sábado, 16 de outubro de 2010

Câncer é causado pelo homem, diz estudo


O câncer é uma doença da era moderna, causada por fatores ambientais gerados pelo homem, como poluição e dieta.

A afirmação acima é resultado de um estudo realizado por pesquisadores da Universidade de Manchester, no Reino Unido.

Para eles, após analisar milhares de vestígios do antigo Egito e Grécia (inclusive múmias) praticamente sem encontrar traços da doença, a conclusão é simples: o câncer, que segundo a Organização Mundial de Saúde é responsável por 13% dos óbitos no mundo, é causado pelo homem.

“Em sociedades industrializadas, o câncer é a segunda maior causa de morte, atrás apenas de doenças cardiovasculares”, escreve a equipe liderada pelo professor Michael Zimmerman em um trabalho publicado na prestigiada revista Natutre. “A história desse problema tem o potencial de melhorar nossa compreensão da prevenção da doença, bem como suas causas e tratamentos. A impressionante raridade de casos em antigos vestígios físicos pode indicar que o câncer era raro na antiguidade, o que levanta a questão sobre o papel de fatores cancerígenos no meio ambiente nas sociedades modernas”.

O trabalho se baseia em diversos dados. A equipe estudou restos mumificados e evidências descritas na literatura no período do Antigo Egito. Somente referências literárias foram usadas para estudar a Grécia antiga, uma vez que não há vestígios de corpos do período. Também foram usados estudos de restos de humanos e animais de períodos anteriores, sendo que a análise de alguns animais vai até a época dos dinossauros.

A evidência de câncer em fósseis de animais, primatas não-humanos e humanos primitivos é muito rara. Centenas de múmias foram analisadas ao redor do mundo e somente duas tiveram confirmação microscópica de câncer. A radiografia de múmias no Cairo e na Europa também não mostrou nada.

O primeiro diagnóstico histológico de câncer em uma múmia egípcia foi feito durante este estudo pelo Professor Zimmerman (um câncer de reto em uma múmia que viveu entre os anos 200 e 400). Para excluir a hipótese de que os tumores malignos não seriam bem preservados pelo processo de mumificação – o que explicaria a ausência de casos achados - o Dr. Zimmerman realizou experimentos que comprovaram que a mumificação preserva extremamente bem as características dos tecidos malignos.

Havia também poucas referências ao câncer na literatura, sugerindo que a doença era extremamente rara na antiguidade. Porém, ao chegar a um determinado período da história, a equipe notou um aumento significativo no número de casos – mais especificamente a partir da Revolução industrial. No século 17, os pesquisadores encontraram descrições de operações de câncer de mama, por exemplo, além de relatos de câncer escrotal em limpadores de chaminés (1775) e câncer nasal em usuários de rapé (1761).

Já foi sugerido que a baixa expectativa de vida na antiguidade estaria relacionada aos baixos índices de câncer. Os pesquisadores não destacam esse fato, mas levantam outras evidências de que doenças associadas à velhice já estavam presentes nos antigos. Há indícios, por exemplo, de que gregos e egípcios viviam o bastante para desenvolver osteoporose – o que significa que chegariam a uma faixa etária na qual os casos de câncer deveriam ser mais freqüentes.

Além disso, a análise dos registros a partir da Revolução Industrial mostrou um grande crescimento particularmente do câncer infantil, o que seria mais uma evidência de que o aumento dos casos não é simplesmente um efeito das pessoas estarem vivendo mais.

Para os pesquisadores, fica claro que o aumento dos casos da doença está associado à poluição e às mudanças no estilo de vida. Segundo eles, a importância de uma análise como essa, que leva em conta dados de milênios, é que ele dá uma perspectiva histórica da doença. E esse tipo de informação pode ajudar – e muito – a delinear medidas de combate à doença.

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