Ele era um pastor invulgar. Realizava atos de benevolência de grandes proporções. Era conhecido pelo seu coração bondoso e sua cordialidade.
Onde quer que estivesse, abraçava e beijava estranhos, perguntava seus nomes e números de telefone.
Sempre dizia: Como é bom conhecer você! Quero saber tudo a seu respeito. Dê-me seu nome e o número de telefone e eu lhe telefonarei.
As anotações eram feitas em tiras de papel, guardanapos descartáveis, cartões de visitas e tudo era enfiado nos bolsos da calça e do paletó, sempre cheios.
Quando as pessoas viam aquele enorme volume de anotações, com nomes e telefones, ficavam se perguntando se valeria a pena dar o número do telefone para o pastor.
Algumas acreditavam que, ao chegar em casa, ele jogasse tudo aquilo no lixo. Mas, os telefonemas aconteciam.
Por vezes, alguns minutos depois ou horas mais tarde. Às vezes, levava anos.
No ano de 1980, um estranho deu o número de telefone ao pastor. Foi durante um concerto.
O homem esperou e esperou. Nada. Nenhum telefonema. Ficou muito desapontado e pensou que aquele pastor era um cara muito famoso e ocupado. Claro que jamais lhe iria telefonar.
Dez anos se passaram. Então, numa manhã, o telefone tocou.
O homem nem queria atender. Estava tão desesperado que não desejava falar com ninguém.
Entretanto, o telefone tocou com tanta insistência que ele resolveu atender.
Olá, irmão, disse a voz do outro lado. Como vai?
Era a voz jovial do pastor. O homem ficou estarrecido. O que é que fizera o pastor telefonar, dez anos depois?
A resposta não se fez demorar: Bem, eu estava procurando um livro para estudo, um livro que não uso há muito tempo. Quando o encontrei e o abri, caiu um papelzinho de dentro dele, onde estavam escritos o seu nome e seu número de telefone. Achei que era um sinal de Deus e resolvi ligar para você, de imediato.
O homem sentiu que uma descarga elétrica lhe percorria o corpo e a alma.
Mal conseguiu balbuciar a frase: Pastor, você ligou bem a tempo.
Olhou para o laço de corda que estava pendurado no teto e para a cadeira que estava debaixo dele.
O telefonema do rabino lhe salvou a vida.
* * *
Você sabia que, em cada cem mil habitantes do nosso país, três buscam a morte de forma voluntária?
E que o país com o maior índice de suicidas é a Estônia, com quarenta e um suicidas por cem mil habitantes? No Japão são vinte e seis e doze, nos Estados Unidos.
E, como a narrativa demonstra, por vezes basta uma simples palavra para deter o gesto impensado e destruidor da vida.
No mundo atual, com tanta indiferença e problemas, as pessoas andam em desespero, muitas vezes. É bom estarmos atentos para determos, a tempo, um gesto de loucura de alguém que deseja pôr fim à própria existência.
Para isso é preciso olhar ao redor, não somente para frente. Mais do que isso, é preciso aprender a olhar com olhos de ver, a fim de descobrir as dores ocultas nos olhos mudos e nos gestos trêmulos dos que nos cercam, nos servem e convivem conosco.
Redação do Momento Espírita, com base no livro Pequenos
milagres, v. 2, de Yitta Halberstam & Judith Leventhal, ed. Sextante.
Em 23.05.2012.
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