Tudo se repetia anualmente. O velho pai desejava passar o Natal com seus filhos e netos. Mandava os convites, tecia planos, fazia compras para a ceia em família.
Ano após ano, ele ficava imaginando como estariam os rostos dos filhos. Teriam envelhecido? Estariam iniciando o processo de embranquecimento dos cabelos?
E os netos? Quantos eram mesmo? Alguns, ele nem conhecia pessoalmente, ainda.
Mas, ano após ano, nos dias próximos ao Natal, começavam a chegar os e-mails ou mensagens rápidas no celular. Lacônicas sempre.
Os filhos tinham compromissos que não lhes permitiam viajar. Pediam desculpas, prometiam ir tão logo pudessem, mas agora, não seria possível.
E, o velho pai passava o Natal sozinho. Fazia a ceia, orava. Depois, punha-se a rememorar lembranças.
Bons tempos da família reunida, das crianças bulhentas, dos presentes embaixo da árvore, das preces feitas em conjunto, na Noite Santa.
Então, de repente, o convite do pai não chegou. Foi um alívio para os filhos. Afinal, não precisariam inventar desculpas ou perder tempo enviando mensagens para escusarem a ausência.
Afinal, eles estavam muito ocupados com suas carreiras, seus próprios filhos, suas finanças, seus negócios inadiáveis.
Contudo, bem próximo ao Natal, um aviso trágico surpreendeu a todos: o velho morrera.
Eles largaram tudo. Arrumaram malas, compraram passagens, levaram os filhos e se encontraram, para o velório, às portas da casa paterna.
Lágrimas estavam em todos os rostos. Arrependimento pelas tantas escusas, pelos adiamentos de uma visita, por não terem estado com ele há tanto tempo.
Abraçados, lacrimosos, entraram na casa. Na sala, no entanto, a mesa estava posta. Rica, com detalhes caprichosos.
Filhos e netos não entenderam o que estava acontecendo. E, enquanto se indagavam, uns aos outros, surpresos, surgiu o velho pai, sorridente, por detrás de uma cortina.
De que outra forma eu poderia juntar todos vocês aqui?, Perguntou.
Houve muitos abraços e os netos mais novos conheceram o avô.
Lágrimas de alegria umedeceram todas as faces.
Finalmente, a família se reuniu em torno da mesa, ruidosa, confraternizando. Os menores fizeram algazarra, os maiores disputaram essa ou aquela iguaria. Uma verdadeira festa.
* * *
Não esperemos até que seja tarde demais para ver e rever os nossos amores.
Quando eles se forem para o Além, desejaremos ouvir sua voz uma vez mais e poder abraçá-los.
Aproveitemos suas presenças enquanto estão conosco. Sejamos bons para as pessoas que amamos enquanto estamos a caminho com elas.
Não posterguemos a visita, o abraço, os beijos, o afago.
Não economizemos palavras de amor, de carinho. Sobretudo para os que já multiplicaram anos de experiências em suas vidas.
Nossos pais e avós, que tanto nos ofertaram, aguardam nossa ternura.
Uma instituição britânica informou que existem milhões de idosos que chegam a ficar até um mês sem conversar com outra pessoa.
E, no entanto, a grande maioria tem filhos e netos. Pensemos nisso.
Lembremos que quando morrerem, deixarão um grande vazio em nossas vidas. E, então, arranjaremos horas para diligenciar providências, comparecer ao velório, enterro ou cremação.
Horas, talvez dias... Por que não agora enquanto os podemos abraçar?
Redação do Momento Espírita, com base em propaganda da rede alemã de Supermercados Edeka.
Em 31.3.2016.
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