quinta-feira, 5 de julho de 2012

Capacidade de perdoar


Ele era apenas um garoto de dez anos que sonhava com o Natal, que chegaria em cinco dias. Desceu do ônibus que o trouxe da escola e caminhou em direção à sua casa.

Hugh era seu segundo nome e era assim que o pai o chamava. Tinha cabelos castanhos, olhos ingênuos e sorriso fácil.

Oi, falou um homem se aproximando. Sou amigo de seu pai. Vamos dar uma festa para ele e preciso lhe fazer algumas perguntas a fim de saber que presentes comprar para ele. Você pode me ajudar?

Hugh acompanhou o homem até um trailer estacionado a duas quadras e viajaram para fora da cidade. As ruas foram desaparecendo.

Acho que entrei na rua errada, falou o homem. E entregou um mapa ao menino para que procurasse localizar a rodovia principal.

O garoto se debruçou sobre o mapa e então sentiu uma dor aguda nas costas, como uma picada de abelha. Depois outra picada e começou a se contorcer.

O homem estava com um furador de gelo na mão e o foi espetando. Não eram espetadas profundas mas doíam muito e Hugh ficou apavorado.

Depois, ele largou a arma e voltou a dirigir. Chegaram em uma estrada de terra.

Vamos saltar, falou o motorista. Aliviado por sair do trailer, o menino caminhou um pouco e se sentou frente a um matagal. Os ferimentos não eram graves mas ele sentia a dor do medo.

Ele não viu seu agressor vir em sua direção, apontar a arma. Tampouco sentiu a bala entrar por sua têmpora esquerda.

Seis dias depois, Hugh foi encontrado. Depois de passar quase uma semana inconsciente, o menino despertou e se arrastou até a estrada, onde um motorista o apanhou.

Havia perdido o olho esquerdo mas estava vivo.

Pelos três anos seguintes, ele dormia quase todas as noites ao pé da cama dos pais e qualquer barulho o assustava.

Acreditou que jamais teria uma vida normal. Então, ele descobriu um templo religioso perto de sua casa. Sentiu-se tocado pela mensagem cristã de esperança e perdão, que parecia lhe falar direto ao coração.

Pela primeira vez ele percebeu que sua sobrevivência não deveria ser fonte de medo e de ódio, mas de inspiração para viver.

Dezenove anos depois, Hugh encontrou face a face o seu agressor. Era um homem que estava morrendo em uma cama. Idoso, pesava trinta quilos.

Hugh sempre pensava em como reagiria se um dia encontrasse aquele monstro frente a frente. E agora, só podia lhe estender a mão e ajudá-lo a viver de forma razoável os últimos dias. Passou a visitá-lo.

Três semanas depois, o agressor morreu enquanto dormia. Naquela tarde, Hugh lhe falara da sua própria fé e da esperança de que ele também pudesse crer em Deus, na Imortalidade.

Nesse dia, Hugh se deu conta que conseguira perdoar o seu agressor.

* * *

Perdoa sempre. Passada a ocorrência que te feriu, retorna para a tua vida, com entusiasmo e renovação.

O agressor é sempre alguém em desequilíbrio, necessitando da medicação da bondade para se recuperar.

Perdoa e ilumina-te ainda hoje.



Redação do Momento Espírita, com base no artigo Das trevas à luz, de
Seleções Reader´s Digest, de outubro de 2000 e no cap. CLXXXIII do livro
Vida feliz, pelo Espírito Joanna de Ângelis, psicografia de Divaldo Pereira
Franco, ed. Leal.
Em 15.06.2012.



Seguidores, visitantes, amigos, amigas, deixe seu comentário dizendo se gostou ou não de nossa postagem. Sua opinião é muito importante para Nós.  Ajude-nos a fazer um blog melhor. Obrigado. Abraxos.

2 comentários:

  1. Essa parte é difícil! Mas sei que é necessária. perdoar que faz o mal. Isso é exercício muito, muito difícil! É preciso ser "grande", de verdade!

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Luciana,

      não, não é fácil messssssmo!!!
      Existem coisas que acontecem que demoramos muuuuito tempo para perdoar, mas, acredito que tenhamos que tentar!!!
      Abraxos

      Excluir