O Shinkansen (em japonês: 新幹線, Shinkansen, em Japonês) é a rede ferroviária de alta velocidade do Japão, operada pela companhia privada (Japan Railways Group) conhecida como JR.
Desde que a linha inicial Tōkaidō Shinkansen abriu em 1964, a rede expandiu-se para ligar a maior parte das cidades das ilhas de Honshu e Kyushu com velocidades até 300 km/h, num território habitualmente fustigado por terramotos e tufões. As velocidades máximas atingidas em viagens experimentais foram de 443 km/h em carris(trilhos) convencionais e de até 580 km/h em linhas maglev.
A palavra Shinkansen significa literalmente "Nova Linha Troncal" e por isso refere-se estritamente aos carris, enquanto que os comboios propriamente ditos são referidos oficialmente como "Super Expressos" (超特急 chō-tokkyū); no entanto, esta distinção é muito raramente feita, mesmo no próprio Japão.
Ao contrário de linhas mais antigas, o Shinkansen usa a bitola padrão, e usa túneis e viadutos para atravessar obstáculos em vez de os contornar.
História
O Japão foi o primeiro país a dedicar linhas de carris de ferro para viagens a alta velocidade. Devido à natureza montanhosa de grande parte do país, as bitolas das linhas pré-existentes eram curtas (1,067 m de largura), geralmente utilizadas nas linhas secundárias, e não podiam ser adaptadas a velocidades superiores. Consequentemente, o Japão tinha necessidade maior de novo sistema de linhas de alta velocidade do que outros países, onde os sistemas ferroviários de bitola padrão ou bitola larga existentes tinham potencial de actualização maior.
Primeiras Propostas
O popular nome Comboio Bala é a tradução ocidental do termo japonês dangan ressha (弾丸列車), alcunha dada ao projecto enquanto ainda estava na fase inicial de discussão, nos anos 30. O nome cristalizou-se devido ao facto de as locomotivas Shinkansen terem aspecto muito parecido à figura arredondada da bala e à sua alta velocidade.
O nome "Shinkansen" foi formalmente usado pela primeira vez em 1940 para a proposta da bitola padrão da linha de passageiros e mercadorias entre Tóquio e Shimonoseki, usando locomotivas eléctricas e a vapor com velocidade máxima de 200 km/h (o dobro da velocidade do comboio japonês mais rápido daquele tempo). Ao longo dos três anos seguintes, o Ministério dos Caminhos de Ferro esboçou planos mais ambiciosos para estender a linha até Pequim (através de um túnel até à Coreia) e até Singapura, e construir ligações à linha de caminho-de-ferro Trans-Siberiano e outras linhas asiáticas. Esses planos foram formalmente abandonados em 1943, à medida que a posição do Japão na Segunda Guerra Mundial começava a deteriorar-se. No entanto, algumas construções iniciaram-se na linha, tanto que muitos dos túneis do Shinkansen actual datam do tempo da guerra.
Construção
Após a derrota do Japão em 1945, os caminhos de ferro de alta velocidade foram esquecidos durante alguns anos. No entanto, por meados dos anos 1950, a linha principal de Tokaido estava a operar no pleno da sua capacidade, e o Ministério dos Caminhos de Ferro decidiu reabrir o Projecto Shinkansen. A aprovação governamental chegou em 1958, e a construção do primeiro segmento do Tōkaidō Shinkansen entre Tóquio e Osaka iniciou-se em 1959. Grande parte da construção foi financiada com um empréstimo de US$ 80.000.000 do Banco Mundial. Um troço da linha de testes de material circulante, hoje parte da linha principal, abriu em Odawara (正確には鴨宮付近のいわゆるモデル線) em 1962. O Tokaido Shinkansen abriu a 1 de Abril de 1964, justo a tempo para os Jogos Olímpicos de Tóquio. Foi sucesso imediato, chegando à marca dos 100 milhões de passageiros em menos de três anos a 13 de Julho de 1967 e ao mil-milionésimo passageiro em 1976. Foram introduzidos dezasseis novos comboios para a Expo '70 em Osaka. Os primeiros comboios Shikansen atingiam velocidades até os 210 km/h, mais tarde aumentados para os 220 km/h. Alguns desses comboios, com o seu aspecto clássico de nariz de bala, ainda estão em circulação. Uma locomotiva de um dos comboios originais está hoje exposta no museu britânico National Railway Museum de York.
Expansão da rede
Este sucesso inicial permitiu a extensão da primeira linha para Oeste para Hiroshima e Fukuoka (a linha Sanyo Shinkansen), que foi completada em 1975.
O Primeiro-Ministro Kakuei Tanaka foi apoiante fervoroso do Shikansen, e o seu governo propôs uma extensa rede de linhas em paralelo à maioria das linhas de comboio convencionais do Japão. Duas novas linhas, a Tōhoku Shinkansen e a Jōetsu Shinkansen, foram construídas seguindo esse plano. No entanto, muitas outras linhas planeadas foram atrasadas ou retiradas por completo quando os Caminhos de Ferro Nacionais do Japão aumentaram as suas dívidas, em grande causa devido aos altos custos de construção da rede Shinkansen. No princípio dos anos de 1980, a Japan National Railways era praticamente insolvente, levando à sua privatização em 1987.
Apesar dessa situação, o desenvolvimento do Shinkansen continuou. Muitos modelos posteriores seguiram o primeiro tipo, mas cada um com o seu aspecto distintivo. Os comboios Shinkansen viajam regularmente a velocidades de até 300 km/h, colocando-os entre os comboios mais rápidos do mundo, como os TGV franceses, o português Alfa Pendular, o britânico Eurostar, o italiano TAV, o alemão ICE e os sul-coreanos KTX.
Desde 1970, também tem estado em desenvolvimento o Chūō Shinkansen, o comboio JR-Maglev (de levitação magnética ou maglev) planeado para circular eventualmente entre Tóquio e Osaka. A 2 de Dezembro de 2003, um conjunto de 3 carruagens maglev atingiu o recorde mundial de velocidade de 581 km/h.
Em 2003, a JR Central informou que as médias dos tempos de chegada do Shinkansen tinham um erro de cerca de 0,1 minuto (i.e. 6 segundos) em relação à hora prevista na tabela de horários. Isso inclui todos os erros e acidentes naturais e humanos e é calculado entre todas as cerca de 160 000 viagens que o Shinkansen efectuou. O recorde anterior era de 1997, de 0,3 minutos (i.e. 18 segundos). O Japão celebrou o 40.º aniversário dos caminhos de ferro de alta velocidade em 2004, onde apenas e só a linha Tōkaidō Shinkansen transportou 4,16 mil milhões de passageiros. A rede no total transportou cerca de 6 mil milhões de passageiros, mais que toda a população mundial hoje.
Recorde de segurança
Não há registo de nenhuma morte de passageiros associada à circulação do Shinkansen. Têm ocorrido alguns ferimentos e uma fatalidade devido a portas a encerrarem sobre os passageiros ou seus pertences, mas há funcionários disponíveis em cada plataforma para assegurar que quaisquer problemas sejam resolvidos antes de os comboios prosseguirem.
Houve casos de suicídio, em que passageiros saltaram desde ou para a frente dos comboios em movimento. Isso resultou que algumas estações instalassem barreiras que prevenissem os passageiros de aceder aos carris, apesar de o acidente de 9 de Janeiro de 1999 na estação de Sakudaira na linha Nagano Shinkansen mostrar que nem mesmo essas barreiras impediriam suicidas determinados de saltar: um homem subiu a barreira de segurança para ser atingido por um serviço de passagem sem paragem a alta velocidade.
O primeiro descarrilamento de um comboio Shinkansen em serviço de transporte de passageiros ocorreu durante o terramoto de Joetsu a 23 de Outubro de 2004. Oito de dez carruagens do comboio Toki n.º 325 da linha Jōetsu Shinkansen descarrilaram próximo da Estação Nagaoka em Nagaoka, Niigata. No entando, não foram declarados quaisquer feridos ou mortos entre os 154 passageiros[2]. Na eventualidade de ocorrer um terramoto, um sistema de detecção de terramotos pode levar o comboio a parar muito rapidamente; a próxima geração de comboios FASTECH 360 irá ter travões de resistência ao ar em forma de orelha de gato para entrarem em acção em caso de uma travagem de emergência a altas velocidades.
Desde que a linha inicial Tōkaidō Shinkansen abriu em 1964, a rede expandiu-se para ligar a maior parte das cidades das ilhas de Honshu e Kyushu com velocidades até 300 km/h, num território habitualmente fustigado por terramotos e tufões. As velocidades máximas atingidas em viagens experimentais foram de 443 km/h em carris(trilhos) convencionais e de até 580 km/h em linhas maglev.
A palavra Shinkansen significa literalmente "Nova Linha Troncal" e por isso refere-se estritamente aos carris, enquanto que os comboios propriamente ditos são referidos oficialmente como "Super Expressos" (超特急 chō-tokkyū); no entanto, esta distinção é muito raramente feita, mesmo no próprio Japão.
Ao contrário de linhas mais antigas, o Shinkansen usa a bitola padrão, e usa túneis e viadutos para atravessar obstáculos em vez de os contornar.
História
O Japão foi o primeiro país a dedicar linhas de carris de ferro para viagens a alta velocidade. Devido à natureza montanhosa de grande parte do país, as bitolas das linhas pré-existentes eram curtas (1,067 m de largura), geralmente utilizadas nas linhas secundárias, e não podiam ser adaptadas a velocidades superiores. Consequentemente, o Japão tinha necessidade maior de novo sistema de linhas de alta velocidade do que outros países, onde os sistemas ferroviários de bitola padrão ou bitola larga existentes tinham potencial de actualização maior.
Primeiras Propostas
O popular nome Comboio Bala é a tradução ocidental do termo japonês dangan ressha (弾丸列車), alcunha dada ao projecto enquanto ainda estava na fase inicial de discussão, nos anos 30. O nome cristalizou-se devido ao facto de as locomotivas Shinkansen terem aspecto muito parecido à figura arredondada da bala e à sua alta velocidade.
O nome "Shinkansen" foi formalmente usado pela primeira vez em 1940 para a proposta da bitola padrão da linha de passageiros e mercadorias entre Tóquio e Shimonoseki, usando locomotivas eléctricas e a vapor com velocidade máxima de 200 km/h (o dobro da velocidade do comboio japonês mais rápido daquele tempo). Ao longo dos três anos seguintes, o Ministério dos Caminhos de Ferro esboçou planos mais ambiciosos para estender a linha até Pequim (através de um túnel até à Coreia) e até Singapura, e construir ligações à linha de caminho-de-ferro Trans-Siberiano e outras linhas asiáticas. Esses planos foram formalmente abandonados em 1943, à medida que a posição do Japão na Segunda Guerra Mundial começava a deteriorar-se. No entanto, algumas construções iniciaram-se na linha, tanto que muitos dos túneis do Shinkansen actual datam do tempo da guerra.
Construção
Após a derrota do Japão em 1945, os caminhos de ferro de alta velocidade foram esquecidos durante alguns anos. No entanto, por meados dos anos 1950, a linha principal de Tokaido estava a operar no pleno da sua capacidade, e o Ministério dos Caminhos de Ferro decidiu reabrir o Projecto Shinkansen. A aprovação governamental chegou em 1958, e a construção do primeiro segmento do Tōkaidō Shinkansen entre Tóquio e Osaka iniciou-se em 1959. Grande parte da construção foi financiada com um empréstimo de US$ 80.000.000 do Banco Mundial. Um troço da linha de testes de material circulante, hoje parte da linha principal, abriu em Odawara (正確には鴨宮付近のいわゆるモデル線) em 1962. O Tokaido Shinkansen abriu a 1 de Abril de 1964, justo a tempo para os Jogos Olímpicos de Tóquio. Foi sucesso imediato, chegando à marca dos 100 milhões de passageiros em menos de três anos a 13 de Julho de 1967 e ao mil-milionésimo passageiro em 1976. Foram introduzidos dezasseis novos comboios para a Expo '70 em Osaka. Os primeiros comboios Shikansen atingiam velocidades até os 210 km/h, mais tarde aumentados para os 220 km/h. Alguns desses comboios, com o seu aspecto clássico de nariz de bala, ainda estão em circulação. Uma locomotiva de um dos comboios originais está hoje exposta no museu britânico National Railway Museum de York.
Expansão da rede
Este sucesso inicial permitiu a extensão da primeira linha para Oeste para Hiroshima e Fukuoka (a linha Sanyo Shinkansen), que foi completada em 1975.
O Primeiro-Ministro Kakuei Tanaka foi apoiante fervoroso do Shikansen, e o seu governo propôs uma extensa rede de linhas em paralelo à maioria das linhas de comboio convencionais do Japão. Duas novas linhas, a Tōhoku Shinkansen e a Jōetsu Shinkansen, foram construídas seguindo esse plano. No entanto, muitas outras linhas planeadas foram atrasadas ou retiradas por completo quando os Caminhos de Ferro Nacionais do Japão aumentaram as suas dívidas, em grande causa devido aos altos custos de construção da rede Shinkansen. No princípio dos anos de 1980, a Japan National Railways era praticamente insolvente, levando à sua privatização em 1987.
Apesar dessa situação, o desenvolvimento do Shinkansen continuou. Muitos modelos posteriores seguiram o primeiro tipo, mas cada um com o seu aspecto distintivo. Os comboios Shinkansen viajam regularmente a velocidades de até 300 km/h, colocando-os entre os comboios mais rápidos do mundo, como os TGV franceses, o português Alfa Pendular, o britânico Eurostar, o italiano TAV, o alemão ICE e os sul-coreanos KTX.
Desde 1970, também tem estado em desenvolvimento o Chūō Shinkansen, o comboio JR-Maglev (de levitação magnética ou maglev) planeado para circular eventualmente entre Tóquio e Osaka. A 2 de Dezembro de 2003, um conjunto de 3 carruagens maglev atingiu o recorde mundial de velocidade de 581 km/h.
Em 2003, a JR Central informou que as médias dos tempos de chegada do Shinkansen tinham um erro de cerca de 0,1 minuto (i.e. 6 segundos) em relação à hora prevista na tabela de horários. Isso inclui todos os erros e acidentes naturais e humanos e é calculado entre todas as cerca de 160 000 viagens que o Shinkansen efectuou. O recorde anterior era de 1997, de 0,3 minutos (i.e. 18 segundos). O Japão celebrou o 40.º aniversário dos caminhos de ferro de alta velocidade em 2004, onde apenas e só a linha Tōkaidō Shinkansen transportou 4,16 mil milhões de passageiros. A rede no total transportou cerca de 6 mil milhões de passageiros, mais que toda a população mundial hoje.
Recorde de segurança
Não há registo de nenhuma morte de passageiros associada à circulação do Shinkansen. Têm ocorrido alguns ferimentos e uma fatalidade devido a portas a encerrarem sobre os passageiros ou seus pertences, mas há funcionários disponíveis em cada plataforma para assegurar que quaisquer problemas sejam resolvidos antes de os comboios prosseguirem.
Houve casos de suicídio, em que passageiros saltaram desde ou para a frente dos comboios em movimento. Isso resultou que algumas estações instalassem barreiras que prevenissem os passageiros de aceder aos carris, apesar de o acidente de 9 de Janeiro de 1999 na estação de Sakudaira na linha Nagano Shinkansen mostrar que nem mesmo essas barreiras impediriam suicidas determinados de saltar: um homem subiu a barreira de segurança para ser atingido por um serviço de passagem sem paragem a alta velocidade.
O primeiro descarrilamento de um comboio Shinkansen em serviço de transporte de passageiros ocorreu durante o terramoto de Joetsu a 23 de Outubro de 2004. Oito de dez carruagens do comboio Toki n.º 325 da linha Jōetsu Shinkansen descarrilaram próximo da Estação Nagaoka em Nagaoka, Niigata. No entando, não foram declarados quaisquer feridos ou mortos entre os 154 passageiros[2]. Na eventualidade de ocorrer um terramoto, um sistema de detecção de terramotos pode levar o comboio a parar muito rapidamente; a próxima geração de comboios FASTECH 360 irá ter travões de resistência ao ar em forma de orelha de gato para entrarem em acção em caso de uma travagem de emergência a altas velocidades.
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