sábado, 31 de março de 2012

Um Japão sob trilhos de trem


Pontual. Lotado. Limpo. Organizado. Saiba como é o dia a dia dentro do meio de transporte mais usado no Japão

Ler jornais e mangás está perdendo espaço para os celulares 
como o passatempo preferido dos usuários

Se o letreiro marca a chegada do trem para as 18h51, ele chega nesse horárioSe você for ao Japão, especialmente a Tóquio, com certeza, vai andar de trem. E se não andar será como se não tivesse ido. Trata-se do principal meio de transporte do país, seja para pequenas ou longas distâncias (nesse caso dentro dos famosos trens-balas). É uma das melhores maneiras de aprender sobre os hábitos e costumes dos japoneses. Basta apenas observar.

Se o letreiro marca a chegada do trem para as 18h51, ele chega nesse horário

Todos os dias 24 milhões de pessoas se espremem nos horários de pico. Quando as portas dos vagões se abrem, quem está do lado de fora dá dois passos educados abrindo espaço para os passageiros que vão sair. Passados os segundos de cordialidade, é hora de embarcar. Os passageiros se engajam com determinação na disputa pelos assentos vagos. Nesses momentos de maior movimento entram em ação os famosos funcionários de luvas brancas que “empurram” aqueles que ficaram do lado de fora para dentro dos vagões. As luvas servem para evitar o contato direto com os passageiros, principalmente as mulheres.

E caso o próprio funcionário prenda as mãos quando as portas se fecharem, pode soltá-las rapidamente tirando as luvas. Apesar da lotação, não há tumultos ou brigas. Digamos que é uma lata de sardinha civilizada. E raramente, muito raramente mesmo, há atrasos. Se o letreiro marca a chegada do trem para as 18h51, tenha certeza. Às 18h51, você vai escutar o alto-falante repetindo a mesma música e voz de todos os dias que anuncia a chegada e a partida dos trens.


Quem sentar terá o privilégio de descansar as pernas, tirar um cochilo, ou dormir profundamente durante o trajeto. Os japoneses têm muita intimidade com os trens. É como se fossem a extensão de suas casas. Eles passam, em média, até três horas nos vagões, principalmente quem trabalha na capital japonesa. Explica-se: a maioria dos assalariados prefere morar em cidades vizinhas para não pagar o valor exorbitante dos aluguéis de Tóquio.

Demarcados os espaços, todos procuram algo para se distrair, num movimento automático pegam seus celulares, conferem e-mails e passam recados. Garotas aproveitam para retocar a maquiagem enquanto outros abrem algum mangá, livro ou jornal para aproveitar o momento improdutivo de forma útil.

As estações mais modestas têm duas entradas e saídas. Mas as mais movimentadas dividem-se em norte, sul, leste, oeste, A, B, C D, 1, 2, 3, 4 e assim por diante… A maior delas, a de Shinjuku, em Tokyo, tem aproximadamente 200 saídas. Nesses grandes complexos, não fosse a detalhada sinalização por todas as partes (no chão, teto, placas e paredes), seria muito fácil se perder. Organização é definitivamente uma paixão japonesa.

Hora da soneca: durante o inverno, 
os bancos dos trens contam com aquecedores. Dá um soninho!

Um gesto vale mais que mil palavras


Um dos hábitos mais estranhos para um ocidental é observar os funcionários das estações de trem durante a chegada e partida das plataformas. Eles fazem movimentos repetitivos com as mãos, erguendo bandeirinhas. Trata-se do shisa kanko uma técnica para evitar erros de procedimento e acidentes.


As estações ainda costumam ter elevadores e escadas rolantes capazes de transportar idosos em cadeiras de roda, fato cada vez mais comum no Japão.

Siga as setas e direi onde vais


A informação visual é especialidade dos japoneses. Por isso, mesmo quem não lê nihongo consegue 
se virar para achar 
as saídas e conexões facilmente.

Vida de tatu


Em algumas estações é preciso andar por mais de 10 minutos embaixo da terra para chegar à próxima conexão.

A Oedo é a linha de metrô mais profunda de Tóquio. Ela chega a ter a profundidade de prédios de seis andares.

Lata de sardinha


Nos horários de pico, a disputa para entrar no trem é na base do empurra-empurra. Até pouco tempo era comum ver funcionários “ajudando” os passageiros a entrar com uma espécie de rodo humano.

Cidade subterrânea


Em uma metrópole como Tokyo, é comum as pessoas marcarem reuniões e encontros nas estações de trem. Nas mais movimentadas é normal ter diversas máquinas de bebida, guarda-volumes, lojas de conveniência e até lojas de departamento com restaurantes e cafés.

Esta reportagem foi publicada originalmente na revista Made in Japan 138, de março de 2009

2 comentários:

  1. Amigo do coração, adorei este seu post sobre os trens no japão, aliás os miudos cá em casa também amaram de verdade, divertimo-nos muito com as fotos que colocou e adorámos saber pormenores tão únicos, que nós nunca vimos. A minha filha mais nova a Maggie, adorou especialmente o aquecimento nos bancos eheheh. Eu em Paris, sempre achei que o metrô era uma confusão danada, quando lá vivi também usava o RER que o uma espécie de trem, mas circula abaixo da linha do metrô, a uma maior velocidade e atinge velocidades enormes. Mas a informação em Paris é muito confusa, em Portugal temos o metrô que não é assim tanta confusão na hora de ponta, mas também enche mesmo, e ainda por cima agora por causa da crise, tinha 5 carruagens, agora só funciona com 3, só não temos os senhores das luvas brancas rsrs. Sabe a única coisa que eu amo no metrõ em Paris? é que ele circula sobre pneus de carros nos carris, ou seja não faz praticamente barulho nenhum, aqui em Lisboa, funciona sobre rodas de ferro sobre carris de ferro, nem lhe consigo descrever o barulho ensurdecedor que faz, por vezes nem nos conseguimos ouvir uns aos outros lá dentro, pois quando circula até chia... mas é o melhor e mais rápido que temos.
    Beijinhos de Luz!
    Ana Maria

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  2. Fotos engraçadas né amiga?!?!
    Fico feliz que os pequenos tenham gostado rs
    O metrô de São Paulo é rápido, porém cheio e barulhento como o daí de Portugal.
    Os bancos são duros, de plástico e o ar condicionado não funciona...
    Já os assentos daqui são estofados, macios... rs
    No inverno existe os aquecedores e no verão o ar condicionado que funciona!!! rs
    Trêm é o que mais existe por aqui na maioria das cidades.
    Metro é mais em cidades grandes, como aqui onde moro (Nagoya) ou Tokyo e Osaka.
    Ainda vou a Paris e experimentar... kakakakaka

    Beijocas

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