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domingo, 7 de maio de 2017

7 de maio de 1955 - Artigo do Jornal “ O Repórter “

Artigo publicado no Jornal "O Reporter" em 7 de maio de 1955.
Achei interessante publicar...

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Mensagem de Jânio, sobre o dia das Mães. O sr. Jânio Quadros, governador de São Paulo, manifestou-se sobre as homenagens que no domingo, 8 de maio serão prestadas à figura máxima do lar: a Mãe. Apoiando a campanha que os “ Diários Associados “ vem desenvolvendo no sentido de transformar essa data na segunda grande festa do ano, da mesma importância do Natal, lançou o governador de São Paulo uma mensagem breve e inspirada, que a seguir transcrevemos:


“ No “Dia das Mães” volta-se o nosso pensamento aquela que, pecadora, alcança a santidade; humilde, ascende ao trono inabalável; perecível, faz-se eterna; aquela cuja mão é afago e o cuidado; cujo impulso é a bondade e o altruísmo; é a angustia da lágrima furtiva; é a esperança do sorriso ingênuo; e o templo das gerações futuras; é a gloriosa matriz do Deus imortalizado.
Pequeninos e inseguros; justos e penitentes, ajoelhamo-nos. Todos, a augusta presença materna que viva ou na saudade, agasalhar-nos-á no seu regaço!"

Jânio Quadros

terça-feira, 21 de março de 2017

Vitoriosos


Mamãe, seu filho poderá falar e dizer que a ama!
Seu filho poderá ir para a escola. E trabalhar.
Seu filho poderá ser feliz. Como eu sou.
Sim, haverá dificuldades pelo caminho. Mas qual mãe não as tem, não é verdade? 

Estas são algumas afirmações que compõem belo trabalho televisivo que homenageia o Dia Internacional da Síndrome de Down, celebrado a 21 de março.
A data foi proposta pela Down Syndrome International porque esta data se escreve como vinte e um, barra, três ou três, traço, vinte e um, o que faz alusão à trissomia do vinte e um, que assinala a síndrome.
A primeira comemoração da data foi em 2006.
Em tempos em que a vida parece carecer de importância, em que qualquer resquício do que consideramos anomalia, incapacidade, passa a ser motivo para se desistir da vida, a mensagem é profundamente significativa.
Lembra-nos dos tantos que nascem, na Terra, assinalados pela Síndrome de Down e que superam as próprias dificuldades, triunfando.
As suas vidas são um atestado da força de vontade do espírito sobre a matéria. E de como o amor pode superar barreiras que parecem intransponíveis.
Eles são determinados, persistentes, carinhosos, grandes profissionais e muito competentes! E por trás de toda essa luta e garra, há com certeza uma mãe ou uma família amorosa e incentivadora.
São eles que fazem a grande diferença para essas criaturas especiais.
Como Débora Araújo Seabra de Moura, moradora de Natal, Rio Grande do Norte.
Estudou na rede regular de ensino e foi a primeira pessoa, portadora da Síndrome, a se formar no magistério, em nível médio, no Brasil, em 2005.
Fez estágio na Universidade Estadual de Campinas. Trabalha como professora assistente em um colégio particular tradicional de sua cidade.
Débora diz que, por vezes as crianças lhe perguntam: Tia, por que você fala desse jeito?
Sem crise, ela responde: “Minha fala é esta. Cada um fala de forma diferente.” Aproveita e explica que é portadora da Síndrome de Down e eles entendem.
Em 2013, Débora lançou um livro com fábulas infantis que têm a inclusão como pano de fundo.
A experiência de Pablo Pineda, ator e pedagogo é algo igualmente notável. Foi o primeiro portador da Síndrome de Down a obter um diploma universitário na Europa.
Tornou-se celebridade depois de atuar no filme Yo, también, de 2009, que narra a história de um agente social que se apaixona por uma colega de trabalho.
É um dos rostos mais conhecidos, na Espanha, de uma geração de jovens com Síndrome de Down que vem rompendo limitações pessoais, profissionais e acadêmicas.
Segundo ele, não existem pessoas não capacitadas, mas sim pessoas com capacidades distintas.
Para ele, a sociedade deve evoluir a um estágio de maior pluralidade, em que os portadores de Síndrome de Down não sejam tratados como crianças e possam desenvolver suas capacidades e independência desde cedo.

* * *

É de nos questionarmos: não são essas criaturas que nos ensinam, com sua vontade férrea que a vida vale a pena ser vivida, com o que nos ofereça?
Que não devemos desistir de nossos sonhos? Que podemos triunfar, se persistirmos?
Miremo-nos neles. Imitemo-los na vontade, na perseverança, na disposição de vencer.

Redação do Momento Espírita, com dados colhidos em
Em 6.6.2016.

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2017

Anjo guardião


Pelos caminhos da vida, um amigo invisível nos acompanha: nosso anjo guardião.

Designado por Deus para acompanhar nossos passos na longa jornada pela Terra, esse Espírito nos aconselha, auxilia e pacifica nos momentos de crise.

Também em nossas vitórias, quando sorrimos felizes, ao nosso lado está o divino emissário, em silenciosa prece de gratidão a Deus.

Devemos pensar nele como um irmão mais velho, um companheiro que nos dedica a amizade mais pura e desinteressada.

Estar em contato com esse bom companheiro é essencial. E podemos fazê-lo pela prece, em momentos de meditação.

Para escutá-lo, é preciso silenciar a mente, acalmar o tumulto interior. Afinal, quem consegue ouvir algo quando tudo em volta é ruído?

Assim, com a mente calma, ouviremos a voz do anjo amigo. Não será uma voz física, mas a voz interna, que ressoa apenas na alma.

Os conselhos desse amigo celeste se farão ouvir pela intuição. É que Deus não quer que o anjo guardião faça o nosso trabalho maior, que é nos tornarmos pessoas melhores.

A nossa tarefa de auto-aprimoramento é individual, intransferível. A figura do anjo guardião é um recurso que Deus utiliza para nos dar apoio. Mas a tarefa é nossa.

E isso acontece para que cada um de nós tenha o mérito pelas boas obras e atitudes que pratica. É o nosso livre-arbítrio, nossa liberdade de escolher o bem, o belo e o amor.

Deus deseja a nossa felicidade. Ele nos dotou de força de vontade, inteligência e sensibilidade para que todos nós possamos progredir intelectual e moralmente.

Se outra pessoa tomasse decisões por nós, qual seria o nosso mérito? Dessa forma, também não aprenderíamos as lições que a vida oferece.

O fogo da experiência nos engrandece: traz maturidade, compreensão, paciência.

Na imensa escola que é o mundo, somos estudantes que têm deveres a cumprir, conteúdos a aprender.

Nesta escola, há outros mais adiantados, que ajudam os que estão iniciando. Esses são os anjos guardiães ou Espíritos protetores.

Eles não nos substituem, nem tomam as rédeas de nossa vida. Eles sugerem, aconselham, consolam.

E como fazem isso? Quando falamos com eles? Fazem isso por sugestão mental e pela intuição. Também nos aconselham quando estamos dormindo.

Sim, nessa hora em que estamos libertos do corpo, entramos em contato com o mundo espiritual. E nele vive nosso anjo guardião.

Por isso os Espíritos protetores são sempre mais adiantados. É que precisamos de sua sabedoria para nos orientar.

São sábios, pois somente um sábio poderia respeitar o livre-arbítrio quando seu protegido faz enormes tolices e sofre por causa delas.

É esse Espírito protetor que nos ouve nas horas calmas, quando aparentemente falamos para as paredes; quando lamentamos as oportunidades perdidas; quando admitimos a nossa imperfeição.

Há coisas que falamos apenas para nós mesmos. Mas Deus as ouve. E determina ao Espírito amigo que também as escute.

Nessas horas, quando a solidão nos alcança, a tristeza desaba sobre nossas cabeças e o desânimo se faz presente, o anjo de guarda nos abraça.

Enlaça a nossa alma cansada, embala o nosso sono. Suas lágrimas regam nossa estrada, seus sorrisos iluminam nossos dias. Porque a missão dessa alma generosa é seguir conosco e nos amar.



Redação do Momento Espírita.
Em 17.2.2017.

quarta-feira, 24 de agosto de 2016

24 de Agosto - Morte do Ex-Presidente Getúlio Vargas


Antes de se suicidar com um tiro no peito, Getúlio Vargas (1882-1954) escreveu uma carta-testamento ainda hoje polêmica, pois existem dela duas versões: uma manuscrita, bastante concisa, e outra mais longa, datilografada, que foi distribuída para a imprensa como a mensagem oficial do político ao povo brasileiro. Em ambas, porém, Getúlio informa que deu cabo à própria vida em virtude de pressões de grupos internacionais e nacionais contrários ao trabalhismo – ou seja, criou sua versão das “forças ocultas” que algumas vezes leva a rupturas no poder.

Os dois documentos são ainda um libelo pró-nacionalismo e recendem personalismo, uma das marcas registradas do político. Getúlio se colocou, até na hora da morte, como defensor do povo e líder martirizado justamente para libertar os brasileiros. “Se as aves de rapina querem o sangue de alguém, querem continuar sugando o povo brasileiro, eu ofereço em holocausto a minha vida. Escolho este meio de estar sempre convosco”, registra a versão datilografada. No manuscrito, há um trecho com recado semelhante. “Velho e cansado, preferi ir prestar contas ao Senhor, não dos crimes que não cometi, mas de poderosos interesses que contrariei, ora porque se opunham aos próprios interesses nacionais, ora porque exploravam, impiedosamente, aos pobres e aos humildes.”

Há quem atribua o estilo do texto “oficial” ao redator dos discursos de Vargas, o jornalista José Soares Maciel Filho. De fato, Maciel Filho confirmou à família do presidente que datilografou a versão lida para a imprensa, mas nada disse sobre tê-la modificado. De todo modo, por causa da carta-testamento, Maciel Filho é conhecido como o ghost-writer que saiu da sombra habitual do redator de aluguel para entrar para a história.


TEXTO MANUSCRITO

“Deixo à sanha dos meus inimigos, o legado da minha morte. Levo o pesar de não ter podido fazer, por este bom e generoso povo brasileiro e principalmente pelos mais necessitados, todo o bem que pretendia. A mentira, a calúnia, as mais torpes invencionices foram geradas pela malignidade de rancorosos e gratuitos inimigos numa publicidade dirigida, sistemática e escandalosa.
Acrescente-se a fraqueza de amigos que não defenderam nas posições que ocupavam à felonia de hipócritas e traidores a quem beneficiei com honras e mercês, à insensibilidade moral de sicários que entreguei à Justiça, contribuindo todos para criar um falso ambiente na opinião pública do país contra a minha pessoa.
Se a simples renúncia ao posto a que fui levado pelo sufrágio do povo me permitisse viver esquecido e tranqüilo no chão da pátria, de bom grado renunciaria.
Mas tal renúncia daria apenas ensejo para, com mais fúria, perseguirem-me e humilharem-me.
Querem destruir-me a qualquer preço. Tornei-me perigoso aos poderosos do dia e às castas privilegiadas.
Velho e cansado, preferi ir prestar contas ao Senhor, não dos crimes que não cometi, mas de poderosos interesses que contrariei, ora porque se opunham aos próprios interesses nacionais, ora porque exploravam, impiedosamente, aos pobres e aos humildes.
Só Deus sabe das minhas amarguras e sofrimentos.
Que o sangue dum inocente sirva para aplacar a ira dos fariseus.
Agradeço aos que de perto ou de longe me trouxeram o conforto de sua amizade.
A resposta do povo virá mais tarde...”


TEXTO DATILOGRAFADO

“Mais uma vez as forças e os interesses contra o povo coordenaram-se e se desencadeiam sobre mim. Não me acusam, insultam; não me combatem, caluniam; e não me dão o direito de defesa. Precisam sufocar a minha voz e impedir a minha ação, para que eu não continue a defender, como sempre defendi, o povo e principalmente os humildes.
Sigo o destino que me é imposto. Depois de decênios de domínio e espoliação dos grupos econômicos e financeiros internacionais, fi z-me chefe de uma revolução e venci.
Iniciei o trabalho de libertação e instaurei o regime de liberdade social. Tive de renunciar. Voltei ao governo nos braços do povo.
A campanha subterrânea dos grupos internacionais aliou-se à dos grupos nacionais revoltados contra o regime de garantia do trabalho. A lei de lucros extraordinários foi detida no Congresso. Contra a Justiça da revisão do salário mínimo se desencadearam os ódios.
Quis criar a liberdade nacional na potencialização das nossas riquezas através da Petrobras, mal começa esta a funcionar a onda de agitação se avoluma. A Eletrobrás foi obstaculada até o desespero. Não querem que o povo seja independente.
Assumi o governo dentro da espiral inflacionária que destruía os valores do trabalho. Os lucros das empresas estrangeiras alcançavam até 500% ao ano. Nas declarações de valores do que importávamos existiam fraudes constatadas de mais de 100 milhões de dólares por ano. Veio a crise do café, valorizou-se nosso principal produto. Tentamos defender seu preço e a resposta foi uma violenta pressão sobre a nossa economia a ponto de sermos obrigados a ceder.
Tenho lutado mês a mês, dia a dia, hora a hora, resistindo a uma pressão constante, incessante, tudo suportando em silêncio, tudo esquecendo e renunciando a mim mesmo, para defender o povo que agora se queda desamparado. Nada mais vos posso dar a não ser o meu sangue. Se as aves de rapina querem o sangue de alguém, querem continuar sugando o povo brasileiro, eu ofereço em holocausto a minha vida.
Escolho este meio de estar sempre convosco. Quando vos humilharem, sentireis minha alma sofrendo ao vosso lado. Quando a fome bater à vossa porta, sentireis em vosso peito a energia para a luta por vós e vossos filhos.
Quando vos vilipendiarem, sentireis no meu pensamento a força para a reação.
Meu sacrifício vos manterá unidos e meu nome será a vossa bandeira de luta. Cada gota de meu sangue será uma chama imortal na vossa consciência e manterá a vibração sagrada para a resistência. Ao ódio respondo com perdão. E aos que pensam que me derrotam respondo com a minha vitória. Era escravo do povo e hoje me liberto para a vida eterna. Mas esse povo, de quem fui escravo, não mais será escravo de ninguém.
Meu sacrifício ficará para sempre em sua alma e meu sangue terá o preço do seu resgate.
Lutei contra a espoliação do Brasil. Lutei contra a espoliação do povo. Tenho lutado de peito aberto. O ódio, as infâmias, a calúnia não abateram meu ânimo. Eu vos dei a minha vida. Agora ofereço a minha morte. Nada receio. Serenamente dou o primeiro passo no caminho da eternidade e saio da vida para entrar na história.”


Consequências do suicídio e reações populares

Há quem diga que o suicídio de Getúlio Vargas adiou um golpe militar que pretendia depô-lo. O pretendido golpe de estado tornou-se, então, desnecessário, pois assumira o poder um político conservador, Café Filho. O golpe militar veio, por fim, em 1964. Golpe de Estado que foi feito, essencialmente, no lado militar, por ex-tenentes de 1930.

Para outros, o suicídio de Getúlio fez com que passasse da condição de acusado à condição de vítima que morreu. Isto teria preservado a popularidade do trabalhismo e do PTB e impedido Café Filho, sucessor de Getúlio, por falta de clima político, de fazer uma investigação profunda sobre as possíveis irregularidades do último governo de Getúlio.

E, por fim, o clima de comoção popular devido à morte de Getúlio teria facilitado a eleição de Juscelino Kubitschek à presidência da república e de João Goulart (o Jango) à vice-presidência, em 1955, derrotando a UDN, adversária de Getúlio. JK e João Goulart são considerados, por alguns, como dois dos "herdeiros políticos" de Getúlio.

Carlos Lacerda teve que fugir do país, com medo de represálias populares.

Anos mais tarde, em 1962, na 6ª faixa do disco LP: Saudades de Passo Fundo, Teixeirinha homenageou o presidente gaúcho Getúlio Vargas, com a faixa de nome: 24 de Agosto, lembrando o impacto popular que foi a morte repentina do então presidente do Brasil. Um trecho da música de Teixeirinha mostra claramente este fato:


"Vinte e quatro de agosto
A terra estremeceu
Os rádios anunciaram
O fato que aconteceu,
As nuvens cobriram o céu
O povo em geral sofreu
O Brasil se vestiu de luto
Getúlio Vargas morreu!

Seu nome ficou na história
Pra nossa recordação
Seu sorriso era a vitória
Da nossa imensa nação
Com saúde ele venceu
Guerra e revolução
Depois foi morrer a bala
Pela sua própria mão".


Fontes:



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Uma singela homenagem a um grande homem!!!
Eu, em particular, admiro muito os feitos de Getúlio Vargas enquanto esteve no poder.
Ele vivei para o Brasil e morreu por ele...
Ele criou o Ministério do Trabalho, da Educação...
Até então, o povo não tinha vida e nem direitos...

quarta-feira, 17 de agosto de 2016

Humano e Divino


Giorgio Vasari, conhecido principalmente por suas biografias de artistas italianos, escreveu:
De tempos em tempos, o céu nos envia alguém que não é apenas humano, mas também Divino, de modo que, através de seu espírito e da superioridade de sua inteligência, possamos atingir o céu.
Entre esses, com certeza, se inclui Leonardo da Vinci, vindo ao mundo em 15 de abril de 1452, perto de Florença.
O extraordinário e diversificado talento de Leonardo manifestou-se nos primeiros anos de vida.
Belo e forte, era excelente esportista, ótimo nadador e cavaleiro; engenhoso artesão e mecânico.
Logo revelou seus dons inventivos. O desenho e a pintura também atraíram seu interesse, demonstrando seus dotes artísticos.
Era tido, por seus contemporâneos, como um arquiteto perigosamente ousado e um louco cientista.
Sobre um ponto, no entanto, todos se viam obrigados a concordar: Leonardo era um argumentador fascinante, um polido conversador, um contador de histórias "mágico" e fantástico, um gênio da palavra acompanhada da mímica.
Falando da ciência, fazia calar os cientistas. Argumentando sobre filosofia, convencia os filósofos. Inventando fábulas e lendas, conquistava os favores e a admiração das cortes.
Sempre, e em qualquer lugar, Leonardo era o centro das atenções. E jamais decepcionava seu auditório porque tinha, todas as vezes, alguma história nova para contar.
Possuía uma reserva inesgotável de historietas. Eram ditos espirituosos, fábulas e apólogos de bom gosto literário e conteúdo moral.
Suas fábulas passavam rapidamente de boca em boca, com as inevitáveis variações da repetição oral, e os invejosos procuravam em vão as fontes tradicionais de suas histórias.
Da sua engenhosidade nasceram as máquinas de nossa civilização, desde a bicicleta até o avião e o submarino.
E a ciência tem em Leonardo da Vinci, em termos de observação da natureza, seu pai espiritual.
Pois essa criatura admirável, em seu livro Das profecias, escreveu: O homem é o destruidor de todas as coisas criadas.

* * *

Nunca, como hoje, na longa História de nosso planeta, uma afirmativa foi mais verdadeira e tão tragicamente atual.
Nosso século, que vê o homem voar como os pássaros, e emigrar para outros planetas, também assiste a cenários tristes de destruição.
Por onde passa, o homem deixa as suas pegadas destrutivas.
Vai à praia e a enche de latas, garrafas, lixo de toda espécie. Polui rios e mares, interferindo na vida aquática.
Transita pelas estradas, que cortam as florestas ao meio, lançando toda sorte de detritos.
O homem, tido como o senhor da Criação, estabelece a caça e a pesca como lazeres predatórios, esquecendo-se de que todo abuso redundará em carência, logo mais.
E, se destrói o que está em seu entorno, projeta para si próprio uma vida de muitas dificuldades.
Isso porque a natureza responde à agressão com temperaturas extremas, com falta d´agua, com terras áridas, onde antes abundavam as searas.
Se Deus envia pessoas especiais para nos apontar coisas Divinas, sinalizando as venturas de que podemos gozar, atentemos para o que nos prescrevem.
Repensemos nossas atitudes. Ainda há tempo de reconstruir, de refazer caminhos, de revigorar uma Terra exaurida e explorada, sem limites.

Pensemos nisso.

Redação do Momento Espírita, com base em dados biográficos de Leonardo da Vinci, colhidos no site


Em 22.6.2016.

segunda-feira, 15 de agosto de 2016

Divulgar o mal


Todos sabemos que as nossas relações sociais são dirigidas pela força das nossas mentes ou pelo poder dos nossos pensamentos.
Não é possível, pois, que você não saiba que, tanto quanto há pessoas do seu convívio nas quais você acredita piamente, há diversas outras que creem em você de olhos fechados.
Do mesmo modo que é seu dever, como pessoa adulta e reflexiva, analisar tudo o quanto ouve de terceiros, a fim de que não seja joguete das circunstâncias ou instrumento passivo da inteligência alheia;
Cabe-lhe ter muito cuidado com aquilo que parte de você e ocupa a mente daqueles que veem você como seu padrão de verdade e correção.
Evite trançar informações sobre a vida dos outros, quando não tenha real conhecimento das ocorrências.
E, quando precisar referir-se a alguém e seus feitos infelizes, adoce a sua informação ou o seu comentário – caso seja imperioso externá-los - com os aromas da fraternal caridade.
Não exponha a intimidade dos outros, principalmente se foram eles que a confiaram aos seus ouvidos, sob pena de tornar-se considerado um traidor tanto no mundo quanto para quem o acompanha do invisível.
Mais cedo ou mais tarde, você irá responder por essa infidelidade à própria consciência.
Não publique as fragilidades dos seus amigos ou conhecidos, justificando que todo o mundo já o sabe, uma vez que conduzir alguém à praça aberta do ridículo costuma render, no futuro, muitos conflitos e dores morais ao animado indiscreto de agora.
O que você disser e fizer, no seu trilho cotidiano, servirá de referência e será verdade para muita gente que sofre a sua influência.

* * *

As redes sociais tornam tudo público muito rapidamente. Fotos, vídeos, pensamentos, emoções de momento.
Tudo pode ser publicado e logo é de conhecimento de uma infinidade de pessoas.
Se pararmos para pensar, isso nos dá um poder e, por consequência, uma responsabilidade imensos.
Muitas vezes, em nome do humor, da brincadeira, estamos expondo pessoas ao ridículo, a situações vexatórias, que trazem consequências em suas vidas que não podemos calcular.
Em outros casos, divulgamos notícias, relatos, denúncias que não sabemos serem verdades ou não, em nome de uma espécie de cultura da desgraça ou cultura dasteorias de conspiração que, com a mesma rapidez que surgem, desaparecem, nos meios digitais.
Assim, pensemos bem no que é construtivo ou não. No que é apenas passatempo e no que realmente pode contribuir com o bem comum.
Não permitamos que as emoções de momento, das paixões em ebulição, nosfaçam escrever algo do qual nos arrependamos meia hora depois. Concedamo-nos esta meia hora de reflexão antes.
Finalmente, pensemos se fôssemos nós naquela mesma situação, se gostaríamos de estar no foco de tais apontamentos irônicos, de tais brincadeirinhas.
Para tudo na vida, até para as regras de atuação e relação nas redes sociais, a recomendação do fazer aos outros o que gostaríamos que nos fizessem vale muito, e deve ser a norma número um.
Pensemos nisso.

Redação do Momento Espírita, com base no cap. 43, do livro Ações corajosas para viver em paz, pelo Espírito Benedita Maria, psicografia de Raul Teixeira,ed. Fráter.
Em 27.6.2016.

sexta-feira, 12 de agosto de 2016

Uma palavra amiga

Donald Ritchie

Ele é um australiano de 82 anos. Seu instrumento de trabalho mais precioso é um binóculo.
Com isso e mais uma conversa amiga, ele já conseguiu salvar das garras do suicídio nada menos de quatro centenas de pessoas.
Ao realizar seu salvamento de número 401, foi entrevistado pela BBC Brasil, narrando a sua atividade.
Corretor de seguros de vida aposentado, há cinco décadas ele monitora, de forma voluntária, o movimento no penhasco The Gap, perto de sua casa, nos arredores de Sidney.
A média anual de suicídios no penhasco é de cinquenta pessoas. E Donald Ritchie, que já recebeu o apelido de anjo da guarda, fica atento. Basicamente, o trabalho é de observação.
Sempre que vê alguém por ali, muito pensativo, ou ultrapassando as cordas postas no lugar, vai em direção à pessoa e puxa conversa.
Não é raro que a convide para um café, em sua casa. É um dos seus métodos preferidos.
E com o café, oferece um sorriso, uma palavra amável, uma conversa amiga. Conforme ele narra, muitas vezes consegue fazer com que a pessoa mude de ideia.
Por toda essa dedicação, Ritchie tem recebido muitas manifestações de agradecimento e carinho. Em sua porta, já foram deixadas cartas, pinturas e outros mimos.
Naturalmente, ele não consegue ter êxito total, mas a contabilização de quatrocentas e uma pessoas salvas, graças à sua atuação, é uma significativa marca.

The Gap - Sydney
 
À semelhança desse australiano aposentado, quantos de nós podemos realizar benefícios, sem ir muito longe de nossa própria casa, do nosso bairro.
Tantas vezes idealizamos ser missionários em longínquas terras, em prestar serviços nessa ou naquela entidade internacional.
E, contudo, bem próximo de nós, há tanto a se fazer. Tantas questões nos requerem a ação.
Bom, portanto, nos perguntarmos o que será que podemos fazer que ainda não foi feito e tem urgência de ser realizado, em nosso quarteirão, em nosso bairro, em nossa cidade.
Não são poucos os exemplos que temos. Estudantes, donas de casa, profissionais diversos que se dedicam em horas que lhes deveriam ser de lazer, a servir ao próximo.
Jovens que buscam comunidades carentes para oferecer aulas de reforço escolar. Ou praticar esportes com as crianças, retirando-as das ruas.
Donas de casa que se organizam em equipes para atender a pessoas do bairro, que enfrentam enfermidades longas, sem família por perto.
Ou mães que trabalham fora do lar e têm necessidade de quem lhes atenda os filhos por algumas horas, no retorno da escola.
Um detalhe aqui, outro ali. Quantas benesses!
Alguns salvam vidas como Donald Ritchie. Outros podemos salvar criaturas do analfabetismo, nos transformando em pontes entre o iletrado e a escola.
Ou retirar do desespero uma pessoa em solidão que apenas espera que alguém se disponha a ouvi-la.
Pensemos nisso e nos disponhamos a ofertar a nossa palavra amável, a mão amiga, a presença atuante.

Redação do Momento Espírita, com base no artigo Contra o suicídio, uma palavra amiga, do Boletim Serviço Espírita de Informações, nº 2182, de 15.06.2010, editado pelo Conselho Espírita Internacional.

Em 28.6.2016.

quarta-feira, 10 de agosto de 2016

Seu filho deixará de fazer birra quando você disser isso a ele


Aos olhos dos outros, na rua ou dentro de uma loja, uma criança birrenta é, quase sempre, um problema que precisa ser resolvido (rapidamente!) pelos pais.

Mas, nem sempre sabemos lidar de um jeito prático e eficiente com as vontades e episódios de desrespeito de nossos filhos. Algumas expressões mais genéricas, entretanto, podem nos ajudar a construir um diálogo mais direto com os pequenos – e, por isso, separamos 4 frases que, se colocadas em prática, poderão ser importantes para estabelecer limites às crianças. Afinal, um bebê birrento hoje pode se transformar a relação entre vocês em um campo de batalha, futuramente.

Como fazer a criança parar de birra

1. “Já te respondi”

Aprenda a lidar com as vontades das crianças

Imagine que seu filho pede um chocolate na fila do mercado, mas você não poderá dar naquele momento. Ele insiste, como se o doce fosse imprescindível para ele sobreviver:

Filho: Mãe, compra esse chocolate para mim?
Mãe: Hoje não, querido.
Filho: Mas eu estou com vontade.
Mãe: Já te respondi.
Filho: Mas faz tempo que eu não como chocolate.
Mãe: Já te respondi.
Filho: Mas todos os meus amigos comem chocolate.
Mãe: Já te respondi.

Por que funciona?

A criança pode pensar em justificativas infinitas para conseguir o que quer, mas a mãe se mostra firme, apenas pedindo para que ele relembre o que ela disse na primeira vez. Em algum momento, a criança perceberá que a mãe não será manipulada e vai reavaliar o pedido e seu próprio comportamento.

2. “Não vamos discutir isso”

Demonstre para a criança que cada ação dela tem uma consequência

Em uma situação hipotética (mas, muito real), a menina pede para ir dormir na casa da amiga. E a mãe ou o pai não concordam que ela vá naquele dia.

Filha: Pai, posso ir dormir na casa da minha amiga?
Pai: Não, já está muito tarde.
Filha: Mas a minha outra amiga também vai.
Pai: Não vamos discutir isso.

Por que funciona?

O pai pode sair do ambiente, para reforçar a negativa. Esta expressão funciona como um ponto final na discussão – e você é quem deve decidir esse momento.

3. “Esta conversa acabou”

Criança deve entender que os pais precisam colocar limites

Há vários desejos das crianças que se repetem com frequência, apesar de várias negativas dos pais. Você já se irritou com seus filhos por eles insistirem para jogar videogame, por exemplo?

Filho: Mãe, ainda quero muito jogar videogame.
Mãe: Mas você precisa estudar.
Filho: Mas eu preciso terminar um jogo que comecei...
Mãe: Você não pode jogar. Esta conversa acabou.

Por que funciona?

É uma variação da expressão “Não vamos discutir isso”.

Isto porque seu filho ou sua filha deve retomar a conversa em algum momento, tentando persuadir e manipular sua opinião. Você pode usar o “esta conversa acabou” justamente para que eles compreendam o fim do debate. Repita as expressões até que a criança se dê por vencida.

4. “Está decidido. Se continuar a mencionar a questão, haverá consequências”

Mãe deve conversar com o filho usando expressões específicas

A insistência das crianças pode ser algo infinito. Por isso, é importante estabelecer limites e mencionar o fato de que o que ela faz pode gerar consequências para ela.

Filha: Pai, posso ir brincar na rua?
Pai: Não, filha, hoje está muito movimentada.
Filha: Mas eu estou com vontade...
Pai: Não, é perigoso.
Filha: Mas eu vou ficar só na frente do prédio.
Pai: Está decidido. Se continuar insistindo, haverá consequências e você ficará sem brincar na rua por dois dias.

Por que funciona?

Relacionar uma birra a uma consequência que prive a criança de uma coisa que ela gosta e que tenha relação direta com a malcriação pode ser uma forma de fazê-la entender que não deve fazer birra e insistir em suas vontades.

Castigo em crianças em cada idade

É importante aprender a dar limites às crianças de acordo com cada idade, como explica a psicóloga Elizabeth Monteiro, autora do livro “Criando filhos em tempos difíceis – Atitudes e brincadeiras para uma infância feliz”.

A partir dos cinco anos, por exemplo, a criança já compreende o sentido das regras e, portanto, é possível explicar a ela por que ela pode ou não ter determinado comportamento, perguntar como ela se sentiria se alguém agisse daquela maneira com ela, etc.

A partir desta fase, ela também é capaz de compreender o castigo e poderá aprender com ele.

“Porém, a punição tem de ter uma ligação direta com o que a criança fez de errado. Se ela pintou a parede do quarto, não adianta deixá-la uma semana sem televisão, pois isso não vai fazer sentido para ela. O castigo, neste caso, deve ser limpar a parede. Agora, se ela deixou de fazer o dever de casa porque ficou assistindo à televisão, aí sim é devido cortar a TV”, explica a psicóloga.

terça-feira, 9 de agosto de 2016

Perdendo a noção do tempo


A frase estampada na revista aberta sobre a mesa do escritório nos chamou a atenção.
Compromisso não é chegar sempre no horário. Por vezes, quer dizer perder a noção do tempo.
Tempo é algo que, hoje em dia, quase todos dizemos não ter.
Não temos tempo para o papo mais longo, quando o telefonema nos chega em horários que consideramos inapropriados.
Alegamos não ter tempo para estudar, para ler, para pesquisar. Não temos tempo para o café com os amigos, o encontro no final de semana, a confraternização com o grupo de trabalho.
Por vezes, em nome da falta de tempo, não cumprimos tarefas, no prazo estipulado, criando embaraços para a instituição ou grupo, que contava com nosso desempenho.
No entanto, de todos os compromissos e deveres de que nos furtamos, por falta de tempo, o mais grave é a ausência familiar.
Esse núcleo íntimo precisa de nossa presença. Nossa ausência continuada e, em certos momentos especiais, pode determinar a sua desestruturação e até o seu fracasso.
É assim quando um dos cônjuges se envolve, de forma excessiva, no exercício da profissão ou elege para si mais tarefas do que as horas lhe permitem.
Ser dinâmico, ativo, é saudável. Ambicionar crescimento profissional, lançar-se no voluntariado, também.
No entanto, quando tudo isso nos exige horas em demasia longe dos amores, a questão se torna nevrálgica.
Cônjuge que não recebe o alimento do carinho, da afeição, começa a alimentar carência.
E, por não considerar mais o lar como esse ninho aconchegante e acolhedor, esfria a relação, permitindo-se buscar alhures o que lhe falta.
As crianças, que requisitam atenção, se tornam esquivas.
Afinal, o pai ou a mãe não compareceu à escola no dia da sua apresentação teatral.
Chegou atrasado à homenagem aos pais, não foi ao recital assistir sua performance musical.
Nesse compasso, as crianças e os adolescentes vão se esquivando, se recolhendo para dentro de si mesmos.
De todos os compromissos humanos, os que têm a ver com afeição, são os mais preciosos.
Isso porque as lesões afetivas marcam profundamente as criaturas, influenciando, no futuro, seu próprio desempenho como ser humano.
Assim, é bom aprendermos a administrar o nosso tempo. Nem tanto ao mar, nem tanto à terra.
E, no estabelecimento da nossa grade de compromissos, assinalar algumas horas para se permitir perder a noção do tempo.
Perder a noção do tempo andando de bicicleta no parque com os filhos, jogando bola, indo ao cinema, passeando no shopping, comendo pipoca; fazendo um longo passeio pela trilha ecológica; viajando de carro, sem horário para chegar.
Sem horário para chegar porque poderá parar na beira da estrada para fotografar a paisagem; ou para admirar a carruagem do sol recolhendo-se; ou o voo encantador das aves migratórias; ou simplesmente para tomar um sorvete, sem pressa nenhuma.
Perder a noção do tempo contando estrelas, uma por uma, com seu amor.
Perder a noção do tempo para explodir de alegria, para gravar na intimidade da alma as cenas mais emocionantes.
Perder a noção do tempo com os amores não tem preço.

Pensemos nisso.

Redação do Momento Espírita.
Em 1.7.2016.

quinta-feira, 4 de agosto de 2016

Japão divulga novo mapa com locais de risco de forte terremoto

Foto: Reprodução
As cores mais escuras no mapa indicam as áreas com maior risco de um terremoto acima de 6 graus nos próximos 30 anos. As cores mais claras também indicam possibilidade, mas em menor risco. Ou seja, todo o Japão pode ser atingido, em maior ou menor escala

O governo japonês divulgou nesta sexta-feira (10) novas projeções sobre terremotos, incluindo um mapa que mostra as áreas de maior risco, informou o jornal Nihon Keizai.

Uma comissão do governo responsável em investigar terremotos concluiu, em um novo estudo, que aumentou a possibilidade de ocorrerem abalos acima de 6 graus na escala japonesa (que vai até 7) nos próximos 30 anos.

O estudo cita a possibilidade de ocorrerem terremotos de grande intensidade em todo o Japão, principalmente em uma área extensa banhada pelo Oceano Pacífico, desde a região Kanto até Shikoku, com base em dados das placas tectônicas que se movimentam sob o território japonês.

No novo relatório, os pesquisadores citaram que o risco aumentou notadamente em algumas cidades, como Azumino (Nagano), com possibilidade de 29,5 por cento. O aumento foi de 10,4 por cento em relação ao estudo anterior, de 2014.

Em Shizuoka (capital da província), a possibilidade de ocorrer um terremoto acima de 6 graus nos próximos 30 anos é de 68 por cento; em Tsu (Mie), 62 por cento; em Kochi, 73 por cento e em Nemuro (Hokkaido), 63 por cento. O aumento nesses locais foi de 2 por cento.

Em outras cidades com mais riscos, a possibilidade é de 85 por cento em Chiba, 81 por cento em Yokohama (Kanagawa) e Mito (Ibaraki), 47 por cento em Tóquio, 45 por cento em Nagoia (Aichi) e 55 por cento em Osaka. Não houve um aumento considerável nessas cidades.

Segundo o governo, a divulgação do estudo não tem a intenção de alarmar a população. Os dados servem para que as autoridades regionais adotem medidas apropriadas de prevenção contra desastres naturais.


Créditos: Masamichi Maeda

quarta-feira, 3 de agosto de 2016

Sem se perturbar



Findava a tarde. A jovem, apressada, dirigia-se à estação tubo para apanhar a condução que a levaria para a faculdade.
Horário apertado. Saíra do trabalho e quase corria. À distância, viu o ônibus se aproximar e apressou o passo.
Entrou na estação tubo, pagou a passagem às pressas.
Mas, no exato momento em que se dispunha adentrar o ônibus, as portas se fecharam, com estrondo.
Pelo espelho da frente do veículo, ela pôde verificar o sorriso, que lhe pareceu de deboche, do motorista, como a dizer: Neste você não entra. Perdeu!
Ela se irritou e em voz alta, exclamou: Que maldade! Ele me viu. Não podia ter esperado um segundo?
Um rapaz, que vinha logo atrás, sorriu e falou: Não se estresse. Pense que logo virá outro ônibus.
Eu sei que logo virá outro. Acontece que cinco minutos a mais podem fazer com que eu chegue atrasada à aula. E tenho prova, no primeiro horário.
Ele continuou: Não se irrite. Vai dar tudo certo. Pense que virá outro ônibus, que não estará tão cheio quanto aquele. Que o motorista será mais gentil.
Consequentemente, sua viagem até o destino será muito mais agradável. Você chegará mais tranquila para a prova.
Ela olhou para o jovem, que continuava a sorrir, e disse: É, você tem toda razão.
Não tardou e apontou outro ônibus. As portas se abriram e ambos entraram.
Que legal, disse ela. Está mesmo quase vazio. Poderei ir sentada e acho que chegarei em tempo. Obrigada.
Cada qual procurou um assento e se acomodou. Enquanto a condução ia vencendo a distância, num contínuo parar, embarque e desembarque de passageiros, ela se pôs a pensar.
Nossa! Quase me estressei por nada. Bendito rapaz que me alertou, e conseguiu mudar meu humor.
Agora, vou chegar tranquila, em tempo. E estarei calma para fazer a prova. Bom seria que houvesse mais gente como ele.
Gente que nos acalma, que nos contagia com sua forma tranquila de falar e de encarar os fatos.

 * * * * * * * * * * * * * * *

Quantas vezes nos irritamos por bagatelas, por coisas pequenas.
Quantas vezes assinamos recibo pela grosseria do outro e acabamos estragando nossas horas seguintes.
Melhor mesmo é modificar nossa forma de pensar. Perdemos a condução? Não tem problema. Logo virá outra.
O temporal nos surpreendeu no meio do caminho? O melhor é procurar um abrigo e aguardar os ventos e a chuva amainarem.
Nada na face da Terra é para sempre. Tudo é impermanente.
O dia sucede a noite escura. As estrelas brilham nos céus quando o sol se põe no horizonte e a lua chega, mostrando a sua cara redonda.
O calor inclemente é vencido pelos ventos e pela chuva.
O frio terrível é substituído pela estação primaveril, que traz o renascer das cores e dos perfumes.
Nada é definitivo neste planeta. Nem a própria vida.
Impermanente. Hoje estamos aqui, amanhã, poderemos estar em outras bandas.
Ou talvez já ter migrado para a Espiritualidade. Quem pode saber?
Somente Deus!
Por isso, vivamos cada minuto em totalidade e não nos desgastemos por coisas tolas, que têm duração efêmera, que logo passam.
Pensemos nisso. E vivamos mais tranquilos, menos nervosos, mais felizes.

Redação do Momento Espírita.
Em 15.6.2016.

terça-feira, 26 de julho de 2016

O que possuímos


É interessante notar como desejamos, no mundo, tantas coisas, que nos parecem imprescindíveis.
Quantas vezes, em meio às tarefas que nos cabem, na oficina de trabalho, não desejamos um emprego melhor?
Pois é. Gostaríamos de um melhor ambiente, um chefe menos rigoroso, uma carga horária menor, um salário maior.
No entanto, centenas de pessoas anseiam somente por ter um emprego. Qualquer que fosse. Um salário mínimo, ao menos, para saírem da penúria total.
Quantas vezes reclamamos dos pratos servidos no almoço e no jantar? Sempre a mesma coisa. Parece que a cozinheira está desprovida de ideias ou anda com preguiça.
Entretanto, enquanto almejamos pratos mais sofisticados e variados, milhares, no mundo todo, desejam apenas um prato de comida.
Olhamo-nos ao espelho e reclamamos da cor dos olhos. Como seria bom se tivéssemos olhos claros. Ou escuros. Mais esverdeados.
Contudo, inúmeras criaturas aguardam simplesmente a oportunidade de enxergar. Anseiam por uma córnea, uma cirurgia que os libere da cegueira em que se encontram.
Encantamo-nos com as vozes do cantor, do locutor e desejaríamos ter uma voz bonita, cristalina. Ou encorpada, máscula.
Ao nosso lado, porém, caminham muitos que desejariam apenas ter a ventura de falar, em qualquer tom.
Pensamos, olhando nossos pais, que seria muito bom se eles fossem mais esclarecidos, tivessem diplomas universitários.
Tivessem, enfim, uma visão mais ampla do mundo.
Seria tão bom! Mas, em nosso mesmo bairro, existem dezenas de pessoas que almejariam simplesmente ter pais.
Fossem eles iletrados, analfabetos, pobres de entendimento. Mas que estivessem ao seu lado para amá-los.
Reclamamos da rua barulhenta em que se situa a nossa casa, do cachorro do vizinho que late toda noite, perturbando-nos o sono.
Desejaríamos silêncio. Um bairro tranquilo, cães disciplinados, ruas sem trânsito. Muito silêncio para nossa leitura, nosso descanso, nosso lazer.
Nem nos damos conta de que centenas de criaturas almejam ardentemente, simplesmente ouvir. O que quer que seja. O ruído do trânsito, o apito das fábricas, a gritaria da criançada.
Qualquer coisa, contanto que pudessem ouvir.
Olhamos, com olhos de desejo, as vitrinas abarrotadas de sapatos lindos. Modelos recém-chegados. Lançamentos.
Gostaríamos tanto que nosso orçamento nos permitisse comprar um novo par. Afinal, os nossos andam um pouco gastos e fora de moda.
Enquanto olhamos para nossos pés, desejando novos sapatos, muitos contemplam os próprios membros inferiores, desejando apenas ter pés.
Pensamos num carro novo, mais confortável. Um carro com porta-malas maior, que caiba mais coisas.
Enquanto isso, bem próximo de nós, muitos apenas sonham com a possibilidade de se locomoverem de um lado a outro com as próprias pernas.
 
* * *

É justo sonhar. É bom desejar melhorar o padrão de vida. Isso faz parte do progresso do ser humano.
Entretanto, que esses anseios não se constituam em nossa infelicidade. Não esqueçamos de dar o devido valor ao que temos.
Valorizemos a possibilidade de andar, ouvir, enxergar, de nos locomover de um a outro lado, por nossa própria conta.
Sejamos gratos pela nossa família, pequena ou grande. Ilustrada ou não.
Agradeçamos, enfim, a Deus, pelo dom da vida. Por estar na Terra, abençoada escola.

Redação do Momento Espírita.
Em 7.6.2016.

quinta-feira, 21 de julho de 2016

Amigos são assim


Ele era um homem rico, justo e bom.
Membro do colegiado dos mais altos magistrados do povo de Israel.
Teve oportunidade de defender um Amigo, entre setenta dos seus pares. Não temeu perder o poder, a riqueza, o prestígio.
O mais importante era o Amigo. E o Amigo se chamava Jesus.
O nome do homem rico era José, da cidade de Arimateia, na Judeia.
O homem bom não conseguiu evitar o julgamento arbitrário do Mestre, pelo Sinédrio, em Jerusalém, nem a Sua condenação.
Acompanhou Sua trajetória de dores e ao vê-lO expirar na cruz, rapidamente se dirigiu ao procurador da Judeia.
Pilatos esperava que parentes do condenado Galileu viessem até ele para lhe pedir o corpo.
Estranhamente foi um membro do Sinédrio, que se dizia Seu discípulo, que O veio resgatar.
Pilatos cedeu de imediato. Talvez porque ainda estivesse um tanto perturbado pelo recado de sua esposa, que sonhara com o acusado daquele dia fatídico.
Ou talvez pelas palavras misteriosas do condenado. Ou pela consciência que lhe dizia ter condenado um inocente.
Com a permissão do procurador, José retornou apressadamente ao Calvário.
Precisava evitar qualquer tentativa brutal dos soldados ao corpo de Jesus.
Providenciou a retirada da cruz. E ele mesmo preparou tudo, junto com outros amigos, para o sepultamento.
As tiras para envolver os membros e o tronco. O sudário para cobrir o rosto. O lençol de linho para envolver o corpo.
Preparou também as ervas aromáticas especiais para o embalsamamento, conforme o costume judaico.
Nada era demais para o Amigo.
Perto do Gólgota, mais ou menos uns trinta metros, José de Arimateia tinha uma propriedade.
Era uma espécie de jardim. Havia um sepulcro cavado na rocha, para que o seu próprio corpo fosse depositado um dia.
Sem hesitar, ele cedeu o túmulo intacto para acolher o corpo do Amigo.

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Ninguém vive sem amigos. Até mesmo o Rei Solar os teve durante Sua trajetória terrena.
E, na morte, os amigos O serviram, demonstrando sua terna afeição.
O livro bíblico de Eclesiástico se refere aos amigos, mais ou menos assim:Nada se pode comparar com um amigo fiel, e o ouro e a prata não merecem ser postos em balança com a sinceridade da sua fé.
O amigo fiel é um bálsamo de vida e de imortalidade. Não há medida que avalie o seu valor.
Amigo fiel é uma forte proteção. Quem o encontrou, encontrou um tesouro.
Não abandone o amigo antigo. Com ele você já andou muitos quilômetros e trocou confidências.
O amigo novo é alguém que chega para enriquecer a sua vida. Cultive as novas amizades, com zelo e prudência.
Lembre que a palavra doce multiplica os amigos e diminui os inimigos.

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Sábio é aquele que cultiva amizades com o zelo de um jardineiro.
Na provação encontrará sempre uma presença discreta a lhe oferecer um ombro para chorar, um colo para se abrigar.
Feliz aquele que brinda o amigo com o que possui de melhor, pois esse reconhece a preciosidade da amizade.

Redação do Momento Espírita, com pensamentos do cap. 6, versículos 11 a 16, do livro bíblico Eclesiástico.
Em 1.6.2016.

terça-feira, 19 de julho de 2016

O Mestre das sutilezas


Sutileza significa tenuidade, finura. Também agudeza de inteligência, de espírito.
Este é um dos traços que identificamos no Mestre Jesus. A sutileza ao dizer as coisas. Exigindo, consequentemente, que os que o ouvem, tenham a capacidade de entendimento.
Em síntese: ouvidos de ouvir.
Exatamente por este detalhe é que as palavras de Jesus continuam a ser estudadas e descobertos novos e mais profundos significados.
Na medida em que crescemos em entendimento, conseguimos melhor absorver o ensino da letra.
Jesus é conciso na fala, profundo no ensinamento.
Leciona a solidariedade, a fraternidade, em uma frase: Não necessitam de médico os que estão sãos, mas, sim, os que estão enfermos.
Afirmava assim a necessidade de nos despirmos de qualquer preconceito e ir ao encontro de quem está necessitado.
E a necessidade pode ser de pão, de água, de abrigo ou de vestimenta.
Também pode ser de acolhimento, de afeto, de atenção.
Testificando de Sua grandeza, utiliza de poucas mas significativas palavras.
Em um sábado, em que passava pelas searas, os Seus discípulos iam arrancando espigas e, esfregando-as com as mãos, as comiam.
Vendo isso, alguns fariseus altearam a voz, indagando a Jesus por que eles assim procediam em dia não permitido, ou seja, no sábado.
O sábado era o Dia do Senhor. Santificado.
Conhecedor das escrituras, Jesus recorda o rei Davi que, não tendo outro alimento, se serviu dos pães sagrados do templo, dos quais somente os sacerdotes se podiam alimentar.
Fala da fome de Davi e dos que estavam com ele. E de como assim se saciaram.
Por fim, diz: O filho do homem é senhor até do sábado.
Afirmava, dessa forma, que era o Senhor do Mundo. Mundo que Ele idealizara e preparara, conforme orientação Divina, para que todo o Seu rebanho, a Humanidade, pudesse se abrigar.
Governador planetário. Senhor até do sábado. Senhor do Mundo.
Em outra oportunidade, numa frase curta, se identificou como o Messias, o Ungido, o Esperado, que vinha salvar o mundo.
Salvar o mundo da sua ignorância, explicando as leis Divinas, naturais e precisas.
Salvar o mundo da maldade, afirmando que todos deviam se amar como irmãos, porque filhos do mesmo Pai.
Amar como Ele mesmo a todos ama.
Sou eu, responde Ele à samaritana que diz aguardar a vinda do Messias. Eu, que falo contigo.
Mestre das sutilezas. Mestre sempre.
Aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração e encontrareis repouso para vossas almas.
Aprender com Ele, modelo e guia.
Quantos caminhos temos ainda a percorrer até que este convite nos penetre e entendamos que, abandonando o mal, teremos descanso para nossas almas exaustas de violência, de corrupção, de desvios?
Manso é quem tem o controle e domínio sobre seu temperamento e atitudes, quem tem domínio próprio.
Humilde é quem reconhece a própria pequenez e se dispõe a estudar, a aprender, a crescer.
Mestre das sutilezas. Sigamo-lO. Atendamos ao Seu convite.

Redação do Momento Espírita, com base no cap. 6, versículos 1 a 5, do Evangelho de Lucas e no cap. 4, versículos 25 e 26 do Evangelho de João.
Em 2.6.2016.

segunda-feira, 18 de julho de 2016

O visto permanente mais rápido do mundo


Os gestos ainda são tímidos, mas o governo japonês está dando sinais de que está disposto a, pelo menos, começar a debater sobre uma eventual mudança na política de imigração do país.

Uma comissão especial foi instalada no Parlamento para elaborar e discutir propostas sobre o tema, que incluem a igualdade salarial entre japoneses e estrangeiros, e medidas para “agradar” os imigrantes que vierem. Mas não se engane, nada de concreto vai sair dessa comissão além de mais um documento cheio de boas intenções que será engavetado para consultas futuras.

Partindo diretamente do primeiro-minstro está o compromisso de reduzir a burocracia para entregar o "visto permanente mais rápido do mundo". O serviço expresso da imigração seria oferecido somente para pessoas altamente qualificadas ou, como disse Abe, "para atrair os talentos do exterior”.

O programa que dá residência permanente para profissionais altamente qualificados começou em 2012 e, até o fim do ano passado, apenas 4.347 “talentos” ficaram permanentemente. O fraco interesse indica que, embora exista, a demanda por esse tipo de profissional é pequena. Todos nós sabemos que o Japão precisa, na verdade, é de “peões” gastadores e pagadores de impostos.

O governo também quer que os estudantes estrangeiros continuem no país após concluírem seus estudos. Hoje, apenas 3 em cada 10 estrangeiros que vêm para estudar acabam ficando. Na visão do governo, esse tipo de imigrante é o mais valioso porque consegue se adaptar melhor à cultura e aos costumes locais.

No panfleto da próxima campanha eleitoral, o PLD (Partido Liberal Democrata) já avisou a seus eleitores que “um aumento do número de trabalhadores estrangeiros é esperado” e que “os graves efeitos da escassez de trabalhadores já podem ser sentidos”. Essas raras expressões evidenciam a gravidade do problema, já que o tema “imigração” causa urticária nos eleitores japoneses.

Embora muitos brasileiros acreditem que os trabalhadores estrangeiros estão "salvando o Japão”, nós representamos apenas 2% de toda a força de trabalho do país. Os recentes movimentos indicam que o governo quer aumentar um pouquinho essa porcentagem.

quinta-feira, 14 de julho de 2016

Incapaz


Andy Foster tem quarenta e cinco anos. É autista e garçom num restaurante da Inglaterra.
Quando alguns clientes se sentiram incomodados com sua presença, como se tivessem algum problema em serem atendidos por ele, o dono do estabelecimento tomou uma atitude radical.
Escreveu uma carta e postou numa rede social:

Hoje passamos o dia reconstruindo a autoestima de um dos membros da nossa equipe, depois dele ter sido desrespeitado e discriminado ao servir uma mesa, no jantar de ontem à noite.
“Qual é o problema dele?” E “por que você deu este trabalho para ele?” - Os clientes perguntaram...
Aqui em nosso restaurante, nós contratamos nossos funcionários com base na experiência e paixão pelo trabalho...
Não contratamos pela cor da pele, pela aparência, pela quantidade de tatuagens, pelo tamanho das roupas, pelas crenças religiosas ou por doenças. Nós não discriminamos!
Mas se você faz isso... Então, por favor, não reserve uma mesa conosco. Você não merece nosso tempo, esforço, nem respeito!

* * * * * * * * * * * *

Ainda trazemos vícios antigos na alma.
Por que homens e mulheres recebem remunerações diferentes ao realizarem o mesmo trabalho, ao ocuparem o mesmo cargo?
Por que pessoas idosas não podem trabalhar?
Por que nos utilizamos do termo incapaz, referindo-nos à pessoa com deficiência?
Incapaz do quê? De realizar certas tarefas?
Reflitamos: será que todos nós não somos ainda incapazes de muitas coisas? Como Espíritos em desenvolvimento na Terra não temos muitas lacunas intelecto-morais?
Alguns de nós, vendo alguém tocando alguns acordes de uma música num instrumento qualquer, afirmamos: Não sou capaz de tocar nem uma campainha!
Outros não temos jeito algum para trabalhos manuais.
Outros, ainda, não entendemos uma vírgula das notícias sobre economia, bolsa de valores, câmbio, etc.
E somos chamados de incapazes por isso? Seria uma grande ofensa, no mínimo.
Assim, debruçando nosso olhar para esses que são considerados especiais, perceberemos que eles podem ter muita dificuldade em certas áreas; que aprendem com mais vagar. Entretanto, ao mesmo tempo, fazem muitas outras coisas com maestria, até com virtuosismo.
São capazes de atender uma mesa num restaurante com mais simpatia e alegria do que muitos dos chamados normais;
são capazes de realizar tarefas com extrema atenção, com capricho – algo muito difícil de se encontrar em funcionários, no geral;
são capazes de cozinhar, de ministrar uma aula, de atuar e de tudo que possamos imaginar. Mais ainda, são capazes de nos fazer acreditar no poder da persistência, do esforço e da resignação. Eles nos ensinam muitas coisas.
Pensemos bem. Reflitamos um pouco mais da próxima vez que ouvirmos o termo incapaz ou quando percebermos qualquer tipo de discriminação com quem quer que seja.
Por fim, sejamos nós aqueles que abramos portas para eles, para que deixem de ser excluídos em nossa sociedade e possam ter uma vida plena.
Não permitamos que nosso preconceito nos transforme em verdadeiros incapazes.

Redação do Momento Espírita, com base em fato.

terça-feira, 12 de julho de 2016

Heroína


Heroína – substantivo. Feminino de herói. Quer dizer: pessoa extraordinária por seus feitos guerreiros, seu valor ou sua magnanimidade.
O Brasil tem suas heroínas. Algumas que se destacaram por sua coragem de perseguir seus próprios sonhos, vencendo num mundo de homens.
Guerreiras outras, como a catarinense Anita Garibaldi, que viveu no século XIX. Durante a Revolução Farroupilha, no então Estado de São Pedro do Rio Grande do Sul, ela se uniu a Giuseppe Garibaldi, que a introduziu na revolução.
Lutou no Brasil. Depois, lutou pela unificação e libertação da Itália, morrendo antes de completar trinta anos.

 Anita Garibaldi

Ou como Maria Quitéria Medeiros que, nas lutas pela Independência do nosso país, tomou o uniforme de soldado e se alistou com nome masculino.
Quando, dias depois, foi encontrada pelo pai, o oficial não permitiu que ela fosse por ele levada de volta para casa.
Ela era um soldado de valor e um exemplo de bravura. Chegou a ser promovida a alferes.
Quando finalmente, foi dispensada, recebeu uma carta de recomendação do próprio Imperador, a fim de que não viesse a sofrer qualquer sanção por parte do pai.
Mulheres. Heroínas. Como Zilda Arns, promotora da paz. Médica pediatra e sanitarista, fundadora da Pastoral da criança e da pessoa idosa.
Uma ideia geradora movia sua ação, copiada da prática de Jesus: multiplicar.
Não pães e peixes, como Ele fez, mas multiplicar o saber, a solidariedade e os esforços.
Multiplicar o saber, repassando às pessoas simples os rudimentos de higiene, o cuidado pela água, a alimentação adequada.
Multiplicar a solidariedade que, para ser universal, deve alcançar as pessoas que vivem nos rincões onde ninguém vai. Tentar salvar a criança desnutrida, quase agonizante.
Multiplicar esforços, envolvendo políticas públicas, ONGs, grupos de base, empresas. Enfim, todos os que colocam a vida e o amor acima do lucro e da vantagem.

 Maria Quitéria Medeiros

Mas, antes de tudo, multiplicar a boa-vontade generosa.
E a grande promotora disso tudo foi Zilda Arns. Morreu longe do seu país, que tanto serviu.
Morreu amando seus irmãos, no terremoto do Haiti, no dia 13 de janeiro de 2010, em Porto Príncipe.
Fora ali para servir aos irmãos mais distantes. Jesus decidiu chamá-la para o Seu Reino.
Heroínas. Quantas mais poderíamos enumerar?
Mas desejamos lembrar as mais anônimas e esquecidas. As que dão à luz a muitos filhos.
E os sustentam. Mulheres que saem de casa quando a madrugada as cumprimenta, para enfrentar longa jornada de trabalho.
Canavieiras, faxineiras, atendentes, executivas. Mulheres de mãos calejadas. Mulheres muito alinhadas.
Esposas e mães que, depois de enfrentarem horas de serviço remunerado, ainda têm tempo para amar.
Têm tempo para serem mães, esposas, filhas, irmãs.
Mulheres que alimentam bocas famintas, que trocam fraldas, que ensinam os reais valores da vida.
Heroínas. Anônimas. Silenciosas, perseverantes.
Promotoras da paz, da vida, do progresso.
Heroínas.

Zilda Arns

Redação do Momento Espírita, com base em dados biográficos de Anita Garibaldi, Maria Quitéria e Zilda Arns.
Disponível no livro Momento Espírita, v. 10, ed. FEP.
Em 23.5.2016.