Hécate, por William Blake. Aquarela, 1795. Tate Gallery, Londres.
Na mitologia Grega, hoje seria dia de Hécate, deusa da noite e senhora das bruxas.
Hécate (mitologia)
Hécate é uma divindade, filha dos titãs Perses e Astéria. Hécate, em grego, significa "a distante" (embora alguns atribuam a origem do nome à palavra egípcia Hekat que significaria "Todo o poder", já que supostamente Hécate teria se originado em mitos do sudoeste asiático que fora assimilada para a religião greco-romana mais tarde) mas era conhecida como a mais próxima de nós, pois se acreditava que, nas noites de lua nova, ela aparecia com sua horrível matilha de cachorros fantasmas diante dos viajantes que por ali cruzavam. Ela enviava aos humanos os terrores nocturnos e aparições de fantasmas espectros. Também era considerada a deusa da magia e da noite, mas em suas vertentes mais terríveis e obscuras. Era associada a Ártemis, mas havia a diferença de que Ártemis representava a luz lunar e o esplendor da noite. Também era associada à deusa Perséfone, a rainha dos infernos, lugar onde Hécate vivia.
Dada a relação entre os feitiços e a obscuridade, os magos e bruxas da Antiga Grécia lhe faziam oferendas com cachorros e cordeiros negros no final de cada lua nova. Era representada com três corpos e três cabeças, ou um corpo e três cabeças. Levava sobre a testa o crescente lunar (tiara chamada de pollos), uma ou duas tochas nas mãos e com serpentes enroladas em seu pescoço. Os romanos assimilaram Hécate a Trívia, deusa das encruzilhadas, embora a relação dada entre ambas não seja tão perfeita como em outros casos da mitologia. Os marinheiros consideravam-na sua deusa titular e pediam-lhe que lhes assegurasse boas travessias. Hécate era uma divindade tripla: lunar, infernal e marinha.
Hécate se uniu primeiramente com Fórcis e foi mãe do monstro Cila e depois com Aestes, de quem gerou a feiticeira Circe. Em outros mitos, Cila era uma ninfa que foi transformada por Circe num monstro marinho. O cipreste estava associado a Hécate. Seus animais eram os cachorros, lobos e ovelhas negras. Suas três faces simbolizam a virgem, a mãe e a senhora. Ela transmite o poder de olhar para três direcções ao mesmo tempo. Esta deusa sugere que algo no passado está amarrando o presente e prejudicando planos futuros.
Com o fim do matriarcado na Grécia, Hécate se tornou a senhora dos ritos e da magia negra. As três faces passaram a simbolizar seu poder sobre o mundo subterrâneo, onde morava, ajudando à deusa Perséfone a julgar os mortos; a terra, onde rondava nas luas novas; o mar, onde tinha seus casos de amor. Esse tríplice poder de Hécate é comparável ao tríplice domínio sobre o mar, a terra e o céu.
Nos mitos, seu papel foi sempre secundário. Participou da Titanomaquia ao lado de Zeus, ajudou Deméter a procurar sua filha Perséfone quando esta foi raptada por Hades e combateu Hércules quando ele tentou enfrentar Cérbero, seu cão de companhia no mundo subterrâneo.
Outra definição
Hécate, a deusa grega das encruzilhadas;
desenhada por Stephane Mallarmé em Les Dieux Antiques,
nouvelle mythologie illustrée (Paris, 1880).
Hecate ou Hécate é uma deusa correspondente a Ártemis. Segundo Hesíodo, é filha de Astéria (deusa estelar) e Perses, deus da destruição. Astéria, também conhecida por Ortígia, é irmã de Leto, mãe de Apolo e Ártemis (Astéria é filha dos Titãs Céos e Febe. Perses é filho do Titã Créos e de Euríbia; e Euríbia é filha de Pontos e Gaia). Nesta versão Hécate descende da geração de Urano, Gaia e Pontos, tornando-se uma deusa do Céu, da Terra e do Mar. Mas também aparece como filha de Nyx, deusa da Noite escura. Já acreditaram que Hécate fora outrora uma das Erínias, pois seus símbolos são idênticos (tochas, serpentes, sombras etc). Também já a citaram como uma das Moiras, pois tanto Hécate, quanto sua filha Circe, podem intervir nos fios do Destino. Permanece muito misteriosa, caracterizada mais por suas funções e atributos que pelas lendas em que intervém. É, portanto, independente das divindades do Olimpo. Zeus conservou seus privilégios antigos e inclusive os aumentou.
Hécate espalha sua benevolência por todos os homens, concedendo as graças a quem as pede. Dá nomeadamente a prosperidade material, o dom da eloqüência na política, a vitória nas batalhas e nos jogos. Proporciona peixe abundante aos pescadores e faz prosperar ou definhar o gado conforme quer. Seus privilégios se estendem a todos os campos em vez de se limitarem a alguns, como acontece em geral com as divindades. É invocada também particularmente como "deusa que nutre" a juventude, em pé de igualdade com os gêmeos Ártemis e Apolo. É igualmente uma deusa protetora das crianças, e enfermeira e curandeira de jovens e mulheres.
São estas as características de Hécate na época antiga. Pouco a pouco, a deusa foi adquirindo uma especialização diversa. Foi considerada como deusa que preside à magia e aos feitiços. Está ligada ao mundo das sombras. Surge aos magos e às feiticeiras com um archote em cada mão, ou na forma de diversos animais: égua, cadela, loba etc. É a ela que se atribui a invenção da feitiçaria, e a lenda a incorporou à família dos magos por excelência: Circe, Eetes e Medeia. Com efeito, tradições tardias dizem que Circe é filha de Hécate e ora mãe, ora tia de Eetes e Medeia.
Hécate, a deusa grega das encruzilhadas; desenhada por Stephane Mallarmé em Les Dieux Antiques, nouvelle mythologie illustrée (Paris, 1880).
Medeia se diz sacerdotisa de Hécate, e sempre está no altar da deusa, em suas invocações. Hécate era uma divindade misteriosa, às vezes identificada com Ártemis (deusa da Lua - esplendor na noite de Lua cheia; e as trevas e seus horrores) -, às vezes com Perséfone (Hécate é a deusa dos espectros e fantasmas). É a deusa da bruxaria e do encantamento, e acreditava-se que vagava à noite pela terra, vista somente pelos cães, cujo latido indicava sua aproximação. Hécate, nesses passeios, estava sempre acompanhada por seu séquito de espectros, entre eles Empusa.
Como feiticeira, Hécate preside às encruzilhadas, que são lugares preferidos da magia. Ali se ergue sua estátua, na forma de uma mulher com três corpos ou três cabeças. Essas estátuas eram abundantes nos campos da antiguidade e junto delas colocavam-se oferendas.
Hécate é também a deusa dos caminhos, dando à humanidade novos caminhos a serem seguidos. Deusa forte e poderosa por excelência, Hécate é conhecida como "deusa tríplice", pois domina nos céus, na Terra e no mar (e também no mundo dos mortos, pois era rainha do Érebo, na ausência de Perséfone). Com Perséfone e Deméter é uma das grandes deusas dos mistérios de Elêusis. Dizem que na versão hesiódica Hécate é o ressurgimento da grande Febe.
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