sábado, 7 de novembro de 2009

DEPRESSÃO - PROBLEMA ESPIRITUAL, FÍSICO OU PSICOLÓGICO ?


Dr. Marcelo Caixeta, médico espírita, especializado em psiquiatria pela Universidade de Paris e pesquisador da Universidade Federal de Goiás, tem larga experiência no tratamento dos distúrbios mentais e psicológicos de origem física e espiritual.
Em entrevista exclusiva ele aborda o tema da depressão, cuja ocorrência vem crescendo assustadoramente nos últimos anos.


Doutor Marcelo, o que é, afinal, a depressão?

Depressão é uma alteração cerebral, seja ela química ou anatômica, que produz alguns sintomas como tristeza, falta de ânimo e prazer, angústia, ataques de ansiedade, taquicardia, falta de ar, medo de sair de casa, de lugares abertos, de andar de carro, ônibus, de aglomerações, falta de sono, falta ou excesso de apetite, sentimento de que "tudo está ruim, todo lugar está ruim, nada é bom para se fazer". Em casos mais graves, o paciente pode sentir-se culpado por qualquer coisa, pode ter idéias negras de que vai morrer, de que ele ou algum parente próximo estão com alguma doença grave, passa a ter medo de tudo isto. Em casos mais dramáticos pode tentar inclusive o suicídio (85% das pessoas que se suicidam atravessam um período depressivo).

É uma doença muito comum, pois estatísticas da Organização Mundial da Saúde apontam que 5% das pessoas tiveram, têm ou terão algum episódio depressivo.


A tristeza que o depressivo sente é a mesma que nós sentimos?

Não. É muito mais profunda, uma tristeza angustiosa, geralmente sem motivo ou de motivo fútil, não melhora com o passar do tempo ou com atividades agradáveis, nem com repouso, nem com atividade religiosa, pois é uma doença primariamente física. É claro que a atividade religiosa, como no caso de outras doenças físicas, câncer, por exemplo, pode ter um grande efeito benéfico sobre a saúde espiritual e psicológica da pessoa, no entanto, não devemos, por exemplo, esperar que uma oração "cure" uma depressão, assim como não podemos esperar que "cure" um câncer (para isto Deus nos legou o bálsamo dos recursos médicos).


A depressão, portanto, não tem causa espiritual, como muitos dizem?

Há basicamente três tipos de depressão: uma causada por problemas cerebrais ou corporais, com por exemplo, um tumor cerebral ou um mal-funcionamento da glândula tireóide; outra causada por fatores genéticos, sem nenhuma motivação psicológica; e, finalmente, a dos indivíduos que não cuidam adequadamente da higiene mental e espiritual, esgotando assim algumas substâncias químicas do cérebro.

Nos dois primeiros tipos, os fatores orgânicos são os principais, mas neste terceiro tipo, se o indivíduo tiver uma boa formação moral, religiosa, espiritual, caritativa, se tiver uma vida sem grandes ambições, sem grandes estresses, ele pode nunca a chegar a desenvolver uma depressão. Portanto, para esta depressão do terceiro tipo, as atividades religiosas, de auxílio ao próximo, de simplicidade de vida e de propósitos, podem ser um grande fator preventivo.

Agora é também preciso que se diga que, mesmo as doenças que hoje são físicas, corporalizadas, têm causas profundas em nosso passado: quando não são causadas por nosso próprio remorso, são engendradas pelas nossas faltas que repercutem no perispírito ou são fruto do planejamento dos Engenheiros do Espaço que manipulam nossa carga genética e nosso organismo para que tenhamos as provas que sejam necessárias ao nosso próprio beneficio perante a Evolução.


O que fazer diante de um deprimido?

Primeiro, devemos acolhê-lo com a caridade, a compreensão, a paciência e a solicitude que Jesus nos ensinou tenhamos para com qualquer criatura. Não sobrecarregá-lo mais ainda, dizendo-lhe "que pode sair desta", que "deve freqüentar um centro", que "deve estar obsedado", mandá-lo para desenvolver mediunidade etc. Geralmente estes conselhos pioram o estado do deprimido, pois ele sabe que deveria realmente acatá-los, mas não tem forças físicas para isso.

É, portanto, necessário que, respeitemos sua doença, pois como diz André Luiz, a biologia tem suas leis. O auxílio médico é, portanto, indispensável (este se faz, na maioria dos casos através de medicação, de tratamento de uma doença de base que possa estar causando a depressão, como por exemplo, uma doença da tireóide, através de estimulação eletromagnético cerebral para os casos mais graves e através do constante apoio psicológico ao doente, que é um dos mais carentes no âmbito medico).


A obsessão espiritual tem algum papel na depressão?

Assim como uma obsessão espiritual dificilmente causaria um tumor, um câncer, também dificilmente causaria de modo direto uma depressão (tipos 1 e 2). A obsessão espiritual, na grande maioria das vezes atua indiretamente sobre nossos órgãos, sempre através de um comportamento desregrado aos quais os espíritos podem nos induzir, estimular, compartilhar.

Por exemplo, um paciente que tenha um temperamento ansioso, obcecado, ambicioso, pode ficar muito bem se tiver uma vida regrada.

No entanto, sob influência e indução espiritual pode passar a beber, fumar, ter uma vida de ambição, de estresse, de poder, de ganhar muito dinheiro, de desregramentos instintivos. Estes fatores irão então atuar num temperamento já predisposto, podendo assim levar a uma depressão do tipo 3.


Fonte : Revista Espírita Allan Kardec

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