros doentes mais graves, prescreveu normas de higiene.

Separou os bebês sadios de suas mães hansenianas, criando, na selva que era a ilha, uma creche onde elas os podiam visitar.

Com Deus, ele impediu enfermos em desespero de buscarem a morte prematura, pelas próprias mãos.

Com Deus, lançou seu clamor ao mundo, denunciando o horror do abandono daqueles seres enfermos. E conseguiu medicação, roupas, utensílios. Mais do que tudo, devolveu dignidade àquelas criaturas.

Com Deus, venceu os corações mais empedernidos, transformando os usurpadores da paz alheia em seus colaboradores.

Ao morrer, a ilha estava modificada. Havia deixado de ser um palco de horrores, onde as pessoas eram jogadas simplesmente para aguardar o fim dos dias na Terra.

Era um homem só... com Deus.


Com Deus, Francisco Cândido Xavier, da cidade mineira de Uberaba, desde a sua mocidade, serviu ao mundo.

Instrumento dos Espíritos que dele se utilizavam para a transcrição de mensagens de esclarecimento e consolo, deu ao mundo mais de quatro centenas de livros.

Suas obras foram traduzidas para vários idiomas, transpondo as fronteiras da Pátria, consolando corações aflitos pelo mundo.

Um homem só... com Deus.

* * *

A presença de Deus em tua vida faz uma grande diferença. É essa presença que te inspira ideias novas e surpreendentes, ricas de conteúdo, abrindo espaço para realizações futuras de alegria e bem-estar.

Existem possibilidades que antes, nunca havias notado e estão à tua disposição.

Com a presença de Deus, elas se manifestam em ti. Os amorosos braços de Deus te envolvem em ondas de reconforto que protegem e dão segurança em todas as tuas realizações.

A presença de Deus é todo o bem que experimentas, que te alimenta e que consegues distribuir de coração.



Redação do Momento Espírita, com base em conto narrado por
Divaldo Pereira Franco e pensamentos finais do cap. 23 do livro Filho
de Deus, pelo Espírito Joanna de Ângelis, psicografia de Divaldo Pereira Franco,
ed Leal.
Em 20.06.2012.

Seguidores, visitantes, amigos, amigas, deixe seu comentário dizendo se gostou ou não de nossa postagem. Sua opinião é muito importante para Nós.  Ajude-nos a fazer um blog melhor. Obrigado. Abraxos.

domingo, 20 de maio de 2012

Aos Que Te Invejam


OS QUE TE INVEJAM

Muitos daqueles que te invejam não sabem que te invejam o peso da cruz;
as tuas grandes lutas que desconhecem;
as acerbas provações que suportas em silêncio;
as fragilidades que, tantas vezes, te fazem sucumbir;
as lágrimas que vertes às escondidas;
os conflitos íntimos que disfarças com melancólico sorriso;
os dramas de consciência que não podes compartilhar com ninguém;
os andrajos que te cobrem o espírito necessitado de paz;
os tormentos cotidianos que te abeiram do desequilíbrio;
os assédios aos quais resistes, mercê do amparo da Divina Misericórdia;
a solidão em que vives, embora sempre rodeado de tanta gente...
Os que te invejam não sabem!...

Carlos A. Baccelli


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"A desilusão de agora, será benção depois."

Chico Xavier

quinta-feira, 3 de maio de 2012

Fancisco Cândido Xavier


Foto do ano de 1930, com alguns integrantes da familia de Chico Xavier. Entre elas Cidália Batista Xavier, a segunda mãe de Chico Xavier.
Adultos: da esquerda para a direita: Nelson Pena (cunhado), Carmozina Xavier Pena (irmã), Chico Xavier, João Cândido Xavier (pai), no colo João Cândido Filho (irmão), Cidália Batista Xavier (madrasta); no colo Doralice Xavier (irmã); Geralda Xavier (irmã); Jacy Pena (cunhado); Maria da Conceição Xavier Pena (irmã).
Crianças, da esquerda para a direita: Neuza Xavier (irmã); Mauro Pena (sobrino), filho de Nelson e Carmozina; Dorita (ajudante da casa da familia Xavier, no colo criança não identificada); Nelma Pena (sobrinha), filha de Nelson e Carmozina); Lucília Xavier (irmã); Cidália Xavier (irmã); André Luiz Xavier (irmão). Acervo da Casa de Chico Xavier, Pedro Leopoldo. MG. Foto está às fls 62 do livro O Vôo da Garça
O maior e mais prolífico médium psicógrafo do mundo em todas as épocas nasceu em Pedro Leopoldo, modesta cidade de Minas Gerais, Brasil, em 2 de abril de 1910. Vive, desde 1959, em Uberaba, no mesmo Estado. Completou o curso primário, apenas. Pais: João Cândido Xavier e Maria João de Deus, desencarnados em 1960 e 1915, respectivamente. Infância difícil; foi caixeiro de armazém e modesto funcionário público, aposentado desde 1958. Em 7 de maio de 1927 participa de sua primeira reunião espírita. Até 1931 recebe muitas poesias e mensagens, várias das quais saíram a público, estampadas à revelia do médium em jornais e revistas, como de autoria de F. Xavier. Nesse mesmo ano, vê, pela primeira vez, o Espírito Emmanuel, seu inseparável mentor espiritual até hoje.
Desde os 4 anos de idade o menino Chico teve a sua vida assinalada por singulares manifestações. Seu pai chegou, inclusive, a crer que o seu verdadeiro filho havia sido trocado por outro... Aquele seu filho era estranho!... De formação católica, o garoto orava com extrema devoção, conforme lhe ensinara D. Maria João de Deus, a querida mãezinha, que o deixaria órfão aos 5 anos. Dentro de grandes conflitos e extremas dificuldades, o menino ia crescendo, sempre puro e sempre bom, incapaz de uma palavra obscena, de um gesto de desobediência. As "sombras" amigas, porém, não o deixavam... Conversava com a mãezinha desencarnada, ouvia vozes confortadoras. Na escola, sentia a presença delas, auxiliando-o nas tarefas habituais. O certo é que os seus primeiros anos o marcaram profundamente; ele nunca os esqueceu... A necessidade de trabalhar desde cedo para auxiliar nas despesas domésticas foi em sua vida, conforme ele mesmo o diz, uma bênção indefinível.
Sim, a doença também viera precocemente fazer-lhe companhia. Primeiro os pulmões, quando trabalhava na tecelagem; depois os olhos; agora é a angina.
Francisco Cândido Xavier (Chico Xavier) iniciou, publicamente, seu mandato mediúnico em 8 de julho de 1927, em Pedro Leopoldo. Contando 17 anos de idade, recebeu as primeiras páginas mediúnicas. Em noite memorável, os Espíritos deram início a um dos trabalhos mais belos de toda a história da humanidade. Dezessete folhas de papel foram preenchidas, celeremente, versando sobre os deveres do espírita-cristão.
Depoimento de Chico Xavier: (...) "Era uma noite quase gelada e os companheiros que se acomodavam junto à mesa me seguiram os movimentos do braço, curiosos e comovidos. A sala não era grande, mas, no começo da primeira transmissão de um comunicado do mais Além, por meu intermédio, senti-me fora de meu próprio corpo físico, embora junto dele. No entanto, ao passo que o mensageiro escrevia as dezessete páginas que nos dedicou, minha visão habitual experimentou significativa alteração. As paredes que nos limitavam o espaço desapareceram. O telhado como que se desfez e, fixando o olhar no alto, podia ver estrelas que tremeluziam no escuro da noite. Entretanto, relanceando o olhar no ambiente, notei que toda uma assembléia de entidades amigas me fitavam com simpatia e bondade, em cuja expressão adivinhava, por telepatia espontânea, que me encorajavam em silêncio para o trabalho a ser realizado, sobretudo, animando-me para que nada receasse quanto ao caminho a percorrer."
Emmanuel, nos primórdios da mediunidade de Chico Xavier, deu-lhe duas orientações básicas para o trabalho que deveria desempenhar. Fora de qualquer uma delas, tudo seria malogrado. Eis a primeira.
- "Está você realmente disposto a trabalhar na mediunidade com Jesus?"
- Sim, se os bons espíritos não me abandonarem... -respondeu o médium.
- Não será você desamparado - disse-lhe Emmanuel - mas para isso é preciso que você trabalhe, estude e se esforce no bem.
- E o senhor acha que eu estou em condições de aceitar o compromisso? - tornou o Chico.
- Perfeitamente, desde que você procure respeitar os três pontos básicos para o Serviço... Porque o protetor se calasse o rapaz perguntou:
- Qual é o primeiro? A resposta veio firme:
- Disciplina.
- E o segundo?
- Disciplina.
- E o terceiro?
- Disciplina.
" A segunda mais importante orientação de Emmanuel para o médium é assim relembrada: - "Lembro-me de que num dos primeiros contatos comigo, ele me preveniu que pretendia trabalhar ao meu lado, por tempo longo, mas que eu deveria, acima de tudo, procurar os ensinamentos de Jesus e as lições de Allan Kardec e, disse mais, que, se um dia, ele, Emmanuel, algo me aconselhasse que não estivesse de acordo com as palavras de Jesus e de Kardec, que eu devia permanecer com Jesus e Kardec, procurando esquecê-lo.
Em 1932 publica a FEB seu primeiro livro, o famoso "Parnaso de Além-Túmulo"; hoje as obras que psicografou vão a mais de 400. Várias delas estão traduzidas e publicadas em castelhano, esperanto, francês, inglês, japonês, grego, etc.
De moral ilibada, realmente humilde e simples, Chico Xavier jamais auferiu vantagens, de qualquer espécie, da mediunidade. Sua vida privada e pública tem sido objeto de toda especulação possível, na informação falada, escrita e televisionada. Ápodos e críticas ferinas, têm-no colhido de miúdo, sabendo suportá-los com verdadeiro espírito cristão.
Viajou com o médium Waldo Vieira aos Estados Unidos e à Europa, onde visitaram a Inglaterra, a França, a Itália, a Espanha e Portugal, sempre a serviço da Doutrina Espírita.
Chico Xavier é hoje uma figura de projeção nacional e internacional, suas entrevistas despertam a atenção de milhares de pessoas, mesmo alheias ao Espiritismo; tem aparecido em programas de TV, respondendo a perguntas as mais diversas, orientando as respostas pelos postulados espíritas.
Já recebeu o título de Cidadão Honorário de várias cidades: Rio Preto, São Bernardo do Campo, Franca, Campinas, Santos, Catanduva, em São Paulo; Uberlândia, Araguari e Belo Horizonte, em Minas Gerais; Campos, no Estado do Rio de Janeiro, etc., etc.
Dos livros que psicografou já se venderam mais de 12 milhões de exemplares, só dos editados pela FEB, em número de 88. "Parnaso de Além-Túmulo", a primeira obra publicada em 1932, provocou (e comprovou) a questão da identificação das produções mediúnicas, pelo pronunciamento espontâneo dos críticos, tais como Humberto de Campos, ainda vivo na época, Agripino Grieco, severo crítico literário, de renome nacional, Zeferino Brasil, poeta gaúcho, Edmundo Lys, cronista, Garcia Júnior, etc. Prefaciando "Parnaso de Além-Túmulo", escreveu Manuel Quintão: "Romantismo, Condoreirismo, Parnasianismo, Simbolismo, aí se ostentam em louçanias de sons e de cores, para afirmar não mais subjetiva, mas objetivamente, a sobrevivência de seus intérpretes.
É ler Casimiro e reviver Primaveras; é recitar Castro Alves e sentir Espumas Flutuantes; é declamar Junqueiro e lembrar a Morte de D. João; é frasear Augusto dos Anjos e evocar Eu." Romances históricos formam a série Romana, de Emmanuel, composta de: "Há 2000 Anos...", "50 Anos Depois", "Ave, Cristo!", "Paulo e Estevão", provocando a elaboração do "Vocabulário Histórico-Geográfico dos Romances de Emmanuel", de Roberto Macedo, estudo elucidativo dos eventos históricos citados nas obras. "Há 2000 Anos..." é o relato da encarnação de Emmanuel à época de Jesus. De Humberto de Campos (Espírito), aparece, em 1938, o profético e discutido "Brasil, Coração do Mundo, Pátria do Evangelho", uma história de nossa pátria e dos fatos e ela ligados, em dimensão espiritual. A série André Luiz é reveladora, doutrinária e científica; com obras notáveis e a maioria completa, no tocante à vida depois da desencarnação, obras anteriores, de Swedenborg, A. Jackson Davis, Cahagnet, G. Vale Owen e outros.
Pertencem a essa série: "Nosso Lar", "Os Mensageiros", "Missionários da Luz", "Obreiros da Vida Eterna", "No Mundo Maior", "Agenda Cristã", "Libertação", "Entre a Terra e o Céu", "Nos Domínios da Mediunidade", "Ação e Reação", "Evolução em dois Mundos", "Mecanismos da Mediunidade", "Conduta Espírita", "Sexo e Destino", "Desobsessão", "E a Vida Continua...". De parceria com o médium Waldo Vieira, Chico Xavier psicografou 17 obras.
A extraordinária capacidade mediúnica de Chico Xavier está comprovada pela grande quantidade de autores espirituais, da mais elevada categoria, que por seu intermédio se manifestam. Vários de seus livros foram adaptados para encenação no palco e sob a forma de radionovelas e telenovelas. O dom mediúnico mais conhecido de Francisco Xavier é o psicográfico. Não é, todavia, o único. Tem ele, e as exercita constantemente, outras mediunidades, tais como: psicofonia, vidência, audiência, receitista, e outras.
Sua vida, verdadeiramente apostolar, dedicou-a, o médium, aos sofredores e necessitados, provindos de longínquos lugares, e também aos afazeres medianeiros, pelos quais não aceita, em absoluto, qualquer espécie de paga. Os direitos autorais ele os tem cedido graciosamente a várias Editoras e Casas Espíritas, desde o primeiro livro. Sua vida e sua obra têm sido objeto de numerosas entrevistas radiofônicas e televisadas, e de comentários em jornais e revistas, espíritas ou não, e em livros dos quais podemos citar: o opúsculo intitulado "Pinga-Fogo, Entrevistas", obra publicada pelo Instituto de Difusão Espírita, de Araras; "Trinta Anos com Chico Xavier", de Clóvis Tavares; "No Mundo de Chico Xavier", de Elias Barbosa; "Lindos Casos de Chico Xavier", de Ramiro Gama; "40 Anos no Mundo da Mediunidade", de Roque Jacinto; "A Psicografia ante os Tribunais", de Miguel Timponi; "Amor e Sabedoria de Emmanuel", de Clóvis Tavares; "Presença de Chico Xavier", de Elias Barbosa; "Chico Xavier Pede Licença", de Irmão Saulo, pseudônimo de Herculano Pires; "Nosso Amigo Xavier", de Luciano Napoleão; "Chico Xavier, o Santo dos Nossos Dias" e "O Prisioneiro de Cristo", de R. A. Ranieri; “Chico Xavier - Mandato de Amor”, da U.E.M.; “As Vidas de Chico Xavier”, de Marcel Souto Maior, etc.


O CASO HUMBERTO DE CAMPOS:
Desencarnado em 1934 o festejado escritor brasileiro Humberto de Campos, o Espírito deste iniciou, em 1937, pela mediunidade de Chico Xavier, a transmissão de várias obras de crônicas e reportagens, todas editadas pela Federação Espírita Brasileira, entre as quais sobressai “Brasil, Coração do Mundo, Pátria do Evangelho”. Eis senão quando, em 1944, a viúva de Humberto de Campos ingressa em juízo, movendo um processo, que se torna célebre, contra a Federação Espírita Brasileira e Francisco Cândido Xavier, no sentido de obter uma declaração, por sentença, de que essa obra mediúnica “é ou não do Espírito de Humberto de Campos”, e que em caso afirmativo, se apliquem as sanções previstas em Lei. O assunto causou muita polêmica e, durante um bom tempo, ocupou espaço nos principais periódicos do País. Para que tenhamos uma idéia do que representou o referido processo na divulgação dos postulados espíritas, resumimos aqui alguns dos principais depoimentos da época extraídos da obra do Dr. Miguel Timponi, o principal advogado que trabalhou na defesa do médium e da FEB. Antes, porém, sintamos a beleza das palavras a seguir, enfeixadas no livro A Psicografia ante os Tribunais: "Entretanto, lá do Nordeste, desse Nordeste de encantamentos e de mistérios, a voz cheia de ternura e de emoção, de uma velhinha santificada pela dor e pelo sofrimento, D. Ana de Campos Veras, extremosa mãe do querido e popular escritor, rompeu o silêncio para ofertar ao médium de Pedro Leopoldo a fotografia do seu próprio filho, com esta expressiva dedicatória: Ao Prezado Sr. Francisco Xavier, dedicado intérprete espiritual do meu saudoso Humberto, ofereço com muito afeto esta fotografia, como prova de amizade e gratidão. Da crª. atª. Ana de Campos Veras Parnaíba, 21-5-38. Conforme se vê da edição de O Globo de 19 de julho de 1944, essa exma. senhora confirma que o estilo é do seu filho e assegura ao redator de O Povo e Press Parga: "- Realmente - disse dona Ana Campos - li emocionada as Crônicas de Além-Túmulo, e verifiquei que o estilo é o mesmo de meu filho. Não tenho dúvidas em afirmar isso e não conheço nenhuma explicação científica para esclarecer esse mistério, principalmente se considerarmos que Francisco Xavier é um cidadão de conhecimentos medíocres. Onde a fraude? Na hipótese de o Tribunal reconhecer aquela obra como realmente da autoria de Humberto, é claro que, por justiça, os direitos autorais venham a pertencer à família. No caso, porém, de os juízes decidirem em contrário, acho que os intelectuais patriotas fariam ato de justiça aceitando Francisco Cândido Xavier na Academia Brasileira de Letras... Só um homem muito inteligente, muito culto, e de fino talento literário, poderia ter escrito essa produção, tão identificada com a de meu filho." Na noite de 15 de julho de 1944, quando o processo atingia o clímax, o Espírito Humberto de Campos retorna pelo lápis do médium Chico Xavier, tecendo, no seu estilo inconfundível, uma belíssima e emocionante página sobre o triste problema levantado pela incompreensão humana, página que pode ser devidamente apreciada no livro "A Psicografia ante os Tribunais". Daí por diante, ele passou a assinar-se, simplesmente, Irmão X, versão evangelizada do Conselheiro XX, como era conhecido nos meios literários quando encarnado. A Autora, D. Catarina Vergolino de Campos, foi julgada carecedora da ação proposta, por sentença de 23 de agosto de 1944, do Dr. João Frederico Mourão Russell, juiz de Direito em exercício na 8ª Vara Cível do antigo Distrito Federal. Tendo ela recorrido dessa sentença, o Tribunal de Apelação do antigo DF manteve-a por seus jurídicos fundamentos, tendo sido relator o saudoso ministro Álvaro Moutinho Ribeiro da Costa.


O AMOR DE CHICO XAVIER POR JESUS:
Depoimento de Chico Xavier: "(...) Deus nos permita a satisfação de continuar sempre trabalhando na Grande Causa dEle, Nosso Senhor e Mestre. Desde criança, a figura do Cristo me impressiona. Ao perder minha mãe, aos cinco janeiros de idade, conforme os próprios ensinamentos dela, acreditei nEle, na certeza de que Ele me sustentaria. Conduzido a uma casa estranha, na qual conheceria muitas dificuldades para continuar vivendo, lembrava-me dEle, na convicção de que Ele era um amigo poderoso e compassivo que me enviaria recursos de resistência e ao ver minha mãe desencarnada pela primeira vez, com o cérebro infantil sem qualquer conhecimento dos conflitos religiosos que dividem a Humanidade, pedi a ela me abençoasse segundo o nosso hábito em família e lembro-me perfeitamente de que perguntei a ela: - Mamãe, foi Jesus que mandou a senhora nos buscar? Ela sorriu e respondeu: - Foi sim, mas Jesus deseja que vocês, os meus filhos espalhados, ainda fiquem me esperando... Aceitei o que ela dizia, embora chorasse, porque a referência a Jesus me tranqüilizava. Quando meu pai se casou pela segunda vez e a minha segunda mãe mandou me buscar para junto dela, notando-lhe a bondade natural, indaguei: - Foi Jesus quem enviou a senhora para nos reunir? Ela me disse: - Chico, isso não sei... Mas minha fé era tamanha que respondi: - Foi Ele sim... Minha mãe, quando me aparece, sempre me fala que Ele mandaria alguém nos buscar para a nossa casa. E Jesus sempre esteve e está em minhas lembranças como um Protetor Poderoso e Bom, não desaparecido, não longe mas sempre perto, não indiferente aos nossos obstáculos humanos, e sim cada vez mais atuante e mais vivo." Não se pode negar o sentimento de veneração que envolve a nobre figura de Ismael, guia espiritual do Brasil. A responsabilidade que detém, na condição de mentor da Federação Espírita Brasileira suscita, da parte da comunidade espírita nacional, um profundo respeito, aliado a um imenso carinho e uma suave ternura. Certa vez, indagaram a Chico Xavier: - Como se processam os encontros, nas esferas resplandecentes da Espiritualidade, de Emmanuel com Ismael? Qual a postura do admirável Espírito do ex-senador romano, diante da também luminosa entidade a quem confiou Jesus os destinos do Brasil? Resposta do médium, curta, serena e firme: - De joelhos!


A PALAVRA DE CHICO XAVIER AO COMPLETAR QUARENTA ANOS DE MEDIUNIDADE:
"Estes quarenta anos de mediunidade passaram para o meu coração como se fossem um sonho bom. Foram quarenta anos de muita alegria, em cujos caminhos, feitos de minutos e de horas, de dias, só encontrei benefícios, felicidades, esperanças, otimismo, encorajamento da parte de todos aqueles que o Senhor me concedeu, dos familiares, irmãos, amigos e companheiros. Quarenta anos de felicidade que agradeço a Deus em vossos corações, porque sinto que Deus me concedeu nos vossos corações, que representam outros muitos corações que estão ausentes de nós. Agora, sinto que Deus me concedeu por vosso intermédio uma vida tocada de alegrias e bênçãos, como eu não poderia receber em nenhum outro setor de trabalho na Humanidade. Beijo-vos, assim, as mãos, os corações. Quanto ao livro, devo dizer que, certa feita, há muitos anos, procurando o contato com o Espírito de nosso benfeitor Emmanuel, ao pé de uma velha represa, na terra que me deu berço na presente encarnação, muitas vezes chegava ao sítio, pela manhã, antes do amanhecer. E quando o dia vinha de novo, fosse com sol, fosse com chuva, lá estava, não muito longe de mim, um pequeno charco. Esse charco, pouco a pouco se encheu de flores, pela misericórdia de Deus, naturalmente. E muitas almas boas, corações queridos, que passavam pelo mesmo caminho em que nós orávamos, colhiam essas flores, e as levavam consigo com transporte de alegria e encantamento. Enquanto que o charco era sempre o mesmo charco. Naturalmente, esperando também pela misericórdia de Deus, para se transformar em terra proveitosa e mais útil. Creio que nesses momentos, em que ouço as palavras desses corações maravilhosos, que usaram o verbo para comentar o aparecimento desses cem livros, agora cento e dois livros, lembro este quadro que nunca me saiu da memória, para declarar-vos que me sinto na condição do charco que, pela misericórdia de Deus, um dia recebeu essas flores que são os livros, e que pertencem muito mais a vós outros do que a mim. Rogo, assim, a todos os companheiros, que me ajudem através da oração, para que a luta natural da vida possa drenar a terra pantanosa que ainda sou, na intimidade do meu coração, para que eu possa um dia servir a Deus, de conformidade com os deveres que a Sua infinita misericórdia me traçou. E peço, então, permissão, em sinal de agradecimento, já que não tenho palavras para exprimir a minha gratidão. Peço-vos, a todos, licença para encerrar a minha palavra despretensiosa, com a oração que Nosso Senhor Jesus Cristo nos legou.
(Fonte: "O Espírita Mineiro", número 137, abril/maio/junho de 1970.)


NA TAREFA MEDIÚNICA:
"Pergunta - Em seu primeiro encontro com Emmanuel, ele enfatizou muito a disciplina. Teria falado algo mais?
Resposta - Depois de haver salientado a disciplina como elemento indispensável a uma boa tarefa mediúnica, ele me disse: Temos algo a realizar. Repliquei de minha parte qual seria esse algo e o benfeitor esclareceu: Trinta livros pra começar! Considerei, então: como avaliar esta informação se somos uma família sem maiores recursos, além do nosso próprio trabalho diário, e a publicação de um livro demanda tanto dinheiro!... Já que meu pai lidava com bilhetes de loteria, eu acrescentei: será que meu pai vai tirar a sorte grande? Emmanuel respondeu: Nada, nada disso. A maior sorte grande é a do trabalho com a fé viva na Providência de Deus. Os livros chegarão através de caminhos inesperados! Algum tempo depois, enviando as poesias de Parnaso de Além- Túmulo para um dos diretores da Federação Espírita Brasileira, tive a grata surpresa de ver o livro aceito e publicado, em 1932. A este livro seguiram-se outros e, em 1947, atingimos a marca dos 30 livros. Ficamos muito contentes e perguntei ao amigo espiritual se a tarefa estava terminada. Ele, então, considerou, sorrindo: Agora, começaremos uma nova série de trinta volumes! Em 1958, indaguei-lhe novamente se o trabalho finalizara. Os 60 livros estavam publicados e eu me encontrava quase de mudança para a cidade de Uberaba, onde cheguei a 5 de janeiro de 1959. O grande benfeitor explicou-me, com paciência: Você perguntou, em Pedro Leopoldo, se a nossa tarefa estava completa e quero informar a você que os mentores da Vida Maior, perante os quais devo também estar disciplinado, me advertiram que nos cabe chegar ao limite de cem livros. Fiquei muito admirado e as tarefas prosseguiram. Quando alcançamos o número de 100 volumes publicados, voltei a consultá-lo sobre o termo de nossos compromissos. Ele esclareceu, com bondade: Você não deve pensar em agir e trabalhar com tanta pressa. Agora, estou na obrigação de dizer a você que os mentores da Vida Superior, que nos orientam, expediram certa instrução que determina seja a sua atual reencarnação desapropriada, em benefício da divulgação dos princípios espíritas-cristãos, permanecendo a sua existência, do ponto de vista físico, à disposição das entidades espirituais que possam colaborar na execução das mensagens e livros, enquanto o seu corpo se mostre apto para as nossas atividades. Muito desapontado, perguntei: então devo trabalhar na recepção de mensagens e livros do mundo espiritual até o fim da minha vida atual? Emmanuel acentuou: Sim, não temos outra alternativa! Naturalmente, impressionado com o que ele dizia, voltei a interrogar: e se eu não quiser, já que a Doutrina Espírita ensina que somos portadores do livre arbítrio para decidir sobre os nossos próprios caminhos? Emmanuel, então, deu um sorriso de benevolência paternal e me cientificou: A instrução a que me refiro é semelhante a um decreto de desapropriação, quando lançado por autoridade na Terra. Se você recusar o serviço a que me reporto, segundo creio, os orientadores dessa obra de nos dedicarmos ao Cristianismo Redivivo, de certo que eles terão autoridade bastante para retirar você de seu atual corpo físico! Quando eu ouvi sua declaração, silenciei para pensar na gravidade do assunto, e continuo trabalhando, sem a menor expectativa de interromper ou dificultar o que passei a chamar de Desígnios de Cima."
(Fonte: "O Espírita Mineiro", número 205, abril/junho de 1988.)


CONSIDERAÇÕES FINAIS:
Em 1997, Chico Xavier completou 70 anos de incessante atividade mediúnica, da maior significação espiritual, em prol da Humanidade, abrangendo seus mais diversos segmentos. Até a presente data, outubro de 1997, Francisco Cândido Xavier psicografou mais de 400 (quatrocentas) obras mediúnicas, de centenas de autores espirituais, abarcando os mais diversos e diferentes assuntos, entre poesias, romances, contos, crônicas, história geral e do Brasil, ciência, religião, filosofia, literatura infantil, etc.
Dias e noites têm sido por ele ofertados aos seus semelhantes, com sacrifício da própria saúde. Problemas orgânicos acompanharam-lhe a mocidade e a madureza. Hoje, nos abençoados 87 anos de sua vida corporal, as dificuldades físicas continuam trazendo-lhe problemas. Releva observar que as doenças oculares a as intervenções cirúrgicas jamais o impediram de cumprir, fiel e dignamente, sua missão de amparo aos necessitados. Sua postura é uma só, obedece a uma só diretriz: amor ao próximo, desinteresse ante os bens materiais, preocupação exclusiva e constante com a felicidade do próximo. Ricos e pobres, velhos e crianças, homens e mulheres de todos os níveis sociais têm encontrado, no homem e no médium Chico Xavier, tudo quanto necessitam para o reajuste interior, para o crescimento, em função do conhecimento e da bondade. Francisco Cândido Xavier é um presente do Alto ao século XX, enriquecendo-lhe os valores com a sua vida de exemplar cidadão, com milhares de mensagens psicografias que, em catadupas de paz e luz, amor e esclarecimento, vêm fertilizando o solo planetário, sob a luminar supervisão do Espírito Emmanuel.


NOTA DA FEB - No presente trabalho, foram consultadas e utilizadas as seguintes obras:
A Psicografia ante os Tribunais. / Miguel Timponi. / FEB - 5ª ed.,
Brasil, Mais Além! / Duílio Lena Bérni. /FEB - 5ª ed., 1994.
Chico Xavier - Mandato de Amor. / União Espírita Mineira, 1992.
Chico Xavier - Mediunidade e Coração. / Carlos A. Bacelli.
Instituto Divulgação Ed. André Luiz, 1985
Espiritismo Básico. / Pedro Franco Barbosa. / FEB - 4ª ed., 1995