quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

Descobrindo a Amizade


Tive um infância muito boa eu acredito.
Fui o primeiro filho, primeiro neto, primeiro sobrinho.
Minha mãe sempre achou que criança precisa se divertir, conhecer coisas novas e tal.
Lembro-me bem que ela me levava todos os dias da semana no Parque da Água Branca, pois morávamos no Bairro Perdizes.
Depois nos mudamos para o Bairro do Itaim Bibi que não tinha nenhum parque perto de casa. Sim, existe o Parque do Ibirapuera, mas não era tão perto assim.
Mas, me lembro que não havia um final de semana que ficava em casa.
Sempre estávamos indo a algum lugar quando não íamos visitar meus avós paternos.
Playcenter eu perdi as contas de quantas vezes fui. Embú das Artes, cinema, parques, circos, Holiday On Ice e etc...
Eu me divertia muuuuito mesmo rs
Só que do meu jeito, pois era uma criança tímida e quieta rs
Em casa, brincava sozinho.
No prédio que morávamos não havia crianças.
Tinha o Serginho, neto de uma senhora que morava lá e às vezes ia passar o final de semana com os Avós.
Ai brincávamos.
Na escola eu era quieto também, tímido.
Falava com outras crianças, mas geralmente ficava sozinho.
Estava acostumado a ser assim. Achava normal...
Com 8 anos meu irmão caçula nasceu, mas não mudou nada rs, a não ser é claro o fato de eu ter que sair com ele para tomar sol no carrinho... rs
Os anos passaram, fui crescendo e continuava fazendo tudo sozinho.
Acho que foi com 10 anos que um dia (não canso de escrever ou dizer isso), eu estava na portão do colégio, logo para entrar com um colega (que não faço a menor idéia de quem era) me pediu para esperar a "Claudia".
Eu não gostei da ideia, pois a única Claudia que eu conhecia que estudava lá, era uma menina que eu não gostava muito, mas para não contrariar a colega que estava ao lado, fiquei.
Para eu ficar sem graça, eis que surge uma outra garota, também chamada Claudia...
Fomos apresentados e eu estava muito sem graça.
Eu sinceramente não sei o que aconteceu, só me lembro que começamos a conversar, conversar, conversar e não paramos mais...
Depois de alguns dias, estávamos grudados e depois de algumas semanas, passávamos praticamente o dia inteiro juntos!!!
A Claudia não sabe, mas até então, eu não tinha tido nenhum amigo ou amiga.
Foi uma experiência nova. Conversar, ver que outra pessoas também passava por problemas parecidos, tinha dúvidas e tudo mais.
A Cláudia foi a minha primeira amiga de verdade (digamos assim) e tínhamos muitas coisas em comum!
Nossos pais se chamavam Wilson, morávamos no mesmo quarteirão, nossos pais estavam separados e moravam juntos... Enfim, várias coisas que só nos uniam.
Sim, hoje eu tenho consciência que foi um reencontro de almas, mas na época eu estava tão feliz com a descoberta da amizade, que não via mais nada.
Escrevendo esse post me vem na cabeça tantos momentos....
Teve uma época que eu saia de casa, passava na casa dela, acordava ela, íamos para o colégio e não nos desgrudávamos.
Ai íamos embora juntos. Cada qual almoçava na sua casa, ai eu ia na casa dela ou íamos dar uma volta, geralmente no Shopping Iguatemi que era o mais perto.
Ai cada qual ia para sua casa, era praticamente hora da janta.
Depois do jantar ou eu ligava ou ela me ligava e passávamos mais não sei quantas horas no telefone...
Kakakakakakakakakakakakakaka só rindo mesmo!!!
Tivemos nossos desentendimentos?! Sim, claro!!!
Mas, sabe o que é o mais impressionante?
Que sempre, sempre deixamos tudo de lado por causa do amor e amizade que sentimos um pelo outro!
Tantas pessoas quiseram e tentaram nos separar, mas sem sucesso!
De amigos, nos tornamos irmãos e depois de alguns anos descobrimos que estávamos ligados espiritualmente.
Disseram uma certa vez (pode ser que não seja verdade, eu não sei), que eu fui o bebê que a mãe dela perdeu antes de ela ter nascido.
Eu acredito por vários motivos.
Tenho a mãe dela como minha segunda mãe, um sentimento que surgiu dentro de mim desde que nos conhecemos.
Sei que a mãe dela perdeu um bebê alguns anos antes de eu nascer.
Sei também que pelo meu "histórico" espiritual, tive dificuldade em nascer duas vezes antes dessa reencarnação...
Mas, isso fica para outro dia, outro post... rs
O que quero escrever hoje é sobre como foi importante e é a minha amizade com a Claudia.
Foi com ela que descobri que eu tinha uma família de verdade.
Sem entrar em muitos detalhes, eu não conhecia a família de minha mãe e (me desculpem a sinceridade), me sentia um E.T. na família de meu pai.
Minha mãe era chamada de "A Japonesa" e eu de "O Filho da Japonesa".
Lembro-me muito bem quando era pequenino e ficava com minha avó e ela me levava na casa de algum parente e sem entrar em detalhes, ela dizia tipo: "Meu neto não é lindo?!" e a pessoa dizia: "Seu neto?! Ele não é seu neto! Ele não é da família! Olhe para ele, é japonês! Você é loira de olhos azuis!!!".
Talvez eu esteja errado, mas nunca senti amor vindo de nenhum deles.
Minha avó gostava de mim, eu sentia isso, mas ela dava muita importância ao que as pessoas achavam e só quando estávamos eu e ela sozinhos, que eu sentia que era diferente, tinha mais amor.
Mas, isso mudou anos depois, bem depois... rs
Meu pai era um homem muito distante, nunca saia comigo e com minha mãe nos passeios.
Sim, ele me amava, nunca duvidei disso, mas éramos opostos.
Então tinha apenas minha mãe, que era e é amiga e companheira.
Mas, naquela época (e confesso que até alguns anos atrás), era controladora, autoritária e exigente.
Eu tinha que falar direito, sentar direito, comer direito, ser perfeito!
A maior parte do tempo eu só escutava: "Não pode isso, não pode aquilo, isso não está perfeito, isso não é assim..." etc...
Vejam bem, isso não é uma crítica! Minha mãe é a melhor mãe do mundo!!!
Só estou escrevendo para que entendam... rs
Então quando a Claudia surgiu na minha vida, foi como uma Luz tão forte, um Sol que além de me iluminar, me aquecia, me dava amor, vida!!!
Minha mãe por exemplo, nunca valorizou a amizade, hoje aos 63 anos, vê o quanto estava errada. pois hoje não tem amiga ou amigo algum...
Ela implicava com minha amizade com a Claudia de uma forma doentia.
Brigamos muito e nunca, nunca deixei que ela se intrometesse nessa amizade e hoje (na verdade já fazem alguns anos) ela viu o quanto a minha amizade com a Claudia, com a mãe dela, foi importante para mim.
Em uma das conversar que ando tendo com minha mãe sobre o passado, contei a ela que era a Claudia e a Mãe dela que cuidavam de mim muitas vezes quando eu estava machucado por causa das surras que meu pai me dava. (um dia talvez conte isso aqui).
Que era com a Claudia que eu ria, me divertia enquanto que dentro de casa só haviam gritos e lágrimas.
Minha mãe hoje reconhece o quanto estava errada em relação a amizade e tem um sentimento de gratidão muito grande pela Claudia e família.
E hoje eu queria falar sobre isso.
Falar o quanto esta menina que hoje é uma mulher, mãe de duas crianças lindas, foi e é importante na minha vida.
Talvez ela não saiba, mas quando brigávamos e não nos falávamos, eu me sentia só e foi quando descobri o que era estar sozinho. Sentimento que até então eu não sentia.
Foi com ela que descobri que existe amor fora da família, que existe amor entre amigos.
Ela mora no Brasil, não nos vemos a mais de 12 anos, mas se querem saber, sei que sempre, quando for preciso, ela estará de braços abertos quando eu precisar.
E eu para ela...
E sabe por que?
Por que assim são os amigos, assim são os irmãos de alma e coração!!!
E acredito que é por causa dela que dou tanto valor aos meus amigos e amigas e que aprendi, sem vergonha alguma, amá-los como se fossem meus irmãos e irmãs e verdade.
Agora a letra de uma música que ela escreveu na primeira carta que me mandou depois que eu vim morar aqui no Japão:

Mudaram as Estações
(Legião Urbana)

Mudaram as estações, nada mudou
Mais eu sei que alguma coisa aconteceu,
Tá tudo assim, tão diferente.
Se lembra quando agente chegou um dia acreditar
Que tudo era pra sempre, sem saber,
Que o pra sempre, sempre acaba
Mais nada vai conseguir mudar o que ficou
Quando penso em alguem, só penso em você
E aí então, estamos bem

Mesmo com tantos motivos pra deixar tudo como está
Nem desistir nem tentar agora tanto faz
Estamos indo de volta pra casa

Mudaram as estações, nada mudou
Mais eu sei que alguma coisa aconteceu,
Tá tudo assim, tão diferente.
Se lembra quando agente chegou um dia acreditar
Que tudo era pra sempre, sem saber,
Que o pra sempre, sempre acaba
Mais nada vai conseguir mudar o que ficou
Quando penso em alguem, só penso em você
E aí então, estamos bem

Mesmo com tantos motivos pra deixar tudo como está
Nem desistir nem tentar agora tanto faz
Estamos indo de volta pra casa 
Claudinha, TE AMO!!!

Beijos pra ti e abraxos para todos!!!!

2 comentários:

  1. Outro dia fui 'curtir' uma imagem no FB e a mãe de um amigo de infancia disse: - Quem é vc? Amiga de filho meu tambem é minha amiga!

    Que lindo. Então contei de onde e quanto tempo éramos amigos. Eu me senti tao feliz.

    Quando reencontro velhos amigos é sempre como se apenas 1 semana estivesse nos separando no tempo.

    BEIJOS

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    1. Amigos, amigas...
      São presentes de Deus!!!
      É sempre bom reencontrar...
      Beijos

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