quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Correios vão virar S.A. e poderão abrir agencias no Japão entre outros países


O governo quer dobrar o faturamento dos Correios e chegar a R$ 25 bilhões de receita anual no prazo de um ano e meio. A meta faz parte do projeto de modernização da estatal, que será posto em prática por meio de uma medida provisória

A minuta da MP foi apresentada ontem pelo ministro das Comunicações, Hélio Costa, ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva e deverá ser encaminhada ao Congresso após o carnaval.

O projeto de modernização da estatal, que passará a se chamar Correios do Brasil S.A., se dará em três frentes: com a criação de novos serviços, atuação no exterior e implantação de uma governança corporativa, transformando os Correios, que hoje são uma empresa pública de direito privado, em uma sociedade anônima de capital fechado. O ministro Hélio Costa garantiu, no entanto, que está descartada a possibilidade de abrir o capital da empresa.

A ideia é dar aos Correios uma nova estrutura de logística, com a criação do Correio Híbrido, mecanismo que permite o envio eletrônico de correspondência, como um boleto bancário, que é impresso em um centro de distribuição da estatal mais próximo do destinatário. O envio por meio eletrônico substitui o transporte aéreo e grande parte do transporte terrestre, reduzindo custos.

A proposta também prevê o fortalecimento do Banco Postal, hoje operado em parceria com o Bradesco. Segundo o ministro, o contrato do Banco Postal com o Bradesco vence no ano que vem, quando será feita nova licitação. Ele avalia, no entanto, que pela expertise já adquirida pelo Bradesco, "são fortes as chances de ele continuar parceiro dos Correios no Banco Postal". Costa negou a intenção de eliminar a parceria com o setor privado nesse projeto.

O ministro relatou que, depois de dois anos de trabalho, foi possível chegar a um consenso com os Ministérios da Fazenda e do Planejamento. "Precisamos modernizar os Correios para que possa competir em um mercado cada vez mais disputado e sobreviver à nova era da informática", afirmou o ministro, acrescentando que um dos objetivos da proposta é permitir que os Correios possam usar a sua infraestrutura para comercializar novos serviços, como, por exemplo, vender seguro e chips de telefone celular.

Apesar de este ser um ano eleitoral, Costa disse acreditar que a MP será votada no Congresso. Segundo ele, há disposição por parte dos parlamentares de modernizar a empresa e a proposta do governo está em consenso com algumas iniciativas que já tramitam na Câmara e no Senado.

Segundo ele, essas mudanças são necessárias porque a empresa está perdendo 400 milhões de correspondências por ano. Em cinco anos, os Correios perderam um bilhão de correspondências. "Temos de modernizar a empresa, recuperar clientes, aumentar a receita, senão estaremos fadados, em dois anos, a ser uma carga pesada para o governo."
A abertura de agências no exterior, segundo Costa, vai permitir que os Correios façam remessas para o Brasil, principalmente de países como Estados Unidos, Japão, Portugal e Espanha. A estimativa é que os brasileiros que moram no exterior enviem US$ 6 bilhões por ano ao Brasil. "Não pretendemos ser um banco", disse Costa.

O ministro citou também que o novo formato jurídico dos Correios permitirá uma nova negociação com empresas aéreas para entrega de correspondências, o que permitirá que se amplie o prazo dos contratos, reduzindo os custos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário