Pense num cão com muita, mas muita sede. Ele não precisaria de nada além de uma vasilha com água fresca e, pronto, já estará satisfeito. Já você precisaria de um guarda-chuva para não se encharcar com a molhação que o cão faz ao beber água, certo?
Nos cães, língua funciona como uma colher, mas não evita que respingos e mais respingos molhem por todos os lados. Os gatos, entretanto, demonstram uma elegância, bebendo água da maneira mais silenciosa e tranquila possível.
Os gatos não precisam se sentir superiores por causa disso – quer dizer, não mais do que eles já se sentem normalmente. A ciência revela que, apesar das diferenças, cães e gatos usam as mesmas técnicas para levar água até a boca. O que muda é que os gatos fazem isso com mais graça.
Os cachorros, com a sua aparência “desleixada” ao beberem líquidos, são na verdade bastante sofisticados, segundo cientistas.
Estudos realizados no ano passado exploram a ciência por trás de cada movimento. Usando um vídeo em câmera lenta, os pesquisadores perceberam que a língua de um gato mal toca a superfície da água e o líquido já parece estar preso nela. Quando a língua volta para a boca, o movimento cria uma coluna de água e o gato automaticamente fecha a mandíbula sobre todas as gotas que poderiam cair.
O pesquisador Alfred Crompton, do Museu Comparativo de Zoologia da Universidade de Harvard, promoveu uma experiência para comparar as diferenças entre a mecânica de beber água de cães e gatos. Cientistas e a maioria dos donos de cachorros concordaram que os cachorros usam a língua como se fosse uma concha, pegando o líquido de maneira aleatória, sem a “finesse” dos gatos.
Então Crompton usou o vídeo em câmera lenta e o raio-X de sua cadela Matilda, enquanto ela bebia caldo em um cilindro. “A princípio, parecia que ela estava escavando, mas isso é uma ilusão”, disse ele em seu artigo para a BBC.
Curiosamente, percebe-se que a água recolhida pela concha deixa a língua antes de a cadela fechar a boca. Isso mostra que, assim como os gatos, os cães usam a língua para trazer o fluxo de líquido para dentro da boca, segundo Crompton descreveu em seu artigo no Journal Proceedings of Royal Society Biology Letters.
A diferença principal está no fato de que, enquanto a língua do gato mal toca o líquido, a do cão mergulha.
Crompton explicou no seu artigo para a BBC que esta diferença resume-se aos hábitos de vida em geral: “Gatos são específicos na bagunça que fazem. Eles gostam de tudo mais limpo e arrumado. Gatos curvam a língua e deitam-na sobre o líquido, sem passar da superfície, isso evita sujeira”.
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