Revista Cães & Cia, n. 356, janeiro de 2009
Não é recomendável trancar o cão num quartinho quando erra. Saiba por quê
Ao educar um cão, existem muitas maneiras de estabelecer limites e de deixar claro quais comportamentos não são aceitáveis. Mas algumas punições, como trancá-lo sozinho, devem ser evitadas. A seguir justifico a minha posição e ofereço alternativas mais eficientes e seguras do ponto de vista psicológico.
Não associar isolamento com punição
Cães são extremamente sociais. Por isso, não gostam de ficar sozinhos. Até aí, tudo bem. Se gostassem, deixá-los de castigo nem seria punição. O problema é que o cão associa ficar sozinho com bronca e toda vez que tiver que ficar sozinho, se sentirá ainda pior. Sempre recomendo fazer o oposto: associar o fato de ficar sozinho com coisas boas. Dessa maneira, nossas ausências serão encaradas com mais tranqüilidade pelo cão e causarão menos sofrimento para ele, o que resultará em menores chances de ele desenvolver ansiedade de separação ou compulsões, como ficar lambendo a pata sem parar.
Castigo ou prêmio?
Imagine a cena: o dono conversa animado com visitas e o cão late para conseguir atenção. Decidido a punir o cão, o dono se dirige até ele, agarra-o ou dá comandos, e o acompanha até o lugar do castigo. O centro das atenções, por alguns momentos, é o cão. O resultado é que, logo depois de fazer o que não deve, o cão se sente recompensado. A punição que virá posteriormente será ineficaz, por mais desagradável que seja.Quando o cão consegue escapar antes de chegar ao castigo, às vezes até brincando de pega-pega, ganha ainda mais atenção e se sente mais recompensado pelo comportamento errado. Muitas vezes fica evidente o quanto o cão se diverte, adorando ver o dono tentar pegá-lo. Se fosse possível punir os cães num passe de mágica, sem precisar levá-los até o local do castigo, a punição seria muito mais eficaz. Mas, mesmo assim, persistiria a associação de bronca com o fato de ficar sozinho.
É errando que se aprende
Para educar o cão a conviver com humanos, nada melhor do que o contato prolongado entre ambos. A repetição das recompensas e repreensões, dependendo de o cão agir corretamente ou de maneira inadequada, torna claros os limites e diminui os comportamentos impróprios. Por causa da importância da repetição, é usada a técnica de induzir o cão a errar para poder repreendê-lo mais vezes. Por exemplo, ao treiná-lo a não atravessar a rua, tentamos estimulá-lo a ir para o outro lado jogando uma bolinha ou mostrando um gato. As repreensões resultantes, nas mais diversas situações, ajudam o cão a entender exatamente o que não deve fazer e a saber se segurar. Se um cão pula e late para visitas, o melhor é repreendê-lo no momento exato do pulo e do latido. Cada vez que ele latir ou pular de novo, levará outra repreensão. Se não estiver surtindo efeito, corrigimos. Com tudo isso, o comportamento errado vai ficando claro para o cão e sendo associado a coisas desagradáveis. Essas oportunidades de educar, importantes demais, são desperdiçadas quando o “aluno” é isolado em outro lugar.
Substitutos para o castigo
Em vez de nos preocuparmos somente em punir os erros do cão, sempre enfatizo que devemos procurar ensinar os comportamentos adequados e recompensá-los. Por exemplo, se o cão pular para conseguir atenção, em vez de puni-lo o melhor é ensiná-lo a sentar para ganhar carinho. A punição, quando necessária e útil para dar ao cão uma vida mais gostosa e próxima das pessoas de que gosta, pode ser aplicada sem ser preciso deixar o animal sozinho e inseguro. Antes de tudo, a repreensão deve ser instantânea. De preferência, no mesmo momento em que o comportamento errado acontece. Melhor ainda se for no início do comportamento, como quando o cão começa a abrir a boca para latir. Centésimos de segundo fazem toda a diferença! A repreensão mais indicada é aquela que causa susto ou desconforto ao cão, sem machucá-lo nem traumatizá-lo. Recomendo espirrar um jato de água no focinho dele, com spray, ou chacoalhar uma lata com moedas ou, ainda, se o cão não for muito medroso, estalar biribinhas. O método de repreensão bem como a maneira correta de aplicá-lo são essenciais e a eficácia varia conforme o cão. Por isso, em caso de dúvida, é importante recorrer ao auxílio de um adestrador ou especialista em comportamento.
Não é recomendável trancar o cão num quartinho quando erra. Saiba por quê
Ao educar um cão, existem muitas maneiras de estabelecer limites e de deixar claro quais comportamentos não são aceitáveis. Mas algumas punições, como trancá-lo sozinho, devem ser evitadas. A seguir justifico a minha posição e ofereço alternativas mais eficientes e seguras do ponto de vista psicológico.
Não associar isolamento com punição
Cães são extremamente sociais. Por isso, não gostam de ficar sozinhos. Até aí, tudo bem. Se gostassem, deixá-los de castigo nem seria punição. O problema é que o cão associa ficar sozinho com bronca e toda vez que tiver que ficar sozinho, se sentirá ainda pior. Sempre recomendo fazer o oposto: associar o fato de ficar sozinho com coisas boas. Dessa maneira, nossas ausências serão encaradas com mais tranqüilidade pelo cão e causarão menos sofrimento para ele, o que resultará em menores chances de ele desenvolver ansiedade de separação ou compulsões, como ficar lambendo a pata sem parar.
Castigo ou prêmio?
Imagine a cena: o dono conversa animado com visitas e o cão late para conseguir atenção. Decidido a punir o cão, o dono se dirige até ele, agarra-o ou dá comandos, e o acompanha até o lugar do castigo. O centro das atenções, por alguns momentos, é o cão. O resultado é que, logo depois de fazer o que não deve, o cão se sente recompensado. A punição que virá posteriormente será ineficaz, por mais desagradável que seja.Quando o cão consegue escapar antes de chegar ao castigo, às vezes até brincando de pega-pega, ganha ainda mais atenção e se sente mais recompensado pelo comportamento errado. Muitas vezes fica evidente o quanto o cão se diverte, adorando ver o dono tentar pegá-lo. Se fosse possível punir os cães num passe de mágica, sem precisar levá-los até o local do castigo, a punição seria muito mais eficaz. Mas, mesmo assim, persistiria a associação de bronca com o fato de ficar sozinho.
É errando que se aprende
Para educar o cão a conviver com humanos, nada melhor do que o contato prolongado entre ambos. A repetição das recompensas e repreensões, dependendo de o cão agir corretamente ou de maneira inadequada, torna claros os limites e diminui os comportamentos impróprios. Por causa da importância da repetição, é usada a técnica de induzir o cão a errar para poder repreendê-lo mais vezes. Por exemplo, ao treiná-lo a não atravessar a rua, tentamos estimulá-lo a ir para o outro lado jogando uma bolinha ou mostrando um gato. As repreensões resultantes, nas mais diversas situações, ajudam o cão a entender exatamente o que não deve fazer e a saber se segurar. Se um cão pula e late para visitas, o melhor é repreendê-lo no momento exato do pulo e do latido. Cada vez que ele latir ou pular de novo, levará outra repreensão. Se não estiver surtindo efeito, corrigimos. Com tudo isso, o comportamento errado vai ficando claro para o cão e sendo associado a coisas desagradáveis. Essas oportunidades de educar, importantes demais, são desperdiçadas quando o “aluno” é isolado em outro lugar.
Substitutos para o castigo
Em vez de nos preocuparmos somente em punir os erros do cão, sempre enfatizo que devemos procurar ensinar os comportamentos adequados e recompensá-los. Por exemplo, se o cão pular para conseguir atenção, em vez de puni-lo o melhor é ensiná-lo a sentar para ganhar carinho. A punição, quando necessária e útil para dar ao cão uma vida mais gostosa e próxima das pessoas de que gosta, pode ser aplicada sem ser preciso deixar o animal sozinho e inseguro. Antes de tudo, a repreensão deve ser instantânea. De preferência, no mesmo momento em que o comportamento errado acontece. Melhor ainda se for no início do comportamento, como quando o cão começa a abrir a boca para latir. Centésimos de segundo fazem toda a diferença! A repreensão mais indicada é aquela que causa susto ou desconforto ao cão, sem machucá-lo nem traumatizá-lo. Recomendo espirrar um jato de água no focinho dele, com spray, ou chacoalhar uma lata com moedas ou, ainda, se o cão não for muito medroso, estalar biribinhas. O método de repreensão bem como a maneira correta de aplicá-lo são essenciais e a eficácia varia conforme o cão. Por isso, em caso de dúvida, é importante recorrer ao auxílio de um adestrador ou especialista em comportamento.
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