A altura de uma criança pode ser um indicador do seu estado de saúde. Com efeito, frequentemente, crianças doentes são mais baixas, porque crescem a um ritmo inferior ao normal para a sua idade. É, pois, legítimo que os pais, perante um filho de baixa estatura, se preocupem e procurem esclarecimento junto dos médicos.
Mas, o que é uma criança baixa?
A altura é um valor numérico que tem uma variação normal dentro de certos limites. Existem tabelas (sexo masculino; sexo feminino) que mostram os valores abaixo dos quais a altura de uma criança é anormal. No entanto, essas tabelas não estão muito divulgadas e geralmente o problema coloca-se aos pais quando começam a ver que o seu filho é o mais pequeno da turma ou quando o irmão ou os primos mais novos ficam mais altos. É esse o momento em que aparece o «problema».
Mas, será mesmo problema?
Antes de mais, convém dizer que a altura está condicionada de um modo geral pela altura dos pais. Assim, se os pais são baixos, não devem esperar ter filhos candidatos a jogadores de basquetebol.
Por outro lado, é muito importante saber o ritmo de crescimento da criança. Isto é, a velocidade de crescimento definida por número de centímetros de aumento divididos pelo tempo decorrido entre duas medições. Para que possa determinar-se é fundamental medir (registando o resultado) regularmente as crianças pelo menos uma vez por ano.
A velocidade de crescimento não é constante durante o período de desenvolvimento. Nos dois primeiros anos de vida, o ritmo de crescimento é muito rápido. Depois dos 2 anos e até ao início da puberdade, fase em que vai haver uma aceleração do ritmo, as crianças crescem cerca de 5 centímetros por ano. Se nesse período, uma criança estiver a crescer pelo menos 5 centímetros por ano, é quase seguro que não está doente. Quando isso se não verifica, deve consultar-se um médico.
No entanto, o início da puberdade é variável, havendo algumas crianças que tendem a iniciar mais tardiamente. É um problema sobretudo dos rapazes, que em determinada altura começam a ver que estão a ficar mais baixos do que os colegas da mesma idade e também começam a ficar preocupados devido à falta das transformações que o corpo sofre habitualmente neste período da vida. Na maior parte dos casos, aconteceu o mesmo aos pais ou a um irmão e o mais provável é que passado um ou dois anos tudo se transforme e o crescimento decorra finalmente sem problemas. Nestes casos, durante algum tempo, essas crianças começam a ficar mais baixas que os seus pares e isso pode ser fonte de desconforto quer para a criança quer para os pais. Na maior parte dos casos não há nenhum problema grave, porque a criança vai crescer até mais tarde e a altura final acabará por ser normal. É uma variante do normal, não é uma doença! No entanto, o aconselhamento com o médico de família ou com o pediatra é também recomendável.
Mais importante é o facto de em qualquer idade, uma criança ter simultaneamente baixa estatura e excesso de peso. Quando uma criança é pequena e obesa, pode haver um problema de saúde que muitas vezes pode ser tratado eficazmente. É pois, imperiosa a consulta de um técnico de saúde.
E quais são os problemas da pequena estatura?
Quando se está perante uma criança com estatura baixa, poderemos ter dois tipos de problemas: pode haver uma doença que faça a criança ser pequena ou a pequena estatura poderá causar problemas psicológicos à criança.
No primeiro caso, poderá dizer-se que todas as doenças crónicas (respiratórias, cardíacas, do tubo digestivo e renais) se podem acompanhar de estatura baixa. Mas neste caso, muitas vezes a pequena estatura nem chega a ser o problema que preocupa os pais ou a criança. A doença crónica é a principal preocupação! Contudo, nalguns casos mais raros, algumas doenças crónicas podem ter como primeira manifestação uma altura baixa.
Outras vezes, embora muito raramente, são perturbações adquiridas, geralmente relacionadas com problemas endócrinos, as causas da baixa estatura. Nestes casos, a velocidade de crescimento é inferior ao normal. O diagnóstico destas situações é importante, porque são geralmente doenças que podem tratar-se e que têm melhores resultados se detectadas mais precocemente.
Embora o senso comum leve a encarar a pequena estatura como uma circunstância desvantajosa e psicologicamente causadora de sofrimento nas crianças, a realidade é possivelmente diferente. Alguns estudos têm referido redução da auto-estima, problemas com a imagem corporal, dificuldades de socialização, perturbações comportamentais e maior morbilidade psicossocial nas crianças baixas. No entanto, um estudo feito no Reino Unido avaliou crianças entre os 5 e os 6 anos dividindo-as de acordo com a altura em baixas e de estatura normal. Estas crianças foram reobservadas, 6 anos depois e verificou-se que não havia diferenças na auto-estima ou nos comportamentos entre os dois grupos. Contudo, as crianças baixas apresentavam níveis de inteligência inferiores e mais problemas com a aprendizagem da leitura e da aritmética. Mas, curiosamente, estas alterações estavam mais relacionadas com a classe social de origem e não tanto com a estatura. Por isso, possivelmente, para corrigir as desvantagens das crianças baixas, a preocupação principal não deverá ser corrigir as suas diferenças de altura, mas sobretudo procurar eliminar outros tipo de diferenças.
Os meus filhos podem ser maiores se tomarem hormonas?
Cada vez mais se vai ouvindo falar que os tratamentos com certas hormonas, sobretudo com hormona do crescimento, podem corrigir a baixa estatura. É pois normal que as pessoas procurem melhorar a estatura dos filhos recorrendo aos médicos para que seja feito um tratamento com «hormonas».
Mas, a realidade é bastante diferente: o tratamento com hormona de crescimento só está indicado quando o organismo não tem possibilidade de a produzir, isto é, quando há uma deficiência de secreção ou quando há uma resistência à acção da hormona, por exemplo, na chamada síndrome de Turner, uma doença genética ou nalgumas crianças que têm insuficiência renal. São todas situações extremamente raras! Por isso, para a maior parte das crianças pequenas (as baixas estaturas familiares e os atrasos da puberdade), há que ter a satisfação de serem saudáveis apesar de baixas e não ter expectativas infundadas relacionadas com tratamentos com hormonas, ainda que se chamem do «crescimento».
Pelo Dr. Fernando Baptista
Mas, o que é uma criança baixa?
A altura é um valor numérico que tem uma variação normal dentro de certos limites. Existem tabelas (sexo masculino; sexo feminino) que mostram os valores abaixo dos quais a altura de uma criança é anormal. No entanto, essas tabelas não estão muito divulgadas e geralmente o problema coloca-se aos pais quando começam a ver que o seu filho é o mais pequeno da turma ou quando o irmão ou os primos mais novos ficam mais altos. É esse o momento em que aparece o «problema».
Mas, será mesmo problema?
Antes de mais, convém dizer que a altura está condicionada de um modo geral pela altura dos pais. Assim, se os pais são baixos, não devem esperar ter filhos candidatos a jogadores de basquetebol.
Por outro lado, é muito importante saber o ritmo de crescimento da criança. Isto é, a velocidade de crescimento definida por número de centímetros de aumento divididos pelo tempo decorrido entre duas medições. Para que possa determinar-se é fundamental medir (registando o resultado) regularmente as crianças pelo menos uma vez por ano.
A velocidade de crescimento não é constante durante o período de desenvolvimento. Nos dois primeiros anos de vida, o ritmo de crescimento é muito rápido. Depois dos 2 anos e até ao início da puberdade, fase em que vai haver uma aceleração do ritmo, as crianças crescem cerca de 5 centímetros por ano. Se nesse período, uma criança estiver a crescer pelo menos 5 centímetros por ano, é quase seguro que não está doente. Quando isso se não verifica, deve consultar-se um médico.
No entanto, o início da puberdade é variável, havendo algumas crianças que tendem a iniciar mais tardiamente. É um problema sobretudo dos rapazes, que em determinada altura começam a ver que estão a ficar mais baixos do que os colegas da mesma idade e também começam a ficar preocupados devido à falta das transformações que o corpo sofre habitualmente neste período da vida. Na maior parte dos casos, aconteceu o mesmo aos pais ou a um irmão e o mais provável é que passado um ou dois anos tudo se transforme e o crescimento decorra finalmente sem problemas. Nestes casos, durante algum tempo, essas crianças começam a ficar mais baixas que os seus pares e isso pode ser fonte de desconforto quer para a criança quer para os pais. Na maior parte dos casos não há nenhum problema grave, porque a criança vai crescer até mais tarde e a altura final acabará por ser normal. É uma variante do normal, não é uma doença! No entanto, o aconselhamento com o médico de família ou com o pediatra é também recomendável.
Mais importante é o facto de em qualquer idade, uma criança ter simultaneamente baixa estatura e excesso de peso. Quando uma criança é pequena e obesa, pode haver um problema de saúde que muitas vezes pode ser tratado eficazmente. É pois, imperiosa a consulta de um técnico de saúde.
E quais são os problemas da pequena estatura?
Quando se está perante uma criança com estatura baixa, poderemos ter dois tipos de problemas: pode haver uma doença que faça a criança ser pequena ou a pequena estatura poderá causar problemas psicológicos à criança.
No primeiro caso, poderá dizer-se que todas as doenças crónicas (respiratórias, cardíacas, do tubo digestivo e renais) se podem acompanhar de estatura baixa. Mas neste caso, muitas vezes a pequena estatura nem chega a ser o problema que preocupa os pais ou a criança. A doença crónica é a principal preocupação! Contudo, nalguns casos mais raros, algumas doenças crónicas podem ter como primeira manifestação uma altura baixa.
Outras vezes, embora muito raramente, são perturbações adquiridas, geralmente relacionadas com problemas endócrinos, as causas da baixa estatura. Nestes casos, a velocidade de crescimento é inferior ao normal. O diagnóstico destas situações é importante, porque são geralmente doenças que podem tratar-se e que têm melhores resultados se detectadas mais precocemente.
Embora o senso comum leve a encarar a pequena estatura como uma circunstância desvantajosa e psicologicamente causadora de sofrimento nas crianças, a realidade é possivelmente diferente. Alguns estudos têm referido redução da auto-estima, problemas com a imagem corporal, dificuldades de socialização, perturbações comportamentais e maior morbilidade psicossocial nas crianças baixas. No entanto, um estudo feito no Reino Unido avaliou crianças entre os 5 e os 6 anos dividindo-as de acordo com a altura em baixas e de estatura normal. Estas crianças foram reobservadas, 6 anos depois e verificou-se que não havia diferenças na auto-estima ou nos comportamentos entre os dois grupos. Contudo, as crianças baixas apresentavam níveis de inteligência inferiores e mais problemas com a aprendizagem da leitura e da aritmética. Mas, curiosamente, estas alterações estavam mais relacionadas com a classe social de origem e não tanto com a estatura. Por isso, possivelmente, para corrigir as desvantagens das crianças baixas, a preocupação principal não deverá ser corrigir as suas diferenças de altura, mas sobretudo procurar eliminar outros tipo de diferenças.
Os meus filhos podem ser maiores se tomarem hormonas?
Cada vez mais se vai ouvindo falar que os tratamentos com certas hormonas, sobretudo com hormona do crescimento, podem corrigir a baixa estatura. É pois normal que as pessoas procurem melhorar a estatura dos filhos recorrendo aos médicos para que seja feito um tratamento com «hormonas».
Mas, a realidade é bastante diferente: o tratamento com hormona de crescimento só está indicado quando o organismo não tem possibilidade de a produzir, isto é, quando há uma deficiência de secreção ou quando há uma resistência à acção da hormona, por exemplo, na chamada síndrome de Turner, uma doença genética ou nalgumas crianças que têm insuficiência renal. São todas situações extremamente raras! Por isso, para a maior parte das crianças pequenas (as baixas estaturas familiares e os atrasos da puberdade), há que ter a satisfação de serem saudáveis apesar de baixas e não ter expectativas infundadas relacionadas com tratamentos com hormonas, ainda que se chamem do «crescimento».
Pelo Dr. Fernando Baptista
adorei a pesquisa tidolo
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