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Você, meu neto, deve pensar que sou uma criança grandona e desajeitada. Sou seu companheiro de brinquedo, mas não entendo muito do mundo-faz-de-conta.
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Pena é que tenhamos pouco tempo. Sei brincar de passado e você de futuro. E ainda estarei brincando de recordação, quando você começar a brincar de esperança.
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Mas, antes que termine o nosso recreio juntos, antes de eu ser apenas um retrato na parede, quero dizer-lhe meu neto que vale a pena.
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Vale a pena crescer e estudar. Vale a pena conhecer pessoas, sofrer ingratidões e chorar algumas decepções, ir renovando a sua confiança na bondade das criaturas humanas.
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Vale a pena verificar que não há trabalho que não traga sua recompensa. Que os amigos tem mais para dar do que os inimigos para tirar, que aprendemos tanto das palavras do sábio como da vida dos ignorantes.
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Vale a pena viver nestes tempos modernos, em que tudo pode acontecer com a pressão de um botão, em que ser pode lançar sondas espaciais, descansar no raciocínio dos computadores. E descobrir, com humildade, que toda essa maravilha técnica não substitui um sorriso, nem atrasa um minuto sequer a chegada da primavera.
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Vale a pena, até mesmo envelhecendo como eu, ter um neto como você, que me devolveu a infância.
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Vale a pena, ainda que eu parta cedo e venha se tornar vaga a sua lembrança de mim.
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Quando os outros disserem coisas boas de seus avós, quero que você diga de mim simplesmente isto: “Ele sempre disse que VALIA A PENA”.
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