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terça-feira, 21 de março de 2017

Vitoriosos


Mamãe, seu filho poderá falar e dizer que a ama!
Seu filho poderá ir para a escola. E trabalhar.
Seu filho poderá ser feliz. Como eu sou.
Sim, haverá dificuldades pelo caminho. Mas qual mãe não as tem, não é verdade? 

Estas são algumas afirmações que compõem belo trabalho televisivo que homenageia o Dia Internacional da Síndrome de Down, celebrado a 21 de março.
A data foi proposta pela Down Syndrome International porque esta data se escreve como vinte e um, barra, três ou três, traço, vinte e um, o que faz alusão à trissomia do vinte e um, que assinala a síndrome.
A primeira comemoração da data foi em 2006.
Em tempos em que a vida parece carecer de importância, em que qualquer resquício do que consideramos anomalia, incapacidade, passa a ser motivo para se desistir da vida, a mensagem é profundamente significativa.
Lembra-nos dos tantos que nascem, na Terra, assinalados pela Síndrome de Down e que superam as próprias dificuldades, triunfando.
As suas vidas são um atestado da força de vontade do espírito sobre a matéria. E de como o amor pode superar barreiras que parecem intransponíveis.
Eles são determinados, persistentes, carinhosos, grandes profissionais e muito competentes! E por trás de toda essa luta e garra, há com certeza uma mãe ou uma família amorosa e incentivadora.
São eles que fazem a grande diferença para essas criaturas especiais.
Como Débora Araújo Seabra de Moura, moradora de Natal, Rio Grande do Norte.
Estudou na rede regular de ensino e foi a primeira pessoa, portadora da Síndrome, a se formar no magistério, em nível médio, no Brasil, em 2005.
Fez estágio na Universidade Estadual de Campinas. Trabalha como professora assistente em um colégio particular tradicional de sua cidade.
Débora diz que, por vezes as crianças lhe perguntam: Tia, por que você fala desse jeito?
Sem crise, ela responde: “Minha fala é esta. Cada um fala de forma diferente.” Aproveita e explica que é portadora da Síndrome de Down e eles entendem.
Em 2013, Débora lançou um livro com fábulas infantis que têm a inclusão como pano de fundo.
A experiência de Pablo Pineda, ator e pedagogo é algo igualmente notável. Foi o primeiro portador da Síndrome de Down a obter um diploma universitário na Europa.
Tornou-se celebridade depois de atuar no filme Yo, también, de 2009, que narra a história de um agente social que se apaixona por uma colega de trabalho.
É um dos rostos mais conhecidos, na Espanha, de uma geração de jovens com Síndrome de Down que vem rompendo limitações pessoais, profissionais e acadêmicas.
Segundo ele, não existem pessoas não capacitadas, mas sim pessoas com capacidades distintas.
Para ele, a sociedade deve evoluir a um estágio de maior pluralidade, em que os portadores de Síndrome de Down não sejam tratados como crianças e possam desenvolver suas capacidades e independência desde cedo.

* * *

É de nos questionarmos: não são essas criaturas que nos ensinam, com sua vontade férrea que a vida vale a pena ser vivida, com o que nos ofereça?
Que não devemos desistir de nossos sonhos? Que podemos triunfar, se persistirmos?
Miremo-nos neles. Imitemo-los na vontade, na perseverança, na disposição de vencer.

Redação do Momento Espírita, com dados colhidos em
Em 6.6.2016.

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2017

Anjo guardião


Pelos caminhos da vida, um amigo invisível nos acompanha: nosso anjo guardião.

Designado por Deus para acompanhar nossos passos na longa jornada pela Terra, esse Espírito nos aconselha, auxilia e pacifica nos momentos de crise.

Também em nossas vitórias, quando sorrimos felizes, ao nosso lado está o divino emissário, em silenciosa prece de gratidão a Deus.

Devemos pensar nele como um irmão mais velho, um companheiro que nos dedica a amizade mais pura e desinteressada.

Estar em contato com esse bom companheiro é essencial. E podemos fazê-lo pela prece, em momentos de meditação.

Para escutá-lo, é preciso silenciar a mente, acalmar o tumulto interior. Afinal, quem consegue ouvir algo quando tudo em volta é ruído?

Assim, com a mente calma, ouviremos a voz do anjo amigo. Não será uma voz física, mas a voz interna, que ressoa apenas na alma.

Os conselhos desse amigo celeste se farão ouvir pela intuição. É que Deus não quer que o anjo guardião faça o nosso trabalho maior, que é nos tornarmos pessoas melhores.

A nossa tarefa de auto-aprimoramento é individual, intransferível. A figura do anjo guardião é um recurso que Deus utiliza para nos dar apoio. Mas a tarefa é nossa.

E isso acontece para que cada um de nós tenha o mérito pelas boas obras e atitudes que pratica. É o nosso livre-arbítrio, nossa liberdade de escolher o bem, o belo e o amor.

Deus deseja a nossa felicidade. Ele nos dotou de força de vontade, inteligência e sensibilidade para que todos nós possamos progredir intelectual e moralmente.

Se outra pessoa tomasse decisões por nós, qual seria o nosso mérito? Dessa forma, também não aprenderíamos as lições que a vida oferece.

O fogo da experiência nos engrandece: traz maturidade, compreensão, paciência.

Na imensa escola que é o mundo, somos estudantes que têm deveres a cumprir, conteúdos a aprender.

Nesta escola, há outros mais adiantados, que ajudam os que estão iniciando. Esses são os anjos guardiães ou Espíritos protetores.

Eles não nos substituem, nem tomam as rédeas de nossa vida. Eles sugerem, aconselham, consolam.

E como fazem isso? Quando falamos com eles? Fazem isso por sugestão mental e pela intuição. Também nos aconselham quando estamos dormindo.

Sim, nessa hora em que estamos libertos do corpo, entramos em contato com o mundo espiritual. E nele vive nosso anjo guardião.

Por isso os Espíritos protetores são sempre mais adiantados. É que precisamos de sua sabedoria para nos orientar.

São sábios, pois somente um sábio poderia respeitar o livre-arbítrio quando seu protegido faz enormes tolices e sofre por causa delas.

É esse Espírito protetor que nos ouve nas horas calmas, quando aparentemente falamos para as paredes; quando lamentamos as oportunidades perdidas; quando admitimos a nossa imperfeição.

Há coisas que falamos apenas para nós mesmos. Mas Deus as ouve. E determina ao Espírito amigo que também as escute.

Nessas horas, quando a solidão nos alcança, a tristeza desaba sobre nossas cabeças e o desânimo se faz presente, o anjo de guarda nos abraça.

Enlaça a nossa alma cansada, embala o nosso sono. Suas lágrimas regam nossa estrada, seus sorrisos iluminam nossos dias. Porque a missão dessa alma generosa é seguir conosco e nos amar.



Redação do Momento Espírita.
Em 17.2.2017.

segunda-feira, 8 de agosto de 2016

A inigualável engenhosidade de um Criador


Quando adentramos o conhecimento do que nos rodeia, mais somos convidados a reverenciar a Divindade, que tudo fez, descendo a mínimos detalhes.
No reino animal, por exemplo, ao observar como cada espécie se reproduz, tem seu ciclo de desenvolvimento, numa perfeita cadeia alimentar.
O guepardo, entre os animais terrestres, é o maior corredor. Seu corpo esguio, pernas longas, espinha flexível, é perfeitamente desenhado para arrancadas rápidas.
Em três segundos, a partir da imobilidade, ele pode alcançar cem quilômetros por hora.
O segredo dessa incrível velocidade é a flexão e extensão da sua espinha, que aumentam muito o comprimento de sua passada, ou seja, a distância entre o ponto onde suas patas traseiras deixam o solo e o ponto onde voltam a tocá-lo.
A enorme aceleração desse felino é aumentada porque as suas garras, que não se retraem totalmente, funcionam como as travas dos tênis dos corredores, enquanto a cauda, que pode chegar a oitenta centímetros de comprimento, auxilia na estabilidade das curvas.
Nesse processo todo, ele mantém a cabeça firme devido à grande flexibilidade de suas espáduas. Uma estreita faixa de células fotossensíveis concentradas em suas retinas permite que ele distinga a presa no meio da paisagem.
Sua presa favorita é a gazela. Se ela estiver quieta, ele age furtivamente, escondendo-se na vegetação. Qualquer que seja a forma de aproximação, muita energia será despendida no momento do ataque.
O felino corre em linha reta, prevendo a direção da sua presa para interceptá-la. Então, ataca as patas traseiras da sua vítima, joga-se sobre ela e a sufoca, em minutos, com forte mordida na garganta.
Quando não consegue alcançar a presa, depois de uns vinte segundos, ele desiste da caça. Isso porque a velocidade que desenvolve exige muito de seu organismo.
Embora a corrida seja curta, o guepardo precisa descansar e recuperar o fôlego.
Nessa corrida, a temperatura do corpo sobe perigosamente a quarenta graus, um nível que, mantido por mais de um minuto, pode causar lesão cerebral.
Por isso, ele se senta e respira fundo por uns quinze minutos. Após o descanso, estará pronto para comer ou, caso não tenha conseguido nada, recomeçar a caçada.
O que é extraordinário não é observar todos os detalhes desse corpo aerodinâmico, a velocidade incrível que alcança em segundos, mas observar que, para manter o equilíbrio da natureza, sua vítima foi equipada com recursos importantes que determinam a sua sobrevivência.
Por exemplo, ela dispõe de um processo de ventilação, graças às narinas, que refrigera o cérebro e, por isso, pode correr por mais tempo do que seu perseguidor.
Também, por instinto, ela o confunde, por vezes, na sua fuga, dando saltos verticais de até três metros, saindo, portanto, do campo de visão do guepardo.
Erro e acerto, fracasso e êxito, determinam, exatamente, o controle predatório, de forma que se mantenha o equilíbrio na natureza.
Não é extraordinário estudarmos zoologia e descobrirmos a engenhosidade Divina em cada detalhe, milimetricamente pensado, analisado, providenciado?

Redação do Momento Espírita.
Em 5.7.2016.

terça-feira, 19 de julho de 2016

O Mestre das sutilezas


Sutileza significa tenuidade, finura. Também agudeza de inteligência, de espírito.
Este é um dos traços que identificamos no Mestre Jesus. A sutileza ao dizer as coisas. Exigindo, consequentemente, que os que o ouvem, tenham a capacidade de entendimento.
Em síntese: ouvidos de ouvir.
Exatamente por este detalhe é que as palavras de Jesus continuam a ser estudadas e descobertos novos e mais profundos significados.
Na medida em que crescemos em entendimento, conseguimos melhor absorver o ensino da letra.
Jesus é conciso na fala, profundo no ensinamento.
Leciona a solidariedade, a fraternidade, em uma frase: Não necessitam de médico os que estão sãos, mas, sim, os que estão enfermos.
Afirmava assim a necessidade de nos despirmos de qualquer preconceito e ir ao encontro de quem está necessitado.
E a necessidade pode ser de pão, de água, de abrigo ou de vestimenta.
Também pode ser de acolhimento, de afeto, de atenção.
Testificando de Sua grandeza, utiliza de poucas mas significativas palavras.
Em um sábado, em que passava pelas searas, os Seus discípulos iam arrancando espigas e, esfregando-as com as mãos, as comiam.
Vendo isso, alguns fariseus altearam a voz, indagando a Jesus por que eles assim procediam em dia não permitido, ou seja, no sábado.
O sábado era o Dia do Senhor. Santificado.
Conhecedor das escrituras, Jesus recorda o rei Davi que, não tendo outro alimento, se serviu dos pães sagrados do templo, dos quais somente os sacerdotes se podiam alimentar.
Fala da fome de Davi e dos que estavam com ele. E de como assim se saciaram.
Por fim, diz: O filho do homem é senhor até do sábado.
Afirmava, dessa forma, que era o Senhor do Mundo. Mundo que Ele idealizara e preparara, conforme orientação Divina, para que todo o Seu rebanho, a Humanidade, pudesse se abrigar.
Governador planetário. Senhor até do sábado. Senhor do Mundo.
Em outra oportunidade, numa frase curta, se identificou como o Messias, o Ungido, o Esperado, que vinha salvar o mundo.
Salvar o mundo da sua ignorância, explicando as leis Divinas, naturais e precisas.
Salvar o mundo da maldade, afirmando que todos deviam se amar como irmãos, porque filhos do mesmo Pai.
Amar como Ele mesmo a todos ama.
Sou eu, responde Ele à samaritana que diz aguardar a vinda do Messias. Eu, que falo contigo.
Mestre das sutilezas. Mestre sempre.
Aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração e encontrareis repouso para vossas almas.
Aprender com Ele, modelo e guia.
Quantos caminhos temos ainda a percorrer até que este convite nos penetre e entendamos que, abandonando o mal, teremos descanso para nossas almas exaustas de violência, de corrupção, de desvios?
Manso é quem tem o controle e domínio sobre seu temperamento e atitudes, quem tem domínio próprio.
Humilde é quem reconhece a própria pequenez e se dispõe a estudar, a aprender, a crescer.
Mestre das sutilezas. Sigamo-lO. Atendamos ao Seu convite.

Redação do Momento Espírita, com base no cap. 6, versículos 1 a 5, do Evangelho de Lucas e no cap. 4, versículos 25 e 26 do Evangelho de João.
Em 2.6.2016.

quinta-feira, 7 de julho de 2016

A mãe de Jesus


Ela crescera, tendo o Espírito alimentado pelas profecias de Israel.

Desde a meninice, quando acompanhava a mãe à fonte, para apanhar o líquido precioso, ouvia os comentários. Entre as mulheres, sempre que se falava a respeito, perguntavam-se umas às outras, qual seria o momento e quem seria a felizarda, a mãe do aguardado Messias.

Nas noites povoadas de sonhos, era visitada por mensageiros que lhe falavam de quefazeres que ela guardava na intimidade d’alma.

Então, naquela madrugada, quase manhã do princípio da primavera, em Nazaré, uma voz a chamou: Miriam. Seu nome egípcio-hebraico significa querida de Deus.

Ela despertou. Que estranha claridade era aquela em seu quarto? Não provinha da porta. Não era o Sol, ainda envolto, àquela hora, no manto da noite quieta. De quem era aquela silhueta? Que homem era aquele que ousava adentrar seu quarto?

Sou Gabriel, identifica-se, um dos mensageiros de Yaveh. Venho confirmar-te o que teu coração aguarda, de há muito. Teu seio abrigará a glória de Israel. Conceberás e darás à luz um filho e lhe porás o nome de Jesus. Ele será grande e será chamado Filho do Altíssimo e o seu reino não terá fim.

Maria escuta. As palavras lhe chegam, repassadas de ternura e pela sua mente, transitam os dizeres proféticos.

Sente-se tão pequena para tão grande mister. Ser a mãe do Senhor. Ela balbucia: Eis aqui a escrava do Senhor. Cumpra-se em mim segundo a tua palavra.

O mensageiro se vai e ela aguarda. O Evangelista Lucas lhe registraria, anos mais tarde, o cântico de glória, denominado Magnificat:

A minha alma glorifica o Senhor!

E o meu espírito exulta [de alegria]

Em Deus, meu Salvador!

Porque, volvendo o olhar à baixeza da Terra,

Para a minha baixeza e humildade atentou.

E eis, pois, que, desde agora, e por todos os tempos,

Todas as gerações me chamarão

Bem-aventurada!

Porque me fez grandes coisas o Poderoso

E santo é o seu nome!

E a sua misericórdia [se estende]

De geração em geração,

Sobre os que o temem.

Com seu braço valoroso

Destruiu os soberbos

No pensamento de seus corações.

Depôs dos tronos os poderosos

E elevou os humildes.

Encheu de bens os famintos

E despediu vazios os ricos.

Cumpriu a palavra que deu a Abraão,

Recordando-se da promessa

Da sua misericórdia! (Lucas, I, 46 a 55)

Ela gerou um corpo para o Ser mais perfeito que a Terra já recebeu. Seus seios se ofereceram úberes para alimentar-Lhe os meses primeiros. Banhou-O, agasalhou-O, segurou-O fortemente contra o peito mais de uma vez. E mais de uma vez, deverá ter pensado:

Filho meu, ouve meu coração batendo junto ao Teu. Dia chegará em que não Te poderei furtar à sanha dos homens. Por ora, amado meu, deixa-me guardar-Te e proteger-Te.

Ela Lhe acompanhou o crescimento. Viu-O iniciar o Seu período de aprendizado com o pai, que Lhe ensinou os versículos iniciais da Torá, conforme as prescrições judaicas, embora guardasse a certeza de que o menino já sabia tudo aquilo.

Na sinagoga, viu-O destacar-Se entre os outros meninos, e assombrar os Doutores. O seu Jesus, seu filho, seu Senhor. Angustiou-se mais de uma vez, enquanto O contemplava a dormir. Que seria feito dEle?

No célebre episódio em Jerusalém, seu coração se inquietara a cogitar se não seria aquele o momento do início das grandes dores.

A viuvez lhe chegou e ela viu o primogênito assumir os negócios da carpintaria. Suas mãos, considerava, tinham habilidade especial e a madeira se Lhe submetia de uma forma toda particular.

Aquele era um filho diferente. Um olhar bastava para que se entendessem. Tão diferente dos demais, que não tinham para com ela a mesma ternura...

Chegou o dia em que Ele se foi e ela começou a ter dEle as notícias. A escolha dos primeiros discípulos, o batismo pelo primo João, no Jordão.

Mantinha contato constante, providenciando quem Lhe fizesse chegar a túnica tecida no lar, sem nenhum costura, sempre alva. Em cada fio, um pouco do seu amor e da sua saudade.

Quando Ele veio visitá-la e a acompanhou a Caná, às bodas da sua parenta, ela sabia que Ele a obedeceria, providenciando o líquido para que os convivas pudessem deliciar-se, saindo da embriaguez em que haviam mergulhado.

Acompanhou-Lhe a trajetória de glórias humanas, e as injustas alusões ao Seu messianato, aos Seus dizeres.

Em Nazaré, quando quase O mataram, tomou-se de temores. Contudo, ela sabia que Ele viera para atender os negócios do Pai. Por vezes, visitava a carpintaria, e parecia vê-lO, ainda uma vez, nos quadros da saudade.

Tanto quanto pôde, acompanhou o seu Jesus e recebeu-lhe o carinho. Ele era tão grande, e, entretanto, atendia-lhe o coração materno, os pedidos. Quantas vezes ela intercedera por um ou outro?

Quando os dias de sombra chegaram, ela acompanhou, junto a outras mulheres, as trágicas horas. Ao ver o corpo chagado do filho, o sangue coagulado nas feridas abertas, a túnica tão alva, que ela tecera com tanto desvelo, toda manchada, sentiu as lágrimas inundarem-lhe os olhos.

Porém, era necessário ser forte. Seu filho lecionara as lições mais belas que jamais os ouvidos humanos haviam escutado. Ele cantara as belezas do Reino dos Céus, no alaúde do lago de Genesaré, e prometera as bem-aventuranças aos que abraçassem os inovadores ensinos.

Ao pé da cruz, junto ao Apóstolo João, ouviu a expressão do carinho filial se externar, outra vez: Mulher, eis aí teu filho. E a confia ao jovem Apóstolo.

Ela estaria presente, quando das Suas aparições, após a morte. Vê-lO-ia mais de uma vez. E compreenderia: aquele corpo era diferente.

Não era o que fora gerado em seu ventre. Embora se deixasse tocar, para dar-Se a conhecer, era de substância muito diversa aquele corpo. Ela o sabia.

Viu-O desaparecer perante os olhos assombrados dos quinhentos discípulos, na Galileia, na Sua despedida.

E, amparada por João, seguiu a Éfeso, mais tarde. Ali, numa casinha de onde podia ouvir o mar, balbuciando cantigas, viveu o Amor que Ele ensinara. Tornou-se a mãe dos desvalidos e logo sua casa se enchia de estranhos viandantes, necessitados e enfermos que desejavam receber os cuidados de suas mãos e ouvir as delícias das recordações Daquele que era o Caminho, a Verdade e a Vida.

Numa tarde serena, ela atendeu um homem. Serviu-lhe o alimento e seu coração extravasou saudade. Quanta a tinha do filho amado!

Então, o viajor se deu a conhecer:

Minha mãe, sou eu!... Venho buscar-te, pois meu Pai quer que sejas no meu reino a Rainha dos Anjos. 2

João Evangelista, chamado às pressas, ainda lhe pôde assistir o derradeiro suspiro e o Espírito liberto adentrou a Espiritualidade.

Ainda e sempre amorosa, seu primeiro pensamento foi visitar os cristãos que estavam em Roma, sofrendo o martírio e foi animá-los a cantar, enquanto conduzidos ao suplício, na arena circense.

Mais tarde, notícias nos chegariam de que a suave mãe de Jesus, Maria, foi por Ele incumbida de assistir aos foragidos da vida, os infelizes suicidas; detalhes do Hospital Maria de Nazaré nas zonas espirituais; do seu desvelo maternal para com tais criaturas.

Maria, Espírito excelso, exemplo de mulher, esposa e mãe.

1.PEREIRA, Yvonne A. No hospital "Maria de Nazaré". In:___. Memórias de um suicida. 5. ed. Rio [de Janeiro]: FEB, 1975. pt. I, cap. III.
2.XAVIER, Francisco Cândido. Maria. In:___. Boa nova. Pelo Espírito Irmão X. 8. ed. Rio de Janeiro: FEB, 1963. cap. 30.
Em 18.2.2016

terça-feira, 5 de julho de 2016

Renascer com as manhãs


Quando Jesus falou com o doutor da lei, Nicodemos, sobre nascer de novo, não estava falando apenas sobre as novas existências materiais.
É necessário renascer da água e do Espírito – disse o Mestre, com poesia.
A água representa o elemento material. Os antigos tinham a crença de que toda a vida havia surgido das águas. Assim, a água representa nosso elemento material, os renascimentos em novos corpos físicos.
Porém, Ele falou também em renascer do Espírito e, com isso abriu novos horizontes aos já vastos conhecimentos daquele chefe dos judeus.
Jesus falou em renovar-se. Não basta voltar ao palco terrestre inúmeras vezes. Faz-se necessário modificar-se, esculpir a alma, melhorar-se.
E para isso o Criador nos dá oportunidades grandiosas e mensagens muito claras.
Vejamos alguns exemplos: cada vez que reencarnamos, voltamos como se fosse nossa primeira vida, com este frescor de renovação, com novas chances, esquecendo o passado, ganhando uma nova vestimenta carnal.
Chegamos aqui como bebês, desprotegidos, inspirando amor, cuidados, tendo que reaprender tantas coisas que já sabíamos antes. Tudo em nome desse projeto de renovação.
Recebemos como familiares antigos amores, mas também desafetos, em perfeito sigilo, para que possamos nos adequar a essa nova formação familiar e tentar viver em harmonia.
Há também a proposta dos ciclos.
A existência e a natureza são repletas de ciclos justamente para que possamos, de tempos em tempos, avaliar, recomeçar e renovar.
Quando cada ano termina, fazemos o balanço do que passou, do que fomos e planejamos, e o que desejamos ser. Traçamos metas e as perseguimos. Cada ano somos novos eus,gradualmente, em busca da perfeição.
Há também os ciclos de nossos anos de vida no planeta. Nossos chamados aniversários.
Cada novo ano completo aqui é também momento de introspecção, de refletir profundo, de autoconhecimento: Quem sou eu? O que faço aqui? O que já construí? O que falta? O que virá pela frente? Quanto tempo ainda me resta?
Fechamos um capítulo do livro, abrimos outro.
Temos vidas dentro de uma mesma vida. Infância, adolescência, juventude, vida de casado, filhos, madureza, terceira e porque não, até quarta-idade.
Há pessoas que estão renascendo com seus sessenta, setenta anos! Dando a si mesmas uma nova chance de viver, de aprender, de amar. Afinal, nunca é tarde!
Por fim, dentro dos ciclos, há ainda o de cada dia.
Podemos, dessa forma, renascer com as manhãs, considerando cada nascer do sol uma nova chance que o Criador nos dá de nos reinventarmos, de fazer de novo, de fazer o certo.

* * *

Agradeçamos pelo presente da nova manhã, da nova vida dentro da vida e sigamos adiante.
A existência é feita de renascimentos. O renascer é lei do Universo.
É preciso renascer com as manhãs. É preciso renascer com os anos. É preciso renascer da água e do Espírito para alcançar a plenitude que tanto desejamos.

Redação do Momento Espírita.
Em 16.5.2016.