Há uma falta de sal em tudo, uma falta de cor, uma falta de encanto.
Perdemos qualidade. Nas canções, nas danças, na literatura, na pintura, na arquitectura... Os nossos heróis são pessoas vulgares que se pintaram, ou, então, canalhas por quem nos deixámos enganar.
Quando fazemos turismo, visitamos antigos monumentos ou os monumentos da natureza: há muito que não fazemos nada que mereça ser apreciado. As grandes obras desta época foram coisas destinadas a fazer dinheiro...
Quando lemos (de qualquer modo sempre preferimos um filme, porque dá menos trabalho e é mais rápido...), lemos os livros que estão na moda. A moda, porém, não resulta - principalmente nos dias que correm - de um critério de qualidade, mas de campanhas publicitárias bem estudadas, que se destinam... a fazer dinheiro. Os outros escolhem por nós. E recolhem todo o benefício.
Somos homens entretidos com a nosso conforto e com o nosso prazer. Esquecemos que devíamos fazer da nossa vida uma obra-prima; que estávamos aqui para encher uma medida; que tínhamos um caminho empinado para percorrer.
Recusámos a santidade - porque era trabalhosa - e, com ela, partiram a beleza, a poesia e o amor.
Devia ser a busca da santidade a levar-nos por dentro de nós mesmos até chegarmos a um estado de tensão e de beleza interior que nos possibilitasse produzir coisas belas. Mas assim, não: ninguém pode dar aquilo que não tem.
Esvaziámo-nos. E agora as nossas mãos desenham à nossa volta figuras vazias.
Já nem sequer somos verdadeiramente capazes de amar. Por termos deixado de lutar contra o nosso pior inimigo - que somos nós mesmos, aquilo que de mau existe em nós - não somos verdadeiramente senhores das nossas pessoas. E, por isso, não temos a capacidade de nos darmos aos outros - que isso é o amor.
Evitamos os compromissos sérios, fugimos das palavras que não têm retorno; fugimos, portanto, do casamento (e se não fugimos desfazemo-lo quando surgem dificuldades). E isso é outra manifestação de não sermos donos de nós mesmos, de não termos tido as vitórias interiores necessárias para sermos homens no verdadeiro sentido da palavra. Não somos livres.
Os santos e os heróis... reduzimo-los a bonecos de gesso, a estátuas de calcário fora de moda colocadas em igrejas ou praças. Não olhamos para eles. Admitimos - convém-nos admitir isso... - que não passam de lendas: como seria possível a existência de homens tão diferentes daquilo que agora vemos em nós e à nossa volta? Passamos por alto, com a maior das facilidades, os milhões de documentos históricos...
E, no entanto, a santidade não é nem impossível nem feita de coisas estranhas: constrói-se no dia-a-dia, com as coisas e as situações em que tocamos habitualmente. Um homem que admiro muito e que nasceu há cem anos escreveu, entre muitas outras coisas, isto: "Queres deveras ser santo? Cumpre o pequeno dever de cada momento: faz o que deves e está no que fazes". (Josemaría Escrivá, "Caminho", n.º 815)
Um sorriso amável no meio do cansaço, terminar bem uma tarefa profissional, deixar um objecto arrumado no seu lugar, fazer neste momento o que não deve ser adiado, optar pelos meios honestos, procurar a verdade de cada situação, prestar um pequeno serviço a quem está perto de nós. Hoje um pouco melhor do que ontem.
O pequeno dever de cada momento: não é preciso ir longe para chegar longe!
Perdemos qualidade. Nas canções, nas danças, na literatura, na pintura, na arquitectura... Os nossos heróis são pessoas vulgares que se pintaram, ou, então, canalhas por quem nos deixámos enganar.
Quando fazemos turismo, visitamos antigos monumentos ou os monumentos da natureza: há muito que não fazemos nada que mereça ser apreciado. As grandes obras desta época foram coisas destinadas a fazer dinheiro...
Quando lemos (de qualquer modo sempre preferimos um filme, porque dá menos trabalho e é mais rápido...), lemos os livros que estão na moda. A moda, porém, não resulta - principalmente nos dias que correm - de um critério de qualidade, mas de campanhas publicitárias bem estudadas, que se destinam... a fazer dinheiro. Os outros escolhem por nós. E recolhem todo o benefício.
Somos homens entretidos com a nosso conforto e com o nosso prazer. Esquecemos que devíamos fazer da nossa vida uma obra-prima; que estávamos aqui para encher uma medida; que tínhamos um caminho empinado para percorrer.
Recusámos a santidade - porque era trabalhosa - e, com ela, partiram a beleza, a poesia e o amor.
Devia ser a busca da santidade a levar-nos por dentro de nós mesmos até chegarmos a um estado de tensão e de beleza interior que nos possibilitasse produzir coisas belas. Mas assim, não: ninguém pode dar aquilo que não tem.
Esvaziámo-nos. E agora as nossas mãos desenham à nossa volta figuras vazias.
Já nem sequer somos verdadeiramente capazes de amar. Por termos deixado de lutar contra o nosso pior inimigo - que somos nós mesmos, aquilo que de mau existe em nós - não somos verdadeiramente senhores das nossas pessoas. E, por isso, não temos a capacidade de nos darmos aos outros - que isso é o amor.
Evitamos os compromissos sérios, fugimos das palavras que não têm retorno; fugimos, portanto, do casamento (e se não fugimos desfazemo-lo quando surgem dificuldades). E isso é outra manifestação de não sermos donos de nós mesmos, de não termos tido as vitórias interiores necessárias para sermos homens no verdadeiro sentido da palavra. Não somos livres.
Os santos e os heróis... reduzimo-los a bonecos de gesso, a estátuas de calcário fora de moda colocadas em igrejas ou praças. Não olhamos para eles. Admitimos - convém-nos admitir isso... - que não passam de lendas: como seria possível a existência de homens tão diferentes daquilo que agora vemos em nós e à nossa volta? Passamos por alto, com a maior das facilidades, os milhões de documentos históricos...
E, no entanto, a santidade não é nem impossível nem feita de coisas estranhas: constrói-se no dia-a-dia, com as coisas e as situações em que tocamos habitualmente. Um homem que admiro muito e que nasceu há cem anos escreveu, entre muitas outras coisas, isto: "Queres deveras ser santo? Cumpre o pequeno dever de cada momento: faz o que deves e está no que fazes". (Josemaría Escrivá, "Caminho", n.º 815)
Um sorriso amável no meio do cansaço, terminar bem uma tarefa profissional, deixar um objecto arrumado no seu lugar, fazer neste momento o que não deve ser adiado, optar pelos meios honestos, procurar a verdade de cada situação, prestar um pequeno serviço a quem está perto de nós. Hoje um pouco melhor do que ontem.
O pequeno dever de cada momento: não é preciso ir longe para chegar longe!
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