Eis que adentramos a era do Espírito neste século XXI, e encontramos no Consolador Prometido as diretrizes iluminadas para a transição para Planeta de Regeneração. Mas é preciso meditar, afinal o que significa a Era do Espírito? Sem grandes delongas, é a fase em que rompemos com os limites da matéria e abrangendo com o olhar a vida do Espírito, em que saímos da vida única e entendemos a história da evolução, contada em diversas reencarnações, em que ampliamos o entendimento de Deus, de arbitrário senhor para a representação sublime do amor e elevamos o entendimento de Jesus, de profeta sacrificado na cruz para o governador do Planeta Terra.
E eis que Deus, em seu potencial de amor, cria sem cessar. E através de sua bondade nascem espíritos que se fazem as crianças espirituais no reino mineral, iniciando os passos da evolução. E galgam os diversos caminhos do reino vegetal, adentram o reino animal, rumando para a fase de humanidade, onde nos encontramos. Homens somos, conhecedores de Deus e do Evangelho. Homens somos, rumo ao Arcanjo, conhecedores da Doutrina Espírita. E humanos precisamos aprender a ser, como aqueles que viverão a Era do Espírito, entendendo como inconcebível e incompatível com o amor e com as Leis Divinas, qualquer forma de promover o sofrimento ou a dor a espíritos do Senhor.
Sejamos cristãos e deixemos de lado estas práticas primitivas e infelizes que nos igualam às épocas de selvageria da humanidade. Se outrora aplaudíamos leões comendo cristãos, hoje aplaudimos os próprios homens a sacrificar em dor e sofrimento animais em rodeios e touradas, em vaquejadas e farras do boi, criando estridentes risadas e derramando o sangue sagrado de espíritos em evolução, conscientes e inteligentes. Que absurdo há de ser esta pratica para a Era do Espírito? Onde se encaixa na Regeneração? Até quando nos ligaremos a tão primitivos e cruéis meios de diversão, utilizando nossa inteligência para subjugar e maltratar? Quem nos disse que temos o direito de dispor da vida que não criamos de forma tão cruel? Até quando repetiremos os atos praticados grosseiramente na época dos escravos e do holocausto judeu, promovendo câmaras de tortura, tráfico de almas de Deus, como fazemos até hoje vendendo e traficando animais?
Por quanto tempo teremos lojas onde damos preço em vidas e exploramos as criações de Deus, a custa dos seres que nos são confiados, sob nossa ambição?
Quem deu ao homem o direito a promover tanta dor e a impregnar a atmosfera do planeta de tanta violência e crueldade, aplaudindo os rodeios, distantes do entendimento da evolução? Apreendemos animais em circos, distantes do entendimento do amor. Justificamos os matadouros e frigoríficos distantes do que significa a nova era. Derramamos sangue e acreditamos que praticamos o amor, causando choro em nossos irmãos, gritos de horror, e acreditamos que vivemos o Evangelho. Criamos as risadas estridentes em meio a tortura e acreditamos que estamos condizentes com Jesus. Ah, mísera ilusão. Somente este raciocínio, rompendo com o egocentrismo, já seria suficiente para que imediatamente abandonássemos qualquer ato de tortura e sofrimento a qualquer espírito do Senhor, mas se ainda assim precisarmos das diretrizes do Consolador Prometido para direcionar nossa consciência, ei-las, meus irmãos:
O Consolador, Espírito Emmanuel, psicografia de Francisco Cândido Xavier, questão 136
“–Existem seres agindo na Terra sob determinação absoluta?
-Os animais e os homens quase selvagens nos dão uma idéia dos seres que agem no planeta sob determinação absoluta. E essas criaturas servem para estabelecer a realidade triste da mentalidade do mundo, ainda distante da fórmula do amor, com que o homem deve ser o legítimo cooperador de Deus, ordenando com a sua sabedoria paternal.
Sem saberem amar os irracionais e os irmãos mais ignorantes colocados sob a sua imediata proteção, os homens mais educados da Terra exterminam os primeiros, para sua alimentação, e escravizam os segundos para objeto de explorações grosseiras, com exceções, de modo a mobilizá-los a serviço do seu egoísmo e da sua ambição.”
O Consolador, Espírito Emmanuel, psicografia de Francisco Cândido Xavier, questão 129
“É um erro alimentar-se o homem com a carne dos irracionais?
-A ingestão das vísceras dos animais é um erro de enormes conseqüências, do qual derivaram numerosos vícios da nutrição humana. É de lastimar semelhante situação, mesmo porque, se o estado de materialidade da criatura exige a cooperação de determinadas vitaminas, esses valores nutritivos podem ser encontrados nos produtos de origem vegetal, sem a necessidade absoluta dos matadouros e frigoríficos.
Temos de considerar, porém, a máquina econômica do interesse e da harmonia coletiva, na qual tantos operários fabricam o seu pão cotidiano. Suas peças não podem ser destruídas de um dia para o outro, sem perigos graves. Consolemo-nos com a visão do porvir, sendo justo trabalharmos, dedicadamente, pelo advento dos tempos novos em que os homens terrestres poderão dispensar da alimentação os despojos sangrentos de seus irmãos inferiores.”
Missionários da Luz, Espírito André Luiz, psicografia de Francisco Cândido Xavier, cap. IV
“...A pretexto de buscar recursos protéicos, exterminávamos frangos e carneiros, leitões e cabritos incontáveis. Sugávamos os tecidos musculares, roíamos os ossos. Não contentes em matar os pobres seres que nos pediam roteiros de progresso e valores educativos, para melhor atenderem a Obra do Pai, dilatávamos os requintes da exploração milenária e infligíamos a muitos deles determinadas moléstias para que nos servissem ao paladar, com a máxima eficiência. O suíno comum era localizado por nós, em regime de ceva, e o pobre animal, muita vez à custa de resíduos, devia criar para nosso uso certas reservas de gordura, até que se prostrasse, de todo, ao peso de banhas doentias e abundantes. Colocávamos gansos nas engordadeiras para que hipertrofiassem o fígado, de modo a obtermos pastas substanciosas destinadas a quitutes que ficaram famosos, despreocupados das faltas cometidas com a suposta vantagem de enriquecer os valores culinários. Em nada nos doía o quadro comovente das vacas-mães, em direção ao matadouro, para que nossas panelas transpirassem agradavelmente. Encarecíamos, com toda a responsabilidade da Ciência, a necessidade de proteínas e gorduras diversas, mas esquecíamos de que a nossa inteligência, tão fértil na descoberta de comodidade e conforto, teria recursos de encontrar novos elementos e meios de incentivar os suprimentos protéicos ao organismo, sem recorrer às indústrias da morte...”
“...devemos afirmar a verdade, embora contra nós mesmos. Em todos os setores da Criação, Deus, nosso Pai, colocou os superiores e os inferiores para o trabalho de evolução, através da colaboração e do amor, da administração e da obediência. Atrever-nos-íamos a declarar, porventura, que fomos bons para os seres que nos eram inferiores? Não lhes devastávamos a vida, personificando diabólicas figuras em seus caminhos?”
“...Os seres inferiores e necessitados do Planeta não nos encaram como superiores generosos e inteligentes, mas como verdugos cruéis. Confiam na tempestade furiosa que perturba as forças da Natureza, mas fogem, desesperados, à aproximação do homem de qualquer condição, excetuando-se os animais domésticos que, por confiar em nossas palavras e atitudes, aceitam o cutelo no matadouro, quase sempre com lágrimas de aflição, incapazes de discernir com o raciocínio embrionário onde começa a nossa perversidade e onde termina a nossa compreensão...”
“...temos sido vampiros insaciáveis dos seres frágeis que nos cercam, entre as formas terrenas...”
Conduta Espírita, Espírito André Luiz, psicografia de Waldo Vieira, cap. 33, Perante os Animais
“Abster-se de perseguir e aprisionar, maltratar ou sacrificar animais domésticos ou selvagens, aves e peixes, a título de recreação, em excursões periódicas aos campos, lagos e rios, ou em competições obstinadas e sanguinolentas do desportismo.
Há divertimentos que são verdadeiros delitos sob disfarce.”
“Esquivar-se de qualquer tirania sobre a vida animal, não agindo com exigências descabidas para a satisfação de caprichos alimentares nem com requintes condenáveis em pesquisas laboratoriais, restringindo-se tão-somente às necessidades naturais da vida e aos impositivos justos do bem.
O uso edifica, o abuso destrói.”
“Opor-se ao trabalho excessivo dos animais, sem lhes administrar mais ampla assistência.
A gratidão também expressa justiça.”
“Os seres da retaguarda evolutiva alinham-se conosco em posição de necessidade perante a lei.”