quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Como apresentar o cão ao gato e vice-versa


Revista Cães & Cia, n. 321, fevereiro de 2006

Alexandre Rossi ensina como fazer a apresentação entre cão e gato, mesmo quando o cão tiver forte instinto caçador. A técnica ajuda a obter um convívio pacífico evitando acidentes e com respeito ao estado emocional do felino

Na maioria das vezes, é possível obter convivência pacífica entre cães e gatos. Mas é preciso saber apresentar um ao outro. Ainda mais se ambos forem adultos. Sem adotar uma técnica adequada, o estresse poderá resultar em ataque com risco de vida para o gato e de feridas para o cão, que pode até ficar cego.

Sem pressa
A aproximação deve ser sempre gradual. Como numa terapia, o cão precisa aprender a controlar seus instintos de caça. O gato, por sua vez, precisa perder o medo de um dos seus principais predadores. E o animal que já vive na casa quando o novato chega tem de aceitar a "invasão" de seu território. Essa "terapia", para dar certo, pode demorar uma semana ou vários meses. O importante é haver avanços sem expor os animais a riscos excessivos.

De olho no estresse
Reserve uma área da casa na qual o gato ou os vários gatos se sintam completamente seguros. Coloque nela água, comida, "cama" e, mais afastada, a caixa de areia. Se nessa área, que serve para garantir o relaxamento felino, o gato não se alimentar, não dormir ou não fizer as necessidades normalmente, é possível que o programa de adaptação esteja causando estresse a ele e acabe por prejudicar sua saúde.

Segurança
A aproximação deve ser feita com controle máximo. O cão fica contido na guia e o gato é posto numa caixa de transporte ou numa gaiola, para não haver risco de sair correndo e estimular o cão a persegui-lo.

A simples proximidade dos dois é valiosa para a "terapia" fazer efeito. A distância entre ambos deve ser tal que o gato não entre em pânico e que o cão consiga controlar a agressividade predatória. Pode-se tentar inicialmente mantê-los a cinco metros um do outro, por exemplo. Durante a sessão, ofereça guloseimas e brinquedos ao gato e ao cão.

Isso os distrairá e fará que relacionem o outro a algo prazeroso. Com o tempo, o cão transferirá seu principal interesse para os petiscos e os brinquedos. E o gato se mostrará tranqüilo na caixa de transporte, mesmo quando o cão estiver bem próximo. A duração e a freqüência de cada sessão podem variar. De modo geral, quanto maiores ambas forem, melhor, desde que seja sempre respeitado o bem-estar do gato.

Soltando o gato
Quando o gato estiver brincando durante as sessões, é porque está ficando relaxado na presença do cão. A soltura, inicialmente, será apenas do gato. O ideal é fazê-la numa área pequena, como um quarto, para reduzir a possibilidade de o gato sair correndo, o que estimularia o instinto de caça do cão.

Com o cão na coleira, abrimos a caixa de transporte. Permitimos que o gato saia, sem forçá-lo. Enquanto o gato estiver solto, o cão fica na guia. Como medida de segurança, convém estar com um borrifador de água para, se houver tentativa de ataque por parte do gato, inibi-lo com borrifos. Repita a sessão em diferentes ocasiões.

Quando o cão e o gato se mostrarem totalmente confortáveis na presença um do outro, use uma guia mais longa no cão. Solte o gato em ambientes cada vez maiores, sempre mantendo o cão na guia.

Tolerância zero
Repreenda o cão de imediato se ele esboçar intenção de perseguir o gato. Fique especialmente atento nas primeiras corridas. Nunca deve ser permitido que o cão assuste o gato, independentemente da intenção: brincar, cheirar ou atacar. O cão pego nessas situações ou em outras que intimidem o gato, como olhar fixamente para o felino, correr na direção dele ou obstruir a passagem dele, deve ser advertido com uma bronca, um tranco na coleira ou outra situação desagradável. Ao inibir o comportamento do cão, precisamos ser eficazes sem assustar o gato.

Liberdade total
Só deixe o gato e o cão totalmente livres, sem supervisão, quando a convivência entre eles estiver totalmente tranqüila. Em casas com vários cães, a situação sempre será bem mais perigosa. Um cão pode estimular o instinto de caça e de competição do outro. Quando houver mais de um gato ou cão na casa, a aproximação será feita individualmente, apresentando-se um gato a um cão de cada vez.

Anti-virus gratuito da Microsoft disponível a partir de hoje


A Microsoft tornou pública hoje a primeira versão não-beta do seu próprio programa anti-virus. Conhecido anteriormente por Morro, o Microsoft Security Essentials vêm para substituir o obscuro One Care, que foi descontinuado em Junho, sem que ninguém desse a menor falta dele.

O novo programa é gratuito e se integra bem ao Windows, como era de se esperar. A promessa é de manter vírus, spywares e porcarias em geral longe do computador, com proteção em tempo real. Para completar o programa é gratuito, desde que sua cópia do Windows seja original. Piratas de plantão estão de fora, por enquanto. O programa e as instruções de uso e instalação já estão disponíveis em português (e mais 18 línguas), no site da Microsoft. Windows XP, Vista e 7 são suportados.

Ranking dos países com maior número de computadores infectados


Está usando um PC? Está no Brasil? Então as chances de que você esteja usando uma máquina infectada por algum tipo de vírus ou malware é de 61,48%. Claro que eu sei que a média entre nossos espertos leitores será muito menor do que essa, mas é só para quebrar o gelo.

Segundo uma lista publicada pela Panda Security o Brasil é o sexto país com maior número de computadores infectados, um título nada positivo para nosso país. Bem, pelo menos não estamos em Taiwan, o primeiro lugar da lista, com quase 70% de infecção. Mas mesmo estando em sexto lugar é impressionante pensar 6 em 10 PCs aqui no país estão infectados.

Os sortudos da lista são a Noruega e a Suécia, que além de serem os últimos da lista, ainda estão cheio de loiras. Mesmo assim ainda é são números altos.

Osaka envia Sino da Paz para São Paulo


A réplica do sino de Osaka partiu para São Paulo no dia 4

A cidade de Osaka enviou uma réplica do seu Sino da Paz para São Paulo em comemoração aos 40 anos de irmandade entre as duas metrópoles, informou na segunda-feira (28) a agência Kyodo. Osaka e São Paulo são cidades irmãs.

Oigo Seisakusho, que criou vários sinos da paz para lembrar o lançamento das bombas atômicas sobre Hiroshima e Nagasaki durante a Segunda Guerra Mundial, fez a réplica do sino da cidade de Osaka.

O presente de 40 centímetros de altura e pesando 45 quilos foi enviado pela prefeitura de Osaka para São Paulo no dia 4 de setembro.

Segundo Seisakusho, o objetivo é aumentar o número de sinos em todo o mundo a fim de celebrar a paz. Ele criou mais de cem sinos nos últimos 50 anos para serem distribuídos às cidades como símbolo de amizade.

Viva Brasil Day 2009 em Toyota


Intercâmbio cultural entre brasileiros e japoneses em Toyota

A Associação Internacional de Toyota promove o intercâmbio cultural entre brasileiros e japoneses de forma descontraída com apresentações de música brasileira e wadaiko (tambor japonês), estande de empregos, workshop de estética e dança e muito mais.

Horário: 10h às 16h
Entrada: gratuita

Data e Hora de Início :
03/10/2009 10:00

Local:
Toyota Stadium

Endereço:
Aichi-ken Toyota-shi Sengoku-cho 7-2

Cidade:
Japão - Aichi - Toyota -

Informações Adicionais:

Acesso: próximo das estações de Toyota-shi da linha Meitetsu Toyota e de Shin Toyota da Acihi Kanjo Tetsudo

Contato: tnishikawa@anbrt.org (Nishikawa)

Telefone:
090-5007-3628

terça-feira, 29 de setembro de 2009

Apaixone-se


Sempre que um novo dia amanhece e os nossos sentidos buscam captar as belezas que nos cercam, temos vontade de abrir as janelas da alma e inspirar com força a brisa fresca que brinca com a folhagem verde.

Sempre que um novo ano se apresenta fazemos planos para novas realizações.

No entanto, muitos não abriram os olhos físicos para saudar o ano que se inicia ou termina, nem para contemplar o alvorecer do dia de hoje ou despedir-se do sol, quando o crepúsculo enfeita a noite com seu manto negro bordado de estrelas...

Mas você está vivo!

E quando muitos não percebem sequer os canteiros floridos onde as borboletas bailam e o gramado se espreguiça, estendido como um tapete verde e macio, convidando a brincar...

E enquanto outros saem apressados para suas atividades do dia, sem se dar conta de que hoje é o nosso melhor momento, um poeta se deteve para escrever este belo conselho em forma de poema:

Apaixone-se pelo mistério que nos cerca, pelo ar que você respira, pelas árvores e pelas estrelas.

Olhe com atenção para as flores. A visão é antes uma ação do cérebro que dos olhos.

Ouça o vento nas folhas, o canto dos pássaros e o tagarelar das crianças.

O ouvir é uma arte que depende mais da mente que do ouvido. Olhos e ouvidos são canais fantásticos que levam mensagens até você; eles serão inúteis se, em sua alma, não habitar a vontade de ver e de ouvir.

Apaixone-se por sua capacidade de se autotransformar para melhor. Você é um pouco deus na exata medida em que pode, por sua própria vontade e determinação, construir uma pessoa melhor.

O caminho da perfeição é infinito, mas cada passo nesta estrada é fonte cristalina de pura felicidade.

Ninguém é tão miserável que não possa dar um primeiro passo na direção certa, assim como ninguém é tão perfeito que já não precise caminhar.

Apaixone-se pelo saber, devore livros, raciocine, converse com pessoas inteligentes, ouça boas músicas, olhe com atenção para as obras de arte.

Os artistas, os filósofos, os poetas, os cientistas veem, ouvem e sentem mais que a maioria dos homens, e é mister aprender com eles.

Pergunte, discuta, descubra, polemize, investigue, faça experiências.

Dê o melhor de seu esforço em tudo o que faz. Ajude seu próximo e sua comunidade e descobrirá o verdadeiro significado das palavras “é dando que se recebe”.

Receberá em moeda divina, receberá em dignidade, sensibilidade, grandeza de Espírito e amor-próprio.

Trabalhe com o cérebro e com as mãos. Transforme o mundo em um lugar melhor para se viver.

Não polua, proteja a natureza, conserte sua calçada, plante flores em sua casa e em sua rua.

Lembre-se sempre de que cada atitude sua, cada movimento seu, será sempre na direção do bem ou do mal. Seu, de seus semelhantes ou de seu mundo.

Apaixone-se pelo progresso, por sua capacidade de se transformar e de transformar o mundo.

Apaixone-se por uma pessoa que ainda vai nascer.

Uma pessoa capaz de fazer perguntas, como Aristóteles ou Platão, capaz de ouvir, como Vivaldi ou Verdi, capaz de ver a natureza, como Van Gogh ou Renoir e tantos outros, capaz de usar as mãos com a habilidade de um Rodin ou de um Michelangelo.

Apaixone-se pela tarefa de ser parteiro de si mesmo, pela missão de dar-se à luz por vontade própria.

Apaixone-se por você amanhã.

Mas faça isso, enquanto é hoje...

Redação do Momento Espírita, com base em artigo de Oriovisto
Guimarães, publicado no Jornal Gazeta do Povo, em 06/01/2005.
Disponível no CD Momento Espírita, v. 10, ed. Fep.
Em 11.05.2009.

O Idioma Japonês


O idioma japonês é derivado do chinês, mas não é igual. O japonês é formado por três escritas diferentes: o hiragana, o katakana e o kanji. O chinês utiliza apenas o kanji, que é ideograma, ou seja, cada kanji tem um significado próprio por si. A escrita do kanji japonês muitas vezes é semelhante ao do chinês, mas o som é bem diferente.

O hiragana existe para ligar os kanjis, para dar fluência vocal, mas é possível escrever tudo em hiragana sem usar o kanji, tal qual o fazemos com o alfabeto romano. Exemplo: A-RI-GA-TO-U.

Já o katakana é utilizado para designar nomes ou palavras do estrangeiro. Por exemplo, “Portugal”, seria escrito em katakana, como “Porutogaru”. Senna, outro exemplo, seria escrito em katakana, como “Sena”. Como não é possível dispor das letras para obter som exatamente igual, há uma tentativa de aproximação com regras próprias.

Como o kanji é composto por mais de 7 mil ideogramas, o site está colocando em forma de tabela, o hiragana e o katakana, com os respectivos sons. Para escrever “katana”, por exemplo, clique na tabela abaixo e veja o alfabeto romano (romaji) e descubra o correspondente em hiragana. Ficará: KA-TA-NA

Mais de 2 bilhões de downloads na Apple Store

As cinco maravilhas que comentamos recentemente no mundo dos games para iPod Touch são apenas um pequeno exemplo do que pode se encontrar na enorme Appstore que, conforme anunciado pela Apple hoje, já conta com mais de 85.000 aplicações para iPhone e iPod touch somando mais de 2 bilhões de downloads.

Mais de 135.000 desenvolvedores preocupados em ampliar esses números com programas de todo tipo são os responsáveis da maior loja de aplicações do mundo. Nos últimos quatro meses foram baixadas meio bilhão delas, o que mostra um crescimento exponencial impressionante.

A loja permite a clientes de 77 países diferentes acessar programas classificados em 20 categorias diferentes, incluindo jogos, negócios, notícias, esporte, saúde e viagens.

Amanteigado de laranja


Ingredientes

* 4 xícaras de chá de farinha de trigo
* 3 colheres de chá de fermento em pó
* 1/2 colher de chá de sal
* 200 gr de manteiga
* 1 xícara de chá de açucar
* 1 ovo
* 1 colher de chá de raspas de laranja


Modo de Preparo

1. Bata a manteiga com o açucar até ficar cremosa.
2. Junte o ovo inteiri e a raspa da laranja, continuando a bater.
3. Misture então a farinha, o fermento e o sal até obter uma massa bem homogênea.
4. Faça os biscoitinhos enrolando-os com as mãos enfarinhadas.
5. Coloque em tabuleiro sem ser untado, forno moderado, até dourar.

O que molda o comportamento dos cães


Revista Cães e Cia, n. 327, agosto de 2006

Diversos fatores podem influenciar o modo como um cão age. Saiba quais são

Raça ou criação?
A pergunta que mais ouço é: o que determina o comportamento de um cão? A raça ou o modo de criá-lo? A resposta quase sempre frustra porque não é simples. As pessoas gostariam que ela fosse simples e, de preferência, que confirmasse o que pensam. Mas a tentativa de simplificá-la demais pode resultar em preconceitos relacionados com o comportamento das pessoas ou das raças de cães.

Temperamento
Podemos dizer que o temperamento reflete a maneira como o cão sente as coisas. Reações como medo, curiosidade e agressividade diante de um estranho são influenciadas pelo temperamento. Um cão medroso, por exemplo, tenderá a se encolher diante de situações novas ou que considere perigosas. A partir de uma pequena diferença de temperamento, podem ser desenvolvidos comportamentos completamente distintos.
Entre dois cães que têm medo de outros cães, um poderá ficar mais medroso se nunca interagir com exemplares da espécie e o outro poderá, aos poucos, perder a fobia caso passe por experiências positivas. Da mesma forma, se dois cães ficarem atrás de um portão em ocasiões diferentes, o mais agressivo poderá se sentir provocado pelos passantes que se assustam ao vê-lo, enquanto o mais dócil poderá receber carinho dessas pessoas. Com o tempo, as diferenças entre os dois ficarão mais evidentes. Um se tornará bem agressivo e o outro, bastante dócil.

Tipos de temperamento
O maior estudo que conheço sobre a classificação de cães por tipos de temperamento levou em consideração mais de 15.000 exemplares. Foram determinadas as seguintes classes: brincalhões, curiosos ou medrosos, interessados em perseguir coisas, sociáveis e agressivos.
De acordo com as classes de temperamento nas quais um cão se enquadra, é possível saber como ele se comportará diante de estímulos. Por exemplo, um cão brincalhão e medroso brincará quando estiver em lugar conhecido, mas ficará acuado em ambiente desconhecido.

Efeitos da raça
Na média, cães de raças diferentes podem ter comportamentos distintos. Muitos mais Labradores correm atrás de bolinhas do que Akitas. Por quê? Porque, na média, correr atrás de objetos é mais típico do temperamento dos Labradores. Goldens Retrievers costumam ser mais sociáveis com estranhos do que Rottweilers. Portanto, a raça à qual o cão pertence pode ter, sim, influência no comportamento.
Mas há muitas exceções. Sempre que definimos o temperamento de uma raça, devemos ter em mente que é na média. Em nenhuma raça todos os indivíduos têm o mesmo temperamento. Rottweilers mansos e Goldens Retrievers agressivos não são tão raros quanto se costuma imaginar.

Educação e ambiente
Não devemos subestimar o poder do ambiente sobre o comportamento dos animais. Um cão pode aprender a controlar o temperamento agressivo ao receber educação. O exemplar de temperamento medroso pode deixar de temer gente se tiver contato com muitas pessoas de maneira correta e se as associar a coisas boas. É possível mudar com facilidade alguns comportamentos pela educação, mas outros são dificílimos de alterar. Transformar em corajoso um cão com temperamento medroso, quando possível, exige muito trabalho.
Quanto antes se percebe como é o temperamento de um cão, tanto maiores as chances de controlar sua influência sobre o comportamento dele. Essa avaliação, em conjunto com a adoção de um programa específico de adestramento, pode ajudar a evitar problemas futuros para o cão e para a família.

Função original
Parece óbvio que cães de guarda sejam mais agressivos e que cães de caça gostem de perseguir coisas, por exemplo. Mas, por mais estranho que possa parecer, não é o que demonstram os estudos recentes sobre comportamento. Ou seja, dizer que uma raça tem este ou aquele temperamento por causa do grupo em que está inserida -- guarda, caça, etc. --, já era! A explicação mais plausível é que, nas últimas décadas, a seleção artificial feita pelo ser humano modificou muitas aptidões originais de raças. Como exemplo, podemos citar Dobermanns guias de cego nos Estados Unidos, função na qual o cão não pode demonstrar nenhuma agressividade, apesar de o Dobermann ter sido desenvolvido inicialmente para atuar na guarda.

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Japão e a Bomba Atômica



BOMBA ATÔMICA - GENSHIBAKUDAN

A bomba atômica é um ícone da Era Contemporânea. Ela não foi criada pelos japoneses, mas foi no Japão que ela foi pela primeira vez usada contra pessoas, durante a 2ª Guerra Mundial, em agosto de 1945. Desde então a bomba atômica tornou-se símbolo negativo do engenho humano e brinquedo predileto almejado por líderes políticos do mundo, sendo que o povo japonês detém até hoje o trágico recorde de ter sido a única nação a experimentar na carne os efeitos de um bombardeio atômico. O que é a bomba atômica e como ela se incorporou à cultura de um povo é algo que Cristiane A. Sato, colaboradora do CULTURA JAPONESA, apresentará nesta matéria.

AVISO: Esta matéria contém algumas imagens de forte impacto. Recomenda-se ao leitor discernimento ao prosseguir na consulta. Para ver as fotos, clique aqui.

6 DE AGOSTO

Na história da humanidade poucas efemérides são tão importantes, ou celebradas com tanta tristeza como a data de 6 de agosto.

Em 6 de agosto de 1945, a primeira bomba atômica feita pelo homem e usada contra a própria humanidade explodiu na cidade japonesa de Hiroshima. Em 9 de agosto de 1945, foi a vez de outra cidade: Nagasaki - a maior comunidade cristã do Japão. Estima-se que 70 mil pessoas morreram na hora ou poucas horas depois das explosões. Outras 130 mil morreram nos 5 anos subseqüentes, em função de ferimentos e doenças causadas pela exposição à radiação. Assim, calcula-se que 200 mil pessoas teriam sido o custo pago pela passagem da humanidade para a Era Nuclear, mas estas são cifras mínimas estimadas. A verdade é que nunca se saberá ao certo quantas centenas de milhares de vidas foram tomadas ou afetadas para sempre com apenas duas explosões.

Todos os anos, no dia 6 de agosto em Hiroshima, e 9 de agosto em Nagasaki, são realizadas enormes cerimônias em memória aos mortos das bombas atômicas, com a presença do Imperador e da Imperatriz. As cidades podem ter sido reconstruídas, mas o trauma é permanente. Cada um dos sobreviventes tem uma história de dor e terror, e uma tristeza que nunca desaparece. Muitos não conseguem sequer falar sobre o assunto, mesmo décadas depois. Os poucos que conseguem, mesmo após tanto tempo, não conseguem evitar a voz trêmula e as lágrimas. Em comum, cada hibakusha (sobrevivente da bomba) tem a esperança de que aquilo que aconteceu com eles nunca mais se repita.

Antes da Bomba

Numa época em que a ameaça de que a tecnologia das armas nucleares caia em mãos de grupos extremistas terroristas, e na qual um crescente número de nações almeja a posse de tal tecnologia, apesar dos já conhecidos enormes riscos e poucos benefícios que a energia nuclear oferece, é essencial relembrar Hiroshima e Nagasaki. Paz mundial não é uma utopia, mas uma necessidade para a sobrevivência da humanidade. O slogan "Hiroshima Nunca Mais" permanece tão atual quanto na época em que foi criado.


Escrever sobre a Bomba Atômica possui dois aspectos distintos, como no filme "Titanic". Assim, neste artigo, o assunto está dividido em duas partes - uma objetiva e outra subjetiva, como no filme. A primeira parte, de caráter mais técnico e histórico, trata da bomba em si e de detalhes do bombardeio. A segunda parte trata do impacto humano, de histórias e questões dos sobreviventes, e de como a bomba gerou questionamentos éticos e políticos até nossos dias, incorporando-se à cultura contemporânea.

BREVE HISTÓRIA DA BOMBA ATÔMICA

O texto a seguir foi compilado do livro "História em Revista - A Arte da Guerra", publicado pela Time-Life e Abril Livros em 1993.

"Desde os primeiros anos do século XX, os cientistas sabiam que poderosas forças habitavam o mundo invisível do átomo. Em 1938, dois cientistas alemães conseguiram romper o núcleo do maior átomo da natureza: o do urânio. Nesse processo, houve desprendimento de energia - numa quantidade imensamente maior do que a gerada por reações químicas. (Cálculos subseqüentes indicaram que a fissão nuclear, como o processo de ruptura do núcleo do átomo ficou conhecido, podia produzir 40 milhões de vezes mais energia do que o máximo obtido por meios químicos, inclusive a combustão das bombas convencionais).

Após a Bomba

Notícias do que os alemães haviam conseguido espalharam-se rapidamente e em breve os físicos da Inglaterra, França, Estados Unidos e Japão engajavam-se em experiências similares. Em 1939, na Universidade de Columbia, na cidade de Nova York, Leo Szilard, refugiado húngaro que abandonara seu país para escapar aos nazistas, demonstrou que a fissão nuclear liberava nêutrons, partículas subatômicas que podem romper o núcleo de outros átomos, liberando ainda mais nêutrons - e assim por diante, em uma reação em cadeia auto-sustentável. "Nessa noite", afirmou Szilard, "eu soube que o mundo se cobriria de tristeza".

Entretanto, logo os físicos descobriram que a fissão auto-sustentável só era possível com o U-235, um isótopo que constituía uma ínfima fração do urânio de ocorrência natural, ou com um novo elemento chamado plutônio, que podia ser criado bombardeando com nêutrons o principal isótopo de urânio, o U-238. A obtenção de quantidades significativas de qualquer das duas substâncias propunha um problema incrívelmente difícil à física, à química e à engenharia. Durante os anos da guerra, somente os Estados Unidos dispunham de recursos e de meios científicos (sem contar a capacidade intelectual de dezenas de físicos que haviam fugido ao nazismo) para a tarefa. O esforço americano, conhecido como Projeto Manhattan, custou mais de 2 bilhões de dólares e, em seu auge, empregou mais de 600 mil pessoas, trabalhando sob condições cuidadosamente planejadas para manter o segredo.


Às 5:30 do dia 16 de julho de 1945, uma bomba atômica feita de plutônio foi testada com sucesso no campo de Alamogordo, no Novo México. A centenas de quilômetros de distância, as pessoas acharam que havia ocorrido um terremoto, ou que um meteorito gigante caíra nas proximidades. A luz da explosão poderia ter sido vista até em Marte. No mesmo momento, o presidente Harry Truman estava em Potsdam - nos arredores de Berlim - discutindo a política do pós-guerra com Winston Churchill e Joseph Stalin. Quando foi confidencialmente informado por sua equipe do sucesso da explosão no Novo México, ele referiu-se à bomba como a "maior coisa da história". Ele tencionava usá-la para pôr fim à guerra com o Japão. (...)


No início da manhã de 6 de agosto, um B-29 que recebera o nome de Enola Gay decolou da ilha de Tinian com uma escolta de dois aviões e voou 2400 quilômetros até Hiroshima, uma cidade com 280 mil habitantes e algumas fábricas de material bélico. O avião aproximou-se a uma altitude de 9450 metros, lançou sua única bomba e afastou-se imediatamente da cidade em uma manobra violenta. Quarenta e três segundos depois, às 8:16:02 horas, hora de Hiroshima, a bomba explodiu, 580 metros acima do pátio de um hospital. A energia liberada equivalia a 20 mil toneladas de TNT. O Enola Gay, que então já se afastara mais de 18 quilômetros do local, foi chacoalhado como uma rolha, quando as ondas de choque o atingiram.

O que aconteceu abaixo da explosão foi a devastação total. Um patologista americano pertencente a uma equipe de investigação após a guerra fez o seguinte relato: "Junto com o clarão de luz houve uma instantânea onda de calor (...) sua duração foi provavelmente inferior a um décimo de segundo, mas sua intensidade foi suficiente para que os objetos inflamáveis mais próximos (...) ficassem em chamas, os postes fossem lançados a 4 mil jardas (3658 metros), o granito se enrugasse, a uma distância de 1300 jardas (1189 metros) de distância".

A bomba lançada em Hiroshima foi apelidada de Little Boy. Media pouco menos de 3 metros de comprimento, pesava 4 toneladas e foi armada com uma carga de urânio 235. Para impedir uma explosão prematura, ela tinha três detonadores separados. O último detonador foi acionado por radar, quando a bomba estivesse cerca de 580 metros de altitude, altura esta que segundo cálculos provocaria danos máximos à cidade. A bomba lançada em Nagasaki era um pouco diferente da de Hiroshima. Chamada de Fat Man, ela era mais arredondada e um pouco maior que a Little Boy. Media 3 metros e 20 centímetros de comprimento, tinha um diâmetro de um metro e meio, pesava 4 toneladas e meia e tinha uma carga de plutônio 239. A potência da bomba de Hiroshima foi de 13 quilotons (o equivalente a 13 mil toneladas de TNT). Ela destruiu literalmente tudo que havia num raio de dois quilômetros da explosão (a título de comparação, supondo que uma dessas bombas explodisse na cidade de São Paulo sobre a Catedral da Sé, no centro da cidade, a área de destruição total abrangeria os bairros da Liberdade, Cambuci, Brás, Bom Retiro, Bela Vista, República e a região próxima à Universidade Mackenzie). A taxa de sobrevivência no raio de um quilômetro do epicentro da explosão foram de menos de um habitante a cada grupo de mil. Robert Lewis, co-piloto do Enola Gay, referindo-se à explosão, escreveu em seu diário: "Meu Deus, o que foi que nós fizemos?"

AUSÊNCIAS



Quando o assunto é bomba atômica, algumas imagens são iconográficas. Tornaram-se clichês em nossa memória. De imediato vêm à mente o cogumelo de fumaça e as ruínas esqueléticas de um único prédio que permaneceu em pé no centro de Hiroshima, numa paisagem onde tudo mais virou cinzas e escombros que não passam da altura dos joelhos. Curiosamente, não há nessas imagens a presença de pessoas.

Não vincular tais imagens de destruição a pessoas não é um acaso. Durante décadas evitou-se mostrar o que a bomba atômica causou aos habitantes de Hiroshima e Nagasaki. Mesmo considerando-se o grau de preconceito anti-nipônico que havia no ocidente durante a 2ª Guerra, mostrar as imagens do que as explosões causaram à carne humana, era censurado. Durante anos relatos dos sobreviventes e imagens de restos mortais que se misturaram aos escombros do que antes foram cidades cheias de vida e atividade, cada uma na época com mais de 200 mil habitantes, não puderam ser trazidos à tona na grande imprensa.



Entre os japoneses, durante décadas, as palavras "bomba atômica", "Hiroshima" e "Nagasaki" foram um tipo de tabu e raramente eram pronunciadas juntas numa mesma frase. Tendo se passado mais de 60 anos do fim da 2ª Guerra Mundial, logo não haverá mais sobreviventes das explosões para relatar suas tristes experiências, mas o legado permanece através de algo menos visível. As novas gerações de japoneses e seus descendentes aprendem o significado da bomba atômica, antes mesmo de saber exatamente o que ela foi, através de ausências. Permitam-me contar duas histórias individuais.


Yppe Nakashima foi um imigrante japonês que veio viver no Brasil logo que as relações diplomáticas entre ambos os países, suspensas durante a 2ª Guerra, foram retomadas. Ele se estabeleceu em São Paulo, num grande edifício de apartamentos no centro da cidade. Era um artista formado em Kyoto, onde também aprendeu técnicas cinematográficas e animação. Em sua nova pátria Nakashima passou a atuar em publicidade, mas ele tinha um projeto pessoal mais ambicioso: realizar o primeiro desenho animado longa-metragem em cores do Brasil. Meus avós maternos moravam no mesmo prédio em que Nakashima-san morava, e tornaram-se amigos.

Nos anos 60, com recursos limitados, Nakashima-san teve a idéia de recorrer à colônia japonesa para realizar seu longa-metragem animado. Ele não pediu dinheiro, mas mão-de-obra voluntária. Ele publicou anúncios em um jornal da colônia pedindo para pessoas que tivessem alguma aptidão para desenhar que viessem ajudá-lo na produção do desenho. Ele não tinha condições de remunerar seus auxiliares, mas retribuia os colaboradores com hospitalidade e refeições. Aos amigos que não desenhavam, ele pediu ajuda de outras formas. A família de meu avô fez parte de um tipo de mutirãozinho que durou meses, reservando páginas de revistas de fotos em cores, que Nakashima-san depois selecionaria, recortaria e montaria para usar em sua animação. Minha mãe chegou a pintar acetatos para o Nakashima-san, que em retribuição a presenteou no dia de seu casamento com um quadro em aguada, com a vista da cidade que ele tinha da janela de seu apartamento, mostrando o alto dos edifícios da Avenida Paulista no horizonte.



Numa tarde, meu avô me convidou para ir ao cinema para ver "Piconzé" - um desenho que estava sendo anunciado com ênfase nos jornais da colônia, mas do qual mal havia um anúncio nos jornais em português. Fomos a um pequeno cinema, que ficava numa galeria na rua Barão de Itapetininga. Havia pouca gente na platéia. Na volta para casa, andando pelas ruas esvaziadas no fim da tarde, meu avô me comentou, estranhamente entristecido, que o desenho que tínhamos acabado de ver havia sido feito pelo Nakashima-san - uma obra que levou dez anos para ser realizada. E daí ele me contou que o amigo havia morrido fazia pouco tempo. Mesmo para os padrões da época, Nakashima-san faleceu jovem, na casa dos 40 anos. Depois, fiquei sabendo que ele era um sobrevivente de Nagasaki. Ele parecia uma pessoa normal, mas desde a explosão sua saúde tornou-se frágil. Não houve exames ou testes científicos que ligassem a morte dele à radiação - nada havia no Brasil na época para apurar isso. Já em minha infância a expressão "bomba atômica" tornou-se sinônimo de uma assombração que era capaz de perseguir suas vítimas, por mais tempo que se passasse, por mais distante que elas estivessem do local onde a coisa ocorreu.


Em 1984, entrei num cursinho para me preparar para a Fuvest. No segundo dia de aula conheci uma menina de 18 anos, Leiko. Eu e uma menina não-descendente que estava concorrendo a uma vaga em jornalismo nos tornamos colegas dela. A que chegasse primeiro reservava lugares para as demais, uma vez que as salas ficavam lotadas nos primeiros meses de aula. Leiko era afável, mas não era de conversar. Era com certeza a mais séria de nós três. Durante algum tempo, ela freqüentou diariamente o cursinho, e depois começou a faltar um dia ou dois por semana. Quando perguntávamos o que tinha ocorrido, ela apenas respondia que tinha passado mal. Nunca suspeitamos de algo sério. Um dia, ela parou de vir às aulas, mas continuamos reservando uma carteira para ela. Durante duas semanas esperamos que ela voltasse.

Quase um mês após a última vinda da Leiko ao cursinho, o professor de química entrou na sala alterado. Ao invés de "despejar" a matéria de imediato como de costume, ele disse que estava vindo de um funeral de uma menina que estudava em nossa sala: ela. Eu e minha colega tivemos um choque. O professor, que conhecia a família dela, passou a contar a história de uma tragédia familiar. Os pais da Leiko eram sobreviventes da explosão de Hiroshima. Sem seqüelas aparentes e acreditando que não haviam sido afetados pela radiação, tiveram filhos e construiram uma vida na nova pátria. Tudo ia bem, até que no ano anterior o filho do casal, irmão mais velho da Leiko, foi diagnosticado com leucemia e faleceu em poucos meses, aos 18 anos. Um ano depois, a filha também morre, da mesma forma e com a mesma idade que o irmão. Os pais estavam mais do que inconsoláveis - amigos e familiares temiam que eles fizessem algo contra si mesmos. Cientistas afirmam que as taxas de câncer entre os sobreviventes da bomba são "levemente acima do normal". Fiquei me perguntando como esses cientistas explicariam isto a aqueles pais? Transtornado, naquele dia o professor trocou as regras das equações químicas e as musiquinhas para decorar a tabela periódica por um discurso contra as armas nucleares. Até hoje me recordo da explicação do "efeito foguete", relatado por mães que tiveram seus bebês arrancados das costas pela força do vento da explosão (as mães japonesas tinham o hábito de carregar os bebês com grandes lenços amarrados nas costas).

Sei que são meras conjecturas, mas não consigo deixar de pensar no que Nakashima-san e Leiko poderiam ter realizado se tivessem tido mais tempo. E no quanto essas mortes prematuras me parecem injustas. Enquanto seu corpo permitiu, ela veio ao cursinho - atitude de quem confia no futuro, tem esperança. Nakashima-san tinha esboços para um segundo longa-metragem animado. Recentemente, "Piconzé" teve seu valor reconhecido ao ser restaurado e exibido pela primeira vez no Japão, no Festival Internacional de Animação de Hiroshima, representando o Brasil.

É desta maneira - por ausências - que muitos japoneses e seus descendentes aprendem o que é a bomba atômica. É algo muito diferente da técnica, fria e científica descrição que a maioria dos livros expõem.

RELATOS E IMAGENS

Outra maneira pela qual sabemos o que significa a bomba atômica é pelo relato dos sobreviventes, os hibakusha.

Ao longo de décadas divulgou-se amplamente - talvez para reduzir o desconforto que causa à consciência - que a maioria das vítimas das explosões atômicas morreram instantaneamente. Os relatos de sobreviventes, entretanto, nos leva a questionar tal afirmação.

Cientistas americanos enviados a Hiroshima para analisar os efeitos da explosão em objetos e pessoas calcularam que os que estavam dentro do raio de 1 quilômetro de distância do hipocentro (denominação técnica do local da explosão, também chamado de ground zero - expressão hoje famosa para assinalar o local onde ficava o World Trade Center, destruído no atentado terrorista de 11 de setembro de 2001 em Nova York, mas que foi usada pela primeira vez em Hiroshima) teriam morrido de imediato - o que se subentenderia "sem sofrimento". Isso porque nesta área o calor emitido pela explosão alcançaria a temperatura de 6 mil graus Celsius (uma pista disso foram bolhas formadas em telhas de pedra). De fato, as pessoas que estavam a menos de 500 metros do hipocentro sem qualquer objeto que eventualmente agisse como barreira contra os efeitos diretos da explosão não tiveram qualquer chance.

O mero clarão da explosão desintegrou algumas pessoas. Durante anos uma misteriosa sombra impressa nos degraus que restaram da entrada de um prédio no centro de Hiroshima intrigou os pesquisadores, até que se descobriu tratar-se da sombra de uma pessoa que estava sentada naqueles degraus, desintegrada no momento da explosão. Outras centenas faleceram daquilo que passou a ser comumente chamado de "fervura do sangue" - a altíssima temperatura gerada pela explosão fez tudo o que fosse líquido ferver. No caso do corpo humano, o sangue entrou em ebulição e órgãos internos cozinharam. A morte foi tão instantânea nestes casos que corpos carbonizados de passageiros de bondes foram encontrados exatamente na posição em que estavam - alguns sentados segurando vestígios de bolsas ou pacotes, outros em pé, segurando-se nas barras de apoio. A grande maioria, entretanto, teve tempo suficiente para ter consciência de que iriam morrer, subentendendo-se, obviamente, que houve sofrimento.

Yoshitaka Kawamoto tinha 12 anos quando estudava numa escola primária em Hiroshima, a 700 metros do hipocentro. Teria sido um dia de aula normal, quando todos ouviram o som de um avião se aproximando - o que era estranho, pois as sirenes de alerta não haviam tocado, o que de imediato teria feito os professores evacuar as salas e direcionar os alunos para os abrigos. A criançada curiosa levantou-se das carteiras e correu para as janelas para observar o avião. Kawamoto sentava-se longe da janela, e não conseguiu chegar até ela. Ele acha que no momento do clarão ele estava atrás de uma parede de concreto, que o poupou de queimaduras mais sérias, e quando veio o estrondo e o impacto da explosão, o andar de cima desmoronou. Um calor absurdo o fez sentir como se estivesse cozinhando vivo. Alguns instantes depois, em meio a pó, entulho, choro e gritos de desespero, Kawamoto deu-se conta de que estava ferido (um braço quebrado, estilhaços de vidro pelo corpo e queimaduras), mas estava vivo. Procurou seu melhor amigo, um colega de classe, chamando-o pelo nome. O amigo, muito ferido e cego pelo clarão, o ouvia e tentava ir até onde Kawamoto estava tentando ficar em pé, mas caía ao fazê-lo, provavelmente com a coluna fraturada. Kawamoto percebeu que não apenas seu amigo, mas todos seus colegas estavam na mesma situação, gravemente feridos. Queria ajudá-los, mas eram muitos e ele era o único que ainda conseguia andar. Sentindo que ia morrer, o amigo pediu a Kawamoto que entregasse seu caderno à sua mãe. Kawamoto remexeu no entulho até encontrar o caderno do amigo e fugiu. No pátio da escola, encontrou seu professor de educação física. O homem estava completamente desfigurado, em carne viva, com grandes pedaços da pele desgrudados do corpo, mas Kawamoto reconheceu-o pela voz. Mesmo naquele estado, o professor estava carregando um aluno morto, e lhe ordenava a ajudar a recolher os corpos de outros alunos que estavam espalhados pelo pátio, amontoando-os sobre um carrinho para carregar material. Não houve tempo para fazer muito. Pouco depois, o professor simplesmente caiu morto.

Durante horas, Kawamoto andou pelas ruas de Hiroshima procurando ajuda, mas tudo que ele encontrava era mais mortos, gente queimada, desmembrada e incêndios. A destruição tinha tornado a cidade irreconhecível e ele vagou perdido pelo que havia restado das ruas, até finalmente desmaiar de exaustão. Acordou olhando para um soldado, que lhe explicou que ele havia ficado inconsciente e delirado por dias. Alguns dias depois sua mãe, ilesa por morar na zona rural de Hiroshima, atrás das montanhas que circundam a cidade, o encontrou. Em casa, Kawamoto adoeceu e perdeu os cabelos - a "doença da bomba". Na época, isso era prenúncio de morte certa. "Se hoje estou vivo, é graças à minha mãe", contou Kawamoto. "Não sei o que ela me dava, mas lembro-me de que ela saía às 3 da madrugada para buscar uma erva que crescia a uma caminhada de uma hora de casa, com a qual ela fazia um remédio para eu tomar. Não sei se foi essa erva, mas aos poucos eu melhorei. Sem a dedicação dela, eu teria morrido". Kawamoto foi o único sobrevivente da escola onde estudava.

Assim como muitos hibakusha, Kawamoto procurou reconstruir sua vida evitando as lembranças do dia da explosão. Posteriormente, ele procurou a mãe do amigo, a quem havia prometido entregar o caderno de classe. Infelizmente, Kawamoto perdeu o caderno quando desmaiou no dia da explosão, mas cumpriu o desejo último de seu amigo, de ao menos fazer sua mãe saber que ela estava em seus últimos pensamentos. Kawamoto casou-se mas não teve filhos, temendo que a exposição à radiação causasse danos a seus descendentes. Entretanto, já sexagenário, decidiu enfrentar a dor das lembranças e tornou-se diretor do Hiroshima Peace Memorial Museum. Durante anos ele narrou pessoalmente sua história aos visitantes do museu, diante da maquete que reproduz a cidade em ruínas pouco depois da explosão, indicando com o próprio dedo onde se localizava a escola onde sua geração pereceu.


Nenhum relato entretanto tornou-se mais completo, mais comovente e mais conhecido no mundo inteiro que uma história em quadrinhos. Entitulada Hadashi no Gen (Gen, Pés Descalços), esta narrativa de mais de 800 páginas foi escrita e desenhada nos anos de 1972 e 1973 por Keiji Nakazawa - ele mesmo um sobrevivente da explosão de Hiroshima. Não se trata de uma história em quadrinhos ficcional. "A história de Gen é a minha história; a família dele é a minha", explica Nakazawa em entrevistas, que até hoje não consegue evitar a emoção e a voz embargada ao dizê-lo. No dia da explosão, Nakazawa perdeu o pai, a irmã mais velha e o irmão caçula, presos nos escombros da própria casa, construída de madeira e que ruiu com a onda de choque. Aos 7 anos, ele presenciou sua família ser carbonizada viva, quando o incêndio que tomou a cidade após a explosão atingiu a casa.

A QUESTÃO HIBAKUSHA

Nem todas as histórias de sobreviventes da bomba são uma sucessão de tragédias. Embora raras, algumas dessas pessoas têm experiências relativamente felizes para relatar, embora as tristes lembranças do que elas viveram no dia da explosão tenham alterado suas vidas para sempre.

Em 1945, Takashi Morita era um jovem soldado mais preocupado em sobreviver do que lutar. Havia se alistado pois no exército ainda havia comida - o resto da população no Japão passava fome com o racionamento. Ele estava em Tóquio em março, quando nos dias 9 e 10 os americanos bombardearam a cidade por horas e 80 mil pessoas morreram. Isso fez com que ele pedisse transferência para sua cidade natal, Hiroshima, que curiosamente se mantinha intacta, poupada dos bombardeios. Ele achou que seria mais seguro voltar para casa.

Após meses de espera, Morita finalmente conseguiu sua requisitada transferência - ele chegou à cidade apenas poucos dias antes do fatídico 6 de agosto. No dia da explosão, ele estava num bonde, com alguns outros soldados a caminho do quartel. Ele havia acabado de descer do bonde, quando sentiu o vento levantá-lo pelo ar e arremessá-lo ao chão a quase cem metros de onde estava. Ele ficou atordoado por alguns instantes, e se recorda de um súbito calor calcinante. Ao olhar para trás, à procura de seus colegas, viu que eles não haviam tido sorte. O bonde do qual havia acabado de sair estava em chamas, e ele achou que o veículo havia explodido. Mas bastou ele olhar ao redor para perceber que algo muito maior havia ocorrido. Havia muita gente ferida e a destruição era grande demais para uma bomba comum. Ele tentou socorrer um menino muito queimado, cujas últimas palavras foram "senhor soldado, por favor, vingue a minha morte". Infelizmente aqueles eram tempos de guerra, e Morita ainda fica com os olhos cheios de lágrimas ao se recordar do desconhecido garoto. Mesmo sentindo dor nas costas e nuca (mais tarde Morita descobriu que eram queimaduras da explosão atômica), ele se dirigiu ao centro da cidade para ajudar no socorro à população. As cenas de terror daquele dia, mais de 60 anos depois, ainda lhe causam pesadelos. Ele se lembra de ter sentido uma sede anormal e repentinamente desmaiar, vindo a acordar dias depois num hospital de campanha.

Tendo sido exposto à radiação, Morita adoeceu seriamente, perdeu os cabelos, mas diferentemente de muitos sobreviveu. Nos anos 50 decidiu tentar reconstruir a vida no Brasil. Estabeleceu-se em São Paulo, onde trabalhou como ourives e joalheiro. Aposentou-se mas não parou de trabalhar, e abriu duas mercearias especializadas em comida japonesa e um restaurante. Morita casou-se com uma sobrevivente de Hiroshima; teve dois filhos e vários netos. Como todo hibakusha, Morita sempre se preocupa com a própria saúde e a de seus descendentes, e afirma aliviado que todos são saudáveis.

Hoje octagenário, Morita-san é um caso à parte. Lúcido, ativo e bem-humorado, ele costuma dizer que "eu passei por dois dos piores bombardeios da 2ª Guerra no Japão. Não sei se isso é sorte ou azar. Se eu sobrevivi, é porque realmente não era para eu morrer cedo". Ele é certamente afortunado, mas isso não quer dizer que Morita, assim como todos os hibakusha - nome pelo qual são conhecidos os sobreviventes das explosões atômicas em Hiroshima e Nagasaki - não tenham tido difíceis dias seguintes após a bomba.


Diferentemente do que hoje se imagina, as vítimas da bomba atômica não dispuseram de imediato da simpatia ou da compaixão pública. As explosões causaram problemas inéditos na história da humanidade, no campo da política, das relações internacionais, até de ordem social. As seqüelas permanentes das queimaduras radioativas - as quelóides - desfiguraram muitos dos sobreviventes a ponto de serem impedidos de terem uma vida social comum. A exposição à radiação criou um medo generalizado de que descendentes dos sobreviventes viessem inexoravelmente a desenvolver doenças como o câncer e problemas físicos de má formação congênita. A condição de hibakusha levavam muitos a se opor a um casamento e por isso durante décadas os sobreviventes ou tiveram de ocultar o fato, ou se casaram com outro(a) sobrevivente. Em qualquer lugar e cultura, desinformação gera medo, e o medo gera preconceito. Por décadas, principalmente nos Estados Unidos, evitou-se divulgar o que de fato havia ocorrido com as pessoas que estavam em Hiroshima e Nagasaki. O mundo estava ideologicamente dividido pela Guerra Fria, e o governo americano não queria que sentimentos de culpa gerassem movimentos pacifistas que dividissem a opinião pública. Mesmo no Japão - transformado no pós-guerra em país aliado dos Estados Unidos em função de sua posição estratégica no tabuleiro de interesses da Guerra Fria - procurou-se manter a questão hibakusha fora da mídia. Era mais importante mostrar as cidades reconstruídas do que falar sobre as cicatrizes físicas e psicológicas dos sobreviventes.

Os ferimentos e as doenças atípicas causadas pela radiação criaram um desafio para a medicina. Não havia nem conhecimento nem experiência para o tratamento eficaz das vítimas. Logo após a explosão até ossos esmagados dos mortos nas explosões foram usados pelos sobreviventes como medicamentos - o que indica o grau de desabastecimento de remédios e curativos básicos, e o desespero das pessoas na época. A experiência ao longo de décadas tratando dos sobreviventes da bomba, por outro lado, fez com que o Japão desenvolvesse o que hoje é um avançado know-how no tratamento de doenças da radiação. Esse tratamento especializado é prestado gratuitamente aos hibakusha no Japão. Entretanto, tal regra não se aplica aos sobreviventes que emigraram para outros países, como os imigrantes japoneses que vieram para o Brasil. É para estender tal benefício aos hibakusha que vivem no Brasil que Takashi Morita fundou aqui uma associação: a Associação das Vítimas da Bomba Atômica. "Não se trata de um favor ou algo excepcional" - explica Morita - "É um direito que os sobreviventes têm, e é um tratamento que só existe no Japão. Já é difícil para cada hibakusha ter que ir até o Japão, e custear a viagem e a estadia do próprio bolso. Pagar despesas médicas particulares lá é algo impossível".

O LEGADO CULTURAL NUCLEAR

Por muitos anos, o que ocorreu em Hiroshima e Nagasaki foi ocultado do grande público. Num primeiro momento, o governo japonês da 2ª Guerra ocultou os bombardeios atômicos do povo japonês, com a distorcida prioridade de manter o "moral popular e das tropas elevado". Num segundo momento foi a vez do governo americano, logo após a rendição do Japão, pelas também distorcidas razões e estratégias da nascente Guerra Fria. Em qualquer tipo de guerra, a ética e o humanitarismo são as primeiras vítimas.

Relatos superficiais do grau de destruição causado pelos bombardeios atômicos geraram um sentimento generalizado de medo, que se acentuou a partir de 1949 quando a União Soviética conseguiu fazer explodir sua primeira bomba nuclear num teste, iniciando uma corrida armamentista bipolarizada. A restrição de informações, entretanto, não fez com que o medo se dissipasse - muito ao contrário. Em 1954, um teste de armas termonucleares americanas no Atol de Bikini chegou à potência de 15 megatons (o equivalente a 15 milhões de toneladas de TNT, ou cerca de 1.150 bombas de Hiroshima). A sensação de que a humanidade era capaz de cometer um haraquiri nuclear a qualquer instante, dependendo do estado de espírito de líderes políticos confortavelmente instalados em bunkers, não era infundada.

A mera possibilidade de uma hecatombe nuclear gerou um medo que se instalou na cultura da época, e a censura sobre o assunto na mídia - fosse ela auto-promovida ou não - fazia com que o tema fosse tratado apenas de forma poética ou através de analogias. É curioso observar que assunto tão sério foi tema de vários filmes de baixo orçamento do então engatinhante gênero ficção científica. Popular, mas tratado com desdém pela crítica especializada, este gênero de filmes refletiu o medo nuclear da época e produziu um ícone. "Godzilla" (em japonês, "Gojira"), filme de 1954 dos estúdios Toho, foi protagonizado por um monstro gigante gerado pelos testes em Bikini, que chega ao Japão destruindo tudo pelo caminho com seu enorme rabo e matando pessoas com seu bafo radioativo, numa analogia aos bombardeios atômicos. Em 1959, "Hiroshima Mon Amour", produção franco-japonesa, ganhou a Palma de Ouro do Festival de Cannes e tornou-se um sucesso internacional tratando de forma séria mas poética a questão do medo nuclear, apresentando imagens dos sobreviventes da bomba atômica como pano de fundo de um filme romântico.


Entre os japoneses, entretanto, há um traço marcante resultante da experiência atômica: o caráter pacifista. A consciência de que a energia nuclear traz mais problemas que benefícios fez do país uma das poucas nações-membro do seleto grupo dos mais ricos do mundo capaz de desenvolver armas nucleares, mas que se abstém de fazê-lo. Um dos benefícios de tal opção está no fato do Japão não apenas ser a 2ª maior economia do mundo, mas também ser um dos países com a melhor distribuição de renda do globo. O dinheiro que seria gasto com armas simplesmente foi usado em propósitos mais positivos. Mágoas à parte, os hibakusha são sinceros quando dizem "que sejamos os únicos". E que nunca mais ocorra o que ocorreu em Hiroshima e Nagasaki.

AOS QUE QUISEREM SE APROFUNDAR NO ASSUNTO

O site Cultura Japonesa recomenda:

"Gen, Pés Descalços", publicado pela Conrad Livros. O impressionante grau de detalhamento na descrição do que ocorreu no dia da explosão atômica em Hiroshima e como foi a vida dos hibakusha faz a descrição que Dante fez do inferno parecer ingênua, provando que a realidade provocada pela mão do homem pode infelizmente sobrepujar a mais terrível ficção. Trata-se da auto-biografia do autor, Keiji Nakazawa, na forma de história em quadrinhos, que tornou-se um das mais populares obras pacifistas internacionais de nossos tempos. Leitura obrigatória. Pode ser adquirido nas livrarias Cultura, FNAC, Nobel, Saraiva e Siciliano.

"Cosmos", publicado pela Francisco Alves. Uma das obras mais famosas do célebre astrônomo Carl Sagan, responsável pelos projetos Mariner, Viking e Voyager da NASA, premiado com o Joseph Priestley por "relevantes contribuições ao bem-estar da humanidade" e com o Pulitzer de Literatura. O capítulo XIII do livro, "Quem Responde Pela Terra?", é básico para os que querem compreender a questão nuclear e a importância do desarmamento desde os bombardeios de Hiroshima e Nagasaki. Apesar de escrito em 1980, o livro permanece atual. A edição em português encontra-se esgotada, mas pode ser eventualmente encontrada em sebos. A edição original em inglês pode ser adquirida via internet, através da Amazon Books.



"Hiroshima in America: Fifty Years of Denial", publicado pela Grosset-Putnam. Não possui tradução para o português. Os autores do livro, Robert Jay Lifton e Greg Mitchell, defendem a tese de que os Estados Unidos sempre se negaram a lidar com as conseqüências humanas que a bomba atômica causou a Hiroshima, e que tal postura encorajou outros "encobrimentos" e escândalos históricos, como o Vietnam, o caso Watergate e o caso Irã-contra. De acordo com o livro, "desistir de nosso direito de saber mais sobre Hiroshima e sobre armas nucleares em geral contribuiu para nossa gradual alienação de todo processo político". Pode ser adquirido via internet, através da Amazon Books.

"Hiroshima: Why America Dropped the Atomic Bomb", publicado pela Little-Brown. não possui tradução para o português. O autor Ronald Takaki, historiador da Universidade Berkeley, afirma que Harry Truman, presidente dos Estados Unidos na época do bombardeio de Hiroshima e Nagasaki, ordenou o ataque por razões bem diferentes do decorado jargão de que ele queria "encurtar a guerra e poupar a vida de soldados americanos". Motivos pouco altruístas, racismo, objetivos eleitorais e vaidades pessoais teriam levado Truman à decisão de usar as bombas atômicas. Pode ser adquirido via internet, através da Amazon Books.

Nova Lei de Imigração no Japão

Uma mensagem do fundador e presidente da Fundação Free Choice

Visitei o Japão pela primeira vez em 1968. Assim como muitos estrangeiros, me apaixonei pelo país e soube, naquele momento, que tinha que vir morar aqui. Logo, em 1979, eu vendi minha casa e minha empresa, e me mudei para o Japão em busca de uma vida melhor. De fato, foi muito bom ser um estrangeiro em Kobe nos anos 80. Mas, infelizmente, aquele tempo bom já passou faz tempo; e analisando estes 30 anos que estive aqui, tenho que admitir - o Japão já viu dias melhores dos que o que vivemos hoje em dia. Tenho certeza que muitos japoneses sentem saudade do passado.


Kessler (59) na Fundação Free Choice.

Tanto os partidos da direita como os da oposição aprovaram novas leis de imigração impondo controles mais rígidos aos estrangeiros. E isso tudo está acontecendo logo após a reimplementação da coleta de impressões digitais nos aeroportos - depois de tudo que fizemos, e do tempo que levamos para conseguir aboli-la. E agora a imigração desenvolveu novas diretrizes, que poderão afetar aqueles que optarem pelo seguro de saúde privado.

E os estrangeiros devem ficar calados?

Alguns podem ver nossa campanha e dizer que os estrangeiros não devem 'nadar contra a correnteza', eu não acredito que é assim que deve ser. Quando as coisas estão erradas e devem ser melhoradas, não dizer nada ou não agir é o pior dos pecados.

E os estrangeiros tem o direito de solicitar a alteração de leis e normas?

Sim, nós temos - TODOS nós temos esse direito. A constituição japonesa garante os direitos de todas as pessoas que moram no Japão, sejam elas estrangeiras ou cidadãos. De acordo com o artigo 16, "Todas as pessoas tem o direito à petição pacífica pela indenização de danos, pela remoção de funcionários públicos, pela promulgação, revogação ou alteração de leis, decretos e regulamentos ou de outros assuntos, não podendo qualquer pessoa, de forma alguma, ser discriminada por patrocinar tal petição."

A Fundação Free Choice irá enviar uma petição para o governo pedindo a revisão do problema da imigração.

A nova diretriz da imigração irá afetar centenas de milhares de estrangeiros. Os políticos que criaram essa nova diretriz parecem não entender os problemas que ela causará. Muitos estrangeiros não possuem o plano de seguro saúde da sua própria escolha. E ainda pior, muitos estrangeiros não foram informados da lei sobre a obrigatoriedade de adesão ao plano público de seguro saúde. E não é culpa deles.

Se a imigração forçar essa diretriz, isso fará com que TODOS os estrangeiros que não estiverem no plano de seguro saúde público sejam obrigados a pagar os prêmios de 2 ou 3 anos anteriores. Muitos não terão condições de pagar essa quantia. E muitos trabalhadores honestos e dedicados serão obrigados a deixar o país. Junte-se a mim e a Fundação Free Choice e participe da nossa campanha assinando a petição e enviando seus comentários. Seu nome não será revelado ao governo, apenas as iniciais do seu nome, sua província e seus comentários. Basta preencher o formulário que está na Página inicial do site. Sua participação é muito importante para nós!

PATO DONALD


O Pato Donald (nome original Donald Fauntleroy Duck em inglês) é um personagem de histórias em quadrinhos e desenhos animados dos estúdios Walt Disney. É um personagem marcado pela teimosia e por sua voz rouca.

O Pato Donald foi criado em 9 de Junho de 1934, vindo a ser um dos desenhos de maior sucesso e repercussão dos estúdios Disney. Foi dublado por Clarence Nash, descoberto pelo próprio Walt Disney nas ruas de Los Angeles e responsável pela voz inconfundivelmente rouca do personagem.



Pato Donald estrelou dois longa-metragens no Brasil: ALÔ AMIGOS (1943), onde surgiu o personagem Zé Carioca, VOCÊ JÁ FOI À BAHIA? (1945).

Sua namorada, Margarida surgiu num desenho de 1940, e seus sobrinhos Huguinho, Zezinho e Luizinho, numa tirinha de 1937(e um desenho no ano seguinte).

Donald passou a ter "vida própria", sem depender de Mickey, quando Carl Barks resolveu adaptar uma história estrelada por Donald, Mickey, Pateta e Pluto para ter apenas Donald e os sobrinhos. Donald Duck Finds Pirate Gold (Donald Encontra o Ouro dos Piratas) foi publicada em 1942. Seu sucesso levou Barks a fazer histórias até 1967. O "Homem dos Patos" como ficou conhecido, criou entre outros o Tio Patinhas, o pato mais rico do mundo; Professor Pardal,o cientista maluco e Gastão, o primo sortudo. Outra figura que ajudou os quadrinhos do pato foi Don Rosa, que criou uma complexa árvore genealógica e toda a história do Tio Patinhas. A Disney italiana criou sua identidade secreta, o Super Pato.

domingo, 27 de setembro de 2009

A metamorfose


Você já observou uma borboleta pousada sobre uma folha nova, especialmente escolhida por ela, uma que não caia antes da saída das lagartinhas do ovo, dobrar o abdome até sentir a face inferior da folha e ali colocar o ovo?

Por essas maravilhas da natureza, que somente a providência divina explica, cada espécie de borboleta sabe exatamente qual o tipo de planta que deve escolher para colocar o ovo que, graças a uma substância viscosa de secagem rápida, fixa-se imediatamente.

As borboletas são muito admiradas pela leveza de seus vôos e a beleza do colorido de suas asas.

Elas procuram, nas flores, na areia úmida ou em frutos fermentados, o seu alimento, sendo que as flores são muito freqüentadas pelas borboletas fêmeas, enquanto os machos preferem as areias úmidas.

Algumas espécies existem que têm a capacidade de permanecerem imóveis por tempo considerável, enquanto outras fazem vôos curtos, por vezes muito rápidos, indo de uma flor a outra.

Elas buscam a pradaria, as ramadas das árvores, beijam as folhas farfalhantes e driblam o vento apressado.

Bailam em meio às gotículas que se desprendem das quedas d'agua ou como pétalas voejam, balançando no espaço.

Seu matiz é mensagem de alegria. A sua liberdade é um convite à paz.

No entanto, dias antes de mostrarem-se tão belas não passavam de larvas rastejantes no solo úmido ou escondidas na casca apodrecida de algum tronco relegado.

Lagartas, jamais sonhariam com os beijos do sol ou com o néctar das flores. Mas, passam as semanas e após a fase de crisálida, ei-las que surgem maravilhosas, coloridas, exuberantes, plenas de vida.

À semelhança da lagarta, vivemos no terreno das experiências humanas.

Afinal, chega um dia em que somos convidados a adormecer na carne para despertar na espiritualidade, planando acima das dificuldades que nos afligiam.

É a morte que nos alcança e nos ensina que a vida não se resume num punhado de matéria que entrará em decomposição. Também não é simplesmente um amontoado de episódios marcantes ou insignificantes, promotores de esparsos sorrisos e rios de pranto.

A vida é a do espírito, que vive para além da aduana do túmulo, tendo como destino a vida na amplidão.

Por isso, quando formos constrangidos a acompanhar, com lágrimas, aquele afeto que se despede das lutas do mundo, rumando para a espiritualidade, não lastimemos, nem nos desesperemos.

Mesmo com dores n'alma, despeçamo-nos do coração querido com um suave "até logo" porque exatamente como as borboletas, ele alcançou a liberdade, enfim.

Você sabia?

Você sabia que ao morrer o corpo, o espírito que dele se utilizava como de um veículo, se liberta?

Ninguém se aniquila na morte. Muda-se, simplesmente, de estado vibratório, sem que se opere uma mudança nos sentimentos, paixões e anseios, naquele que é considerado morto.

Obras consultadas:

1. Enciclopédia Mirador - vol. 4 – Borboleta
2. Livro Rosângela - Cap. 10 Ed. Fráter Livros Espíritas.

Charlis Chaplin


"A coisa mais injusta sobre a vida é a maneira como ela termina.
Eu acho que o verdadeiro ciclo da vida está todo de trás pra frente.
Nós deveríamos morrer primeiro, nos livrar logo disso.
Daí viver num asilo, até ser chutado para fora de lá por estar muito novo.
Ganhar um relógio de ouro e ir trabalhar.
Então você trabalha 40 anos até ficar novo o bastante para poder aproveitar sua aposentadoria.
Aí você curte tudo, bebe bastante álcool, faz festas e se prepara para faculdade.
Você vai pro colégio, tem vários namorados, vira criança, não tem nenhuma responsabilidade,
se torna um bebezinho de colo, volta pro útero da mãe, passa seus últimos nove meses de vida flutuando.
E termina tudo com um ótimo orgasmo! Não seria perfeito?"

Golfe


Moisés, Jesus e um velhinho jogavam golf.
Moisés colocou a bola no pino e deu a primeira tacada;
a bola caiu num lago.
Moisés chegou na beira do lago e, levantando o taco, as águas se abriram.
Ele entrou, deu a segunda tacada e a bola foi diretamente para o buraco.

Na vez de Jesus jogar, a bola também foi parar no lago,
mas caiu sobre a folha de uma vitória-régia.
Então, Jesus caminhou sobre as águas, foi até a planta e deu a segunda tacada,
mandando a bola para o buraco.

Aí foi a vez do velhinho...
Ele, todo trêmulo, preparou-se para dar a tacada inicial.
A bola voou para fora do clube e começou a cair na direção de um riacho.
Nesse instante, um sapo a engoliu.

Pouco depois, uma cobra engoliu o sapo e foi agarrada por um gavião;
a ave apertou demais a cobra que regurgitou o sapo ao sobrevoar o campo de golfe;
ao cair, o sapo bateu com o peito no chão e cuspiu a bola diretamente para o buraco.
Ao acompanhar toda aquela cena, Moisés olha para Jesus e diz:

- Cara, é muito chato jogar golf com o teu Pai...

sábado, 26 de setembro de 2009

Microsoft abrirá um café em Paris


A Microsoft está construindo um café próprio em Paris mas não se preocupem, ela não resolveu se aventurar em novos mercados, esse café ficará aberto somente por alguma semanas como parte da campanha de lançamento do Windows 7 a partir do dia 22 de outubro.

O Windows Café terá vários produtos, como consoles Xbox, celulares, entre outros, para uso dos seus frequentadores. Apesar disso não será vendido nenhum produto da Microsoft ou qualquer outro tipo de eletrônico ou software, somente comidas e bebidas. Ah, e o Wi-fi é grátis.

Cientistas descobrem água na Lua! E em Marte também!

Lua

Coincidência ou não, na mesma semana equipes totalmente diferentes conseguiram detectar a presença de água na Lua e em Marte.

Um espectrômetro à bordo da sonda indiana Chandrayaan-1 foi o primeiro instrumento à apontar a presença de água na Lua. Em seguida as sondas Cassini e Epoxi, da NASA confirmaram a descoberta. A quantidade de água está longe de formar rios, lagos ou mesmo poças na superfície. Nas áreas analisadas pelas equipes, especula-se que há aproximadamente 900 gramas de água para cada tonelada de solo. Apesar de não ter aplicação prática imediata, já que é inviável extrair esta água para uso pelos astronautas, a descoberta levanta questões sobre a origem destas moléculas e como elas influem na mineralogia lunar.

Para ser justo, em Marte os cientistas já sabiam da existência de água congelada. A missão Mars Phoenix já tinha até tropeçado em alguns pedaços quando pousou por lá. A novidade é que o impacto de meteoritos revelou depósitos de gelo muito longe das calotas polares marcianas, em regiões onde devido ao clima, os cientistas não imaginavam que poderia haver gelo. Outra suspresa foi a pureza do gelo encontrado. Enquanto os cientistas imaginavam que o gelo teria 50% de pó do solo marciano em sua composição, as novas crateras contém gelo com 99% de pureza!

Ao contrário do gelo lunar, muito esparso e encontrado apenas na camada superior do solo, o planeta vermelho o possui também em estratos mais profundos, chegando até a 2,5m da superfície.

Marte

Enter+Ctrl Card Reader: Novas utilidades para velhas teclas


O que fazer com os milhares de velhos teclados descartados diariamente? Já tinhamos mostrado a cadeira feita de teclados usados. Agora surgiu uma nova idéia, um leitor de cartões cujo corpo é feito com teclas usadas.

Apesar de simples, o Enter + Ctrl Keys Card Reader tem um charme especial. Os leitores aceitam vários formatos de cartão (DHC, SD, micro SDHC, microSD, Sony M2, Memory Stick, e MS), e o suporte ao padrão USB 2.0 garante velocidade na troca de dados.

Para ficar completo, só faltava ter alguns gigabytes de memória interna. Compatível com Windows e Mac OS, cada Enter + Ctrl Keys Card Reader custa 12 dólares (aproximadamente 22 reais). Baratinho, útil e ainda ajuda a natureza.

O QUE É MANGÁ?


MANGÁ é uma dessas palavras de origem nipônica que cada vez mais está sendo utilizada no quotidiano tupiniquim, que nem “sushi”, “origami” e “sashimi”. Poucos, entretanto, sabem definir o que precisamente é o MANGÁ.

A palavra MANGÁ é o resultado da união dos ideogramas MAN (humor) e GÁ (grafismo), sendo sua tradução literal para o português “caricatura”, “desenho engraçado”.



A primeira pessoa a utilizar a palavra MANGÁ foi o artista Katsushita Hokusai, extremamente conhecido no Ocidente por suas gravuras “ukiyo-ê”. Entre 1814 e 1849, Hokusai produziu um conjunto de obras em 15 volumes retratando cenas do dia-a-dia que o rodeava, deformando o desenho das pessoas que retratava de forma a salientar seus traços marcantes. Estas caricaturas de época receberam o nome de HOKUSAI MANGÁ e representam os primeiros passos das charges e das histórias em quadrinhos no Japão.

Com o advento da Era Meiji na segunda metade do século XIX, o Japão saiu de um isolamento cultural de 200 anos e passou a ter maior contato com o Ocidente, procurando o mais rápido possível assimilar tecnologias, costumes e ideologias que vinham do estrangeiro. Nessa época destacou-se o trabalho do inglês radicado no Japão Charles Wirgman, que em 1862 criou a revista de humor “JAPAN PUNCH”, abrindo através das charges políticas um novo tipo de arte cômica aos japoneses e a obra de Rakuten Kitazawa (1876-1955), que criou os primeiros quadrinhos seriados com personagens regulares e batalhou pela adoção da palavra MANGÁ para designar histórias em quadrinhos no Japão.



Com a modernização do país e com o desenvolvimento de uma linguagem de quadrinhos própria aos costumes e à realidade japonesa, MANGÁ se tornou sinônimo de caricaturas e HQs. A idéia de MANGÁ como um estilo de desenhos e narrativa só surgiu no pós-guerra, com o trabalho de Osamu Tezuka (1926-1989), também conhecido como “Deus do MANGÁ”.

Osamu Tezuka é o criador do estilo de desenho que retrata as pessoas com olhos grandes e brilhantes e influenciado pela obra de Walt Disney e pelo cinema europeu, já na década de 40 ele adaptava para a linguagem dos quadrinhos técnicas de cinema como “close-ups”, “long-shots” e “slow-motion”, revolucionando a narrativa quadrinhística e fazendo com que os leitores se envolvessem mais com as histórias que criava. As dificuldades da guerra e as duras condições de vida da fase de reconstrução deram a Tezuka uma visão humanista e universalista, visão esta que influenciou constantemente suas criações como “Phoenix”, “Buddha” e “Jumping”. Adaptando seu estilo dos quadrinhos para o desenho animado, Tezuka também foi o pioneiro da animação japonesa, sendo conhecido no exterior (inclusive no Brasil) por produções como “Kimba, o Leão Branco”, “A Princesa e o Cavaleiro” e “Astroboy”.



O estilo cativante, ágil e envolvente de Osamu Tezuka influenciou várias gerações de desenhistas japoneses e fez com que a expressão MANGÁ se tornasse sinônimo desse estilo. Também devido ao trabalho de Tezuka na animação, a expressão MANGÁ virou sinônimo de desenhos animados no Japão nos anos 60 e 70. Posteriormente, o alto grau de especialização da área de animação fez com que se adaptasse a expressão ANIMÊ (do inglês “animation”) para designar desenhos animados japoneses.

Assim, entende-se hoje por MANGÁ histórias em quadrinhos e desenhos animados feitos no estilo e na linguagem desenvolvida pelos japoneses, resultado de um processo histórico e cultural iniciado há quase dois séculos. Atualmente o Japão é o maior produtor e consumidor de quadrinhos e desenhos animados no mundo, gerando uma atividade multibilionária na área de comunicações além de lucros decorrentes de licenciamento de uma infinidade de produtos como brinquedos e videogames e influenciando autores em vários países.


Autora: Cristiane A. Sato – 23/12/1993

Cristiane A. Sato, formada em direito pela Universidade de São Paulo, pesquisadora de mangá e animê, presidente da ABRADEMI – Associação Brasileira de Desenhistas de Mangá e Ilustrações, colaboradora de publicações sobre cultura popular japonesa, mangá e animê desde 1996. Palestrante convidada em eventos diversos no Centro Cultural Itaú, Sesi, Sesc, FAU-USP, Fundação Japão, Embaixada, Consulado Geral do Japão, etc.