Ela nasceu em Londres, Inglaterra, está no 3º ano escolar e mora com seus pais e sua irmã gêmea, Mimi. Ela é uma gatinha branca, desenhada com linhas simples e arredondadas e é sucesso de vendas há três décadas. Estamos falando de Hello Kitty.
A empresa Sanrio iniciou suas atividades em 1960 como Yamanashi Silk Center, e era uma indústria têxtil como muitas que existem no Japão. A empresa resolveu entrar na área de produtos baratos, mas bonitinhos para presentes e criou, 1974, a linha Hello Kitty. Inicialmente Hello Kitty foi feita para ilustrar artigos para crianças pequenas e papelaria. Mas ninguém, nem a própria Sanrio, esperava que Hello Kitty logo virasse uma febre e enorme sucesso de vendas internacional.
Entretanto, era de se esperar que isso ocorresse no país do kawairashii – a valorização do “engraçadinho e bonitinho”. Além de atingir o público infantil, o público feminino passou a comprar os produtos com o desenho da gatinha. O pesquisador Mark Schilling, que publicou um livro sobre cultura pop japonesa, supõe que o seu sucesso se deve ao fato de que no Japão muitas adolescentes e jovens adultas procuram aparentar ter muito menos idade do que realmente têm, talvez na expectativa de agradar homens que sofrem daquilo que se convencionou chamar de roricon, ou “complexo de Lolita”. De qualquer forma, o Japão está cheio de exemplos de personagens e até artistas que fazem sucesso por causa do fator kawairashii (a cantora pop Seiko Matsuda no início de sua carreira, por exemplo).
Hello Kitty e os personagens da Sanrio como o cãozinho Pochacco, o sapo Keroppi, o porquinho Pippo e o pato Pekkle passaram a estampar os mais diversos produtos imagináveis, atingindo enorme popularidade dentro e fora do Japão e sendo comercializado por mais de 3 mil lojas.
Atualmente, além de um jornal mensal chamado Ichigo Shinbun (Jornal do Moranguinho), os personagens da Sanrio são o tema de desenhos animados e de dois parques no Japão: o Sanrio Puroland e o Harmony Land. Atraindo uma média de um milhão e meio de visitantes por ano, além de performances ao vivo com a turma da Hello Kitty o Sanrio Puroland tem o Godzilla Ride 3-D. Se nos desenhos da turma da Hello Kitty são a antítese da estética da Disney, nos parque temático há uma cópia fiel de Orlando. Por ano, a Sanrio movimenta uma média de 785 milhões de dólares graças a turma da Hello Kitty – nada mal para quem começou como um mero enfeite de camisetas e sacolinhas para crianças.
Publicado em 6/2000 pelo Jornal Nipo-Brasil.
Autora: Cristiane A. Sato, formada em direito pela Universidade de São Paulo, pesquisadora de mangá e animê, presidente da ABRADEMI – Associação Brasileira de Desenhistas de Mangá e Ilustrações, colaboradora de publicações sobre cultura popular japonesa, mangá e animê desde 1996. Palestrante convidada em eventos diversos no Centro Cultural Itaú, Sesi, Sesc, FAU-USP, Fundação Japão, Embaixada, Consulado Geral do Japão, etc.
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