Revista Cães & Cia, n. 309, fevereiro de 2005
Como outras raçãs caninas que entraram em moda, o Westie com sua atuação no filme Tainá II, em cartaz desde janeiro, está sujeito a atrair compradores por impulso. Alexandre Rossi comenta os riscos dos modismos com relação a pets
Muito pouco conhecido no Brasil até 1999, o West Highland White Terrier (Westie) teve, a partir de 2000, sua imagem incorporada à logomarca da empresa IG e divulgada por grandes campanhas publicitárias. A intensa exposição atraiu o interesse de muita gente pela raça. Naquela época, foram vendidos mais de 60 mil "IG"s de pelúcia. Três meses depois do início da campanha o preço do Westie havia triplicado. Posteriormente, vários Westies foram doados ou abandonados por compradores arrependidos da aquisição.
A moda e os cães
O fenômeno nada teve de novo. Alguns eventos específicos, como filmes e propagandas, podem desencadear a entrada de uma raça em moda. Foi o caso do Dálmata após filmes da Disney, principalmente nos Estados Unidos.
Um estudo de 2004, baseado nos registros dos últimos 50 anos do American Kennel Club e publicado na Royal Society´s Biology Letters confirmou que as pessoas escolhem as raças de cães mais por moda do que por atender às suas necessidades e estilos de vida. Infelizmente, com a popularização repentina de uma raça surgem vários problemas para ela.
Incompatibilidade e abandono
Pessoas influenciadas pela moda adquirem cães incompatíveis com suas necessidades e seu estilo de vida. Por isso, muitos desses cães são doados ou abandonados após algum tempo. O problema fica ainda mais sério se a imagem do herói da telona não condiz com o temperamento real da raça. Quando os Dálmatas entraram em moda, muitas pessoas os adquiriram acreditando que eram ideais para crianças (a raça foi desenvolvida para acompanhar e guardar carruagens, sendo por isso bastante ativa e protetora).
Problemas genéticos
Com o aumento da demanda, alguns maus criadores reproduzem os cães disponíveis, inclusive aqueles com problemas genéticos de saúde ou temperamento, repassando-os para as próximas gerações.
Outros males genéticos podem surgir se, a partir de poucos indivíduos, for gerada uma grande população. Nesse caso, ocorre a combinação entre genes muito semelhantes (homozigose), o que permite a expressão de genes recessivos bem como o aparecimento de problemas imunológicos ligados à homozigose.
Tainá II e o perigo para os Westies
O filme infantil lançado em janeiro - Tainá II - no qual um dos personagens principais é Boris, um Westie, pode contribuir para o aumento da popularidade da raça no Brasil. Creio que o desejo de ter um Westie é despertado em muita gente que assiste o filme. Boris é uma espécie de herói que brinca com diversas crianças, interage amistosamente com dezenas de bichos, é inteligente e carinhoso.
O que pode ser feito
Não devemos ser contra a participação de cães ou de outros animais em filmes e propagandas, desde que sejam dignamente tratados nessas produções. Devemos, sim, ser contra a aquisição irresponsável de um animal de estimação, seja ele qual for.
Primeiramente, procure se conscientizar de que o herói da telona é um personagem e não representa necessariamente a verdade sobre a raça. No caso do Tainá II, Boris foi interpretado por três Westies alternadamente, sendo que dois deles eram fêmeas!
Vendo o filme você pode ser levado a pensar que os Westies se dão muito bem com os animais em geral, já que Boris aparece brincando com diversos deles. As cenas foram feitas com muito cuidado e treinamento, pois os Westies são cães caçadores e os "Boris" teriam atacado os bichos se não tivessem sido preparados para a filmagem e supervisionados.
Por isso, não compre um Boris de verdade por impulso! Se você realmente se interessar pelo Westie, estude a raça e veja se ela é compatível com o seu estilo de vida. Procure bons canis e lembre-se que a posse de um cão é uma responsabilidade que pode se prolongar por mais de 15 anos. Muitas vezes, o melhor mesmo é se contentar com um Boris de pelúcia!
Você tem toda a razão! Tenho um Westie e posso afirmar que são cães ativos, brincalhões, com muita energia mas também são dóceis, companheirinhos, carinhosos e latem pouquissimo.
ResponderExcluirFica a dica para quem gosta da raça: você terá que reservar um tempinho do dia para ele mas certamente ele vai te cobrir de carinho e ser um campanheiro fiel.
Abraço!
Cláudia,
ResponderExcluirobrigado pela visita e "confirmação" do que o texto acima diz!!!
É muito legal "ouvir" de alguém que tem um pequenino dessa raça.
Assim, talvez quem leia este artigo, pense antes de comprar, pois nem todos possuem no seu dia a dia esse tempo.
Infelizmente as crianças se apaixonam por causa de filmes de os pais se esquecem que esses pequeninos não são brinquedos...
Abraxos...