
Em 1958, Maria Callas encantou a plateia do São Carlos com La Traviata. Cinquenta anos depois, a vida de “La Divina” é tema de uma exposição em Lisboa. Catarina Mendonça Ferreira foi ver.
Normalmente, numa ópera, as pessoas recostam-se na cadeira e fecham os olhos para saborear melhor a música. Isso não acontecia com Callas. O público acompanhava atentamente os seus movimentos. Maria Callas sabia manter a comunicação com o público, sem ser apenas a cantar”, conta o produtor Andy Anderson, no documentário “ Maria Callas: Life and Art” (1987) que pode agora ser visto na “Exposição de Lisboa”, no Museu da Electricidade.

Vestidos, jóias e acessórios da colecção de Bruno Tosi (presidente da Associazione Internazionale Maria Callas) e a correspondência trocada com Aristóteles Onassis (por altura do romance com Jacqueline Kennedy), Pier Paolo Pasolini e Maurice Béjart, são alguns dos adereços que compõem esta mostra e que os visitantes vão poder ver sempre acompanhados pela voz de Callas. Por vezes, por causa disto, até se torna difícil a concentração naquilo que se está a ver. Mas não no mau sentido. Apenas porque é impossível ficar indiferente a esta voz.


Para celebrar os 50 anos da Traviata de Lisboa, também é reconstituído nesta exposição o cenário do Acto II de La Traviata de 1958, com os telões originais de Alfredo Furiga, pintor e cenógrafo, e uma cópia do vestido que Callas usou. Até as cadeiras do São Carlos estão lá, mas agora com auscultadores que convidam os visitantes a escutar uma gravação do espectáculo que ficou conhecido como uma das noites mais memoráveis da carreira de Callas. Uma mulher que viveu para a música e para o amor. Morreu quando perdeu ambos. Precocemente, aos 53 anos de idade.
Nenhum comentário:
Postar um comentário