Desenho: http://clebersonblog.blogspot.com
Quando as crianças aprendem a linguagem, elas começam associando sons a objetos ou a idéias. Por exemplo, se uma criança ouve a palavra “garrafa” toda vez que lhe dão uma garrafa, ela vai acabar aprendendo a conectar o som da palavra ao objeto. Dessa forma, as crianças entendem as palavras antes de aprender a expressá-las. Alguém poderia dizer que o mesmo acontece com os cães. Os cães só não chegam ao próximo passo: falar. Porém, comparar ou não a “compreensão” que um cão tem de uma palavra à compreensão de uma criança é outra história.
A maneira como o bebê aprende a palavra “garrafa” é semelhante, em alguns aspectos, à forma de um cão aprender as palavras. Quando uma criança aprende uma palavra como “lápis” ela associa a palavra ao conceito de um instrumento de escrita em uma variedade de maneiras (chegando a cometer o engano de chamar uma caneta de “lápis” depois de ver alguém usando uma para escrever). Por outro lado, os cães provavelmente aprendem a palavra “caneta” como um som que desencadeia uma resposta: “traga-me a caneta e eu te darei um petisco”, por exemplo.
Como os cães muito provavelmente não compreendem conceitos abstratos, eles não podem entender as palavras que se referem a tais conceitos. Por exemplo, humanos entendem idéias como “amor”, “ódio”, “crenças” e “descuido”.
Essas idéias não são necessariamente relacionadas a um objeto ou a uma ação específica. Idéias que se referem a coisas específicas são chamadas de conceitos concretos. Então, quando dizemos aos cães que os amamos, isso provavelmente não signifique tanto para eles quanto a palavra “petisco”. Algumas pessoas podem dizer que até encontrarmos uma maneira de interpretar a mente de um cão, não poderemos dizer em definitivo se os cães entendem ou não conceitos abstratos. Até onde sabemos, os cães só compreendem palavras que se referem a coisas concretas.
Podemos dizer que os cães entendem a linguagem? Isso depende da definição de linguagem, que é discutível. Se a linguagem indica o processo de comunicar um estímulo particular (uma palavra) para produzir uma determinada reação, então os cães definitivamente compreendem a linguagem. Porém, para muitos lingüistas – pessoas que estudam a linguagem – a definição apropriada de linguagem deve ser aprofundada.
Alguns lingüistas acreditam que a linguagem precisa de sentenças com sintaxe. A sintaxe se refere à forma com que as palavras se relacionam entre si em uma frase, baseadas em um sistema de regras estruturadas, como a ordem das palavras. Por exemplo, para falantes de inglês, a frase “o cão morde o homem” significa algo diferente de “o homem morde o cão”, apesar de ambas as frases possuírem as mesmas palavras. Seguindo essa definição mais rígida de linguagem, os cães não compreendem linguagem porque não há motivos para acreditar que eles compreendam as frases dessa forma.
Mesmo os bebês podem diferenciar as partes do discurso, como verbos e substantivos, o que um cão provavelmente não consegue. Alguém pode dizer que, se os cães não podem usar a sintaxe como as crianças, então eles não podem realmente entender uma palavra porque eles não entendem como ela se relaciona a outras palavras.
Mas se os cães realmente não podem compreender a linguagem como os humanos, por que eles parecem nos entender tão profundamente? Certos estudos mostram que os cachorros reconhecem os gestos humanos como pistas melhor que outros animais, como os macacos de grande porte. Assim, quando os cães parecem compreender nossas palavras, eles na verdade devem apenas estar lendo a nossa linguagem corporal ou nosso tom de voz.
Fonte: UOL
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