segunda-feira, 8 de junho de 2009

UNIFORME (Seifuku)

Nenhum povo do mundo talvez use uniforme tanto quanto os japoneses. A maioria começa a vestir uniformes desde criança, quando passa a freqüentar uma escola. A obrigatoriedade do uniforme acompanha o jovem durante toda sua vida escolar, sendo interrompida só na época em que ele ingressa numa faculdade.

Terminada a faculdade, porém, muitos japoneses voltam a vestir um uniforme, dependendo da profissão que abraçar ou da empresa em que for trabalhar. É curioso observar que o uso de trajes padronizados nem sempre se impõe de forma compulsória. Basta caminhar no centro de Tóquio na hora de pico para ter a impressão de que aquela multidão de salarymen usando ternos de mesmo corte e de mesma cor – geralmente tendendo para cinza-escuro ou azul-marinho – são todos funcionários de uma única corporação, a Japan Inc.



A padronização não se limita a vestimenta, estendendo-se também aos adereços, como por exemplo os hachimaki (tira de pano que se ata em volta da cabeça) utilizados pelos empregados de casas de sushi. Pode-se dizer também que as tatuagens que cobrem o corpo de um Yakuza viraram uma espécie de uniforme permanente de membros do crime organizado.

Houve uma época em que a conjuntura econômica justificava a adoção generalizada de uniformes, como por exemplo no período de escassez durante e depois da Segunda Guerra. Mas, no Japão afluente e moderno de hoje, é de questionar se esse apego a uniformes não seria anacrônico ou obsessivo.



No caso dos uniformes escolares, não seria um exagero regulamentar até mesmo o tamanho dos botões – como fazem algumas escolas -- ainda mais numa fase em que os jovens buscam a afirmação de sua identidade individual? Essa cultura de uniformização compulsória não estaria por trás dos freqüentes casos de ijime (maus-tratos), em que uma criança é muitas vezes escolhida como alvo de perseguição por ser "diferente" dos colegas?

Pode-se argumentar que o uso de uniformes é mais prático e conveniente, que eles fomentam o espírito de grupo etc. Mas, por outro lado, essa padronização forçada não seria uma camisa de força que, de algum modo, tolhe a criatividade e liberdade individuais?

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