Réplica de um manuscrito de 1590 mostra 'mascador de chicletes' asteca (Foto: Divulgação/Biblcioteca Medicea Laurenziana)
Um dos doces preferidos das crianças de hoje era também uma das diversões mais comuns das crianças astecas dos séculos XIV a XVI.
Mascar chicletes é um hábito antigo que, por muitos anos, envolveu um código rígido de conduta. A arqueóloga Jennifer Mathew, em seu recém-lançado livro "Chicle: The Chewing Gum of the Americas" ("Chiclete, a goma de mascar das Américas", inédito em português), mostra curiosidades dessa história e traça todo o percurso da substância que não acaba na boca.
Aparentemente descoberto pelos astecas e pelos maias, o chiclete pode ter origens ainda mais antigas. "Os exemplos mais remotos que temos da goma vêm da Mesopotâmia, começando no ano 9 mil AC. Encontramos resíduos de chiclete de bétula [feito de resina da planta ornalmental] em dentes de adolescentes da época”, afirmou Jennifer.
Os astecas mantinham uma disciplina rigorosa no assunto. Segundo Mathews, homens e mulheres casadas que mascavam goma em público eram considerados "repugnantes" - somente mulheres idosas e crianças poderiam fazê-lo. Documentos descrevem prostitutas que podiam ser identificadas pelo seu perfume forte e pelo som de suas bocas mascando chicletes.
Homens e mulheres que não cumprissem essas regras eram geralmente taxados de pervertidos. Eles sabiam do uso da goma para limpar os dentes - usavam também para acender fogo -, mas simplesmente não queriam que isso fosse feito em público.
O hábito continuou com a colonização e, aparentemente, o repúdio também. Em 1898, um jornal britânico noticiou que agentes da saúde estavam alertando contra a "goma de mascar americana" pela sua suposta periculosidade.
Anos depois, o revolucionário bolchevique Leon Trotsky disse que mascar chiclete era uma forma de o capitalismo fazer com que o homem trabalhasse sem pensar muito: "parece um ato religioso, como alguma reza para o Deus-Capital".
Nos anos 1848, um homem chamado John Curtis fundou nos EUA a primeira fábrica de chicletes, feitos da árvore de picea. Embora bom no começo, o sabor da goma ficava amargo depois de algum tempo na boca, e a moda não vingou.
O chiclete atual
A popularização do chiclete veio mesmo com a descoberta da substância extraída da árvore chamada sapoti - o chicle. O inventor da nova goma foi o americano Thomas Adams. Ao testar produtos com chicle (que ele conheceu por intermédio do ex-presidente mexicano Antonio López de Santa Ana, que visitou Nova York), em 1859, ele descobriu um novo tipo de chiclete, que passou a ser vendido na forma de pequenas bolas cinzentas sem sabor. Mais tarde, um outro tipo foi criado, com adição de açúcar, e teve uma aceitação maior.
Mas a pessoa que fez o chiclete "estourar" nas vendas foi mesmo William Wrigley Jr., um vendedor de sabonetes que percebeu que as pessoas adoravam quando ele colocava um "brinde", como um chiclete, nos produtos.
Logo ele ingressou no ramo e chegou a enviar um pacote de quatro chicletes de menta para todas as 1,5 milhões de pessoas da lista telefônica dos EUA. Sua fortuna foi depois avaliada em US$ 150 milhões - isso em 1898.
Na Segunda Guerra Mundial, o chiclete virou produto escasso - o Exército incluiu a goma na dieta dos soldados e o gosto pelo doce atingiu todos os lugares. A demanda pelo chicle aumentou e os produtores estavam extraindo mais do que o limite das árvores. E então vieram os chicletes sintéticos, feitos com uma goma que inclui produtos derivados do petróleo - as fábricas de goma não divulgam a receita pois é considerada segredo industrial. Atualmente, apenas duas empresas fazem o chiclete natural, como antigamente, e o vendem para uma clientela limitada.
OS EUA são hoje os maiores consumidores e produtores de chiclete. A indústria do chiclete movimenta US$ 19 bilhões por ano.
Mascar chicletes é um hábito antigo que, por muitos anos, envolveu um código rígido de conduta. A arqueóloga Jennifer Mathew, em seu recém-lançado livro "Chicle: The Chewing Gum of the Americas" ("Chiclete, a goma de mascar das Américas", inédito em português), mostra curiosidades dessa história e traça todo o percurso da substância que não acaba na boca.
Aparentemente descoberto pelos astecas e pelos maias, o chiclete pode ter origens ainda mais antigas. "Os exemplos mais remotos que temos da goma vêm da Mesopotâmia, começando no ano 9 mil AC. Encontramos resíduos de chiclete de bétula [feito de resina da planta ornalmental] em dentes de adolescentes da época”, afirmou Jennifer.
Os astecas mantinham uma disciplina rigorosa no assunto. Segundo Mathews, homens e mulheres casadas que mascavam goma em público eram considerados "repugnantes" - somente mulheres idosas e crianças poderiam fazê-lo. Documentos descrevem prostitutas que podiam ser identificadas pelo seu perfume forte e pelo som de suas bocas mascando chicletes.
Homens e mulheres que não cumprissem essas regras eram geralmente taxados de pervertidos. Eles sabiam do uso da goma para limpar os dentes - usavam também para acender fogo -, mas simplesmente não queriam que isso fosse feito em público.
O hábito continuou com a colonização e, aparentemente, o repúdio também. Em 1898, um jornal britânico noticiou que agentes da saúde estavam alertando contra a "goma de mascar americana" pela sua suposta periculosidade.
Anos depois, o revolucionário bolchevique Leon Trotsky disse que mascar chiclete era uma forma de o capitalismo fazer com que o homem trabalhasse sem pensar muito: "parece um ato religioso, como alguma reza para o Deus-Capital".
Nos anos 1848, um homem chamado John Curtis fundou nos EUA a primeira fábrica de chicletes, feitos da árvore de picea. Embora bom no começo, o sabor da goma ficava amargo depois de algum tempo na boca, e a moda não vingou.
O chiclete atual
A popularização do chiclete veio mesmo com a descoberta da substância extraída da árvore chamada sapoti - o chicle. O inventor da nova goma foi o americano Thomas Adams. Ao testar produtos com chicle (que ele conheceu por intermédio do ex-presidente mexicano Antonio López de Santa Ana, que visitou Nova York), em 1859, ele descobriu um novo tipo de chiclete, que passou a ser vendido na forma de pequenas bolas cinzentas sem sabor. Mais tarde, um outro tipo foi criado, com adição de açúcar, e teve uma aceitação maior.
Mas a pessoa que fez o chiclete "estourar" nas vendas foi mesmo William Wrigley Jr., um vendedor de sabonetes que percebeu que as pessoas adoravam quando ele colocava um "brinde", como um chiclete, nos produtos.
Logo ele ingressou no ramo e chegou a enviar um pacote de quatro chicletes de menta para todas as 1,5 milhões de pessoas da lista telefônica dos EUA. Sua fortuna foi depois avaliada em US$ 150 milhões - isso em 1898.
Na Segunda Guerra Mundial, o chiclete virou produto escasso - o Exército incluiu a goma na dieta dos soldados e o gosto pelo doce atingiu todos os lugares. A demanda pelo chicle aumentou e os produtores estavam extraindo mais do que o limite das árvores. E então vieram os chicletes sintéticos, feitos com uma goma que inclui produtos derivados do petróleo - as fábricas de goma não divulgam a receita pois é considerada segredo industrial. Atualmente, apenas duas empresas fazem o chiclete natural, como antigamente, e o vendem para uma clientela limitada.
OS EUA são hoje os maiores consumidores e produtores de chiclete. A indústria do chiclete movimenta US$ 19 bilhões por ano.
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