sábado, 10 de janeiro de 2009

POEMA DE GRATIDÃO



Neste amanhecer de uma era nova,
Que os espíritos anunciam como a Era do Amor,
Da Beleza, da Paz, da Religião, da Arte...
Apesar destes tormentosos dias que são ainda os reflexos do milênio passado,
que nós comecemos a tarefa, transformando-nos para melhor...

Já que não podemos impedir a guerra,
Nem fazer a paz entre as nações
Façamos a paz com nós mesmos
Com o nosso filho, com o parceiro dentro de casa,
Com o amigo, com o chefe, com o companheiro na rua.
Que sejamos agentes multiplicadores.

São horas muito difíceis...
Estamos saturados de queixas,
De amarguras e de decepções.

Pelo menos por um momento
Façamos uma reflexão diferente.

Digamos assim: Meu Deus, eu gostaria de dizer-te
Que eu amo a vida, que para mim é bela e é consentida...
Muito obrigado pelo que me deste, pelo que me dás.

Muito obrigado pelo ar, pelo pão e pela paz.
Muito obrigado pela beleza
Que os meus olhos vêem no altar da natureza.
Olhos que fitam o céu, a terra e o mar
Que acompanham a ave ligeira que voa fagueira pelo céu de anil e se detém na terra verde salpicada de flores,
em tonalidades mil.

Muito obrigado senhor!
Porque eu posso ver meu amor,
Mas diante da minha visão eu descubro cegos
Que se debatem na escuridão
Que tropeçam na multidão
Que choram na solidão.

Por eles eu oro e a ti eu imploro comiseração
Porque eu sei que depois dessa lida,
Na outra vida eles também enxergarão.

Muito obrigado pelos ouvidos meus
Que me foram dados por Deus.
Ouvidos que ouvem...
O tamborilar da chuva no telheiro
A melodia do vento nos ramos do salgueiro
E as lágrimas que vertem dos olhos do mundo inteiro

Ouvidos que ouvem
A música do povo que desce do morro na praça a cantar.
A melodia dos imortais que a gente ouve uma vez
E não esquece nunca mais!
A voz melodiosa, canora, melancólica do boiadeiro.
E a dor que chora, que geme na alma do mundo inteiro!

Pela minha felicidade de ouvir, pelos surdos,
Eu te quero pedir, porque eu sei
Que depois desta dor, no teu reino de amor, voltarão a ouvir!

Obrigado pela minha voz
Mas também pela sua voz...
Pela voz que ama, que canta, que alfabetiza, que ilumina,
Que trauteia uma canção
Que o Teu nome profere com sentida emoção!

Diante da minha melodia
Eu te quero rogar pelos que sofrem de afazia
Os que não cantam de noite, os que não falam de dia
Oro por eles...
Eu sei, que depois desta prova, na vida nova
Eles cantarão!

Obrigado pelas minhas mãos
Mas também pelas mãos que aram
Que semeiam, que agasalham
Mãos do amor
Mãos de ternura que libertam da amargura
Mãos de caridade, de solidariedade
Mãos que apertam mãos
Mãos de poesias, de sinfonias, de cirurgias, de psicografias
Mãos dos adeuses
Que limpam feridas
Que enxugam mágoas e lágrimas das vidas
Pelas mãos que no seio embalam
O corpo de um filho alheio, sem receio.

E pelos pés que me levam a andar, sem reclamar,
Muito obrigado Senhor porque eu posso caminhar!

Diante do meu corpo perfeito
Eu te quero louvar e rogar por aqueles que são
Mutilados, aleijados, deformados, paralisados,
E não podem andar.

Eu oro por eles porque eu sei,
Que depois desta expiação,
Em outra reencarnação
Eles poderão outra vez bailar!

Muito obrigado pelo meu lar...
É tão maravilhoso ter um lar!
Não é importante se este lar é uma mansão,
Ou uma tapera, um ninho, ou uma casa na favela,
Um bangalô, um gramado de amor, seja lá o que for.

Mas que dentro dele exista a figura do amor.
Amor de mãe, ou de pai
De mulher ou de marido
De filho ou de irmão
A presença de um amigo
Alguém que nos dê a mão
Pelo menos a companhia de um cão...
Porque é muito doloroso viver na solidão.

Mas se eu a ninguém tiver para me amar
Nem um teto para me agasalhar
Nem uma cama para repousar
Nem aí reclamarei
Porque eu sei que tenho a ti
E quero dizer-te
Obrigado Senhor porque eu nasci!
Muito obrigado porque creio em ti!
Pelo teu amor, Obrigado Senhor!
Amália Rodrigues,
psicografado por Divaldo Franco


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