sábado, 10 de abril de 2010

Novo teste genético acha câncer em fumantes


Cientistas podem ter descoberto uma maneira de dizer quais fumantes têm maiores riscos de desenvolver câncer de pulmão: medir uma mudança genética dentro de suas traquéias.

Um teste baseado na pesquisa está sendo desenvolvido na esperança de detectar este câncer letal mais cedo, quando ainda é mais tratável.

Se o trabalho der certo, a próxima grande pergunta é: será possível reverter essa reação em cadeia genética antes que ela termine em um câncer? Os pesquisadores descobriram algumas pistas entre as pessoas que receberam uma droga experimental.

"Elas apontam para o câncer de pulmão,e podemos identificá-las com este teste genômico”, disse o Dr. Avrum Spira, da Escola de medicina da Universidade de Boston, que liderou o estudo publicado quarta-feira na Science Translational Medicine.

Câncer de pulmão – que matou cerca de 160 mil americanos no ano passado – é o câncer mais letal, e fumar cigarros é, de longe, sua principal causa. Ainda assim, nem todos os fumantes desenvolvem câncer de pulmão; Spira estima que 10% a 20% irão. O risco depende, em parte, de quanto as pessoas fumam, por quanto tempo e há quanto elas pararam – mas não há forma de prever quem escapará. Também não existe uma maneira de detectar tumores em estágio inicial. Consequentemente, a maioria das pessoas é diagnosticada tarde demais para que os tratamentos atuais façam efeito.

"Mesmo para aqueles que pararam de fumar, há um risco significativo de câncer, e seria bom identificar quais pacientes têm realmente risco”, disse o especialista em câncer de pulmão Dr. Neal Ready, da Universidade Duke, que não estava envolvido na pesquisa mas a achou interessante.

"Ter algum tipo de teste molecular que identifique esses pacientes seria muito útil”, ele disse, porque eles poderiam receber monitoramento de perto com equipamentos que não são indicados a todo mundo.

Ao invés de focar no pulmão em si, a equipe de Spira teve uma abordagem diferente. Fumar enche todo o sistema respiratório de toxinas. Então ele caçou os primeiros sinais de possível câncer em diferentes genes, e notou como eles são ligados e desligados nos canais com a passagem do ar enquanto o corpo tenta se defender – e as defesas enfraquecem com o tempo.

Pelo menos 100 mil fumantes ou ex-fumantes de um ano tiveram um tubo colocado em suas gargantas enquanto um raio-X e outros testes detectavam possíveis áreas suspeitas. Bronquesocopia foi usada para dar uma olhada no pulmão, mas Spira estava interessado mais nas células da traquéia coletadas durante os exames.

Ele achou então uma assinatura genômica – um padrão de atividade genética – em traquéias de fumantes e ex fumantes que tiveram câncer que não estava presente nos que não tiveram.

Com a Dra. Andrea Bild, da Universidade de Utah, Spira analisou células de 129 fumantes ou ex-fumantes e descobriu que seus genes eram parte de um caminho cancerígeno já bem conhecido – o PI3K. Quando genes ligados ao PI3K estão muito ativos, muito crescimento celular pode acontecer – mas a maioria dos estudos examinou esses genes comente em tumores.

Na quarta feira, Spira reportou a descoberta de ativação PI3K em fumantes e ex-fumantes com lesões pré-cancerígenas, mas não as encontrou em outros com outras doenças pulmonares.

Spira não pode estimar quantos casos de câncer podem vir desse caminho, e o seu trabalho também não significa que não há problema em pessoas sem essas características continuarem fumando. Outros caminhos do câncer de pulmão podem atuar, e o hábito de fumar também causa ataques cardíacos, outras doenças pulmonares e cânceres.

Mas uma companhia que Spira ajudou a fundar, a Allegro Diagnostics Inc., está começando um estudo com 800 fumantes e ex-fumantes que precisariam de uma bronqueoscopia para avaliar quão a performance do teste.

Além disso, há drogas experimentais sendo desenvolvidas para combater a ativação do PI3K. Um composto já foi testado em nove fumantes com lesões pré-cancerígenas e, em seis deles, elas diminuíram. A equipe de Spira checou novamente as células arquivadas dos pacientes e notou que aqueles que responderam ao composto tiveram uma diminuição a atividade PI3K – uma pista ainda inicial, mas empolgante na busca por drogas preventivas do câncer de pulmão.

"Há evidência o suficiente neste trabalho para irmos em frente em pesquisas de prevenção química do PI3K”disse Ready.

Fonte: http://info.abril.com.br

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