Eu vos falo esta noite em versos e a linguagem
Provavelmente irá vos espantar, senhores;
A linguagem dos deuses vem de antiga usagem;
E os versos hoje são pouco merecedores.
Mas um dia virá para a Musa hoje triste,
E os corações em luz bem logo aplaudirão
Os acentos de amor de uma lira que insiste
Em vibrar entre as mãos de um jovem em galardão.
Bem logo se ouvirá, a elevar-se da Terra,
Um canto misterioso, um hino colossal
A cobrir com seu eco os ribombos da guerra
Troando nos canhões a serviço do mal.
Esse cântico é tudo: amor, progresso e luz!
Enfim, todos os homens se darão as mãos
E virão se reunir sob o pálio da cruz;
A doce liberdade há de marcar o chão.
Graças, Deus! Liberdade! Um é pai, outra é filha.
Mas ambos imortais: vós haveis libertado,
Enfim, de seu entrave, essa vossa família,
A Humanidade em dor, de coração magoado.
Dais esperança, enfim, ao pobre proletário,
Mas também libertando-o da revolução.
Vós fazeis triunfar o dogma igualitário
Pela bondade, o amor, pela abnegação.
Único é o estandarte e santa é a sua legenda:
Amor e liberdade, progresso e irmandade!
Que estas palavras vibrem nesta nossa agenda
Para depois chegarem a toda a Humanidade!
Eis o ensino que agora eu vos procuro dar
Por meu querido médium, guiando-lhe a mão.
Se em versos eu me exprimo, queiram me perdoar!
Em versos, não de luta, mas versos de irmão.
A. de Musset
(Traduzido do original em francês e publicado na “Revista Espírita” de junho de 1869 em Paris, França)
Nenhum comentário:
Postar um comentário