Como a “oferta” de garotos numa escola poderia alterar o comportamento de uma garota? Um trio de economistas americanos se debruçou sobre essa e várias outras questões que orientam os namoros na escola, e chegou a algumas conclusões inesperadas. Por exemplo, os meninos de origem hispânica (latino-americanos, na maioria) manifestaram mais vontade de ter sexo no namoro do que os garotos em geral (63% contra 59%). Mas as garotas de origem hispânica manifestaram menos vontade de ter sexo no relacionamento do que as meninas em geral (35% contra 36%). Como pelo menos um em cada cinco casais pesquisados era de adolescentes da mesma origem (ambos brancos, negros ou hispânicos), conclui-se que há maior “discordância” de vontades nos casaizinhos de latinos. Eles querem avançar o sinal, mais ainda do que a média dos garotos; elas dizem querer esperar, mais ainda do que a média das garotas. Quem vence essa negociação?
Os cálculos fazem parte do estudo “Condições de carinho: um modelo de equilíbrio entre sexo e concordância” (tradução livre do inglês, Terms of endearment: an equilibrum model of sex and matching”), dos economistas Andrew Beauchamp, da Universidade de Boston, Peter Arcidiacono e Marjorie McElroy, da Universidade Duke. Eles usaram a dinâmica do namoro na escola para estudar como alterações na oferta e na demanda muda o comportamento dos participantes de um mercado – só que, nesse caso, em vez de comprar ou não uma mercadoria, o participante decide namorar ou não. Foram avaliadas as respostas de quase 8 mil estudantes do 9o ao 12o ano (correspondentes ao nosso 9o ano fundamental ao 3o ano médio), ou seja, por volta dos 14 aos 17 anos.
Eles dividiram os adolescentes de acordo com três indicadores – gênero, ano escolar e raça – e dissecaram os relacionamentos de acordo com três variáveis: o tipo de parceiro (mais velho, mais novo, da mesma raça, de outra raça etc.), os termos da relação (com ou sem sexo) e as chances de a “venda” ser bem-sucedida (a aproximação resultar em namoro). Para que o estudo fosse em frente, os pesquisadores precisaram definir mais parâmetros. Assim, “ficadas” não contaram como namoro. Uma proximidade entre adolescentes só contava como “relacionamento” ou namoro na estatística quando atendia a três requisitos: aparecer em público de mãos dadas, beijar e dizer “eu amo você”. Os pesquisadores também descobriram que os rapazes mentiam muito mais que as moças e passaram a dar mais peso às declarações delas para medir, por exemplo, quanto de sexo havia entre estudantes da mesma escola.
Confira outras conclusões do estudo, sempre lembrando que se trata de um retrato parcial da sociedade dos Estados Unidos:
- no exemplo dos casaizinhos latinos lá do começo do texto, as garotas (que manifestaram menor desejo por sexo do que as moças em geral) parecem conseguir conter os garotos afoitos (que manifestaram maior desejo por sexo no namoro do que os rapazes em geral). Entre os adolescentes que namoram, a parcela de garotas latinas que afirma ter sexo no namoro é bem próxima das que realmente querem sexo no namoro (42% contra 41%);
- nos casais de outras raças, há maior incidência de sexo indesejado. Entre as brancas, 52% estão em relacionamentos com sexo, mas só 40% manifestam essa vontade. Entre as negras, 60% têm sexo no namoro, mas apenas 47% declaram essa vontade;
- mais de 84% dos casais encontrados era de adolescentes da mesma raça. Mas as meninas de todas as raças mostraram maior aceitação de garotos negros do que os meninos em geral aceitariam namorar garotas negras;
- os meninos de todas as raças mostraram maior aceitação por garotas da categoria “outras raças” (que os pesquisadores definem como predominantemente de origem asiática) do que as meninas em geral mostraram por garotos de “outras raças”;
- os garotos hispânicos e negros tendem a colocar sexo como condição para namorar garotas de outras raças que não a sua própria;
- garotos e garotas negros namoram mais do que os de outras raças;
- a fim de namorar meninos brancos, as garotas negras e de “outras raças” (predominantemente asiáticas) tendem a fazer mais concessões, o que pode significar sexo indesejado.
Fonte: http://revistaepoca.globo.com
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