O Museu Nacional de Belas Artes do Rio de Janeiro (MNBA) inaugura nesta quinta-feira a maior exposição de Marc Chagall já organizada no Brasil, com quase 300 obras de diversos períodos da vida do artista, entre pinturas, guaches, gravuras e esculturas, segundo os organizadores.
É a primeira mostra de Chagall no Brasil em 52 anos. A curadoria levou dois anos para organizar tudo, com um orçamento de 4,5 milhões de reais (2,6 milhões de dólares). A iniciativa faz parte do Ano da França no Brasil.
O grande destaque da mostra são três séries completas de desenhos, produzidos a partir de diferentes técnicas: "La Bible", com 105 águas-fortes, "Daphnis et Chloé", com 42 litografias, e "Les âmes mortes", com 107 gravuras.
A célebre série "La Bible" (A Bíblia), na qual Chagall trabalhou entre 1931 e 1939, traz histórias do Velho Testamento, como a saída dos judeus do Egito e a construção da arca de Noé, e retratos de seus personagens mais marcantes, como os três patriarcas e os reis Salomão, David e Saul.
Em "Les âmes mortes" (As almas mortas), Chagall ilustra em preto e branco o romance homônimo de Nicolai Gogol, ambientado na Rússia czarista com a qual o pintor, nascido na então Bielorrússia, tinha bastante familiaridade.
Já "Daphnis et Chloé" (Daphne e Chloé) é uma interpretação delicada e colorida da fábula pastoral grega escrita no século II pelo poeta Longus. Para produzir as litografias, em meados da década de 50, Chagall viajou duas vezes à Grécia em busca de inspiração.
Os cariocas também poderão ver 100 guaches e gravuras em metal da série que Chagall fez para ilustrar as fábulas de La Fontaine, produzida entre 1926 e 1927. Assim como a maioria das obras expostas, este conjunto foi encomendado pelo galerista Ambroise Vollard, que se tornou notório no mundo das artes por revelar nomes como Pablo Picasso, Henri Matisse, Paul Cezánne e Vincent Van Gogh.
"Marc Chagall foi um dos pioneiros da modernidade e um dos artistas mais notáveis de seu tempo", afirma Fabio Magalhães, curador da exposição.
A mostra passou primeiro pela cidade de Belo Horizonte, capital do estado de Minas Gerais (sudeste), onde contou com algumas obras que não puderam vir para o Rio. Entre elas, 17 quadros emprestados pelo Museu Tretyakov de Moscou, pinturas cedidas por colecionadores particulares brasileiros e italianos e duas esculturas em mármore vindas da Suíça, "Oiseau" (Pássaro) e "Poisson" (Peixe).
Por outro lado, o MNBA terá "Le char sur la ville" (A carroça sobre a cidade), óleo sobre tela de 1950 que não passou por Belo Horizonte.
"O Mundo Mágico de Marc Chagall - o Sonho e a Vida" poderá ser visitada no Rio até o dia 6 de dezembro.
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