terça-feira, 2 de junho de 2009

Aeronáutica encontra partes de avião boiando no oceano e muda campo de busca de Airbus desaparecido


Do UOL Notícias*
Em São Paulo

A Aeronáutica confirmou ter encontrado uma poltrona de avião, pequenos pedaços brancos, uma boia laranja, um tambor e vestígios de óleo e querosene boiando a 650 km a nordeste de Fernando de Noronha. Segundo o coronel Jorge Amaral, o material foi encontrado pela aeronave C-130 em dois pontos diferentes distantes 60 km um do outro, às 6h49 desta terça-feira.

O coronel não confirma que os objetos pertencem ao Airbus A330 da Air France que desapareceu na segunda-feira sobre o Atlântico com 228 pessoas a bordo, quando viajava do Rio de Janeiro para Paris. Segundo Amaral, as peças precisam conter o número de série relativo ao Airbus desaparecido.

"Ainda não dá para confirmar se o que foi encontrado pertence à aeronave desaparecida. A prioridade agora é resgatar alguns desses resquícios que foram encontrados para saber se são ou não do avião da Air France", disse Amaral.

Durante a madrugada, um radar da aeronave R-99 6751 já havia identificado objetos metálicos e não-metálicos no mar. A descoberta faz com que a Aeronáutica mude as coordenadas geográficas do campo de busca do Airbus A330 desaparecido.

"A busca continua, porque é muito pouco material para um avião daquele tamanho", afirmou o coronel Jorge Amaral, acrescentando que "ainda é cedo" para se colocar uma equipe no trabalho exclusivo de busca da caixa-preta da aeronave da Air France.

Como os destroços foram encontrados à direita da rota do voo Rio de Janeiro - Paris, há uma suspeita de que o avião pode ter tido algum problema e, por isso, tentou desviar a rota, possivelmente em uma tentativa de voltar à ilha de Fernando de Noronha.

Caixas-pretas
Ao contrário da preocupação brasileira, o ministro francês dos Transportes, Jean-Louis Borloo, afirmou que a prioridade absoluta das autoridades francesas é encontrar as caixas-pretas do avião. Ele disse ainda que a zona onde provavelmente aconteceu a catástrofe aérea está "praticamente delimitada".

"A busca prosseguirá pelo tempo que for necessário. Colocaremos à disposição tudo o que for necessário", declarou por sua parte o ministro francês da Defesa, Hervé Morin.

O Airbus A330 que fazia o voo AF 447 Rio de Janeiro-Paris decolou no domingo à noite do aeroporto Tom Jobim e deveria ter pousado no fim da manhã de segunda-feira (hora de Paris) no aeroporto Charles de Gaulle de Paris, com 216 passageiros e 12 tripulantes a bordo.

O Breguet Atlantique 2, um aparelho da patrulha marítima francesa, opera em uma área onde um piloto da TAM afirmou ter visto manchas de cor laranja na superfície do mar, explicou o capitão Christophe Prazuck.

A informação passada às autoridades brasileiras, que por sua vez repassaram a mesma às autoridas francesas, pelo piloto da TAM, que voava da Europa para o Brasil, foi a única que indicou algo fora do normal na área, mas até o momento não foi possível identificar se as manchas laranjas, detectadas na zona sob vigilância na aérea senegalesa, seriam boias ou pontos de fogo.

"Recebemos as informações de um piloto brasileiro que disse ter visto reflexos na superfície da água, em uma posição coerente com a última posição conhecida do A330", declarou Prazuck.

O Falcon 50 realiza voos mais próximo das costas brasileiras e deve pousar no Brasil para reabastecimento.

Buscas da FAB
Em nota divulgada na madrugada de hoje (2), o Comando da Aeronáutica informou ter checado as informações passadas pela TAM sobre indícios de "pontos luminosos" sobre o mar na rota inversa do voo AF 447.

Avião pode ficar desaparecido para sempre

Segundo a Aeronáutica, o navio mercante Douce France realizou busca na área reportada pelos tripulantes do avião da TAM, sem identificar qualquer vestígio do voo. Três aviões da FAB decolaram às 3h da madrugada para prosseguir as buscas pelo avião desaparecido.

Possíveis causas do acidente
O exame dos dados enviados automaticamente pelo Airbus revelou, segundo Gourgeon, uma "sucessão de dez mensagens técnicas" por volta das 4h15, hora de Paris (23h15 de Brasília), indicando que "vários equipamentos tinham entrado em pane", o que provocou "uma situação totalmente inédita no avião". Segundo ele, "é provável que logo após essas mensagens tenha ocorrido o impacto no Atlântico".

O diretor-geral da Air France acrescentou que, "pouco antes dessas mensagens, a aeronave enfrentou turbulências significativas", mas não quis estabelecer uma "ligação direta" entre as condições meteorológicas e as mensagens técnicas. Segundo ele, "o avião está equipado com balizas de socorro que podem emitir sinais por vários dias e permitir que seja localizado".

Providências no Brasil
Segundo a Air France, dos 228 que estavam no avião, 216 eram passageiros, incluindo um bebê, além de sete crianças, 82 mulheres e 126 homens. Entre os brasileiros estavam o príncipe Pedro Luis de Orleans e Bragança, o chefe de gabinete da Prefeitura do Rio de Janeiro, Marcelo Parente, e o presidente da Michelin - multinacional francesa do ramo de pneus - para a América do Sul, Luís Roberto Anastácio.

De acordo com a companhia, o comandante da aeronave é francês e possui 58 anos. Entrou na Air France em 1988 e possui 11.000 horas de voo, das quais 1.700 em Airbus A330/A340. Os dois oficiais pilotos (co-pilotos) são franceses, possuem 37 e 32 anos e entraram na companhia entre 1999 e 2004, respectivamente. Um deles possui 6.600 horas de voo (2.600 em Airbus A330/340) e o outro 3.000 horas (800 em Airbus A330/340). Entre os comissários de bordo, 5 são franceses e um brasileiro.

No Rio de Janeiro, o presidente em exercício, José Alencar, encontrou-se com familiares de passageiros e afirmou que o governo brasileiro está à disposição. Em San Salvador, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva lamentou o desaparecimento. "Nessas horas não existe outra coisa, a não ser lamentar profundamente e desejar pra família muita força. Porque nessa hora não existe palavra."

Em nota, a Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) informou que a partir de hoje a central da Air France de atendimento aos familiares dos passageiros funcionará somente no hotel Windsor, na Barra da Tijuca (Rio de Janeiro). A companhia comunicou à Anac que irá oferecer transporte gratuito aos familiares que comparecerem hoje ao Aeroporto do Galeão - onde também havia um ponto de atendimento - para que sejam levados ao hotel. A diretora presidente da Anac, Solange Paiva Vieira, já se encontra no hotel Windsor.

O presidente francês, Nicolas Sarkozy, disse que as esperanças de encontrar sobreviventes são "muito fracas" e que não se sabe o que aconteceu com o voo. A Air France possui a lista dos passageiros, mas informou que só a divulgará após a checagem das nacionalidades. Alguns dos passageiros optaram por não informar telefones no cartão de embarque, o que dificulta o contato com as famílias, segundo a Anac.

A França pediu ajuda ao Pentágono para tentar localizar o Airbus. Segundo a agência France Presse, o Ministério da Defesa solicitou que o governo norte-americano utilize seus satélites de observação que cobrem a área em que a aeronave desapareceu.

Mensagem apontou falha elétrica
O voo AF 447 da Air France decolou do Aeroporto Internacional Tom Jobim, no Rio de Janeiro, com destino ao aeroporto Charles de Gaulle, em Paris. Às 23h14 (horário de Brasília) uma mensagem automática indicou problemas no circuito elétrico.

Segundo o diretor de comunicação da Air France, François Brousse, a aeronave "foi provavelmente atingida por um raio". Especialistas divergem sobre as causas do acidente. O último contato feito pelo avião com o controle ocorreu às 22h33.

De acordo com a nota divulgada pela companhia, a última manutenção da aeronave no hangar aconteceu no dia 16 de abril deste ano. O aparelho está equipado com motores General Electric CF6-80E.

*Com informações da AFP, EFE, AP e Agência Estado

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