segunda-feira, 16 de março de 2009

Filhos do tempo

Filhos do tempo



São filhos do tempo, são filhos das ruas

Que passam a tarde toda mendigando

Sob o olhar da noite, lá pelas duas

Num toldo então estão cochilando



São filhos do tempo, são filhos da fome

Pelas calçadas buscam sempre um pão

Os restos das feiras é o que se come

Uma boa refeição é pura ilusão



Em toda parte, guardando o seu carro

Qualquer trocado vira pura curtição

Com pouca idade, já fumam um cigarro

E buscam outros modos de emoção



São filhos do tempo, são os nossos filhos

Não esqueçam que amanhã serão pais

Sem algum rumo, andando pelos trilhos

De tanto sofrer, já não choram mais



Sempre em bandos, mas sem lealdade

A sobrevivência pode ser um pistolão

Existe a maldade e se vive a crueldade

A sua realidade é somente a solidão



Quando adoecem, são filhos da morte

São nossos filhos, são nosso futuro

Sem medo de lutar com o mais forte

Há tempos perderam o coração puro



São filhos do tempo, filhos da intolerância

E vivem soltos nas ruas sem esperanças

Ganham preconceitos, perdem a infância

Assim é que crescem nossas crianças


Poema escrito pelo amigo Luciano Sasaki.

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