Os gestos ainda são tímidos, mas o governo japonês está dando sinais de que está disposto a, pelo menos, começar a debater sobre uma eventual mudança na política de imigração do país.
Uma comissão especial foi instalada no Parlamento para elaborar e discutir propostas sobre o tema, que incluem a igualdade salarial entre japoneses e estrangeiros, e medidas para “agradar” os imigrantes que vierem. Mas não se engane, nada de concreto vai sair dessa comissão além de mais um documento cheio de boas intenções que será engavetado para consultas futuras.
Partindo diretamente do primeiro-minstro está o compromisso de reduzir a burocracia para entregar o "visto permanente mais rápido do mundo". O serviço expresso da imigração seria oferecido somente para pessoas altamente qualificadas ou, como disse Abe, "para atrair os talentos do exterior”.
O programa que dá residência permanente para profissionais altamente qualificados começou em 2012 e, até o fim do ano passado, apenas 4.347 “talentos” ficaram permanentemente. O fraco interesse indica que, embora exista, a demanda por esse tipo de profissional é pequena. Todos nós sabemos que o Japão precisa, na verdade, é de “peões” gastadores e pagadores de impostos.
O governo também quer que os estudantes estrangeiros continuem no país após concluírem seus estudos. Hoje, apenas 3 em cada 10 estrangeiros que vêm para estudar acabam ficando. Na visão do governo, esse tipo de imigrante é o mais valioso porque consegue se adaptar melhor à cultura e aos costumes locais.
No panfleto da próxima campanha eleitoral, o PLD (Partido Liberal Democrata) já avisou a seus eleitores que “um aumento do número de trabalhadores estrangeiros é esperado” e que “os graves efeitos da escassez de trabalhadores já podem ser sentidos”. Essas raras expressões evidenciam a gravidade do problema, já que o tema “imigração” causa urticária nos eleitores japoneses.
Embora muitos brasileiros acreditem que os trabalhadores estrangeiros estão "salvando o Japão”, nós representamos apenas 2% de toda a força de trabalho do país. Os recentes movimentos indicam que o governo quer aumentar um pouquinho essa porcentagem.
Por: Paulo Sakamoto
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