quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Estimulantes de apetite para crianças


Na esperança de ver o filho raspar o prato muita gente recorre aos estimulantes de apetite. Conheça prós e contras e saiba quando eles de fato podem ser eficazes.

por Flávia Pinho

Meu filho não come, doutor." Essa é uma das queixas mais ouvidas pelos pediatras de todos os tempos e hoje, em plena era de epidemia de obesidade, não é diferente. "Costumo dizer que as mães, mais até do que os pais, têm um olhar emagrecedor. Elas sempre acham que os filhos estão abaixo do peso, mesmo que sejam saudáveis", conta o pediatra Ruy Pupo Filho, autor do livro Como Educar Seus Filhos (Ed. Campus/ Elsevier).

E a maioria, ele emenda, pede a prescrição de fortificantes para estimular o apetite dos pequenos. Afinal, quem nunca ouviu uma avó ou tia comentando sobre os efeitos milagrosos desse tipo de elixir? Há cerca de um século os fortificantes têm o suposto poder de fazer milagres e, acreditam as pessoas, se não funcionarem, mal também não irão causar. Ao contrário do que se pensa, estimulantes de apetites não são substâncias inocentes e podem, sim, provocar efeitos colaterais perigosos se ingeridos sem necessidade.

O tipo mais popular de fortificante não passa de um composto de vitaminas, ferro e cálcio, em proporções que variam de acordo com a marca. E só funciona como estimulante de apetite, garantem os especialistas, se a causa da inapetência for alguma deficiência de nutrientes. Crianças anêmicas, por exemplo, podem se beneficiar. A ingestão de ferro corrige o problema e, como conseqüência, o apetite volta ao normal. Foi o que aconteceu com Nayara Vieira Duarte. Aos

10 anos ela torcia o nariz para quase tudo o que via no prato. Jamais gostou de arroz com feijão ou de vegetais, sempre evitou carne vermelha e leite. "O pediatra analisou a alimentação dela e receitou um composto de ferro e vitaminas", relata a mãe da menina, Nalci Vieira. Dois meses depois, ela conta, Nayara já parecia outra criança. "Além de comer uma maior quantidade de alimentos, passou a aceitar comidas diferentes, como frutas e verduras. "O problema começa quando entra em cena a automedicação. Ingerir suplemento de ferro sem necessidade provoca diversos efeitos colaterais.

"A substância se deposita em locais como o fígado, o baço e a medula óssea, levando a um funcionamento inadequado desses órgãos", alerta a nutróloga Roseli Sarni, presidente do departamento de nutrologia da Sociedade Brasileira de Pediatria. "O uso exagerado de complementos vitamínicos também pode aumentar a prevalência de doenças na vida adulta, como câncer de pulmão", diz ela. Quem compra fortificante sem prescrição médica corre ainda outro risco, o de mascarar sintomas de males, como alguns tipos de tumores infantis.

E o que também é grave: pode levar para casa fórmulas que aliam as vitaminas a um antihistamínico. "Esses remédios, utilizados em casos de alergia, atuam no sistema nervoso central e apresentam o aumento da vontade de comer como efeito colateral transitório. Só que, além disso, causam sonolência, distúrbios do humor, perda da capacidade de concentração e, conseqüentemente, prejuízo no desempenho escolar", adverte o pediatra Roberto Bittar, do Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo.

Fonte: http://saude.abril.com.br

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