quarta-feira, 5 de setembro de 2012

"A raiz dos abusos na Igreja está no seminário"


por Eduardo Szklarz

O que há na mente dos padres abusadores?
Primeiro, têm uma adaptação social imatura e evitam pessoas. São também voltados à própria satisfação e não identificam o sofrimento de sua vítima. Por outro lado, conseguem passar uma excelente imagem: se vestem de forma impecável, adoram cerimônias e tudo que os coloca no centro das atenções. Mas não têm controle interno. Nem compaixão.

Como lidar com eles?
É preciso mudar o sistema que produz esses padres. É um sistema psicopata que está tão corrompido agora como no século 12. Ele omite os crimes e muda os abusadores de paróquia em paróquia. Assim, mantém pessoas doentes e outras em perigo.

Qual a solução para padres abusadores seriais?
Ela deve atacar 3 áreas: criminal, moral - porque a Igreja ensina que todo sexo é pecado - e psiquiátrico. Se houver crime, a pessoa deve ser tratada como um criminoso. Abusadores também não devem mais trabalhar como padres, pois aproveitam sua condição de conselheiros para seduzir menores. E, se precisarem, devem receber medicamentos e terapias. Mas o mais importante é que sejam monitorados. São como os alcoólatras: se quiserem se controlar, há meios para isso. Mas estamos falando mais de controle que de cura.

Como isso pode ser feito?
Acabo de visitar um grupo de 10 ex-padres, quase todos pedófilos, que moram juntos numa casa sob a supervisão de outros padres. Não foram presos porque seu crime prescreveu, mas vivem confinados. Ali eles tentam reconstruir sua vida espiritual, mas não podem sair sem acompanhamento. O oposto é outro mosteiro que visitei, onde pedófilos podiam pegar o carro e sair sozinhos. A falta de supervisão é desastrosa, pois quem tem tal vício não consegue se controlar.

E qual a proporção de pedófilos no clero?
Coletei dados durante 25 anos (1960-1985) e a conclusão foi que, em qualquer época, não mais de 50% dos padres e bispos praticam o celibato. Uns têm relações sexuais com mulheres, outros com homens. E cerca de 6% se envolvem com crianças. Mas isso aumenta quando você estuda dioceses individuais. Na Arquidiocese de Los Angeles, 11,5% dos padres que trabalhavam em suas paróquias em 1983 foram mais tarde acusados de abuso sexual de menores.

Qual a raiz do problema?
Os padres não são bem preparados nos seminários. Muitos podem ser disciplinados nos anos de formação, mas começam a se envolver com adultos ou menores ao mudar para suas paróquias. A questão é que muitas pessoas têm a vocação para ser padre, mas não para o celibato. É aí que o conflito aparece.

A solução é o fim do celibato?
O problema vai além disso: ele reflete todo o ensino da Igreja sobre sexualidade, e o abuso de crianças pelo clero é apenas um sintoma desse sistema.

Fonte: http://super.abril.com.br/religiao/raiz-abusos-igreja-esta-seminario-619618.shtml

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Um comentário:

  1. Elton,

    eu concordo com você plenamente.

    eu penso também que a sexualidade é do ser humano, faz parte dele e não pode ser proibida.

    sabemos bem o porque os padres não podem se casar e nada tem haver com o que a igreja diz...

    uma outra coisa que não me sai da cabeça é o fato de por causa da igreja, a raça humana ter parado no tempo durante tantos séculos...

    mas, enfim, é longo o assunto... rs

    obrigado por comentar!!!

    abraxos

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