1848: o ano em que os Espíritos invadiram a Terra
Nos EUA, acontecimentos sobrenaturais marcaram o início de grandes revelações para a humanidade.
O ano de 1848 marcou o início das manifestações mediúnicas da era contemporânea. Em Hydesville, Estado de Nova York, EUA, residiam os Fox, uma família de puritanos protestantes. John D. Fox, sua esposa Margareth e suas duas filhas, Kate e Margareth, residiam em uma modesta habitação. Boatos, que circulavam nas vizinhanças, davam conta de que acontecimentos sobrenaturais haviam ocorrido naquela residência. Protestantes, freqüentadores da Igreja Metodista, os Fox não deram atenção aos comentários. A família Weekmann, que viveu naquela mesma casa, anteriormente aos Fox, dali se retirou, testemunhando estranhas aparições, vozes e batidas que ali aconteceram, sem nenhuma explicação lógica que as justificassem.
Assombrações - Em dezembro de 1847 os Fox mudaram-se para a “casa assombrada”, desconhecendo - ou ignorando - a extensão da ação do “outro mundo” no espaço daquela humilde moradia. Alguns meses depois, quando tudo parecia indicar que ali haviam encontrado a paz, ruídos estranhos, arranhões, estalidos no mobiliário, batidas secas e esparsas foram ouvidas por toda a casa. Com o passar dos dias, o barulho foi se ampliando, apresentando-se como verdadeiras pancadas que ecoavam fortemente, causando até tremores nos móveis. Durante a noite, os Fox, atemorizados, recolhiam-se a um mesmo quarto, no andar superior da casa, de onde podiam ouvir a barulheira que repercutia por toda a habitação. O fato já era do conhecimento da vizinhança, que se mobilizava para investigar a origem de tudo aquilo. As buscas foram em vão. Nada foi descoberto que revelasse a causa daquelas manifestações.
Comunicações - Mas, o dia 31 de março de 1848 reservava uma grande surpresa para a família Fox. Dirigindo-se para o quarto mais cedo, na tentativa de escapar do assédio noturno de que eram vítimas, todos foram para a cama. Mas o expediente de nada adiantou. Os barulhos sobrenaturais se repetiram. Na cama, as meninas imitaram os ruídos inexplicáveis, estalando os dedos.
- Aqui, seu velho pé-rachado, faça o que eu faço!
O desafio partiu da filha menor, Kate. Imediatamente, repetiu-se o mesmo som, como se alguém tivesse decidido participar da brincadeira. Kate gritou pela mãe. A cena repetiu-se, na sua presença, e assim o fizeram por várias vezes.
- Mamãe, amanhã é primeiro de abril e alguém deseja nos pregar uma mentira!
Margareth, a mãe das meninas, decidiu comprovar se havia ali - como ela já desconfiava há muito tempo - uma presença espiritual.
Comprovação - A mãe de Kate e Margareth pediu que fossem dadas batidas correspondentes à idade de seus filhos. Por sete vezes, Margareth recebeu as respostas certas, inclusive a idade relativa a um filho falecido com apenas três anos de idade. Surpreendida, perguntou se estava diante de um ser humano. Não ouvindo resposta, indagou novamente:
- É um espírito? Se for, bata duas vezes! As batidas foram ouvidas e Margareth continuou o interrogatório:
- Se foi alguém assassinado, bata duas vezes!
A resposta, veemente e afirmativa, provocou um tremor na casa.
- Foi assassinado nessa casa? O assassino ainda vive?
As batidas disseram que sim, confirmando o crime ali perpetuado e a informação de que o seu autor ainda pertencia ao mundo dos vivos.
Assassinato - A família Fox, perseverando no sistema rudimentar de comunicação com o Espírito, descobriu que ali havia sido assassinado, há cinco anos, o mascate Charles B. Rossman, do qual foram roubados 500 dólares e todos os seus pertences. Seu corpo foi enterrado na adega da casa, a dez pés de profundidade.
Margareth chamou seus vizinhos, e, por intermédio do código de batidas, as revelações foram confirmadas na presença de inúmeras testemunhas. O “morto” desejava apenas que seu corpo fosse enterrado e sua morte física registrada. Não nutria sentimentos de vingança contra aqueles que o assassinaram. A partir dessa data, a residência dos Fox perdeu, para sempre, sua privacidade. Vizinhos, desconhecidos, autoridades, viajantes que por ali passavam, queriam saber o que estava, de fato, acontecendo naquele local.
Margareth Fox não imaginava que, ao criar um código tão elementar de comunicação com os Espíritos, estaria contribuindo para uma celeuma que se estabeleceu em todo o país. Todos desejavam comunicar-se com os Espíritos, saber o que faziam, onde e como viviam, e pedir orientações sobre questões pessoais, das mais sérias às mais banais.
Escavações - No mês de abril, do mesmo ano, iniciaram-se as escavações na adega da casa, local indicado pelo Espírito. Na direção da busca, ouviam-se sons estranhos, como a indicar que a direção era aquela mesma. Mas, ao aprofundar-se a escavação, atingiu-se um lençol de água, que impediu a continuidade da busca. Uma comissão, colhendo depoimentos de todos, redigiu um documento histórico, Relatório dos ruídos misteriosos ouvidos na casa de Mister John D. Fox. Os ruídos continuaram, e já não eram emitidos apenas pelo mascate assassinado. Outros mortos manifestavam-se às suas famílias, não obstante o empenho de religiosos que desejavam afasta-los, exorcizando-os sem sucesso. Nesse meio tempo, os Espíritos solicitaram que se realizasse, na cidade próxima de Rochester - a cerca de 20 milhas de Hydesville - uma reunião pública, onde seriam levadas, ao conhecimento de todos, as manifestações do Além.
Receios - A proposta não agradou a ninguém. Os Fox resistiram à sua realização, receosos pela exposição das meninas em público, e os riscos aos quais poderiam, eventualmente, submeter-se. Diante da resistência de todos, os Espíritos silenciaram. Temerosos quanto ao final daquele fenômeno, todos se arrependeram, desejando reparar o erro cometido. Para alívio geral, iniciaram-se, novamente as comunicações. Orientado pelos Espíritos, o grupo que acompanhava a família Fox, prontificou-se a seguir as orientações e iniciou os preparativos para a apresentação em Rochester. No dia 14 de novembro do ano de 1849, no maior auditório da cidade, o Corinthian Hall, aconteceu uma grande reunião, cujo tema eram As Batidas de Hydesville. As manifestações dos Espíritos, um ano e sete meses depois do primeiro contato, ocupavam o noticiário dos jornais e também monopolizavam todas as conversas.
Acusações - Dividia-se a opinião pública, entre aqueles que aceitavam o fato como verdadeiro e aqueles que os atribuíam a invencionice de charlatões, exploradores de crianças inocentes. Se, na reunião do Corinthian Hall não houve unanimidade em favor da incontestável manifestação dos Espíritos, a mesma foi produtiva no sentido de incentivar, ainda mais, a divulgação dos fenômenos sobrenaturais. Comissões foram organizada. Submeteu-se as pequeninas Fox - agora acompanhadas pela irmã mais velha, Leah, casada, que ensinava música e se identificava como Ann L. Fish - a todo o tipo de precauções que se possa imaginar, no intuito de impedi-las a fraudar as manifestações. Suspeitava-se até que eram ventríloquas, suposição que - a exemplo das demais - não encontrou nenhuma comprovação. Posteriormente, aperfeiçoado o sistema das batidas, mas ainda se demonstrando um sistema rudimentar de comunicação, os Espíritos informaram que “as comunicações não se limitarão à família Fox, mas se espalharão pelo mundo”.
Viagens - Em 1850, a família Fox desembarcou em Nova York, hospedando-se no centro da cidade, no Hotel Barnum. As irmãs posaram para sua primeira foto juntas, gravada em litografia. Segundo os registros, ficaram deslumbradas com tantas novidades. Não imaginavam, no entanto, os testes humilhantes a que iriam ser submetidas para apurar-se a “charlatanice” de suas manifestações. A família Fox era acusada de provocar as batidas com o intuito de explorar as pessoas. A imprensa, por sua vez, carregou nas tintas ao identificar as manifestações como invencionice sem nenhuma comprovação científica, não obstante, entre suas fileiras, encontrar-se aqueles que acreditavam existir um real fundamento para tudo aquilo que insistia em continuar ocorrendo. Retornando a Rochester, a família Fox seguiu viagem pelo Oeste dos EUA. Como sempre, foram celebradas pelo povo e denunciadas pelos jornais. Apresentaram-se novamente em Nova York, e para lá se mudaram.
Europa - No ano de 1853 registrou-se, na Alemanha, na cidade de Bergzabern, na Baviera, por intermédio de Filipina Sanger, onze anos, filha de Pedro Sanger, os mesmos fenômenos das batidas ocorrido em Hydesville. Os fatos observados pela população ganharam registros na Gazeta de Augsburguer. A afirmação dos Espíritos, dando a ciência que as manifestações iriam ocorrer por todo o mundo, já se confirmava em vários locais. Em outras partes do mundo, crianças eram envolvidas em fenômenos idênticos aos das irmãs Fox. No mesmo ano de 1853, Hippolyte Leon Denizard Rivail - que adotaria posteriormente o pseudônimo de Allan Kardec - iniciava a observação do fenômeno dos Espíritos que se manifestavam por intermédio das “mesas girantes”, que mobilizava todas as atenções, não apenas em Paris, França, onde residia, mas por toda a Europa.
Espiritismo - Em 1857, Kardec lançava “O Livro dos Espíritos ”, em sua primeira versão, levando para a humanidade conhecimentos da Espiritualidade Maior acerca da existência do homem, de Deus, do Mundo dos Espíritos e das Leis Divinas que regem a humanidade. Os ensinamentos desta obra - e das demais que encontraram em Kardec seu organizador - foram recebidos mediúnicamente, em sessões coordenadas por ele. Em 1858, Kardec, o fundador da Doutrina Espírita, abria as portas da Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas e lançava, também, a Revista Espírita. Por outro lado, após uma breve permanência em Nova York, os Fox mudaram-se para a Inglaterra. As irmãs Fox lá permaneceram, durante muitos anos, encontrando um ambiente científico favorável aos estudos de suas manifestações. Retornaram aos EUA somente quando já idosas.
Museu - Em Hydesville, a antiga residência dos Fox transformou-se em uma espécie de museu, verdadeira propriedade pública, exposta à visitação, mais conhecida como “a casa maravilhosa”. Em 1904, por obra do acaso, escolares que estudavam em Hydesville, agora um recanto popular na memória de todos, descobriram, próximo da antiga residência dos Fox, ossos que imaginaram tratar-se do esqueleto de um animal. Informaram ao proprietário da casa, na época Willian H. Hyde.
Descobriu-se, em seguida, que a ossada pertencia a um corpo humano, ao lado da qual foram encontrados seus pertences. Soterrados junto aos escombros da antiga adega, estavam os restos mortais de Rossmann, o mascate assassinado, que em 1848 chamou a atenção dos Fox com batidas e pancadas. A descoberta, acidental, complementou aquela empreendida por David Fox, irmão das meninas, sete meses após a primeira tentativa, quando a água impediu a continuidade da busca.
Descobertas - David conseguiu encontrar, a cinco pés de profundidade, cobertos por uma taboa, carvão e cal, uma lata e vestígios de um corpo humano, assim identificado por um médico presente às escavações. Em 1916, sessenta e oito anos depois do primeiro entendimento com os Espíritos, Benjamin Barlett empreendeu a tarefa de remover a casa dos Fox, em Hydesville, para Lyli Dale, próxima dali. Mas, no ano de 1965, o museu onde se encontrava foi invadido - acredita-se que por fanáticos religiosos -, e a casa dos Fox, ali preservada, em exposição pública, foi queimada e, juntamente com ela, os vestígios do mascate Charles Rossaman. Marcando, definitivamente, a época da chamada Invasão Organizada dos Espíritos, os fenômenos de Hydesville provocaram, nos EUA e no mundo inteiro, o aparecimento de sociedades espiritualistas que, investigando o sobrenatural, encontraram nele a prova de que a morte não existe.
Liberto do corpo físico, o homem retorna ao Mundo Espiritual, pleno de vida e vigor, mantendo as mesmas características de que era possuidor anteriormente, a exemplo do mascate Charles Rosmann, o qual - como todo bom vendedor - não aceitava um não.
Nos EUA, acontecimentos sobrenaturais marcaram o início de grandes revelações para a humanidade.
O ano de 1848 marcou o início das manifestações mediúnicas da era contemporânea. Em Hydesville, Estado de Nova York, EUA, residiam os Fox, uma família de puritanos protestantes. John D. Fox, sua esposa Margareth e suas duas filhas, Kate e Margareth, residiam em uma modesta habitação. Boatos, que circulavam nas vizinhanças, davam conta de que acontecimentos sobrenaturais haviam ocorrido naquela residência. Protestantes, freqüentadores da Igreja Metodista, os Fox não deram atenção aos comentários. A família Weekmann, que viveu naquela mesma casa, anteriormente aos Fox, dali se retirou, testemunhando estranhas aparições, vozes e batidas que ali aconteceram, sem nenhuma explicação lógica que as justificassem.
Assombrações - Em dezembro de 1847 os Fox mudaram-se para a “casa assombrada”, desconhecendo - ou ignorando - a extensão da ação do “outro mundo” no espaço daquela humilde moradia. Alguns meses depois, quando tudo parecia indicar que ali haviam encontrado a paz, ruídos estranhos, arranhões, estalidos no mobiliário, batidas secas e esparsas foram ouvidas por toda a casa. Com o passar dos dias, o barulho foi se ampliando, apresentando-se como verdadeiras pancadas que ecoavam fortemente, causando até tremores nos móveis. Durante a noite, os Fox, atemorizados, recolhiam-se a um mesmo quarto, no andar superior da casa, de onde podiam ouvir a barulheira que repercutia por toda a habitação. O fato já era do conhecimento da vizinhança, que se mobilizava para investigar a origem de tudo aquilo. As buscas foram em vão. Nada foi descoberto que revelasse a causa daquelas manifestações.
Comunicações - Mas, o dia 31 de março de 1848 reservava uma grande surpresa para a família Fox. Dirigindo-se para o quarto mais cedo, na tentativa de escapar do assédio noturno de que eram vítimas, todos foram para a cama. Mas o expediente de nada adiantou. Os barulhos sobrenaturais se repetiram. Na cama, as meninas imitaram os ruídos inexplicáveis, estalando os dedos.
- Aqui, seu velho pé-rachado, faça o que eu faço!
O desafio partiu da filha menor, Kate. Imediatamente, repetiu-se o mesmo som, como se alguém tivesse decidido participar da brincadeira. Kate gritou pela mãe. A cena repetiu-se, na sua presença, e assim o fizeram por várias vezes.
- Mamãe, amanhã é primeiro de abril e alguém deseja nos pregar uma mentira!
Margareth, a mãe das meninas, decidiu comprovar se havia ali - como ela já desconfiava há muito tempo - uma presença espiritual.
Comprovação - A mãe de Kate e Margareth pediu que fossem dadas batidas correspondentes à idade de seus filhos. Por sete vezes, Margareth recebeu as respostas certas, inclusive a idade relativa a um filho falecido com apenas três anos de idade. Surpreendida, perguntou se estava diante de um ser humano. Não ouvindo resposta, indagou novamente:
- É um espírito? Se for, bata duas vezes! As batidas foram ouvidas e Margareth continuou o interrogatório:
- Se foi alguém assassinado, bata duas vezes!
A resposta, veemente e afirmativa, provocou um tremor na casa.
- Foi assassinado nessa casa? O assassino ainda vive?
As batidas disseram que sim, confirmando o crime ali perpetuado e a informação de que o seu autor ainda pertencia ao mundo dos vivos.
Assassinato - A família Fox, perseverando no sistema rudimentar de comunicação com o Espírito, descobriu que ali havia sido assassinado, há cinco anos, o mascate Charles B. Rossman, do qual foram roubados 500 dólares e todos os seus pertences. Seu corpo foi enterrado na adega da casa, a dez pés de profundidade.
Margareth chamou seus vizinhos, e, por intermédio do código de batidas, as revelações foram confirmadas na presença de inúmeras testemunhas. O “morto” desejava apenas que seu corpo fosse enterrado e sua morte física registrada. Não nutria sentimentos de vingança contra aqueles que o assassinaram. A partir dessa data, a residência dos Fox perdeu, para sempre, sua privacidade. Vizinhos, desconhecidos, autoridades, viajantes que por ali passavam, queriam saber o que estava, de fato, acontecendo naquele local.
Margareth Fox não imaginava que, ao criar um código tão elementar de comunicação com os Espíritos, estaria contribuindo para uma celeuma que se estabeleceu em todo o país. Todos desejavam comunicar-se com os Espíritos, saber o que faziam, onde e como viviam, e pedir orientações sobre questões pessoais, das mais sérias às mais banais.
Escavações - No mês de abril, do mesmo ano, iniciaram-se as escavações na adega da casa, local indicado pelo Espírito. Na direção da busca, ouviam-se sons estranhos, como a indicar que a direção era aquela mesma. Mas, ao aprofundar-se a escavação, atingiu-se um lençol de água, que impediu a continuidade da busca. Uma comissão, colhendo depoimentos de todos, redigiu um documento histórico, Relatório dos ruídos misteriosos ouvidos na casa de Mister John D. Fox. Os ruídos continuaram, e já não eram emitidos apenas pelo mascate assassinado. Outros mortos manifestavam-se às suas famílias, não obstante o empenho de religiosos que desejavam afasta-los, exorcizando-os sem sucesso. Nesse meio tempo, os Espíritos solicitaram que se realizasse, na cidade próxima de Rochester - a cerca de 20 milhas de Hydesville - uma reunião pública, onde seriam levadas, ao conhecimento de todos, as manifestações do Além.
Receios - A proposta não agradou a ninguém. Os Fox resistiram à sua realização, receosos pela exposição das meninas em público, e os riscos aos quais poderiam, eventualmente, submeter-se. Diante da resistência de todos, os Espíritos silenciaram. Temerosos quanto ao final daquele fenômeno, todos se arrependeram, desejando reparar o erro cometido. Para alívio geral, iniciaram-se, novamente as comunicações. Orientado pelos Espíritos, o grupo que acompanhava a família Fox, prontificou-se a seguir as orientações e iniciou os preparativos para a apresentação em Rochester. No dia 14 de novembro do ano de 1849, no maior auditório da cidade, o Corinthian Hall, aconteceu uma grande reunião, cujo tema eram As Batidas de Hydesville. As manifestações dos Espíritos, um ano e sete meses depois do primeiro contato, ocupavam o noticiário dos jornais e também monopolizavam todas as conversas.
Acusações - Dividia-se a opinião pública, entre aqueles que aceitavam o fato como verdadeiro e aqueles que os atribuíam a invencionice de charlatões, exploradores de crianças inocentes. Se, na reunião do Corinthian Hall não houve unanimidade em favor da incontestável manifestação dos Espíritos, a mesma foi produtiva no sentido de incentivar, ainda mais, a divulgação dos fenômenos sobrenaturais. Comissões foram organizada. Submeteu-se as pequeninas Fox - agora acompanhadas pela irmã mais velha, Leah, casada, que ensinava música e se identificava como Ann L. Fish - a todo o tipo de precauções que se possa imaginar, no intuito de impedi-las a fraudar as manifestações. Suspeitava-se até que eram ventríloquas, suposição que - a exemplo das demais - não encontrou nenhuma comprovação. Posteriormente, aperfeiçoado o sistema das batidas, mas ainda se demonstrando um sistema rudimentar de comunicação, os Espíritos informaram que “as comunicações não se limitarão à família Fox, mas se espalharão pelo mundo”.
Viagens - Em 1850, a família Fox desembarcou em Nova York, hospedando-se no centro da cidade, no Hotel Barnum. As irmãs posaram para sua primeira foto juntas, gravada em litografia. Segundo os registros, ficaram deslumbradas com tantas novidades. Não imaginavam, no entanto, os testes humilhantes a que iriam ser submetidas para apurar-se a “charlatanice” de suas manifestações. A família Fox era acusada de provocar as batidas com o intuito de explorar as pessoas. A imprensa, por sua vez, carregou nas tintas ao identificar as manifestações como invencionice sem nenhuma comprovação científica, não obstante, entre suas fileiras, encontrar-se aqueles que acreditavam existir um real fundamento para tudo aquilo que insistia em continuar ocorrendo. Retornando a Rochester, a família Fox seguiu viagem pelo Oeste dos EUA. Como sempre, foram celebradas pelo povo e denunciadas pelos jornais. Apresentaram-se novamente em Nova York, e para lá se mudaram.
Europa - No ano de 1853 registrou-se, na Alemanha, na cidade de Bergzabern, na Baviera, por intermédio de Filipina Sanger, onze anos, filha de Pedro Sanger, os mesmos fenômenos das batidas ocorrido em Hydesville. Os fatos observados pela população ganharam registros na Gazeta de Augsburguer. A afirmação dos Espíritos, dando a ciência que as manifestações iriam ocorrer por todo o mundo, já se confirmava em vários locais. Em outras partes do mundo, crianças eram envolvidas em fenômenos idênticos aos das irmãs Fox. No mesmo ano de 1853, Hippolyte Leon Denizard Rivail - que adotaria posteriormente o pseudônimo de Allan Kardec - iniciava a observação do fenômeno dos Espíritos que se manifestavam por intermédio das “mesas girantes”, que mobilizava todas as atenções, não apenas em Paris, França, onde residia, mas por toda a Europa.
Espiritismo - Em 1857, Kardec lançava “O Livro dos Espíritos ”, em sua primeira versão, levando para a humanidade conhecimentos da Espiritualidade Maior acerca da existência do homem, de Deus, do Mundo dos Espíritos e das Leis Divinas que regem a humanidade. Os ensinamentos desta obra - e das demais que encontraram em Kardec seu organizador - foram recebidos mediúnicamente, em sessões coordenadas por ele. Em 1858, Kardec, o fundador da Doutrina Espírita, abria as portas da Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas e lançava, também, a Revista Espírita. Por outro lado, após uma breve permanência em Nova York, os Fox mudaram-se para a Inglaterra. As irmãs Fox lá permaneceram, durante muitos anos, encontrando um ambiente científico favorável aos estudos de suas manifestações. Retornaram aos EUA somente quando já idosas.
Museu - Em Hydesville, a antiga residência dos Fox transformou-se em uma espécie de museu, verdadeira propriedade pública, exposta à visitação, mais conhecida como “a casa maravilhosa”. Em 1904, por obra do acaso, escolares que estudavam em Hydesville, agora um recanto popular na memória de todos, descobriram, próximo da antiga residência dos Fox, ossos que imaginaram tratar-se do esqueleto de um animal. Informaram ao proprietário da casa, na época Willian H. Hyde.
Descobriu-se, em seguida, que a ossada pertencia a um corpo humano, ao lado da qual foram encontrados seus pertences. Soterrados junto aos escombros da antiga adega, estavam os restos mortais de Rossmann, o mascate assassinado, que em 1848 chamou a atenção dos Fox com batidas e pancadas. A descoberta, acidental, complementou aquela empreendida por David Fox, irmão das meninas, sete meses após a primeira tentativa, quando a água impediu a continuidade da busca.
Descobertas - David conseguiu encontrar, a cinco pés de profundidade, cobertos por uma taboa, carvão e cal, uma lata e vestígios de um corpo humano, assim identificado por um médico presente às escavações. Em 1916, sessenta e oito anos depois do primeiro entendimento com os Espíritos, Benjamin Barlett empreendeu a tarefa de remover a casa dos Fox, em Hydesville, para Lyli Dale, próxima dali. Mas, no ano de 1965, o museu onde se encontrava foi invadido - acredita-se que por fanáticos religiosos -, e a casa dos Fox, ali preservada, em exposição pública, foi queimada e, juntamente com ela, os vestígios do mascate Charles Rossaman. Marcando, definitivamente, a época da chamada Invasão Organizada dos Espíritos, os fenômenos de Hydesville provocaram, nos EUA e no mundo inteiro, o aparecimento de sociedades espiritualistas que, investigando o sobrenatural, encontraram nele a prova de que a morte não existe.
Liberto do corpo físico, o homem retorna ao Mundo Espiritual, pleno de vida e vigor, mantendo as mesmas características de que era possuidor anteriormente, a exemplo do mascate Charles Rosmann, o qual - como todo bom vendedor - não aceitava um não.
Adoro essas estórias.Quando são verdadeiras,melhor ainda.Gostei,parabéns ao blog!
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