sábado, 21 de novembro de 2009

ENTREVISTANDO ANDRÉ LUIZ

(*) Nesta entrevista, concedida ao diretor do Anuário Espírita para a edição de 1964, n.º 1, André Luiz (espírito) respondeu as perguntas formuladas de números ímpares através do médium Waldo Vieira e as de números pares através do médium Francisco C. Xavier.

1. Qual a quantidade aproximada de habitantes espirituais – em idade racional – que se desenvolvem, presentemente, nas circunvizinhanças da Terra?

“Será lícito calcular a população de criaturas desencarnadas em idade racional, nos círculos de trabalho, em torno da Terra, para mais de vinte bilhões, observando-se que alta percentagem ainda se encontra nos estágios primários da razão e sendo esse
número possível de alterações constantes pelas correntes migratórias de espíritos em
trânsito nas regiões do Planeta.”

2. A quantidade de espíritos que vivem nas diversas esferas do nosso Planeta tende,
atualmente, a aumentar ou a diminuir?

“Qual acontece na Crosta Planetária, as esferas de trabalho e evolução que rodeiam a
Terra estão muito longe de quaisquer perspectivas de saturação, em matéria de
povoamento.”

3. Considerando-se que as criaturas dos reinos vegetal e animal, deste e de outros
planos, absorvem elementos de economia planetária, pergunta-se: O nosso planeta
dispõe de recursos para a manutenção e sustentação de uma comunidade de número
ilimitado de indivíduos ou a despensa celeste do nosso domicílio cósmico se destina a uma sociedade de proporções limitadas, ainda que de dimensões desconhecidas?

“Certo, nos limites do orbe terreno, não é justo conceituar os problemas da vida física fora de peso e medida, entretanto é preciso considerar que as ciências aplicadas à técnica, à indústria e à produção, nos vários domínios da natureza, assegurarão conforto e sustento a bilhões de espíritos encarnados na Terra, com os recursos existentes no Planeta, por muitos e muitos séculos ainda, desde que o
homem se disponha a trabalhar.”

4. Espíritos originários da Terra, têm emigrado, nos últimos séculos, para outros
orbes?

“Seja de modo coletivo ou individual, em todos os tempos, Espíritos superiores têm
saído da Terra, no rumo de esferas enobrecidas, compatíveis com a elevação que
alcançaram. Quanto a companheiros de evolução retardada, principalmente os que se
fizeram necessitados de corretivo doloroso por delitos conscientemente praticados, em muitos casos, sofrem temporária segregação em planos regenerativos.”

5. Espíritos originários de outras plagas costumam estagiar na Terra em encarnações
de exercício evolutivo?

“Isso acontece com frequência, de vez que muitos espíritos superiores reencarnam
no planeta terrestre a fim de colaborarem na educação da Humanidade, e criaturas
inferiores costumam aí sofrer curtos ou longos períodos de exílio das elevadas comunidades a que pertencem, pela cultura e pelo sentimento, porquanto a queda moral de alguém tanto se verifica na Terra quanto em outros domicílios do Universo.

6. Considerando-se a enorme distância geométrica existente entre dois ou mais orbes
de um sistema solar ou entre dois ou mais sistemas solares, pergunta-se:

a – os espíritos, em seu desenvolvimento evolutivo, ligam-se, necessariamente, a
determinados orbes?

b – na imensidão dos espaços que separam dois ou mais corpos celestes vivem, também, inteligências individuais?

“a) Em seu desenvolvimento, sim, qual acontece com a pessoa que em determinada fase de experiência física se vincula, transitoriamente, a certa raça ou família.

b) Isso é perfeitamente compreensível; basta lembrar os milhares de criaturas que
atendem os interesses de um país ou de outro nas extensões do oceano.”

7. Quais os processos de locomoção utilizados nas migrações interplanetárias, considerando-se a possibilidade de migrações de entidades de categoria até mesmo
criminosa, como parece ser o caso dos imigrantes do Sistema Planetário de Capela?

“Esses processos de locomoção, no plano espiritual, são numerosos. A técnica não se
relaciona com a moral. Os maiores criminosos do mundo podem viajar num jato, sem que isso ofenda os preceitos científicos.”

8. Onde começa o Umbral?

“A rigor, o Umbral, expressando região inferior da espiritualidade, pelos vínculos que possui com a ignorância e com a delinquência, começa em nós mesmos.”

9. Onde se situa “Nosso Lar”?

“Não possuímos termos terrestres para falar em torno da geografia no plano espiritual, mas podemos informar que as primeiras fundações da cidade “Nosso Lar” por espíritos pioneiros da evolução brasileira, se verificaram no espaço do território conhecido como Estado da Guanabara.”

SEXO

10. Por que a disciplina sexual é recomendada pelo Plano Espiritual Cristão?

“Claramente que a disciplina sexual é recomendável em qualquer plano da vida, para
que a degradação não arruíne os valores do espírito.”

11. Há alguma relação entre sexo e mediunidade?

“Tanto quanto a que existe entre mediunidade e alimentação ou mediunidade e trabalho, relações estas nas quais se pede equilíbrio.”

12. As funções reprodutoras do sexo se destinam, somente, da vida na Terra?

“Em muitos outros orbes, compreendendo-se, porém, que mundos existem nos quais as
funções reprodutoras não são compreensíveis, por enquanto, na terminologia terrestre.”

13. Espíritos sensuais mantêm atividades de natureza sexual após a desencarnação?

“Aos milhões, reclamando educação dos recursos do sentimento e das manifestações
afetivas, como acontece nos caminhos da Humanidade.”

14. Os perispíritos das entidades espirituais, que se localizam nas vizinhanças da
Terra, conservam o órgão do aparelho sexual humano?

“Sim, e por que não? O órgão sexual é tão digno quanto os olhos e, como não se deve
atribuir aos olhos os horrores da guerra, o órgão sexual não pode ser responsável pelo vício.”

15. Os espíritos conservam, para sempre, as condições de masculino e feminino?

“Respondamos com os orientadores espirituais de Allan Kardec que, na questão
número 201, de O Livro dos Espíritos afirmaram, com segurança, que o espírito tanto
reencarna no corpo de formação masculina quanto no corpo de formação feminina.”

16. Como explicar os homossexuais?

“Devemos considerar que o espírito reencarna, em regime de inversão sexual, como
pode renascer em condições transitórias de mutilação ou cegueira. Isto não quer dizer que homossexuais ou intersexos estejam nessa posição, endereçados ao escândalo e à viciação, como aleijados e cegos não se encontram na inibição ou na sombra para serem delinquentes. Compete-nos entender que cada personalidade humana permanece em
determinada experiência, merecendo o respeito geral no trabalho ou na provação em que estagia, importando anotar, ainda, que o conceito de normalidade e anormalidade são relativos. Lembremo-nos de que, se a cegueira fosse a condição da maioria dos espíritos reencarnados na Terra, o homem que pudesse enxergar seria positivamente considerado minoria e exceção.”

17. Se vivemos tantas vezes, participando da formação de casais frequentemente
diversos, como explicar o ciúme?

“O ciúme é característico de nossa própria animalidade primitiva, sombra que a educação dissipará.”

18. O espírito desencarnado também está sujeito a crises prolongadas de ciúme?

“Como não? A desencarnação é um acidente no trabalho evolutivo, sem constituir
por si qualquer solução aos problemas da alma.

19. Como explicar a paixão que, tantas vezes, cega o indivíduo? (A paixão é,
somente, uma doença humana?)

“Ainda aqui, animalidade em nós é a explicação.”

20. O adultério é, sempre, causa de conflitos, quando da volta dos cúmplices ao
Plano Espiritual?

“Sim.”

REENCARNAÇÃO

21. A reencarnação é lei imperativa em todos os orbes do Universo?

“Mais razoável dizer que a reencarnação é princípio universal, compreendendo-se que
existem esferas sublimes nas quais a reencarnação, como recurso educativo, já
atingiu características inabordáveis ao conhecimento humano atual.”

22. Se a Medicina da Terra aumentar – num futuro não muito distante – a média da
vida humana na Crosta, do ponto-de-vista educacional, uma única existência, de 500
anos, por exemplo, bastaria para libertar o espírito das necessidades da escola terrena?

“Cabe-nos aguardar o apoio mais amplo da Medicina à saúde humana, com vista à
longevidade, entretanto, em matéria de libertação espiritual, o problema se relaciona com a vontade acima do tempo. Quando a pessoa se decide ao burilamento próprio, com ânimo e decisão, a existência física de cinquenta anos vale muito mais que o tempo correspondente a cinco séculos, sem orientação no aprimoramento moral de si mesma.”

23. É de esperar-se que nos próximos milênios, quando a Terra se tornar um centro
de solidariedade e de cultura, seja dispensado o processo de reencarnação, como elemento indispensável de experiências e estudos?

“Digamos, com mais propriedade, que o espírito, alcançando a sublimação, não mais
se encontra sujeito ao processo de reencarnação, por medida educativa, conquanto prossiga livre para reencarnar, como, onde e quando deseje, em auxílio voluntário aos semelhantes.”

24. A duração média de vida dos encarnados racionais de outros orbes, corresponde à terrena?

“Não. Essas etapas de tempo variam de mundo a mundo.”

25. Todas as reencarnações, mesmo as dos indivíduos vinculados a condições inferiores, são objeto de um planejamento detalhado, por parte dos administradores
espirituais?

“Há renascimentos quase que automáticos, principalmente se a criatura ainda permanece fronteiriça à animalidade, entendendo-se que quanto mais importante o
encargo do espírito a corporificar-se, junto da Humanidade, mais dilatado e complexo o planejamento da reencarnação.”

26. As organizações espirituais que pautam as suas atividades dentro de
programas alheios aos princípios cristãos também procedem a execuções de programas
para a reencarnação de tarefeiros determinados em suas organizações?

“Sim.”

27. Reencarnações de espíritos de ordem superior, presididas por espíritos elevados, em meio inferior, estão sujeitos a represálias da parte de organizações espirituais interessadas na ignorância humana?

“Natural que assim seja. Recordemos o próprio Jesus.”

28. Se um espírito encarnado com propósitos cristãos pode, pela má conduta,
transformar-se num instrumento das trevas, é de se perguntar se um espírito encarnado sob os vínculos de organizações ainda não
cristianizadas no Espaço, pode, também, transformar-se num instrumento ostensivo do
programa do bem?

“Perfeitamente. Assim ocorre porque o íntimo de cada um prevalece sobre o rótulo
que caracterize a pessoa no ambiente humano.

29. Sabemos que outras civilizações terrenas se desfizeram em épocas remotas.
Diante do perigo atual de uma conflagração atômica, é de se perguntar: Estamos às portas da Nova Jerusalém ou no começo de um novo fim?

“Na condição de espíritas-cristãos encarnados e desencarnados, pensemos no futuro da Humanidade em termos de evolução, otimismo, confiança, progresso. De todas as
calamidades, a civilização sempre surgiu em novos surtos de força para o burilamento geral, ao influxo da Providência Divina, ainda mesmo quando pareça o contrário.”

30. Habitantes de outros orbes conhecem a Humanidade terrena, sua história, ostumes,
etc.?

“Sim.”

31. Diante dos progressos alcançados pela Ciência, conseguirá o homem aportar a
outros corpos de nosso sistema solar?

“Ninguém pode traçar fronteiras às conquistas da Ciência humana. Quanto mais
dilatados o serviço e a fraternidade, a educação e concórdia na Terra, maiores as possibilidades do homem nas conquistas do Espaço Cósmico.”

32. Se a Ciência humana se servir de seus recursos, pondo em risco a estabilidade do
Planeta, é de se esperar esteja a Humanidade da Terra sujeita a uma intervenção direta da parte de outros planetas?

“Nossa confiança na Sabedoria da Providência Divina deve ser completa. Ainda mesmo que a Terra se desintegrasse numa catástrofe de natureza cósmica, Deus e a Vida
não deixariam de existir. Uma cidade arrasada num cataclismo não significa a destruição de um povo inteiro.

Justo que, em nos considerando coletivamente, temos feito por merecer longas aflições e duras provas na Terra, entretanto, diante da Infinita Bondade, devemos afastar quaisquer ideias sinistras da cabeça popular carecedora de harmonia e
esperança para evoluir e servir. Amemo-nos uns aos outros.

Realizemos o melhor ao nosso alcance. Convençamo-nos de que o bem vive para o mal como a luz para a sombra. Edifiquemos o mundo melhor, começando em nós mesmos, e confiemos na palavra fiel do Cristo, que prometeu amparar-nos e auxiliarnos
“até o fim dos séculos”. E, assim nos exprimindo, não nos propomos afirmar que, a
pretexto de contar com Jesus, podemos andar irresponsáveis ou desatentos.

Não. Forçoso trabalhar e cumprir as obrigações que a vida nos trace, a fim de sermos amparados e auxiliados por Ele, sejam quais forem as circunstâncias.”

Extraído do Anuário Espírita 2009 - IDE - Araras - SP

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