sexta-feira, 8 de março de 2013

Quando os amores partem


O que acontece com quem parte ou chega de um aeroporto faz parte de um tipo especial de memória.

Uma memória que parece ter uma persistência maior e uma existência mais viva do que aquela comum, que guarda o cotidiano e a rotina.

Estas as primeiras palavras da apresentadora de um programa televisivo muito singular, que descobre histórias e mais histórias, nos portões de chegada e partida de um aeroporto brasileiro.

Um desses relatos é de uma mãe, entre lágrimas, despedindo-se da filha, que passaria cerca de um ano estudando uma língua estrangeira num país distante.

Aquela senhora, muito simples, trazia um misto de alegria e saudade, pois se tratava de uma grande conquista da filha, pela qual havia trabalhado muito tempo para conseguir.

Narrou que nunca teve condições de sequer realizar os estudos regulares, mas que sua felicidade estava em ver o sucesso da filha.

A apresentadora, percebendo a dor que há em toda separação, disse: A senhora já está com a dor da saudade, eu percebo, mas ao mesmo tempo não dá alegria ver o filho conseguindo tudo isso?

Ela respondeu que sim, melhorando o semblante, e que a filha merecia tudo de bom que estava lhe acontecendo.

A alegria pareceu consolar a saudade naquele instante.

* * *

Retiramos deste relato uma reflexão principal.

Nesse mundo de chegadas e partidas constantes, será que não conseguimos enxergar a morte através dessa nova lente?

Será que não podemos entender que cada um tem seu tempo aqui, mas que terá outros afazeres, objetivos e etapas em outros lugares?

Tenhamos em mente essa figura, do filho que viaja para construir parte de sua vida em outro lugar, que parte para aprender e viver novas experiências.

O quanto ele sairá melhor dessa vivência nova!

O amor apego precisa começar a ser substituído pelo amor libertador, que pensa sempre no melhor para o outro, em primeiro lugar, antes de pensar no que é melhor e mais cômodo para si.

A dor da saudade é real e saudável, quando não nos tira do prumo, obviamente.

Na Espiritualidade, seja onde estivermos, não perderemos contato com nossos amores. A lei de afinidade entre as almas permite que nos encontremos aqui e ali, sem nunca perder esse vínculo poderoso que criamos.

* * *

Prosseguem vivendo aqueles a quem amas.

Aguarda um pouco, enquanto, orando, a prece te luarize a alma e os envolvas no rumo por onde seguem.

Esforça-te por encontrar a resignação. O amor vence, quando verdadeiro, qualquer distância, e é ponte entre abismos, encurtando caminhos.

Da mesma forma que anelas por volver a senti-los, a falar-lhes, a ouvi-los, eles também o desejam.

Necessitam, porém, evoluir, quanto tu próprio.

Se te prendes a eles demoradamente ou os encarceras no egoísmo, desejando continuar uma etapa que ora se encerrou, não os fruirás, porque estarão na retaguarda.

Libertando-os, eles prosseguirão contigo, preparar-te-ão o reencontro, aguardar-te-ão...

Não penses mais em termos de "adeus" e, sim, em expressões de "até logo mais".


Redação do Momento Espírita, com base no cap. 56, do
livro Sementes de vida eterna, pelo Espírito Joanna de
Ângelis, psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed. Leal.
Em 25.2.2013.

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