A atriz Rita Hayworth tornou-se famosa vivendo nas telas o mito da mulher sensual. Em 1946, tornou-se deusa do amor interpretando o papel que lhe daria maior glória: Gilda.
Dali em diante foi sempre difícil para ela conseguir que as pessoas separassem Rita de Gilda. As pessoas a olhavam e a viam como Gilda, a personagem do filme.
Por isso mesmo, Rita chegou a se casar por sete vezes. Em suas entrevistas, ela dizia que jamais conseguira ser verdadeiramente amada.
Os homens procuram Gilda, namoram Gilda, casam-se com Gilda e depois descobrem que sou Rita, simplesmente Rita.
O que a famosa atriz queria dizer é que os homens não conseguiam vê-la como o ser humano, com defeitos, com desejos e anseios muito diferentes daqueles da personagem que interpretava no filme. Por isso, acabavam se desiludindo e abandonando-a.
Isso acontece muito. Trata-se do que Erich Fromm chama de amor sentimental. É o amor que só é experimentado em fantasia e não nas relações concretas com a pessoa, que é real.
Assim, homens e mulheres, que não se sentem felizes em seus casamentos, encontram satisfação no consumo de filmes, novelas, contos amorosos e canções de amor.
Comovem-se até às lágrimas quando participam da feliz ou infeliz história de amor do casal, na tela, como se fosse a sua própria história.
As mulheres que ficam aguardando um gesto de gentileza do marido, alguma atitude romântica e nada recebem, escolhem como seu ideal o galã da telenovela da atualidade.
Sim, aquele é um homem verdadeiramente gentil. Ele sabe elogiar o cabelo, a roupa nova da sua amada. Tem a capacidade de renunciar à companhia dos amigos para estar com ela. Manda flores, escreve e fala frases bonitas.
Assim também o homem que vê no papel da atriz o seu ideal de mulher e se torna espectador do amor alheio.
Vibra com tudo o que a cena lhe mostra, mas quando retorna à sua vida real, se torna frio.
No entanto, amar, antes de tudo, consiste em dar, não em receber.
E o que uma pessoa pode dar para outra? A mais importante maneira de dar não está nas coisas materiais, está em dar de si mesmo, do que tem de mais precioso, dar de sua vida.
Dar da sua alegria, da sua compreensão, da sua atenção, da sua tristeza, enfim, de todas as expressões e manifestações daquilo que vive em si.
* * *
O amor é de essência divina. Todos os homens, do primeiro ao último, têm, no fundo do coração, a centelha desse fogo sagrado.
O amor é o mais elevado dos sentimentos. É esse sol interior que reúne em seu ardente foco todas as aspirações sobre-humanas.
Quem ama encontra, todos os dias, razões para a própria felicidade que é, em síntese, a felicidade daqueles que ama.
Redação do Momento Espírita, com base nos caps. II e III, do
livro A arte de amar, de Erich Fromm, ed. Itatiaia e nos itens 8 e 9 do
cap. XI de O evangelho segundo o espiritismo, de Allan Kardec, ed.
Feb.
Em 4.7.2012.
Nenhum comentário:
Postar um comentário